Big Girls Don't Cry (Hiatus) escrita por Izzyff


Capítulo 4
Reyna - A Garota Solitária não estava realmente sozinha.


Notas iniciais do capítulo

Finalmente postei!
Alguns avisos: Os próximos capítulos serão um pouco cômicos, engraçados, que seja. E desculpa a demora, ok? É que essa atualização do nyah me desanimou um pouco, mas enfim! Espero que gostem!



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Eu desejei que Annabeth realmente estivesse correta com seus pontos de vista sobre Thalia superar seus medos com facilidade, se estivesse acompanhada de todos nós. Eu realmente desejei que isso acontecesse, mas assim que colocamos os pés dentro do avião, Thalia deu um surto horrível. Piper e eu tivemos que conversar com a aeromoça, e explicar a situação. No final, conseguidos finalmente levantar voo, depois que Luke entregou um remédio a Thalia, e se sentou com ela na cadeira do avião logo atrás, possivelmente ela dormiu, já que não escutei um barulho sequer mais. Piper e Annabeth ficaram atrás de mim, e eu como sempre, me sentei sozinha. Melhor para mim, precisava colocar meus pensamentos em ordem. Annabeth e eu estávamos pensando em alguns empregos. Decidimos que iríamos alguns meses antes, para nos acostumarmos com nossa nova casa. Alugamos um apartamento para quatro, nada de muito luxo, não ainda.
Fechei os olhos brevemente, caso alguém viesse me incomodar, ao menos poderia ter isso ao meu favor, achariam que estava dormindo. Detesto quando as pessoas me incomodam, sem dúvidas. Talvez por durante muito tempo viver apenas com minha irmã, e estar acostumada com o silêncio e a tranquilidade. Nunca fui o tipo que se abre fácil, muito menos que tem muitos amigos. Sempre preferi ficar na minha. Mas então, apareceram Annabeth, Piper e Thalia. E aquele estúpido garoto irritante. Foi estranho não estar mais sozinha, mas com certeza foi incrível conhecê-los.

Annabeth foi a primeira que aproximou de mim, na classe. Fizemos um trabalho de biologia juntas, e foi o suficiente para nos tornarmos amigas. Sempre admirei muito a sua determinação, e seu jeito. Annabeth é um pouco como eu, responsável e estudiosa, e gosto de encontrar por aí pessoas como eu. Logo depois, Piper se aproximou mais de mim. Graças a ela, vi o que a determinação certa pode fazer. Queria ter toda a segurança que Piper tem, a confiança em si mesmo é sempre tão importante, além de ser incrivelmente comunicativa. E por fim, Thalia. Eu preciso confessar, Thalia e seu temperamento explosivo sempre me dão dor de cabeça. Ela nunca pensa antes de falar, muito menos de agir. Tem tão pouca responsabilidade, e as vezes é difícil ter uma conversa que não termine em alguma discussão, por menor que seja. Ainda assim, admiro toda a coragem que ela tem. É a garota mais corajosa, e mais criativa de todas, fora a sua lealdade sem comum. Quanto a mim? Não me achava tão determinada quanto Annabeth, tão confiante e comunicativa quanto Piper, ou corajosa como Thalia. Garota Solitária, esse era o apelido que os populares colocavam em mim. Mas então, um certo garoto irritante foi capaz de mostrar a mim que eu tenho qualidades.

Pretendo me tornar uma advogada empenhada. Defender aqueles que merecem serem defendidos. Gosto de pensar que estou contribuindo com a justiça. Muitas pessoas precisam de alguém que acredite nelas. Gosto de pensar que serei essa pessoa. Não apenas como advogada, mas em tudo. Sempre procuro ser justa.

Olhei para a minha bolsa, e vi o CD que havia ganhado, escapando da bolsa. Parece que até todos os presentes que aquele garoto dá aos outros tem que ter um pouco dele. Na verdade, tem mesmo. Aos poucos fui me lembrando do dia em que ganhei aquilo.

Estava sentada sozinha no parque, embaixo de uma árvore, concentrada em terminar logo o trabalho. Sempre me senti muito responsável, ainda mais por ser a representante de turma. Os professores confiavam em mim, não podia atrasar nenhuma atividade, ainda mais um trabalho, mesmo que fosse o final do ano. Eu sei, talvez devesse estar em casa, mas ao ar livre é melhor. Acidentalmente, deixei o meu lápis cair um pouco afastado, mas assim que me desloquei para pegá-lo, alguém foi mais rápido.

–- Aqui está seu lápis. -- Um garoto disse, reconheci sua voz.

Levantei a cabeça para cima, para conseguir olhá-lo. Cabelos encaracolados, magro, feições de elfo. Aquele era Leo. Estiquei a mão para pegar o lápis. O puxei uma vez, mas Leo ainda o segurava. Puxei novamente, mas Leo não o soltou. Aquilo era algum tipo de brincadeira? Na verdade, era sim.

–- Já pode me entregar. -- Falei, sem perder a calma.

–- Se eu entregar, ganho um beijo? -- Virou o rosto, e apontou para a bochecha.

–- Possivelmente, pode não ganhar alguns tapas.

Ele me devolveu o lápis, e voltei a minha atenção para o papel. Devia me concentrar o máximo possível, porém, um detalhe me impedia. Aquele garoto ficou parado, me olhando como se fosse a coisa mais fascinante do dia. Levantei a cabeça, e o encarei.

–- Então...

–- Então?

–- O que você está fazendo? -- Interroguei, mas saiu como uma exclamação.

–- Olhando você fazer o seu trabalho!

Balancei a cabeça, de forma negativa e voltei a escrever. Se não desse atenção, ele iria embora, certo? Errado. Continuou lá, cantarolando, e me olhando. Acabei perdendo a paciência.

–- O que você quer?! Eu preciso terminar isso! Temos que entregar em dois dias!

–- Ei, calminha, Sra. Representante. -- Ele disse, colocando as mãos ao alto em sinal de rendimento. -- É que eu meio que fiquei sabendo de umas duas coisinhas...

Semicerrei os olhos.

–- Leo...

–- Calma! É que esse trabalho é em dupla, certo? -- Perguntou, parecendo não ter segundas intenções.

–- Sim.

–- Você está fazendo sozinha... Eu também.... -- Seu sorriso travesso o entregou. Esqueça a parte de não ter segundas intenções. Sabia muito bem o que ele queria de mim.

–- Não. -- Voltei os olhos para os livros.

É claro que ele não desistiu. Logo depois da minha resposta, Leo se ajoelhou, e começou a cantar alguma coisa em espanhol que não entendi. Mas claro, pela altura, e pelo tom, estava me matando de vergonha. Coloquei os livros com raiva no chão, e o fiz se levantar.

–- Reyna... -- Disse, claramente tentando fazer charme. Não caio nessa.

–- O que?

–- Faz comigo? -- Leo continuou usando aquela expressão, como se fosse apenas um pequeno elfo inocente.

Olhei para os lados, e depois para ele. Acabei assentindo com a cabeça e dando um meio sorriso.

–- Você vai me ajudar a fazer, Valdez. -- O alertei. -- Nem pense que farei tudo sozinha.

–- Como você quiser. O que eu faço?

–- Pegue um dos livros aí ao lado, e procure sobre o tema nos capítulos XV e XVI.

Pensei seriamente que Leo não havia entendido nenhuma palavra que disse, já que começou a me encarar novamente. Aquilo já estava começando a me deixar constrangida.

–- Pode parar de me olhar?

–- Por que?

–- Isso me incomoda.

Ele não disse mais nenhuma palavra, apenas abaixou a cabeça por alguns segundos e sorriu, depois pegou o livro, e começou a procurar o que havia pedido. Ficamos durante horas lendo, e então, Leo pareceu cansado. Estava mais inquieto que o normal, passando as páginas do livro rapidamente e batucando o lápis no caderno. Aquilo já estava me deixando agoniada, então segurei sua mão, e o encarei. Talvez aquilo tivesse sido um erro, pois assim que fiz isso, Leo arrumou alguma maneira de segurar minha mão. Tive que desviar o olhar para alguma outra parte, e depois soltá-lo bem rápido.

–- Por que você se prende tanto?

–- Talvez você que seja "solto" demais.

–- Ótima resposta, como sempre. Você devia ser advogada, sabia?

–- Advogada? Eu? Não vejo nenhum motivo para pensar assim....

–- Você é responsável, sempre tem a melhor justificativa, é inteligente e faz o que pode para ajudar. Talvez seja um pouco séria demais, mas acho que advogados geralmente são assim, não é?

–- Seriedade em um tribunal é necessário. Acredito que sim.

–- Viu só? E, além de tudo, se eu arrumar alguma encrenca, você pode me defender!

–- Defender, se, for inocente. O que geralmente você não é.

–- Outra boa resposta! Preciso arrumar algum meio de conseguir te deixar sem resposta um dia desses! -- Comecei a sorrir, mas então, Leo voltou a me olhar, e fiquei séria. -- Já sei como fazer isso!

–- O que você pretende?

Dessa vez, ele não disse nada, apenas usou uma das mãos para segurar em minha nuca, e me puxou para perto. Sua outra mão segurou a minha, enquanto a acariciava. Meu rosto deveria estar queimando, e estranhamente, senti como se eu estivesse em chamas. Nunca havia sentido "chamas" pelo meu corpo, aquilo possivelmente era o "efeito Leo". Antes que acabasse agindo por impulso, o empurrei para trás bruscamente, e abaixei a cabeça. Por um minuto completo não disse nada, mas meu silêncio foi quebrado por uma risada. O olhei, confusa.

–- Consegui te deixar sem resposta.

Me senti ainda mais envergonhada, e possivelmente, devo ter ficado vermelha, mas apenas dei um mínimo sorriso e abaixei a cabeça novamente para os livros.

Fiz Leo prometer que nunca contaria da tarde no parque. Depois daquilo, ele sempre arrumava alguma desculpa para fazer trabalhos comigo, com o pretexto de ser mais divertido. Sempre entendi a lógica dele, mas não é tão fácil assim derreter meu coração, mesmo que internamente precisasse assumir, ele estava conseguindo. Leo era meu melhor amigo, e sempre fiquei agradecida por todas as vezes que me ajudou a decidir minha carreira, e em como reagiu bem quando soube que havia sido aceita. Acho que o fato de sermos apenas amigos sempre o ajudou a encarar melhor nossa despedida. Quando chegou a hora de ir, não houve contestação, nem lamentações. Dissemos adeus como quem dissesse um "Volto logo". Estava na entrada da tal chácara, cansada de ficar perto de vários adolescentes, então, me sentei na cerca ao lado do grande portão de abertura e senti o vento soprar, de olhos fechados. Alguém se aproximou, senti pelo barulho das folhas secas.

–- Quando te chamam de Garota Solitária, você ainda reclama.

–- Antes só do que mal acompanhada.

–- Você não muda nunca. -- Escutei uma risada.

–- Nem você. -- Sorri de canto.

Observei Leo se sentar ao meu lado. Ele carregava algo em uma das mãos, admito que fiquei curiosa. Ele seguiu meu olhar, e depois voltou a gargalhar. A noite tinha tantas estrelas, a lua estava enorme, e muito brilhante. Talvez fosse hora de relaxar um pouco, me forcei a ser menos séria naquele momento, e discretamente, aproximei minha mão da dele. Leo pareceu não notar, consequentemente, afastou a dele, mas fez algo que sempre me incomodou, começou a me olhar. Abaixei a cabeça, constrangida.

–- Eu tenho algo para te dar, e eu sei que você percebeu.-- Ele me lançou um olhar acusador.

–- Culpada. -- Levantei as mãos, e sorri. Quase me desequilibrei, mas ele me segurou. Leo pigarreou e me soltou, soltei um suspiro e o olhei. -- Bom, o que é?

Ele me entregou uma caixinha muito mal embrulhada. Deduzi que ele havia feito. Quando abri, havia um CD de capa colorida.

–- Gravei algumas músicas aí. Sabe, elas costumam ser as minhas preferidas, então, quando estiver em New York, você ainda vai ter um pouco de Leo com você. Vai ser como a minha companhia cantada por várias pessoas.

–- Parece realmente tentador. -- Disse, com certo sarcasmo. -- Mas, não tenho algo aqui para que se lembre de mim.

–- Tem sim.

–- Eu tenh--

Leo ficou sério, e senti meu sorriso desaparecer, e meu corpo tremer. Ele estava mais próximo do que me lembrava, e dessa vez, não desviei o olhar quando me olhou nos olhos, nem o afastei quando colocou a mão em minha nuca. Era estranho começar a sentir aquelas chamas novamente, mas não quis evitar. Lentamente, seus lábios se aproximaram dos meus, e fechei os olhos. Leo me beijou. A princípio, apenas ficamos parados, lábios grudados, apertados um contra o outro, e depois de alguns segundos, nosso beijo começou de verdade. Ele acariciou minha nuca, e movimentou os lábios, fiz o mesmo e abri a boca, dando sinal para que continuasse, nossas línguas trocaram pequenos movimentos, e quase perdi o equilíbrio novamente. Não era fácil beijar alguém em cima de uma cerca. Deixei que as tais chamas fossem me consumindo, e cada vez mais nosso beijo se tornava mais e mais poderoso e intenso, e então, dessa vez foi Leo quem se desequilibrou, e nos soltamos. Comecei a rir.

–- Cercas imbecis. -- Reclamou, e depois começou a rir também, e me olhou. -- Ei, Reyna...

–- Sim? -- Eu ainda estava rindo um pouco.

–- Você vai se lembrar de mim quando estiver por lá?

–- Você me deu um pouco de Leo, creio que seja impossível esquecer.

Ficamos observando o céu por mais algum tempo. Quando chegou a hora de partir, ao longe vi ele voltando para a nossa cidade, ele me lançou um aceno, e retribui, depois entrei no carro e partimos.

Memórias como essa não deveriam tomar conta de mim tão rapidamente. Leo era apenas um amigo, que veria raramente, em poucas ocasiões, quando fosse o natal, ou o dia de ação de graças, afinal, deveria visitar minha irmã. Infelizmente, pensar assim não ajudava em nada, com certeza, não é tão fácil para mim assumir, mas Leo faria mais falta do que queria aceitar. Finalmente resolvi parar de lutar contra o sono, e dormi.

Quando acordei novamente, já era a hora. Ouvi chamarem todos para fora, e já me dirigi para a fila de saída. Thalia e Luke estavam mais atrás, Annabeth e Piper logo em minha frente. Seria bom que não nos perdêssemos. Se perder em New York é realmente um problema.

Era hora de procurar nosso novo apartamento. E lá vou eu. E lá vamos nós.


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