POV´S MÔNICA:

Estava olhando o dia nublado pela janela um pouco suja,enquanto estava sentada em cima da cama do meu quarto.”Meu” quarto porque era o único quarto vazio que a Marise conseguiu para mim,os outros já estavam sendo ocupados pelos garotos.

Não pude parar de reparar um vazio dentro de mim,eu não sabia explicar o porque,só sei que ele estava lá.Era como se estivesse faltando alguma coisa...alguma coisa da qual eu não conseguia lembrar.

A única coisa que conseguia tampar esse vazio era o meu bebê,passo a mão pela minha barriga com delicadeza,ele era a minha luz .Claro que eu já estava livre do Samuel e estava ao lado de pessoas muito boas,mas mesmo assim ainda existia um vazio,queria saber o porque,mas minha cabeça doía ao pensar nisso.

Hoje faria exatamente três meses e meio que eu estava grávida,a minha barriga ainda estava pequena mas já era um pouco visível,quase nada ainda.Eu já morava com a Marise a quase três meses também.

E tudo que eu sentia era uma imensa saudade da minha família,era tão esmagador que me fazia sentir exausta só em pensar neles.Meus amigos...suspiro,queria ver-los agora,como será que estão? O que será que deve ter acontecido durante esses quase seis meses que estou desaparecida?

O barulho de porta abrindo me interrompe,não viro para ver quem é:

–Não gosto de te ver assim garotinha.-Adrian senta ao meu lado e fita a janela também.

Suspiro exasperada.Durante esses três meses que estava aqui fiz amizade com a Alice,Mark e principalmente com o Adrian.Todos nos estávamos bastante próximos como amigos de longa data.Me sentia bem ao lado deles,vivíamos tirando onda de tudo,era impossível ficar entediada ao lado dos três:

–Eu não gosto de ficar assim.-concordo repousando minha cabeça em seu ombro.

Adrian mexe em meus cabelos com doçura me fazendo fechar os olhos.Qualquer um poderia pensar que tínhamos algum lance ou algo do tipo,mas não,eu e o Adrian éramos apenas amigos,ai você diz “aham seiii...”,mas era a mais pura verdade.Eu não sabia explicar,só sei que só de pensar em me envolver com o Adrian me causava repulsa,eu o via como um amigo leal e protetor.E alguma coisa em seus olhos me dizia que ele sentia a mesma coisa por mim:

–Esta pensando na sua família de novo,não esta?-ele pergunta com preocupação me fazendo abrir os olhos.

Concordo com a cabeça,pensar na minha família e amigos estava ficando cada vez mais frequente,e toda vez que eu pensava neles...o vazio voltava,como se algo tivesse sido arrancado,mas...o que exatamente?:

–Eu não entendo Adri,algo esta errado,eu quero lembrar de alguma coisa mas não consigo.

Algo em seus olhos parecem reluzir como se soubesse de alguma coisa sobre o assunto,ao invés disso ele não fala absolutamente nada,percebo na mesma hora e arqueio as sobrancelhas curiosa:

–Está escondendo algo de mim?

Adrian parece engolir em seco mas pergunta:

–Me fale Mônica,fale sobre sua família.-ele pede de um jeito mais sério e centrado,não entendo o porque mas obedeço.

–Bem...-digo enquanto minha cabeça vai se lembrando de cada um.-Minha mãe se chama Luisa,minha melhor amiga se chama Magali,meu melhor amigo é o Cascão.Sem falar em todos os outros,Marina,Denise,DC,Nimbus,Xaveco,Franja...-vou citando o nome de cada um até cansar.-Enfim,nada que você já não saiba,porque a pergunta?

Adrian me olha de um jeito curioso como se estivesse me analisando e não responde minha pergunta,ele parece mais sério (sério definitivamente não era o tipo dele).Ele fica pensativo por alguns instantes e pergunta:

–E quem é a namorada do Cascão?,ouvi você dizer que ele tem uma namorada.

A pergunta de Adrian faz minha cabeça doer um pouco:

–É,ele tem...-digo distante enquanto a dor de cabeça só piorava,mas...quem era a namorada do Cascão? Pera...eu não me lembro,eu a conheci?? Talvez não,o Cascão pode apenas ter falado dela alguma vez.

Adrian arregala os olhos por um momento e tira um colar do bolso,levantando-o para perto do meu rosto:

–A Marise falou que esse foi o colar que você deu para a Angel.-era o colar de coelhinho azul.-Você lembra de quem deu a você?

Minha cabeça dói imensamente me fazendo levantar da cama e por as mãos nos ouvidos.Adrian levanta preocupado e guarda o colar.Droga!!! sinto minha cabeça tilintar como estivesse prestes a explodir perfurada com mil agulhas.Sim,alguém me deu esse colar,mas...eu não lembro.Aquele enorme vazio volta como um buraco em meu peito,uma parte arrancada de mim.Meu coração se comprime com um sentimento forte e desconhecido,mas era...bom,na verdade era muito bom:

–Mônica.-Adrian segura o meu ombro preocupado.-O que houve??

Eu queria muito responder,mas o problema é que nem eu sabia.De repente uma cena invade minha cabeça como um rápido flash.Eu estava beijando alguém e logo em seguida essa pessoa colocava aquele colar em meu pescoço enquanto falava em meu ouvido “eu te amo”.Algo perfura meu coração como uma adaga de ferro,era dai que vinha aquele vazio,mas ao mesmo tempo me trazia algo tão...forte.A cena esvai como fumaça,me fazendo voltar para a realidade.Percebo que estou ofegante e me recomponho:

–Eu vi...eu vi...-tento responder e faço uma cara confusa.-Ah esqueça,eu só estava delirando.

Por incrível que pareça não consegui ver o rosto daquela pessoa,só um cabelo muito estranho dividido em cinco partes.”Você está ficando louca Mônica” meu inconsciente me reprime,eu nunca conheci alguém com o cabelo assim.Talvez alguém da turma tenha me dado,deve ser isso.Talvez essa loucura toda é por causa do meu cansaço.

Mas alguma coisa dentro de mim me dizia que não,eu realmente estava sentindo imensas saudades de alguma coisa...ou de alguém:

–Mô se acalma,você está grávida lembra?-ele parece protetor como sempre.-Deixa para lá,vamos esquecer isso por hoje ta bom?

Faço que sim com a cabeça ainda mais confusa,o que estava acontecendo comigo?.Adrian sorri tentando me passar calma:

–Ta bom.-respondo.-Vamos assistir algum filme,preciso mesmo esfriar a cabeça.

O sorriso de Adrian desaparece e ele faz uma careta:

–Hoje eu e o Mark é que vamos usar a TV!

Faço uma cara de indignada:

–E porque eu e a Alice não podemos assistir?

Adrian parece corar como um pimentão e segurar um sorriso malicioso:

–É porque...hã...-ele fica cada vez mais sem graça.-Não é um filme muito apropriado para vocês garotas.

Por um minuto fico pensativa até que meus olhos se arregalam quando a ficha cai,fico boquiaberta:

–TARADO!!!-jogo um travesseiro em sua cara fazendo com que risse.-Você vai assistir pornô!!!! SAFADOOO!!!

Adrian ri enquanto se esquiva dos meus ataques com o travesseiro:

–FUI!!!-ele diz e sai dali rapidinho fechando a porta atrás de si.

Posso ouvir suas risadas pelo corredor.Faço um negativo com a cabeça sem acreditar:

–Meninos...

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POV´S AUTORA:

Marise estava tomando seu café no laboratório enquanto mexia no computador super moderno.Ela ouve alguém bater na porta a interrompendo:

–Entre.-diz e dá mais um gole em seu café.

Quando a porta abre era Adrian,ele parecia um pouco tenso.Marise vira sua cadeira de escritório branca para ele,de modo que ficassem frente a frente:

–Ah ,olá Adrian.-Marise sorri do mesmo jeito caloroso de sempre.

Ela faz um gesto para que o garoto sente ainda sem imaginar o porque dele estar ali.Adrian senta e parece ainda mais tenso:

–É a Mônica.-ele diz com uma certa preocupação na voz.

Marise coloca mais um cubo de açúcar dentro do café já imaginando do que se tratava:

–Veio falar da memória dela não é?

Adrian passa a mão pelo cabelo exalando preocupação,ele por algum motivo era muito protetor:

–Sim,eu estou preocupado Marise.A Mônica lembra de tudo,isso é ótimo mas...tem duas pessoas a quem ela não se lembra.Uma delas é uma namorada de um amigo e o outro...eu não sei exatamente mas acho que era algum namorado.

Marise volta a colocar a xícara na mesa moderna de vidro,ela entrelaça os dedos e os apoia em seu queixo com uma postura mais séria :

–Não se preocupe Adrian.-ela suspira achando um pouco de graça em sua postura protetora.-Ela passou por uma experiência muito perigosa,a experiência de dados.A experiência atingiu a memória dela,mas de modo muito superficial,que só a fez esquecer de duas pessoas.Com um tempo ela vai relembrar delas,são sequelas provisórias.-Marise fica mais seria.-Por isso que é importante que a deixe lembrar sozinha no tempo dela,senão...pode agravar,entendeu?

Adrian concorda um pouco cabisbaixo:

–É que...ela parece tão triste ultimamente,como se estivesse sentindo falta de alguma coisa mas não conseguisse saber o que é.Algo me diz que é do namorado,por isso que nunca falou sobre ele,achei estranho o fato dela nunca ter me contado dos relacionamentos,mas agora sei o porque...ela não se lembra mais dele Marise.

Marise sente uma pontada de tristeza,era ruim amar alguém e não lembrar de nada,mas ela sabia que aquilo era provisório,logo a memória da Mônica iria voltar e aquele vazio que ela estava sentindo iria ser preenchido.

Ela olha para Adrian e logo sorri relembrando de alguma coisa:

–A um mês atrás quando eu te contei tudo...não pensei que você já a amasse tanto.

Adrian sorri melancolicamente:

–Tem razão Marise,eu nem sequer sabia da verdade mas já a amava de um jeito inexplicável desde o dia que a vi.No fundo meu coração já sabia que...

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Bairro do limoeiro:

Cebola e Cascão estavam andando para as suas casas,os dois estavam preocupados com os testes do dia seguinte.Mas a atenção deles se volta para o carro de policia parado na frente da casa dos Souza.

Os dois se entreolham pasmos,e sem pensar duas vezes vão até a casa.Quando chegam na frente da porta nem precisam tocar.

Os policiais estavam saindo na mesma hora que Cebola iria bater,os dois oficiais saem sem dizer nada,deixando Cebola preocupadíssimo.

Ele e Cascão aproveitam que a porta esta aberta e entram cautelosamente,o quê que tivesse acontecido não tinha sido bom,disso ele tinha certeza.

Cebola chega a sala e se depara com a Dona Luisa e Seu Souza chorando desconsoladamente,para seu susto toda a sala tinha pedaços de vidro espalhado pelos cantos.A própria mãe da Mônica é que tinha quebrado todos os seus cristais em um puro ataque de ódio:

–Dona Souza?? Seu Souza??-Cebola está pasmo assim como Cascão.-O que aconteceu??

Eles tomam um susto a os verem ali.Luisa volta a chorar sem conseguir expressar nenhuma palavra,para ela tudo havia acabado,seu mundo não existia mais assim como o chão que a sustentava.Seu Souza que estava do mesmo jeito consegue responder:

–E-eles...eles...-diz entre soluços.-Encontraram o corpo da Mônica,car-carbonizado.MINHA FILHA ESTÁ MORTA!!

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POV´S MÔNICA:

Estou no corredor escuro,estava com a Alice assistindo um filme antes que os meninos resolvessem ocupar a sala, e agora tinha resolvido ir ao banheiro .

Passo na frente do laboratório da Marise e para minha curiosidade ouço a voz de Adrian,por mais que não fosse certo decido escutar,as vezes eu sou muito curiosa e isso me dava raiva:

–A um mês atrás quando eu te contei tudo...não pensei que você já a amasse tanto.

Arregalo os olhos e fico ainda mais curiosa,do que eles estavam falando???:

–Tem razão Marise,eu nem sequer sabia da verdade mas já a amava de um jeito inexplicável desde o dia que a vi.No fundo meu coração já sabia que... que a Mônica é a minha irmã.