Seguimos os anões até dentro do castelo, que era ainda mais lindo por dentro do que por fora. A maioria das paredes era espelhada e o chão feito de mármore branco e brilhante como cristais. No centro do salão de entrada havia uma enorme escada, também revestida com mármore branco, muito bem trabalhado, por onde subimos.

– A senhorita fica aqui. - disse um dos anões abrindo a porta de um banheiro lindo, com enfeites de estrelas do mar (realmente feitos com estrelas do mar), esponjas coloridas, sabonetes com formatos, conchas que também eram portas sabonetes, com uma banheira na ponta, com água quente até a borda e pétalas de rosa sobre ela. E sobre um cesto do lado havia um roupão florido, no qual cabiam duas de mim. – Leve o tempo que for. E quando acabar vá até aquela porta que as ninfas vão prepara-la para o banquete. – continuou ele, apontando para a porta que eu até agora não tinha reparado.

– Obrigada. – respondi.

Fiquei horas (pelo menos ao que me pareceu) deitada na banheira. Quando acabei fui até a porta na qual o anão havia falado e era uma sala pequena na qual havia uma linda penteadeira, com tudo o que se podia imaginar sobre ela, e uma ninfa, com uns dezoito anos, sentada na cadeira penteando seus cabelos.

– Ah, ai está você! – disse ela se levantando da cadeira. – Sente-se, não temos muito tempo.

Sentei-me e ela pegou meu cabelo e começou a mexer nele. Não conseguia ver o que ela estava fazendo porque ela virara a cadeira para o lado e eu não podia me ver no espelho.

– Então, como está se sentindo pequena aventureira? – perguntou ela.

– Pequena? Você não é muito mais velha do que eu!

– Os espíritos da natureza não envelhecem como os humanos. Sou muito mais velha do que você imagina.

– Ah… Estou me sentindo bem.

– Deve mesmo, você irá jantar com a rainha hoje!

– É…

– Pronto! Acabei! – disse ela virando-me para o espelho.

Metade do meu cabelo estava com uma trança medieval com flores enfeitando-a e a outra metade estava solta, despencando em cachos perfeitos, com a coloração um pouco mais clara que de costume. E meus olhos tinham uma sombra clara, um rosa salmão, que os destacavam, deixando-os com uma cor de mel. Eu nem parecia a mesma pessoa.

–Você está linda. – disse a ninfa admiranda sua obra de arte.

– Obrigada – respondi com um sorriso de lado.

– Bom, se não se importa, já terminei a minha parte. Vou chamar a minha irmã para te ajudar a escolher um vestido.

– Espera! – chamei antes que ela saísse pela porta. – Eu nem sequer sei o seu nome!

– Jasmine.

– Obrigada por tudo Jasmine.

Ela sorriu e saiu apressada pela porta.

Enquanto esperava pelo outra ninfa, fiquei me olhando no espelho. Aquela não era realmente eu. Era muito mais bonita e confiante. Tinha cabelos dourados e magníficos caindo sobre os ombros, o que definitivamente eu não tinha. Era como se o espelho estivesse quebrado. Sim, ele refletia o que estava na sua frente, mas não com perfeição e clareza. Tudo nele estava embaçado, fazendo com que a imagem refletida parecesse mais brilhante.