Entre reis e rainhas escrita por Natasha Bonni


Capítulo 4
Capítulo 4 - Cavalgando por Cair Paravel


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta narnianas e narnianos (não sei se há algum), trouxe mais um capítulo para vocês!

Aproveitem e boa leitura.



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Sem propósito aparente, acontecimento relevante.
Linhas tortas, escrita certa.
É assim... A suavidade da vida.

Fernando Minari

 

O rosto dela pairava em sua mente atormentada, os traços tão familiares o assustavam como nunca. Ele sabia quem ela era, mas não queria acreditar. O suor escorria pela testa do rei enquanto se remexia pela cama como se esta estivesse cheia de espinhos, o medo o corroia como ácido. Um barulho o despertou finalmente, fazendo-o levantar-se da cama, mesmo apavorado como estava, não poderia deixar-se abater. Rapidamente passou pelo corredor que daria no salão de visitas. Quando a porta se abriu, o guarda o olhou assustado.

— Pois não, majestade. - disse o homem surpreso pela presença do rei aquela hora da madrugada.

— Preciso que reúna mais dois soldados e que partam para Cair Paravel, antes do Sol nascer. - o soldado o olhou assustado com o pedido - Quero que espere próximo ao castelo do rei Caspian, e veja se há quarto garotas lá, quero saber de cada passo delas hoje. Descubra quem são e no fim do dia retorne. - a estranha ordem paralisou o soldado.

— Mas... Mas, majestade... O senhor quer que eu... Vigie o palácio do rei Caspian X ? - questionou o homem que começava a desconfiar da sanidade mental de seu senhor. Com um suspiro insatisfeito Kyron fitou o homem por alguns instantes, decidindo o que fazer com ele. Por fim, rendeu-se ao cansaço.

— Sim, eu quero. Não voltem até o anoitecer, e não sejam vistos, agora vão. - com um gesto de mão o rei dispensou o rapaz, que correu em direção ao alojamento de seus companheiros.

Um sorriso de satisfação inundou o rosto de Kyron. Agora sim, ele poderia deitar e descansar, tudo o que precisava fazer era esperar que seus homens lhe trouxessem a informação que precisava.

Mariana dormia tranquilamente, o cansaço das atividades do dia anterior tiveram consequências. Depois de duelar com o rei, a garota foi levada para uma área de treinamento junto das amigas onde passaram o dia entre risos e provocações. Benson as auxiliara nas atividades, e quando a noite chegou, foram levadas para seus quartos, onde jantaram e dormiram quase imediatamente.

O som de passos e de algo caindo fez com que a garota sentasse imediatamente, tentando ouvir melhor. O sono ainda embaralhava sua mente, mas a adrenalina já começava a percorrer suas veias. Com cuidado, Mariana se levantou e pôs-se a tatear o ar, a procura do invasor. Á poucos centímetros da porta, algo tocou sua mão, e como ato de reação, a garota empurrou seu oponente contra a parede pronta para se defender.

— Mary?! - a voz de Isabele fez com que o aperto de sua mão diminuísse, para logo depois soltá-la. Mary deu dois passos para trás, e quando por fim acendeu duas velas, pode ver o rosto apavorado da melhor amiga.

— Isabele, o que faz aqui a esta hora da noite? - indagou Mariana olhando-a confusa.

— Eu vim... Chamá-la para irmos até a cozinha, mas... - Izzy levou as mãos ao pescoço, local onde Mariana á pouco lhe apertara - Mulher, como você é forte. - comentou ela, deixando uma Mariana rubra e sem graça.

— Desculpe, acho que estou sob alerta depois de hoje. - comentou a menina vagamente. Ignorando as dúvidas que lhe surgiram á mente depois deste comentário, Izzy se pronunciou.

— Certo, vamos logo. Estou com fome. - disse ela, dirigindo-se para porta.

— Estou com sono, Isabele. Por que não chamou as outras ? - perguntou Mariana, mal humorada.

Isabele sorriu amarelo, e em seguida coçou a cabeça. - Eu as chamei, estão nos esperando no corredor.

— Você só pode estar brincando. - bufou - Por que me chamou, se elas já iam com você? - Mariana arqueou uma sobrancelha, mas depois de ver a cara emburrada de Isabele, deu-se por vencida e seguiu a amiga para fora do quarto.

Júlia e Allessandra as aguardavam na ponta da escada prontas para descer. Envoltas de hobbies e com as caras amassadas, as quatro se precipitaram escada abaixo, seguindo um rumo que não faziam ideia para onde iriam. Levando-se em conta que o castelo era iluminado apenas pela luz da lua, elas estavam até indo bem.

Depois de bater em dois quartos, entrar em uma sala de visitas e dois banheiros, elas finalmente acharam a cozinha.

— Precisamos de luz, ou vou acabar cortando as mãos. - comentou Allessandra, depois de esbarrar na mesa, e colidir com a pia logo em seguida. Júlia tateou o armário, á procura de uma vela, alguns minutos depois, a luz que provinha-se das velas iluminava a cozinha parcialmente. Isabele se precipitou para o fogão, onde ela logo destampou as panelas.

— Nossa, tudo aqui tem uma cara ótima. - comentou Jubs, após analisar os mantimentos que haviam na dispensa.

— Olha só, que bolinhos engraçados. - Alle havia destampado uma travessa cheia de uma espécie de bem - casados cobertos por açúcar e de aparência muito apetitosa. Antes que pudesse tampar a vasilha novamente, Izzy furtou um, devorando em seguida. Os olhos da garota brilharam automaticamente.

— Puxa vida, esse é o melhor bem - casado que já comi. - comentou ela sentando-se á mesa para servir-se de mais. Júlia e Allessandra pegaram alguns copos, e um suco que havia sobre a pia. Mariana sentou-se ao lado das amigas, e experimentou da iguaria. Assim que o bolo tocou-lhe a língua, suas papilas se apuraram com o sabor inigualável da comida. Doce como chocolate, porém, ainda melhor.

— Minha nossa, isso é realmente bom. - comentou ela, depois de engolir o primeiro pedaço - Acho que se nos servirem isso sempre acabarei rolando por Cair Paravel, ao invés de andar.

Enquanto comiam os bolinhos como se suas vidas dependessem disso a luz das velas se apagou deixando a cozinha na mais profunda escuridão. De imediato as quatro se puseram de pé, Júlia ficou na frente de Allessandra, que estava ao lado de Isabele. Mariana se manteve um pouco mais afastada. Algo agarrou a mão da menina, torcendo seu braço e em seguida grudou as mãos em seu pescoço. O fôlego foi levado pelo susto tomado.
— Quem são vocês e o que querem no castelo do rei ? - uma voz conhecida se fez presente na escuridão. - Vamos, eu ordeno em nome do rei Caspian X que me digam quem são! - o rapaz apertou ainda mais o pescoço da jovem refém, que tentava a todo custo não pensar que seus pulmões estavam mais secos do que o Saara.

— Benson? Largue ela, somos nós. - Júlia finalmente se pronunciou - Benson, é a Júlia. Solte Mariana antes que ela morra sem ar. - o braço do soldado afrouxou um pouco, deixando assim que o ar voltasse a circular pelos pulmões da garota.

— Oh, senhorita Mariana, me perdoe... Eu...

— Não se preocupe Benson, você não sabia que éramos nós. - Allessandra tratou de tranquilizá-lo.

— Mas... O que fazem fora da cama a esta hora? - O soldado as olhou questionador.

— Estávamos com fome. - foi Isabele quem respondeu - Pensamos que... Bom, não faria mal descer para comermos algo... - a menina ficou sem graça.

— Oh sim. - Benson estava quase tão vermelho quanto Mariana. - Se já terminaram, eu as guiarei até seus quartos. - ofereceu. As meninas assentiram, menos Mariana que ainda não conseguia mexer o pescoço. Juntos, os cinco seguiram pelo enorme palácio, caminhando em silêncio pelos extensos corredores. Quando por fim chegaram a seus destinos as meninas acenaram para o soldado e seguiram para seus aposentos, exceto Júlia, que ficou a observar enquanto o homem de cabelos castanhos médios e olhos azuis se dirigia até as escadas, a garota se manteve assim até perdê-lo de vista. Com um suspiro cansado, ela adentrou o quarto.

— Bom dia, senhorita. - uma voz calma se fez ouvir pelo quarto de Mariana, que agora tentava cobrir o rosto, por conta da luminosidade que a atingia. Katy perambulava pelo cômodo abrindo as janelas. Depois preparou o banho da jovem, que se mantinha deitada. - Vamos, Mariana... Levante-se e se apronte o rei logo estará esperando para tomarem café. - com um toque gentil, Katy cutucou a menina.

— Certo, a senhora venceu desta vez. - disse Mary, levantando-se, em seguida se dirigindo para o banheiro.

Enquanto se arrumava, ouviu as vozes das amigas soarem próximo ao quarto, logo duas batidas na porta se fez ouvir. Isabele entrou no quarto, seguida pelas demais.

— Ai caramba! - exclamou ela, depois de olhar para Mariana, que rapidamente se ergueu e correu até as amigas.

— O que houve?

— Olhe só seu pescoço, está avermelhado. - comentou Allessandra, constatando o óbvio.

— Ah, sim... Foi depois do "incidente" da madrugada. - ela lançou um olhar inquisitivo para as meninas que de imediato coraram. - Mas não tem nada, ninguém vai notar. E se perguntarem, direi que cocei e ficou assim. - ela deu de ombros. - Vamos descer.

Desta vez, o caminho até o salão fora mais rápido, já que o castelo estava cheio de gente que as guiaram até o local certo. As portas duplas foram abertas por um soldado. As meninas agradeceram e pediram licença ao entrar, na cabeceira da mesa estava Caspian olhando para um rolo de pergaminho e parecia entretido com alguma coisa. Porém, sua atenção se voltou imediatamente para as quatro jovens paradas na frente da mesa.

— Oh, bom dia senhoritas. - cumprimentou-as, sorrindo em seguida. O sorriso mais bonito que já vira, na opinião de Mariana, que obviamente não comentou.

— Bom dia, majestade. - elas responderam em coro.

— Sentem por favor. - ele indicou que elas o fizessem, e que se servissem também. - E então, dormiram bem? - ele parecia tenso, mas ainda forçou-se a ser o mais natural possível.

— Muito bem, fazia tempo que não dormia assim. - respondeu Júlia, depois deu uma mordida numa torrada e entreteu-se com ela. Isabele esticou-se para pegar um bolinho, que naquele momento lhe parecia muito familiar.

— Então...hum... majestade. - Mariana chamou sem jeito. O rei a olhou esperando que ela prosseguisse, mas sob aquele olhar ela sentiu-se ainda mais tímida. - É que... o senhor não me devolveu o colar... Eu queria saber... Bom, se poderia me dar de volta? - Caspian estava perdido em pensamentos enquanto seus olhos fitavam a jovem á sua frente. Depois de alguns segundos de espera, ele despertou.

— Oh, sim. Eu lhe entregarei quando sairmos para cavalgar. - respondeu o moreno, sorrindo-lhe gentilmente. E mais uma vez, ela sentiu-se hipnotizada por aquele sorriso.

— Cavalgar? - Allessandra quase deixou um bolinho cair ao ouvir o comentário do rei.

— Sim, vocês não sabem cavalgar? - ele pareceu surpreso por um momento, mas logo deu-se conta de que elas não pertenciam á Nárnia, mas ao mundo dos antigos reis da Era de Ouro. - Não se preocupem, é fácil. - foi tudo o que ele disse.

O café da manhã se seguiu assim, entre uma conversa e outra. Quando a refeição chegou ao fim, e elas estavam mais do que satisfeitas, dirigiram-se para a saída do castelo, desta vez , para onde os cavalos estavam.

— Ok, como subiremos aí? - foi Júlia quem perguntou, enquanto analisavam os cavalos comerem a grama verdinha.

— Não faço a menor ideia, mas acho que não vai ser fácil - comentou Alle, que agora olhava para um animal branco como a neve. - É tão lindo, será que ele morde se eu tocar? - questionou-se.

— Não lhe farei mal senhorita. - a voz que lhe respondeu não pertencia a nenhuma de suas amigas.

— Quem disse isso? Olha, para de palhaçada viu? - estressou-se a jovem, virando-se para fitar as amigas, que agora arqueavam as sobrancelhas para ela.

— O que foi? - Izzy perguntou.

— Vocês. - foi tudo o que ela disse, deixando as amigas confusas.

— Pronto, acho que elas precisarão de ajuda para montar. - a voz de Caspian soou perto das meninas. O rei acabara de chamar Benson e outros dois outros soldados para que eles as auxiliassem. - Estão prontas, meninas? - indagou o rei, depois de ver a cara das garotas. Com um aceno de cabeça temeroso, elas se dirigiram para próximo dos soldados. - Todos estes cavalos são calmos e sabem guiar sozinhos, não precisam se preocupar. - informou ele. -Escolham. - Após indicar os animais, Caspian afastou-se para analisar as escolhas das garotas. Allessandra tocou o cavalo branco, de início receosa, mas logo notou que o animal curvou-se para ela, agradecendo pelo carinho que recebia na crina.

Isabele e Júlia foram para o lado direito, onde pastavam dois cavalos de porte grande. Izzy caminhou até o quadrúpede de pelo marrom escuro e crina longa, enquanto Jubs se limitou a tocar um outro de pelagem malhada entre o creme e o marrom claro, com a crina cor de gelo. Apenas Mariana mantinha-se no lugar, olhando para alem do pasto. Ao longe, avistou um animal que ela poderia descrever como fantástico. Grande como um touro, de pelagem negra como breu e crina longa, ele lhe atraiu imediatamente. A jovem desatou a correr, passando por entre os demais, que agora a olhavam curiosos.

— Ela não vai...

— Oh, ela vai sim. - a fala de Benson fora interrompida pela de Caspian, que agora assistia a menina tocar o dorso do enorme cavalo.

— Olá, cavalinho. - disse a menina, caminhando para ficar de frente ao animal. - Não se preocupe, eu não machucarei você.

— É claro que não, eu sou um cavalo de batalha - a garota gritou e se afastou, assombrada pelo que ouvira. Só podia estar delirando, primeiro fora o rato, agora um cavalo, ela precisava urgentemente de ajud profissional.

— Vo... você falou! - exclamou ela, de olhos arregalados.

— Ora, mas é claro que sim senhorita. Sou um cavalo narniano, a fala e a coragem estão em meu sangue. - respondeu ele.

— Oh minha nossa... Desculpe-me, é que... Bom, de onde eu venho os cavalos não falam... - Mariana ainda estava assustada, mas não a ponto de correr dali. - Eu me chamo Mariana, e... Você?

— Eu me chamo Giuseppe. - respondeu ele, - Será um prazer servi-la, senhorita. - o cavalo fez uma breve reverência, deixando a menina corada. - Sabe montar?

— Não, precisarei de muita ajuda. - respondeu ela, sorrindo em seguida.

— Não se preocupe, eu a ajudarei. - Giuseppe se aproximou da garota, que estava pronta para recuar, mas não o fez.

—O que...? - a pergunta morreu em seus lábios, quando o grito de Isabele a assustou. A amiga a esperava junto aos demais. Com um suspiro ela e Giuseppe juntaram-se ao grupo.

— Bom... Agora que já escolheram seus cavalos, vamos lá. - Caspian parecia animado com a possibilidade de ensinar as estrangeiras a montar. A primeira fora Júlia, Benson a ergueu pela cintura, sustentando-a por mais tempo que o necessário, enquanto a garota se equilibrava sobre Huin, ao menos fora assim que a égua se apresentara. Isabele, que assistia a cena, suspirou pela amiga. Um dos soldados ajudou-a a montar em Brim, o cavalo. Allessandra teve um pouco mais de dificuldades, já que Mug estava animada demais para começar o passeio.

— Acalme-se, Mug. - disse um dos soldados - Assim ela não conseguirá montá-la. - depois de um pouco mais de insistência Alle estava sobre a égua. Mariana teve que respirar fundo três vezes antes de tentar.

— Está tudo bem? - Caspian, que observava a menina, indagou. Ela assentiu em primeiro instante, logo depois negou.

— Ele é muito alto, e eu tenho medo de altura. - confessou a jovem, contrariada. O rei teve de prender a vontade de rir.

— Não se preocupe, eu a ajudarei. - respondeu o moreno. - Ah, eu quase esqueci de lhe dar isto. - ele retirou um objeto do bolso, que logo Mary descobriu ser o seu colar. Depois de entregá-lo para garota, ela agradeceu. -Venha, eu vou levantá-la. Quando montar, junte bem os joelhos e mantenha a visão entre as orelhas do cavalo, sempre em frente, certo? - depois de concordar Mariana fora içada pelo rei para que alcançasse o dorso do cavalo, que até abaixara-se um pouco para auxiliar no processo. - Segure-se na crina, mas sem puxar. Lembre-se que ele não precisa ser guiado. - advertiu o rei, Mariana que agora estava vermelha como pimenta, assentiu.

Alguns minutos depois o rei Caspian seguia liderando o trote, a seu lado Mariana tentava não pensar no quão alto estava. Isabele, Allessandra e os dois soldados iam logo atrás, sendo seguidos por Júlia e Benson, que agora riam de alguma coisa que ela dissera.

— Sério, ela conseguiu fazer? - perguntou o homem que agora estava vermelho de rir.

— Sim, foi realmente engraçado. - respondeu Jubs. Benson ainda ria quando Júlia começou a fitá-lo, analisando-o por inteiro. Ele era muito bonito, isso estava mais do que óbvio, mas algo mais a atraía para ele, ela ainda não sabia o quê.

— Vamos parar aqui e continuar caminhando. - a voz de Caspian despertou a garota de seu raciocínio. Os rapazes desmontaram primeiro e foram de auxílio as meninas. Júlia tentou descer só, porém escorregou e só não tocou o solo da floresta, porque Benson fora mais rápido, prendendo-a pela cintura.

— Erm... Obrigada - a menina corou bruscamente desvencilhando - se em seguida do soldado, que a olhava com intensidade suficiente para fazer suas pernas tremerem. Quando se juntou as amigas, notou que elas tentavam não rir. Até Mary, que estava do lado do rei, encontrava-se vermelha por prender o riso. Contrariada, Júlia bufou e caminhou até estar do lado oposto de Mariana.

A caminhada se estendeu pela tarde, parando apenas para que comessem algo que Katy sabiamente fizera-os levar antes de partirem. Caspian mostrara algumas partes de Cair Paravel para as garotas, que a cada história contada sentiam-se ainda mais animadas por estarem ali, mesmo que numa situação inusitada como esta.

— Ficou faltando o vilarejo e a descida até a areia da praia. - disse o rei após atravessarem os portões do enorme palácio. - Podemos ir amanhã, se quiserem. - a sugestão fora feita para todas, entretanto, os olhos dele estavam presos na garota que agora tentava colocar o colar ao qual ele lhe entregara mais cedo.

— Seria ótimo, majestade. - Isabele respondera pelas demais, recebendo um aceno do homem. Benson acompanhou os cavalos até a parte com a maior relva, e os demais soldados voltaram para seus postos.

— Permita-me ajudá-la. - a voz de Caspian soou tão próxima que Mariana quase pulou de susto. A um momento ele falava com suas amigas sobre outro passeio, e no instante seguinte estava ao lado dela. Delicadamente ele tocou sua mão e retirou o objeto de seus dedos colocando o colar sobre o pescoço dela. Mary afastou os cabelos da nuca para que ele tivesse acesso ao fecho. No instante em que as mãos grandes e quentes do rei tocara sua pele uma sensação estranha lhe correu pelo corpo. - Pronto. - a voz do rei soara não mais do que um sussurro.

— Obrigada... Majestade. - com a voz falha a menina agradeceu e correu para dentro do castelo, encontrando as amigas na entrada a sua espera.

— O que foi isso, Mariana? - Isabele fora a primeira a perguntar enquanto as quatro subiam para os quartos.

— Nada, ora essa. - resmungou a morena, mas apesar da resposta, suas bochechas ainda estavam tão quentes e vermelhas quanto antes.

— Sei, nada... Engana-me que eu gosto - zombou Allessandra, parando no meio corredor e barrando a passagem das demais. - Admita que você está assim por causa do rei. - provocou ela cutucando a amiga.

— Assim como? Não diga bobagens. - irritou-se Mariana, encaminhando-se para seu quarto e deixando as amigas rindo no corredor.

— Ela pode não admitir, mas convenhamos, o rei Caspian não é festa de aniversário mas está de parabéns. - Júlia comentou, despertando o riso nas demais.

Enquanto todos se ocupavam no castelo, os três soldados enviados por Kyron retornavam para ilha de Myriades. As notícias borbulhavam na ansiedade de serem reveladas, eles sabiam que Kyron ficaria mais do que satisfeito com elas.

Quando a pequena embarcação atracou no porto da ilha, os soldados se dirigiram para o castelo onde o rei os aguardava.

Kyron caminhava de um lado para o outro impaciente com a demora de seus incompetentes soldados. Quando as portas do salão finalmente se abriram, os olhos frios do homem se prenderam nos três informantes.

— E então?

— As quatro garotas ainda estão no castelo, senhor. - o primeiro soldado disse - O rei Caspian X as levou hoje para conhecer Cair Paravel. - continuou.

— Ora, então isso quer dizer que elas vão ficar. - pensou alto, mas logo parou a espera da continuação.

— Isso eu não sei dizer senhor, mas eles pareciam se conhecer, eram quase íntimos. - o segundo informante disse, aumentando ainda mais a curiosidade de Kyron.

— É, o rei até se ofereceu para ajudar uma das garotas a colocar um colar. - o terceiro homem disse. Neste momento os olhos do rei se arregalaram.

— Um colar? - perguntou Kyron, o soldado assentiu - Como era este colar? - questionou ele, aproximando-se do homem, que agora dava passos curtos para trás.

— Parecia ser de ouro, senhor. - o soldado começou. - O pingente era grande, com algo gravado nele, que não conseguimos ver - concluiu. Kyron parou de repente, deu meia volta e se dirigiu para seu quarto. Assim que a porta do cômodo fora fechada o homem caminhou até o guarda-roupa e o abriu tirando de lá uma caixa de tamanho mediano, com um brasão real gravado, abriu-o e fitou os objetos dentro do mesmo. O lugar para três preças reais encontrava-se vazio, um colar estava com ele, o outro com sua falecida irmã, e o último... Só podia ser. Os anéis da linhagem de Myriades estavam ali, logo abaixo do lugar onde deveriam estar os colares. Com um suspiro de irritação Kyron guardou a caixa novamente e saiu do quarto, encaminhando-se para sala onde fazia seus planejamentos de governo. Assim que entrou na sala encontrou o que procurava. Sua espada estava presa no suporte da parede, próxima a armadura de batalha dele.

— Acho que está na hora de resolvermos este problema de uma vez por todas.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero que tenham curtido, não deixem de comentar.

Kisses and cherrys



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