Madison foi acordada bem cedo no domingo seguinte por Emma.
― Ande, Madison, levante ― pedia Emma tentando puxar as cobertas da garota.
― Me explique de novo por quê eu tenho de levantar às sete da manhã de um domingo? ― Madison resmungou agarrando firme as cobertas.
― McGonagall mandou um bilhete por Soren, quer que você vá até a antecâmara do Salão Comunal porque tem um repórter do Profeta Diário querendo tirar fotos dos campeões ― explicou ela ― E não pense que estou feliz. Sua coruja me acordou cedo num domingo também, agora ande. Quanto mais rápido você for, mais rápido eu poderei dormir de novo, e quem sabe, você também.
― Droga ― Madison xingou erguendo-se da cama ― Disseram que campeões tribruxos eram vistos como heróis mas não falaram que além das provas tinhamos que passar por sacrifícios desse tipo também.
― Ser herói não é fácil, Madison ― suspirou Emma sentando-se na cama com a sensação de dever cumprido ― Tem que fazer sacrifícios, abrir mão de certas coisas. Não é só fazer o certo e ganhar glória, você mais do que ninguém deveria saber disso. Veio de uma família de grandes nomes do mundo bruxo, você deveria saber que o preço que se paga por se tornar um herói, mesmo que não queria, não é baixo.
― Certo. Acordo cedo e ainda escuto discurso ― reclamou Madison ― Vou trocar de roupa e descer. Quem sabe consigo dormir novamente quando eu retornar, espero que isso seja bem rápido.
― Duvido que seja, entretanto, mesmo assim, boa sorte ― Emma sorriu e se jogou na cama cobrindo-se com as cobertas até o pescoço.
Madison bufou e avaliou a ideia de voltar para a cama, mas decidiu que não seria bom fazer algo do tipo. O repórter que estava esperando pelos os campeões não ficaria feliz se apenas três deles comparecessem, poderia até querer vir falar com ela sozinha; sem contar que poderia levar uma detenção ou algo do tipo por parte de McGonagall, ela definitivamente nesses tempos de ameaças queria provar que Hogwarts era no mínimo capaz de controlar o torneio e seus campeões.
Vestiu a roupa mais fácil de se colocar no corpo. Como não era dia de aulas, não iria vestir o uniforme: colocou um jeans e uma blusa branca, colocou uma jaqueta preta por cima, ajeitou o cabelo e desceu para a Sala Comunal da Grifinória. Como era de se esperar: ninguém estava ali. "Também, qual o idiota que levanta sete horas da manhã quando se pode dormir bastante?" pensou Madison.
― Vejo que não fui o único impedido de dormir ― a voz soou atrás de Madison antes de ela perceber alguma presença. Era Adam. Bem, esse era o idiota que levanta às sete da manhã.
― Olhe, eu não estou de bom humor então, não venha com gracinhas ― Madison pediu o mais pacientemente que pôde ― Agora vou indo porque se não vou me atrasar.
― Você esquece muito facilmente que estou na mesma situação que você ― ele disse ― Eu também tenho que ir. Ande, vamos logo. Não quero mesmo que você se atrase, ainda planejo voltar para o dormitório e dormir após essas fotos.
Ela calou a boca e os dois atravessaram o buraco da Mulher Gorda juntos. Chegaram rapidamente na antecâmara. Caleb e Miguel estavam sentados numa pequena mesa no centro ― uma mesa que não existia naquela sala até aquele momento ― e comiam. Estava sendo um servido um pequeno café da manhã para os campeões. O repórter do Profeta Diário não havia chegado e haviam duas cadeiras vazias na mesa, que logo foram ocupadas por Madison e Adam.
― A diretora McGonagall esteve aqui ― comentou Miguel ― Estava um tanto furiosa porque vocês ainda não tinham chegado. Vocês tem muita sorte, o repórter do Profeta Diário ainda não chegou. Ela disse que devemos comer um pouco porque a entrevista e as fotos vão durar uma hora inteira.
― E assim meus planos de voltar a dormir são arruinados ― reclamou Adam.
― O que ele quer saber de nós que ninguém sabe? ― Madison refletiu ― Sabem que eu sou a verdadeira campeã e o nome do Walker saiu do cálice misteriosamente. Bem, ele podem querer saber o motivo, entretanto, isso ninguém sabe. Será que ele quer perguntar sobre o torneio e a primeira prova?
― Não seja ingênua ― disse Caleb largando seu copo de suco de abóbora na mesa e encarando Madison como se ela fosse uma criança ― Ele não vai nos perrguntar sobre o torneio, todos estão cansados de saber como são as regras. Ele vai perrguntar coisas pessoais, coisas que podem darr uma boa matéria, segrredos.
― Rita Skeeter era quem fazia isso ― comentou Adam ― Todos sabem como ela sempre criou boatos e notícias falsas para publicar no Profeta Diário. Achei que com a morte dela isso iria acabar. Por acaso esse é repórter é filho dela?
― Acho que ela não teve filhos ― foi Miguel quem respondeu ― Eu aposto na possibilidade de esse repórter ser novo e querer ganhar destaque no jornal. Está desesperado por atenção, por fama, é um tipo bem comum. Vemos bastante esse tipo de repórteres na França.
Quando todos comiam e comentavam sobre as roupas que receberam para a primeira tarefa, um homem pigarreou na porta. Era como Miguel dissera, jovem. Tinha os cabelos negros e olhos amendoados. Ele carregava uma grande maleta na mão direita e na mão esquerda segurava uma pena e um pergaminho.
― Que espírito de harmonia ― ele disse e todos se levantaram ― Sou o repórter Patrick Rocker, estou iniciando minha carreira no Profeta Diário e estou ansioso para ouvir jovens como vocês, me parece interessante.
Miguel olhou para o rosto de cada um como se dissesse: "Eu disse a vocês". Patrick colocou a maleta no chão e abriu-a, ela se transformou numa grande escrivaninha com vários tinteiros de todas as cores, penas que mexiam sozinhas, pergaminhos que pareciam não acabar nunca e uma câmera.
― Vocês poderiam se aproximar mais para que eu possa tirar a foto? ― ele disse dando um sorriso nada amigável, era um sorriso do tipo: "Me obedeçam, eu sou superior" ― Ótimo. Fiquem sérios porque o Torneio não é um parque de diversões.
O flash foi disparado e ele guardou a câmera na sua escrivaninha-maleta.
― Podem pegar as cadeiras, nossa conversa vai demorar ― ele disse a todos. Cada um pegou as cadeiras da mesa que estavam tomando café, posicionaram diante do repórter e sentaram em silêncio ― Vocês estão tão comportados, sei que não podem ser tão obedientes assim. Pois bem, vamos começar.
― Espero que seja rápido ― disse Adam.
― Oh, temos um garoto impaciente por aqui ― Patrick disse ― Vamos começar por você então. Como você se sentiu quando o seu nome saiu do cálice? Já que ele foi o quarto nome a sair, o inesperado.
― Ora, eu gostei do que aconteceu ― Adam disse impaciente enquanto prestava atenção na pena que escrevia sozinha no pergaminho ― É uma pena de repetição rápida? ― perguntou. Patrick assentiu e fez sinal para que continuasse a responder ― Se eu me inscrevi, eu esperava ser sorteado.
― Caleb ― continuou Patrick olhando para o garoto ― O que está achando das aulas aqui em Hogwarts? Soube que em Durmstrang ensinam Arte das Trevas e aqui, em Hogwarts, ensinam como se defender dessas artes das trevas.
― Acho que isso prrova que as culturas são bem diferrentes ― Caleb respondeu com ar superior ― O que faz Hogwarrts ser tão interressante, as diferrenças. Não terria a menor graça se Durrmstrang e Hogwarrts fossem parrecidas.
― Miguel ― Patrick falou ― Está orgulhoso de ser o primeiro campeão homem de Beauxbatons depois de alguns bons números de torneios seguidos a escola ser representada por garotas?
― É claro que estou ― respondeu ele com um sorriso ― Durante um tempo, a maioria dos bruxos fora da França pensavam que Beauxbatons era uma escola só para garotas, eu sendo escolhido é meio que uma prova que também há garotos na escola, garotos dignos de representar a escola no Torneio.
― E por último e a única garota, Madison ― Patrick deu um sorriso em direção à ela, que não foi retribuído ― Tenho duas perguntas para você, se importa de responder as duas? ― Madison negou com a cabeça ― Ótimo, senão acharia que tem medo de expor algo. Primeira pergunta: se sente em desvantagem por ser a única garota? Quero dizer, isso pode fazer com que você seja a mais frágil dentre os campeões.
― Não me sinto em desvantagem de maneira nenhuma ― Madison respondeu com determinação ― Eu não sou mais frágil. Nada me impede de fazer tudo o que eles fazem nesse torneio, isso pode ser visto como um preconceito da sua parte. Não me subestime, Sr. Rocker.
― Eu nunca iria subestimá-la sendo filha e neta de quem é ― continuou Patrick ― E isso tem a ver com a segunda pergunta. Acha que foi escolhida pelo cálice por ter o sobrenome Potter? Digo, os três últimos campeões foram seu avô, seu pai e seu tio.
― Não acho que a escolha do cálice tem a ver com o meu sobrenome porque um nome não diz nada sobre a pessoa. Minha prima é uma Malfoy e foi para a Grifinória, isso quebra todos os esteriótipos de que a familia Malfoy inteira pertencerá à Sonserina. Fui escolhida por um único motivo: o cálice acha que tenho chances ― ela respondeu com um tom agressivo.
― Já percebi que você tem uma determinação e segurança incrível entretanto, deve ter algo que te faça perder essa sua segurança toda ― Patrick sugeriu.
― Mesmo que tenha, não contarei à você ― Madison sorriu ironicamente.
― Vamos às perguntas que realmente interessam ― Patrick continuou desviando o olhar de Madison ― Caleb, como anda a sua vida amorosa? É isso que dá boa notícia, uma história de amor emocionante, você pode nos contar alguma?
― Eu tenho uma namorada ― afirmou Caleb e Madisou jurou que viu um brilho diferente nos olhos dele ― Ela não é bruxa e está esperando por mim, espero que eu consiga levar a taça tribruxo, acho que ela teria orgulho de mim.
― Isso é adorável mas se algo acontecesse a você nesse torneio, a história se tornaria bem mais interessante ― Patrick sorriu de modo doentio ― Miguel, diga você agora. Soube que em Beauxbatons estão as garotas mais bonitas.
― Oh, com certeza ― Miguel riu ― Entretanto, não tenho nada com nenhuma delas. Não me importo apenas com a beleza e quase infelizmente é tudo o que se vê em Beauxbatons, poucas são as garotas que se preocupam com outra coisa a não ser a aparência por lá.
― Você é nobre demais, aliás, todos vocês são. Isso chega a ser entendiante ― disse o repórter e Madison sentiu que estava ficando nervosa ― Adam, oh Adam Walker, soube da sua fama em Hogwarts, você é considerado o melhor partido nessa escola: capitão do time de quadribol da Grifinória e agora campeão tribruxo, como anda a sua vida amorosa?
― Não é da sua conta mas, suspeito estar gostando de uma garota ― Adam disparou antes mesmo de raciocinar direito.
― Que interessante, pode nos dizer mais? ― Patrick instigou ― Talvez você possa se declarar para ela no Torneio, ganhar a taça em homenagem à ela, não seria maravilhoso? Você seria um partido melhor ainda e tenho certeza que ela não recusaria.
― Não posso dizer mais ― Adam gritou ― E ela não é tão impressionável assim ― completou abaixando o tom de voz.
― É uma pena ― o repórter riu ― Ou na verdade não, não me importo realmente, eu só quero uma matéria decente. Madison Potter, soube que você está andando com um garoto da Sonserina, conte-me como é ter um amor proibido.
― O quê? ― Madison arregalou os olhos ― Eu não tenho um amor proibido. E onde você sabe dessas coisas? Somos só amigos!
― Ah, então você tem mesmo andado com um garoto da Sonserina?
― Tenho mas, Luke é apenas um amigo e eu exijo que você não escreva isso na sua matéria ― disse ela com um tom autoritário.
― Isso seria uma ótima primeira página: "Madison Potter, ameaçada pela ascensão de um Lorde das Trevas está vivendo uma história de amor com um Sonserino". Todos sabem que a maioria dos Sonserinos viram comensais e isso com certeza não seria saudável para você, nem sua família ― Patrick sorriu ― Mas se você diz que não há nada, acreditarei em você dessa vez porque eu acho que você tem histórias ainda mais interessantes que essa como, por exemplo, que corrente dourada é essa no seu pescoço?
― Nada que importe ― Madison disse escondendo rapidamente a corrente do vira-tempo nas vestes ― Já terminou? Quero voltar para o meu dormitório, se não percebeu, hoje é domingo, dia de descanso.
― Apenas uma última pergunta para você e Sr. Walker ― Patrick disse com um olhar triunfante ― Vocês dois são campeões de Hogwarts, soube que vocês são quase inimigos, seriam capazes de deixar o outro em uma ameaça mortal para ganhar a taça e a glória eterna?
― Nunca! ― Adam se ergueu da cadeira
― Claro que não! ― Madison também se ergueu da cadeira e olhou para Adam e se sentou novamente no mesmo instante que ele.
― Foi exatamente o que eu pensei ― Patrick riu ― Acho que essa sim dará uma bela e trágica história. Aproveitem o domingo.
― Somos quase inimigos mas não seríamos baixos à esse ponto ― Adam argumentou antes que ele deixasse a sala ― Ninguém deveria se acidentar nesse torneio, não há interferência de fora.
― Está certo, mas o perigo de dentro já é o bastante ― Patrick respondeu ― E eu tenho certeza que vocês são bastantes nobres para preservar a vida um do outro, mas não acho que nobreza seja o verdadeiro motivo por essas respostas tão imediatas. Como eu disse: aproveitem o domingo.
Ele pegou a maleta no chão e saiu da sala. Caleb e Miguel suspiraram. Madison olhou para Adam de relance e percebeu que ele estava com o punho cerrado.
― Você entendeu o que ele quis dizer? Porque eu não ― Madison afirmou calmamente ― Não estou afim de brigar, só estou preocupada. É algum tipo de ameaça?
― Não, é só que ele percebeu uma coisa sobre mim que eu não deveria ter deixado ― Adam respondeu ― Agora você tem mais coisas com o que se preocupar do que isso, você não queria dormir? Vá. ― ele disse com arrogância.
― Você disse que eu não facilito, mas você também não, seu hipócrita! ― Madison gritou atraindo as atenções de Caleb e Miguel ― Estava falando civilizadamente com você, mas já que não quer, tudo bem. Estou começando a repensar o que disse antes, talvez eu devesse deixar você morrendo se tivesse essa opção de escolha.
Madison virou as costas e saiu da sala deixando um Adam muito mais nervoso.