As Marotas IV escrita por Laura Dias


Capítulo 17
Capítulo 17 - Ninfa Amaldiçoada


Notas iniciais do capítulo

Ano novo para mim começou bem, na virada eu estava assistindo Harry Potter



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Enquanto Emília tinha uma conversa com o homem de olhos cinzentos cercada por comensais, Emma se levantava silenciosamente da sua cama. Certificou-se de que todas as garotas estavam dormindo e vestiu seu robe. Mexeu no seu malão aos pés da cama delicadamente e pegou um livro que estava marcado numa página bem no início dele. Saiu do dormitório e passou pela mulher gorda. Com a luz da varinha foi caminhando até a biblioteca.
"Ótimo, se o zelador me pega aqui eu levo uma detenção ou sou expulsa. Se meu pai me pega aqui, ele me deserda ou me mata, e eu ainda não sei o que é pior" pensava enquanto entrava na biblioteca escura.
― Srta. Phelps o que faz aqui? ― uma voz disse em meio a escuridão.
Emma podia jurar que sentiu seu coração parar. Ela gelou. Sua cabeça começava a trabalhar para pensar numa desculpa. Será que quem quer que fosse acreditaria que ela queria muito ler um livro e não aguentava esperar o dia clarear? Poderia tentar. Quando ela se virou para o lado que havia vindo o som, escutou risadas e percebeu que conhecia aquela risada. Conhecia muito bem.
― Você quase me matou de susto, Peter! ― ela sussurrou sentindo o coração voltar aos batimentos normais.
― Mesmo no escuro a sua expressão foi hilária ― ele riu e logo depois acendeu a ponta de sua varinha.
Os olhos azuis dele foram realçados com a luz da varinha, e o sorriso dele parecia mais cativante ainda. Emma sentiu o coração acelerar e podia jurar que se ele pudesse falar, ele diria: "Por favor, você quer controlar suas emoções? Agradeço"
― Então, vamos ler? ― ela disse rapidamente ― Vamos para uma mesa bem ao fundo, caso alguém entre, não nos verá de primeira.
― Não se preocupe, espertinha bonitinha, ninguém vai entrar ― Peter afirmou sentando-se numa das mesas a sua frente ― Antes de começar a ler, tenho uma pergunta.
― Pois bem, diga ― disse Emma sentando-se ao lado dele.
― Como anda as garotas? Principalmente Madison e minha irmã. Isabelle sabe se cuidar.
― Sua irmã, bem, está namorando com Trevor ― Peter respirou fundo quando ela disse ― Ele é gentil, não se preocupe e ela está feliz. Eles se entendem bem. Já Madison a história é complicada. Acho que ela gosta de alguém mas não admite para si mesma. E no geral, nós todas estamos preocupada com a ameaça do novo Lorde das Trevas.
― Hogwarts é segura ― ele disse vagamente tentando tranquilizá-la ― Eu espero que Trevor nunca pense em magoar a minha irmã ― cerrou os punhos ― Agora minha preocupação é com Madison ― Emma não pôde deixar de sentir um pouco de ciúmes ― Espero que não conte a ninguém, mas acho que Luke gosta dela e não acho que ela goste dele do mesmo modo.
― Também acho que não ― Emma respondeu aliviada ― Agora vamos ler? Estou curiosa com o que vai acontecer nos próximos capítulos. E já deve ser tarde, não podemos ficar aqui por muito tempo senão fica difícil voltar para os dormitórios com o dia quase amanhecendo.
Ela abriu o livro e começou a ler em voz alta para Peter. Era mais prático que ela fizesse isso, se deixasse para ele ler sozinho e ela também, teria de ficar toda hora perguntando: "Posso mudar de página?". Quando acabou dois capítulos, Emma fechou o livro e disse que era melhor que ela voltasse para o dormitório.
― Ei, espere ― Peter chamou quando ela se virou para ir embora.
Emma se virou esperando ele dizer alguma coisa mas o que ele fez foi melhor do que qualquer palavra que ele tivesse dito. Se aproximou dela tão rápido que não daria tempo da garota recuar, mesmo se quisesse ― o que não era o caso. Então Peter a beijou. Não dava para enxergar quase nada naquela biblioteca escura, a varinha com a ponta iluminada que Emma segurava caiu de suas mãos no momento que os dois se beijaram.
― Meu pai vai me matar ― ela disse empurrando Peter delicadamente e ele deu um sorrisinho ― O que? Por quê esse riso?
― Ele não vai matar você ― garantiu ― Porque, por enquanto, ninguém precisa saber disso a não ser que você queira. Entretanto, Emma Phelps, eu ainda pretendo andar com você ao meu lado para toda Hogwarts ver, então, não esconda isso por muito tempo.
― Olhe, para um garoto da Sonserina você é bem sensível... Eu esperava um emocional igual o de uma pedra.
― Você também vai julgar pela casa? ― ele deu uma risadinha enquanto fingia-se de ofendido.
― Não. Eu não vou. Você não entende. Comensais mataram minha mãe e comensais estes da Sonserina, meu pai me mataria se descobrisse que somos amigos, e agora, ele pode fazer algo pior se descobrisse isso ― ela disse.
― Então você quer dizer que não posso mais falar com você?
― Se eu quisesse dizer isso, eu não faria isto ― dessa vez, foi Emma que o beijou.
― Você vai contar pro seu pai? ― perguntou Peter quando se separaram e Emma segurou suas mãos delicadamente, estava nervosa e não sabia o que fazer.
― Eu não sei. Eu acho que ele não suportaria. Você disse que ninguém precisa saber a não ser que eu queira. E eu não quero que ele saiba.
― Eu disse que eu não aceitaria isso por muito tempo, só por agora porque eu demorei muito para reunir toda a minha coragem para beijar você ― Emma sorriu, a varinha continuava no chão mas com a pequena luz era possível ver algumas poucas coisas.
― Você precisou reunir coragem? ― brincou ela.
― É claro, como você mesmo sabe, e seu pai também sabe muito bem, eu sou da Sonserina, não da Grifinória ― ele respondeu com o mesmo tom.
***
Na manhã do dia seguinte, Emma estava saltitando assim que acordou. Madison não estava com inveja da alegria da amiga mas, aquela felicidade toda já estava incomodando. Isabelle estava animada porque iriam à Hogsmeade. Ela só conseguia pensar em doces e mais doces. Safira também parecia animada mas ela não queria doces, ela tinha combinado com Trevor de irem ao Café Madame Puddifoot.
― Vocês vão à Madame Puddifoot mesmo? ― perguntou Emma enquanto colocava suas roupas ― Quero dizer, lá só vão casais e tudo mais.
― Não vejo problema de lá só ter casais. Trevor e eu estamos namorando! ― Safira sorriu ― E dizem que lá é bonitinho e que o café também é maravilhoso.
― Você quem sabe. Isso é coisa de casaizinhos apaixonados, mas vocês se encaixam muito bem nisso. Ficam se agarrando pelos corredores ― Isabelle falou mas Safira não deu ouvidos.
― Falando em Madame Puddifoot, Nick disse que queria levar Marabella lá ― disse Madison ― Vou falar com ele. Perguntar se ele convidou ela e se ela aceitou. Volto logo.
Ela saiu do dormitório feminino e foi caminhando para o dormitório masculino. Abriu a porta e entrou. Assim que fez isso, descobriu que deveria ter batido. Nicholas estava sentado na sua cama calçando o tênis, Trevor estava penteando o cabelo e Adam estava com a camisa nas mãos. Ou seja, ele estava sem camisa. Madison parou na porta.
― O que você está fazendo aqui? ― perguntou Adam enquanto ela balançava a cabeça. Ele vestiu a camisa e ficou encarando-a.
― E-Eu vim falar com o Nicholas, mas eu deveria ter batido ― ela apontou para a porta ― É, definitivamente eu deveria ter batido.
― Já falei para não me chamar de Nicholas ― pediu Nick ― E o que você quer falar comigo?
― Queria saber se você convidou a Marabella para ir a Hogsmeade com você e se ela aceitou ― falou Madison rapidamente.
― Ah, sim, convidei e ela aceitou ― respondeu ele.
― Certo, eu vejo você lá. Vou indo ― disse ela.
― Ah não vê não ― Adam interrompeu ― Nós estamos proibidos de ir a Hogsmeade. Você, Caleb, Miguel e eu. Devemos ficar e receber as orientações para a primeira prova do Torneio.
― Droga ― reclamou ela baixinho ― Certo. Nick, conte-me como foi depois. Vou avisar as garotas que não vou. Tchau.
Madison chegou ao dormitório meio desconsertada e muito brava. Explicou às garotas que não poderia ir e elas reclamaram também. Isabelle prometeu trazer tudo que Madison quisesse de Hogsmeade, é claro, se ela pudesse pagar. "Doces está bom" pediu Madison quando as três saíam do dormitório para se encontrarem com os restantes dos alunos.
― Ok, Madison. Agora é só você, os três campeões e os alunos do primeiro e segundo ano em toda a escola ― murmurou para si mesma enquanto se jogava na cama.
Ela precisou reunir toda a sua disposição e coragem para levantar da cama e sair do dormitório. Adam estava na Sala Comunal da Grifinória quando ela passou. Os dois seguiram juntos para a sala da Profª Minerva mas não disseram nada. Um silêncio deles e também de toda a escola. Quando entraram no gabinete, Caleb e Miguel já estavam lá. McGonagall explicou que a primeira prova seria na Floresta e que exigia muito mais que feitiços. Ela disse que definitivamente feitiços não ajudariam muito. Não foram as instruções mas instrutivas mas, provavelmente iriam servir para alguma coisa quando Madison parasse para pensar nisso.
Quando Madison e Adam saíam do gabinete da diretora, ela teve a ideia de visitar Tiara Hagrid. Comer alguns doces, que ao contrário de Hagrid ela fazia muito bem. Isso iria compensar, parcialmente, a não ida dela à Hogsmeade. O problema é que Adam quis ir junto.
― Onde você está indo? ― perguntou ele quando ela começou a andar em direção ao portão que levava aos jardins.
― Para a cabana do Hagrid, vou falar com Tiara ― respondeu ela sem muita atenção.
― Ótimo. Vou também. Não tenho nada para fazer mesmo.
― Não, você não vai. Está fazendo isso para me provocar? Não vai funcionar e definitivamente você não vai.
― Não estou fazendo como uma provocação. Nick já disse que ela cozinha bem e eu quero provar, quero conhecer a cabana e tudo mais. Quero fazer qualquer coisa além de entrar naquele dormitório e dormir por horas até todos voltarem do passeio. E não é proibida a entrada, então, eu vou mesmo que você não queira.
Madison bufou mas entendeu que não poderia fazer nada a respeito. Quando pisaram na grama sentiram uma sensação estranha, como se o chão estivesse... se movendo. De repente raízes saltaram do chão e agarraram os braços e pernas de ambos, colocando-os deitados no chão. E algo parecia arrastá-los até dentro da floresta.
― O que está acontecendo? ― gritou Madison enquanto era arrastada
― Estou na mesma situação que você, então, não sei ― gritou Adam.
Quando pararam de ser arrastados, estavam dentro da floresta. As árvores eram altas e o chão era um pouco coberto pela neblina. Os dois se levantaram meio desconcertados e olharam em volta. Nada aparentemente. As raízes também haviam desaparecido.
― Boa tarde ― saudou uma voz muito calma
Assim que os dois se viraram, Madison ficou sem ar ― não literalmente. Estavam diante de uma mulher linda. Uma ninfa, para ser exato. Na cabeça da garota ninfas eram basicamente fadas sem asas que controlam coisas da natureza. "No caso, controlou as raízes que nos trouxeram aqui" pensou ela. A Ninfa tinha cabelos roxos e muito grandes, a pele muito branca e os olhos azuis. Entretanto, tinha algo que diferenciava ela das demais, bem no meio da sua testa havia uma mancha negra.
― Uau ― Adam disse ― Se toda vez que eu fosse sequestrado encontrasse alguém assim. Eu iria adorar viver sequestrado.
― Obrigada, querido ― disse ela amigavelmente e depois olhou para Madison ― Você sabe dos meus poderes não sabe? Já deve ter percebido, você parece muito inteligente. Sabe que eu posso hipnotizar homens mas não posso fazer o mesmo com as mulheres. E posso controlar a natureza.
― É, eu percebi ― Madison respondeu friamente ― Vai começar a explicar agora ou vai querer convocar pequenos animais para explicar tudo cantando como num musical?
― Adorei seu senso de humor ― ela disse ― Eu sou Serena. E temos muito tempo para cuidarmos dos meus motivos para trazê-los aqui, apenas relaxe. Seu amigo está muito bem.
Madison olhou para Adam. Ele parecia um idiota olhando para a ninfa.
― Ah, estou reconhecendo você ― começou Madison ― Li em um livro sobre você. Você não é uma ninfa comum. Você foi amaldiçoada! ― Serena não gostou das palavras, pela primeira vez desde que Madison a vira, ela parou de sorrir ― Foi amaldiçoada porque matou um unicórnio!
― Exatamente. Você é esperta como eu pensei, bonita também.
― Você é maravilhosa ― disse Adam à ninfa.
― CALA A BOCA ― gritou Madison para ele.
― Vocês são um casal? ― Serena perguntou brincando de fazer nascer algumas flores ao redor de Adam.
― Não, apenas conhecidos.
― Ótimo ― ela sorriu ― Achei que tinha desperdiçado minha chance. Sabe, eu sou obrigada a uma vez por ano sequestrar um garoto e uma garota. Uma garota para me fazer um favor e um garoto para ser meu. Não posso fazer isso se eles forem um casal, é contra as regras.
― Eu lembro do que li. Você sequestra duas pessoas por ano e o garoto tem de ser um bruxo. Você tem que ter um filho com esse garoto e se ele for um filho homem e com sangue de bruxo, está livre da maldição.
― Você está certa. Mas não tenho tido sorte. Só tenho filhas e todas elas são ninfas. Entretanto, continuo tentando. Quero me ver longe dessa maldição. Embora, acho que posso ter mais chances agora, não só uma vez por ano. Essa fase de medo no mundo dos bruxos é bom pra mim, principalmente estando do lado certo.
― Me diga logo o que você quer ― Madison pediu impaciente.
― Você é a mulher mais linda que eu já vi ― disse Adam de modo idiota.
― Eu já dise pra você calar a boca ― Madison acrescentou para ele.
― Antes de qualquer coisa, eu preciso que me responda com sinceridade, querida. Vocês realmente não são um casal? ― Serena perguntou novamente.
― Eu já disse que não! Por quê isso importa tanto? ― respondeu impaciente.
― Porque eu preciso de uma garota que seja pura ― ela sussurrou se aproximando ― Geralmente, quando se têm um casal, provavelmente eles já dormiram juntos. Mas, enfim, isso é ótimo. Você faz o favor para mim e pode ir, ele vai ficar.
― Só faço o que você quer se ele puder ir também ― disparou Madison.
― Oh, querida, você não está em condições de impor nada. Mas, faça o que vou lhe dizer e avaliarei a proposta ― Serena disse ― O que você tem que fazer é muito simples: ache um unicórnio, corte a crina dele e entregue ela para mim. Com a crina dele eu posso fazer um chá que vai me mante jovem, isso é muito importante.
― Por quê você não pega, querida? ― ela disse "querida" com ironia.
― Porque unicórnios só aceitam ser tocados por garotas puras. E eu tenho filhas, obviamente não me encaixo nisso ― Serena sorriu ― Agora vá. Você está com sorte, bem ali tem um unicórnio.
― E como eu corto a crina dele?
― Você tem uma varinha, você é uma bruxa. Se vire. Eu e o seu amigo estaremos esperando aqui, não é, querido? ― ela sorriu e afagou os cabelos de Adam.
Madison bufou e caminhou na direção em que vinha uma luz branca, em direção ao unicórnio. Ele ficou parado olhando para ela enquanto se aproximava dele.
"Eu sinto muito mas, eu preciso fazer isso. Apenas fique parado" ela sussurrou para o unicórnio enquanto afagava seu pescoço.
"Estamos acostumandos, não se preocupe" o unicórnio respondeu, mas ele não falou, foi como se comunicasse com Madison pelo pensamento.
"Eu não sabia que bem, vocês, unicórnios faziam telepatia"
"Há muitas coisas no mundo mágico que você não sabe. Serena está do lado oposto ao seu. Fique de olhos abertos e não saia sem seu amigo, Hogwarts poderá sofrer por isso. Ande logo, tudo ficará bem"
"Certo, obrigada pelo conselho"
Ela ergueu a varinha e apontou para a crina do cavalo e disse: "Diffindo". Foi cortada quase a crina branca toda, Madison pegou ela em suas mãos e assim que ergueu os olhos novamente era como se não tivesse acontecido nada. A crina crescera rápido.
― Certo. Aqui está ― disse Madison chegando perto de Serena ― Entretanto, só entrego se deixar ele voltar comigo.
― Feito ― Serena sorriu estendendo a mão. Madisou deu-lhe a crina ― Não estou deixando-o ir por sua causa. Apenas fui aconselhada que se tratando de você, eu não deveria fazer isso. Porque arrisca os planos de alguns aliados. Mas também ele só tem quatorze anos, é novo ainda. Vejo ele quando ele estiver com dezessete.
― Não ouse ― disse Madison dentre os dentes.
― Você ainda vai ouvir falar muito de mim, Madison Potter ― Serena estalou os dedos e novamente as raízes agarraram Adam e Madison e os levaram para onde haviam sido pêgos da primeira vez.


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