Havia uma garota sentada no banco do pátio da escola.

Absorta ao observar os outros alunos que um pouco distantes dela estavam, a menina pôs-se a sorrir.

Sentia-se feliz ao ver a vida alheia. Sentia-se bem vendo os outros bem, sorria euforicamente ao vê-los sorrirem, e o mais curioso era que a garota sempre estava sozinha.

Como ela podia ser tão feliz sozinha? 

A garota parecia empolgada ouvindo conversa alheia. Aproximava-se das mais belas garotas da escola, apenas para ouvi-las melhor. Talvez sentir-se um pouco como elas, porém ao nota-la aproximando-se, as garotas olharam-a repugnantemente já saindo de perto. 

Ela percebeu o olhar desdenhoso que as garotas lançaram sobre ela. Quis chorar! Pôs a maozinha esquelética sobre o olho esquerdo a fim de segurar uma pequena lágrima que insistia em saltar dos olhos trazendo consigo um rio dela. 

A garota então, recompôs a postura.

Dava a impressão de que ela não era ela, mas sim um modelo de garota normal. Apesar de sua aparência exótica, muito longe do padrão de beleza, tentava demonstrar naturalidade, mesmo que fosse em vão, pois ninguém dava-lhe a mínima. 

Levantou-se do banco, onde estava sentada, cabisbaixa já desistindo de socializar-se. Realmente não tinha jeito!

Ninguém queria saber dela, tampouco notara-a andando no centro do pátio, ninguém a via, ninguém se importava. A garota era escória social, era café frio. 

Quando após lembrar de sua própria vida, quando finalmente lembrava de si mesmo, de quem ela era, entristecia-se. Sabia que nunca seria o motivo de sua própria felicidade. 

Contudo, sonhava com um amor. Um amor correspondido! Nunca terei, dizia ela. A garota então seguia a vida. Vivia por viver, sorria por sorrir. Sem fé, sem auto-estima alguma, sem ninguém.