Entre reis e rainhas escrita por Natasha Bonni


Capítulo 3
Capítulo 3 - Uma visita inesperada.


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, desculpem a demora, mas está aí o capítulo três.

Boa leitura.



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O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços. – Machado de Assis

 

Uma hora fora o tempo necessário para que as quatro garotas ficassem apresentáveis, com vestidos emprestados cedidos pelas criadas as quatro se dirigiram para o corredor.

— Uau, vocês estão muito bonitas. – Allessandra elogiou as amigas. Isabele trajava um vestido verde musgo de mangas longas e corte reto, levemente franzido nos quadris, assim como o Júlia, que usava um vestido de tonalidade rosa claro. Mariana vestia um de cor carmim, com tecido leve e fluído.

— Obrigada, você está ótima. – comentou Izzy, analisando as vestes emprestadas da amiga, que se assemelhava muito com o de Mariana, se não fosse pela cor azul clara.

— Vamos senhoritas, o rei as aguarda. – a voz de Myre, uma das criadas trazidas por Katy as despertou do momento “reencontro”.

Enquanto desciam os intermináveis lances de escada Mariana se perdia em pensamentos. Tudo parecia fácil demais, e isso a assustava, afinal, para quem passou a vida inteira num orfanato, nada é fácil demais.

Alcançaram o fim da escada no exato momento em que os olhos da menina pousaram sobre um quadro em especial, acoplado a para do extenso corredor, havia o retrato de um senhor. Com aparência polida e incríveis olhos cor de mel, a imagem do homem parecia ter vida. Mariana conhecia aquele homem, só não sabia de onde.

— Desculpe a demora, majestade. – Katy se pronunciou, enquanto passavam pelas grandes portas da sala de jantar.

— Não tem nada, entrem. – convidou o rei, vendo que as meninas permaneciam paradas na entrada. Katy as guiou até os lugares indicados, que já estavam com os talheres postos sobre a mesa. Enquanto as criadas serviam sucos e café, as garotas admiravam a bela arquitetura do local. Com algumas armaduras dispostas de forma espaçada para cobrir a parede, o local era dividido entre o rústico e o leve. A mesa extensa de carvalho estava coberta por uma toalha de linho branco, onde suportava as diversas guloseimas. – Podem comer. – Caspian percebeu os olhares atônitos das garotas enquanto olhavam o local.

A primeira a despertar fora Isabele, que quase caiu da cadeira ao ver tanta comida em seu prato. Havia uma variedade infindável de doces, bolos e pães.

— Nossa, isso aqui tá ótimo. – Allessandra comentou em meio a uma mordida e outra num bolo, que Mariana achava ser chocolate. Júlia sequer abriu a boca. Sem saber o que fazer, a garota bateu a mão na testa e balançou a cabeça, descrente da cara de pau das amigas. Caspian olhou para o gesto da menina e prendeu o riso ao ver a cara de desaprovação dela.

— Não vai comer, Mary? – indagou Izzy, depois de ver que a amiga apenas as olhava. Sem responder, a garota bebericou o café, que estava quase frio devido a demora.

— Então... – Caspian começou, chamando atenção das garotas, que pareciam entretidas demais para iniciar a conversa. – Quer dizer que vocês vieram parar aqui por acaso? – sem saber exatamente como abordar um assunto tão delicado, o rei optou por apenas perguntar.

— Sim. – fora a única resposta dada por Mariana, que agora o olhava com curiosidade. Queria saber aonde ele chegaria.

— Certo... Será que eu posso ao menor saber o nome das donzelas? – aquela conversa pra lá de constrangedora, isso era notório. Apenas Mariana mantinha-se impassível.

— Achei que o tal Ripchip tivesse dito. – quem respondeu foi Isabele, que agora olhava confusa para as amigas.

— Não, nós conversamos sobre outros assuntos. – fora a resposta do rei.

—Pois bem, eu me chamo Mariana, estas são Allessandra, Júlia e Isabele – a jovem disse. – Exatamente nesta ordem, majestade. – Quase se esquecera de chamá-lo pelo título.

— Oh sim, muito melhor. – comentou o rei – Ao menos posso chamá-las pelos nomes. – a afirmação soara como uma pergunta, que foi rapidamente respondida com um aceno de cabeça das meninas.

— Majestade, me desculpe a pergunta mas... o que pretende? – Júlia questionou atraindo os olhares não só do rei como das amigas também.

— Não entendi, como assim o que pretendo? – Caspian entendera a pergunta, mas não queria responder, não quando sabia que a reação das garotas poderia não ser muito cordial.

— Bom... o senhor nos recebeu, nos alimentou... Mas até agora não disse nada sobre o que pretende com tudo isso. – Mariana olhou para amiga, admirada com sua coragem. Júlia podia ser doida, mas uma coisa ela tinha que admitir, a menina era corajosa.

— Se formos guilhotinas, eu mato ela. – Allessandra cochichou para amiga, que se engasgou com o café.

— Para ser sincero, eu não sei bem. – confessou o rei, intrigando-as ainda mais – O colar que vocês trouxeram com certeza não é do mundo de vocês...

— Isso nós sabemos. - Mariana o interrompeu, recebendo um beliscão em troca, dado por Allessandra.

— ...Preciso investigar e descobrir como foi parar lá, já que a senhorita mesmo disse que lhe foi entregue. – prosseguiu o moreno, olhando-a diretamente.

— E isso quer dizer que não podemos voltar para casa, é isto? – Isabele finalmente interferiu á conversa.

— Não, vocês não poderão voltar. – os olhos das quatro se arregalaram – Ao menos até descobrirmos como, já que o colar parece inofensivo agora. – finalizou ele.

— Não podemos ficar aqui. – Mary se desesperou – Temos uma vida em Nova Orleans, está certo que não muito boa, mas ainda é uma vida. Como pode cogitar a ideia de nos manter presas aqui? – o salão entrou em um silêncio profundo.

— Não pretendo mantê-las presas, mas a não ser que a senhorita arrume outra forma de voltar para casa, terão de ficar sob minha proteção. – Caspian não podia acreditar na afronta ao qual estava passando.

— Proteção? Eu fui criada num orfanato, cheio de garotos grandes, doidos pra aprontarem comigo. Acho que posso me defender sozinha, obrigada. – rebateu a garota olhando-o desafiadora.

— Muito bem, se é tão boa assim, por que não me prova? – o desafio estava na ponta da língua com sabor de vitória, Caspian analisou as feições da morena a sua frente e soube naquele momento que ela aceitaria sua proposta.

— Não tenho que provar-lhe nada, mas se deseja assim, que assim seja. – respondeu Mariana determinadamente. Com um aceno de cabeça, indicando que concordava, Caspian pôs-se a andar em direção as portas duplas. Antes de seguirem o rei, Mariana recebeu um cutucão nas costelas, e ao olhar para trás viu as expressões de desespero e descrença das amigas.

— Ele quem começo. – deu de ombros e seguiu o moreno, que agora as esperava na entrada do castelo, próximo as escadas. Ao se aproximarem, notaram que não havia apenas Benson, o soldado que as viu entrar, mas sim cinco soldados, entre eles estava Ripchip. Caspian parecia dar instruções sobre algo importante para um deles.

— Certo seremos guilhotinadas, mortas, cortadas em pedacinhos. – Júlia entrou em pânico, assustando as demais.

— Para com isso, claro que não farão nada disso. – Allessandra disse, tentando não parecer tão temerosa quanto estava. Quando Caspian virou-se para elas com uma expressão neutra no rosto, elas sabiam que boa coisa não as esperava.

— Muito bem, depois desta senhorita ter-me dito que sabe muito bem defender-se sozinha, eu lhe propus o desafio, que servirá para todas – ele começou a descer as escadas, parando ao notar que elas mantinham-se no mesmo local. – Venham. – Depois de respirar fundo, as quatro desceram os degraus cuidadosamente, sob os olhares dos soldados. Benson demorou-se em Júlia, que parecia estar mais pálida do que a própria Mariana, a quem o desafio fora propriamente feito.

— Se me permite palpitar, majestade. Por que não começa com as adagas? – Ripchip, que acompanhava a tudo com atenção, se manifestou. Allessandra agarrou-se ao braço de Isabele, que quase perdera o equilíbrio.

— Adagas? – indagou Júlia.

— Sim, mas se quiser temos o arco e flecha também. – respondeu Benson, que tentava não rir da situação. Todos ali haviam compreendido o medo das garotas.

— Se é pra morrer, qualquer coisa serve. – Mariana comentou quase inaudível, e Alle empalideceu ainda mais.

Os soldados caminharam junto do rei em direção a floresta, pararam ao se depararem com a orla da mesma, onde quatro alvos estavam presos nas árvores.

— Muito bem, quem vai ser a primeira? – a pergunta fora feita por Benson, enquanto Caspian analisava as reações das garotas. Antes que Mariana pudesse responder, as amigas a empurraram, fazendo-a tropeçar e por pouco não cair novamente. Com um olhar mortal ela se dirigiu até o soldado. – Muito bem escolha um alvo e pegue uma adaga, atire com a maior precisão que conseguir. – instruiu o homem.

— Atirar? – a pergunta partiu de uma das meninas, que foram novamente fuziladas pelo olhar de Mariana. Respirando fundo, a garota caminhou até onde lhe foi indicado, e após pegar a arma mirou e atirou, porém, não passou nem perto do alvo. Muito pelo contrário, a lâmina passou direto, atingindo algo indefinido no meio da floresta.

Constrangida, a garota se recompôs e caminhou até as amigas que riam descaradamente de sua derrota.

— Vesga – Allessandra cutucou, e em troca, recebeu um beliscão.

— Vão lá então. – emburrou a garota despertando o riso no rei que não desviou os olhos da garota em momento algum. Um barulho, porém, o assustou. Seus olhos, assim como dos demais, se arregalaram ao notarem a precisão em que Allessandra acertara o alvo do meio.

O silêncio perpetuou por alguns instantes, até que Benson disse:

— Tudo bem, vamos tentar arco e flecha. – As quatro se dirigiram até a pedra onde jaziam os instrumentos, assim que estavam prontas, se posicionaram e atiraram. Júlia acertou o alvo de primeira, assim como Isabele. Allessandra acertou a borda do alvo, e a flecha de Mariana, mais uma vez se perdeu em meio a mata. Caspian tinha um sorriso triunfante nos lábios enquanto a garota borbulhava de raiva e vergonha. Realmente nunca fora muito boa de mira, sempre fora melhor de reflexo. Estava prestes a dizer que queria revanche quando Ripchip se adiantou.

— Por que não dá uma espada a ela, majestade? – sugeriu o rato, chocando a todos com a proposta.

— Se ela não é boa em arco e flecha, com uma espada pode arrancar nossas cabeças. – um dos guardas comentou, atiçando a raiva dentro da jovem, que sem pensar duas vezes retirou a espada da cintura de Benson de supetão, deixando-o atônito.

— Quem vai ser o primeiro? – com os olhos em brasa, Mariana sentia-se determinada a provar que era boa em alguma coisa, mesmo que isso lhe custasse um olho. O que provavelmente custaria. Para surpresa de todos, Caspian tomou a dianteira, sacando a espada da bainha e segurando-a em frente ao corpo.

— Mas...

— O que foi, donzela? Está com medo? – a provocação foi o estopim para que Mariana avançasse, mesmo com o peso da espada, ela conseguiu desviar do primeiro ataque do rei, que por pouco não lhe acertara o braço esquerdo. Caspian tentou derrubá-la ao passar a espada por suas pernas, mas com um salto para frente Mary antecipou o ataque e o acertou primeiro, fazendo-o cambalear para trás. Surpreso, o rei não se deixou abater e continuou a desferir os golpes com mais precisão.

O fôlego já começava a faltar, quando Mariana viu a brecha que precisava. Caspian estava confiante que conseguiria vencê-la, e acabou esquecendo-se de manter a guarda, o que resultou num golpe rápido e preciso, que surpreendeu até a própria garota. O rei foi parar no chão, e antes que pudesse se levantar a espada da garota estava sobre seu peito.

— Touché. – sussurrou ela com um sorriso radiante no rosto, logo depois estendeu a mão para ajudar o moreno a levantar. Mais atrás todos olhavam estáticos para a pequena garota de aparência indefesa.

Sem saber o que dizer, Caspian escapou de ter que se pronunciar, quando um de seus guardas apareceu a sua procura.

— Majestade, o rei Kyron deseja falar com o senhor e o aguarda no castelo. – informou o homem, a surpresa atravessou o olhar do rei, que assentiu já se preparando para retornar ao castelo, quando uma voz conhecida se sobressaiu.

— Ora, ora... Eu não sabia que tinha visitas, majestade. – a voz do homem era grave, e despertou arrepios em Mariana, que de imediato se virou para olhá-lo. O choque transpareceu no rosto de Kyron ao notar que aquela não era uma simples visita de Caspian.

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Deixem suas opiniões e sugestões. Até o próximo.

Kisses and Cherrys



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