Way Side -Interativa escrita por Kiseki Akira, Destiny Trancy


Capítulo 7
Desapareceu


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^
(mais nada a declarar, eu acho)



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Ninguém comentou nada sobre o ataque do dragão durante os dias que vieram, pois todos estavam sobrecarregados com as cansativas aulas práticas (que incluíam aprender a controlar a magia, luta contra monstros de nível baixo e médio, etc.), e também com os preparativos para as primeiras provas que viriam a ocorrer naquela semana.

Durante esse tempo, as aulas estavam ocorrendo em uma sala reserva, onde normalmente a professora Evelyn dava aulas de recuperação durante o período que deveria ser as férias.

Após as aulas, na enorme biblioteca da escola; que era um espaço imenso com paredes brancas e pilares gregos de mármore, grupos de alunos estudavam em cantos isolados. Perto de uma estante antiga cheia de livros sobre história da bruxaria, um grupo de garotos estudava, ou pelo menos tentava estudar.

Charles Helders cochilava em cima de um livro aberto, seu rosto coberto por um casaco preto que ele jogara por cima de si mesmo. Ao lado dele, Kenai Stark fazia uma careta ao encará-lo de lado. Tsuimi Tsuikuyomi não se dava ao trabalho de prestar atenção no mundo ao seu redor, pois estava com a cara enfiada em seu livro, mas a julgar pelo modo como ele nem movia o olho (já que um deles ficava enfaixado), não dava para ter certeza se estava lendo ou não.

Na mesa ao lado, Daphne brincava com suas amigas irritantes, e na mesa mais a frente, estavam Cindy Cole, Gilbert Belshimit, Leere Collins e um garoto punk cujo nome ninguém sabia e ele também não fazia questão de dizer. Todos liam em silêncio, e de vez em quando, Gilbert lançava um olhar incomodado ao garoto punk, que fedia a suor.

Quando já estava ficando tarde, Kenai se levantou para tomar um banho e ir jantar. Nesse momento, ele notou que Tsuimi lia alguma coisa por baixo de seu livro de história, um pequeno livreto vermelho.

–O que raios é isso? –Perguntou, puxando o livreto de repente. –Parece com um daqueles livrinhos nazistas...

–Ahn, isso não é um livrinho nazista! E me devolve! –Tsuimi começou a tentar puxar o livreto de volta, mas Kenai deu um passo para trás, ficando fora do alcance do garoto.

Charles abriu um dos olhos.

–Ei, vocês dois... –Murmurou ele. –Calem a boca ou eu vou chamar a babá.

–Babá? –Perguntou Tsuimi.

–Estou falando da Coraline. –E então ele fechou o olho e puxou o casaco até que cobrisse sua cabeça toda.

–Ah, que legal. –Ironizou Kenai, devolvendo o livro a Tsuimi. –Agora nossa fama é a de dois caras infantis vigiados por uma garota.

–Você roubou meu livro, o infantil é você.

–Não começa!

–Não grite, estamos em uma biblioteca...

Kenai resmungou alguma coisa e recolheu seus livros, seguindo para fora da biblioteca, mas não antes de lançar um olhar irritado para Daphne e suas amigas, que tentavam colar chiclete no cabelo de uma garota da mesa ao lado. Olhou para Cindy, que no primeiro dia de aula teve um “pequeno problema” com Daphne. Ela também fazia cara feia para lá.

Gilbert murmurou alguma coisa para as pessoas de sua mesa, e então pegou os óculos escuros de alguém e os colocou. Abriu um sorriso travesso e fez um gesto com o dedo indicador, como se chamasse alguém. Kenai olhou para a mesa de Daphne a tempo de ver o chiclete voando diretamente para os cabelos da ruiva, grudando-se neles.

Cindy, Leere, o punk e Gilbert voltaram-se inocentemente para seus livros, e Kenai começou a se retirar dali, mas não antes de trocar um olhar triunfante com Cindy, e ambos começaram a rir.

(...)

Quando o dia em que ocorreriam as primeiras provas chegou, chovia muito. A água não dava trégua um minuto sequer, e era difícil chegar a algum lugar sem se molhar pelo menos um pouco. O clima frio acalmava um pouco os ânimos dos alunos, mas irritava aqueles desesperados (lê-se: os que não estudaram), pois o barulho da chuva não os deixava “revisar”.

Gilbert batia a cabeça contra sua mesa, irritado.

–Não dá pra decorar essa porcaria agora... –Murmurou.

Ao seu lado, Risuka e Myranda (que já haviam se recuperado do pequeno ataque do dragão) ajudavam uma à outra, revisando tudo o que sabiam sobre o incidente das bruxas de Salém. Coraline estava entediada, batendo com sua caneta vermelha na carteira, e Cindy estava com a cara enfiada em seu livro.

–Bom dia, alunos. –Disse Bianca, entrando na sala de aula. Todos soltaram suspiros de frustração ao ver quem iria fiscalizar as provas, e ela abriu um sorrisinho contente. –Espero que não estejam planejando colar, afinal, seria uma pena se eu lhes desse um zero por isso. Lembrem-se de que conheço seus poderes, portanto não tentem usá-los.

Mais suspiros tristes.

–Bom... –Bianca olhou ao redor da classe, checando se todos já estariam sentados em seus lugares, e então ela estalou os dedos. –Boa sorte, coisinhas.

E as provas saíram flutuando da mesa dela até as carteiras de cada um deles. Alguns alunos soltaram pequenas exclamações, enquanto a maioria simplesmente começou a responder, já se acostumando a coisas estranhas.

(...)

Quando as provas acabaram, ainda chovia lá fora, mas já havia diminuído bastante. No pátio da frente, folhas molhadas sujavam o chão, e tudo estava úmido: havia poças em todo lugar; as árvores e os bancos de concreto estavam todos molhados. O jardim do pátio não parecia acolhedor e alegre como costumava ser, e sim triste e melancólico.

Passarinhos solitários cantavam por lá, alguns tentando refazer seus ninhos destruídos. Myranda, vestindo uma capa de chuva preta, andou até uma árvore e ficou observando os pássaros. Precisava respirar um pouco de ar puro, depois de fazer uma prova sentada ao lado do garoto punk (cujo nome ninguém sabia) que fedia a suor. Além disso, o frio lhe lembrava da Inglaterra, sua terra natal.

Pegou um susto quando percebeu alguém passando perto dali, afinal, com a chuva o lugar ficava quase vazio.

Era Leere Collins. Ele estava com o rosto coberto pelo capuz preto de sua camisa, mas ela o reconheceu ao perceber uma mecha de cabelo quase branco escapando. Ele estava molhado, e entrava em meio às árvores. Myranda foi seguindo-o com os olhos, quando alguém apareceu por trás dela.

–Shh... –Disse Risuka, coberta por sua capa de chuva azul. Ela estava sendo acompanhada por Alícia e Coral, ambas também usando capas. –Estávamos te procurando em tudo que é canto! Agora estamos seguindo o garoto...

–Leere? Por quê?

–Por que ninguém faz nada de bom quando vai se esconder em meio às árvores. –Disse Coraline, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

–Vamos! O estamos perdendo de vista... –Disse Alícia, avançando para o jardim do pátio e puxando Coraline consigo. Risuka e Myranda começaram a segui-las.

(...)

As garotas pisavam no chão molhada do jardim, sujando-se de lama e de grama, que grudavam em suas botas. Risuka avistou Leere parado próximo a um enorme carvalho, e puxou Alícia, que seguia em frente quase as denunciando. Ela apontou com a cabeça para ele, e todas se esconderam ali mesmo.

–Desculpem-me... –Sussurrou Alícia.

As quatro garotas ficaram paradas observando, e visualizaram duas pessoas paradas na frente de Leere, ambas usando longas capas de chuva pretas.

–Por que mandou me chamar? –Perguntou ele, parecendo irritado.

–Leere, sempre disposto a ajudar. –Ironizou uma das pessoas de capa, que elas reconheceram como a professora Bianca.

–Temos um problema, Leere. –Disse a outra. A diretora Elizabeth. –Algo muito importante sumiu, e sei que você já tinha percebido assim que o dragão apareceu em sua sala de aula.

–Sim. –Afirmou Leere. –Não é como se um dragão pudesse escapar sozinho daquela jaula.

–E mesmo assim você não disse nada e ficou na sua. –Bufou Bianca.

Ele não respondeu e ficou encarando a diretora.

–A Esfera Branca sumiu. –Disse ela. –A principal fonte de proteção mágica da escola, a que nos mantém invisível aos olhos dos humanos comuns e que acalma os monstros, levando-os a não atacar os alunos. Assim que ela sumiu, o dragão japonês, apesar de ser fraco, ficou furioso e escapou.

Leere não disse nada. Ele as fitou, inexpressivo, e então murmurou depois de alguns segundos:

–Como exatamente o objeto mágico mais importante da Amethyst sumiu...?

Bianca deu de ombros, e Elizabeth soltou um longo e triste suspiro.

–Não sabemos. –Ela admitiu.

–E as câmeras? –Perguntou ele.

–Pararam de funcionar.

–Só pode estar brincando...

–Quem me dera estar!

Leere cruzou os braços e fez uma careta.

–De qualquer forma, para que fui chamado aqui? Em que eu poderia ajudar vocês?

–Você é meu neto e vai me ajudar a manter esta escola segura! –Disse a diretora, e as quatro garotas escondidas se olharam, confusas. –Além disso, é um bruxo da Luz como eu. Você tem o poder necessário para me ajudar com isso.

Leere bufou, irritado.

–Como queira. –Disse ele.

–Querido, –A diretora Elizabeth o chamou. –sei que não morre de amores por esta escola, mas... Ela é importante para mim. Se não quiser fazer isto por ela, faça pela sua família, está bem?

–...Certo.

–E mais... Não conte a ninguém sobre isso. Por ora, não quero que os alunos se assustem. Teremos que ver até quando poderemos manter a situação sob controle.

–E se por acaso ela venha a sair de controle? –Leere perguntou.

A diretora engoliu em seco, seu semblante completamente entristecido.

–Neste caso... Teremos de fechar a escola. A Esfera é insubstituível.

(...)

Myranda, Risuka, Alícia e Coraline estavam de volta ao pátio da frente da escola, molhadas e arfando de tanto correr. Elas olharam para a Amethyst; o prédio colorido e grandioso, erguido das cinzas, o lar dos bruxos, que agora parecia cercado pelo desolador céu cinzento.

–Não. –Murmurou Alícia. –Este lugar não pode fechar...

–Eu sei que não. –Concordou Risuka. –Algumas pessoas daqui não têm para onde voltar caso esta escola feche... –Ela olhou para os próprios pés, sentindo-se desconfortável. –Temos que fazer alguma coisa.

–O que poderíamos fazer? –Perguntou Myranda.

–Sei lá, mas acho que qualquer coisa é melhor que coisa nenhuma. –Risuka olhou para a escola com uma expressão determinada. –E nós temos que proteger nossa casa nova, não é mesmo?

Coraline riu.

–Temos, sim. Eu é que não vou voltar para aquele lugar idiota de onde vim. –Disse ela, erguendo uma de suas sobrancelhas.

–Também não posso voltar... –Murmurou Myranda.

–Então esta é nossa única escolha, não é? –Risuka colocou as mãos na cintura a abriu um sorriso travesso. –Vamos procurar essa Bola Branca.

–Esfera Branca. –Corrigiu Alícia.

–É a mesma coisa.

–Sim. Mas nós vamos precisar de ajuda. Nem sabemos como essa coisa é. –Disse Coraline. –Se quisermos salvar a escola, vamos precisar de ajuda. Da ajuda dos nossos amigos malucos.

–Sim. –Concordou Risuka. –Os malucos são os melhores.

–Então vamos nessa, anã! –Anunciou Coraline, fazendo uma pose heroica.

O rosto de Risuka se tornou sombrio, e ela abriu um sorriso macabro.

–O que disse...? –Perguntou com um tom de voz gélido.

–Pernas pra que te quero! –Berrou Coraline, saindo correndo aos risos.

–Volte aqui, sua maldita!

Risuka começou a perseguir a amiga, enquanto Myranda e Alícia observavam.

–Este ano vai ser longo... –Suspirou Myranda.

–Sim, vai. –Afirmou Alícia.

E então as duas começaram a correr atrás de Risuka, querendo evitar que a pequena garota tentasse matar Coraline.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Peço desculpas aos personagens que pouco apareceram.
Esperem por sua vingança no próximo capítulo, hah...
Obrigada por ler!