Olhos de Sangue, série Bombas de Sangue escrita por scpereira


Capítulo 2
Sonhos x Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

AEEE Você continuou a ler haha!Fico muito feliz que tenha gostado ˆˆ
Boa leitura, espero que gostem do capítulo :D



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"Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos." Sócrates

Barbie estava em um sonho, ou um pesadelo.

Era óbvio que era um pesadelo, mas era real demais. Eu estava no lugar mais obscuro que já pudera estar em toda a minha vida, julgaria ser o Tártaro, mas quem comprovaria isso? Não importa onde fosse, o medo, o desespero e angustia tomavam conta de mim e se alastravam de forma assustadora. Meus pulmões ardiam como se estivessem em chamas, doía respirar, piscar, andar. O local era marcado por um pungente odor de monstros e as mais terríveis armadilhas, todas mortais. Acima de mim só havia escuridão, o infinito preto, mais nada. Abaixo de meus pés um chão construído a partir de cacos de vidro cortava minha pele e faziam meu sangue jorrar para dentro de um rio inteiramente de lava que se encontrava ao meu lado.

Mas isso não era real, era uma mensagem, esse tipo de coisa sempre acontecia com semideuses em seus sonhos, então procurei ao meu redor algum indício de um deus, qualquer coisa que me fizesse entender o significado de tudo isso, um alvo. Estava logo a minha frente, porém distante e impossível de se alcançar devido aos pontiagudos cacos de vidro. Embora a iluminação estivesse fraca, pelas características marcantes que possuíam as três formas das figuras a minha frente tive certeza de serem três deuses, não comuns, mas os grandes. Mas sua aparência não era superior ou algo do gênero, estavam todos de quatro sobre os cacos, sangrando muito. Estavam todos cobertos por aquele líquido dourado reluzente, característica do sangue de deuses. Era estranho, por ser improvável, vê-los naquele estado deprimente, frágil, mortal. Eram meus pais, isso não podia ser ignorado, então senti satisfação, raiva, ódio e frustração acumulados por ser reconhecida tão recentemente, mas senti pena acima de tudo.

A imagem mudou de repente enquanto as lágrimas ardiam em meu rosto, mas não eram lágrimas comuns, era sangue. Me desesperei, tentei limpar o líquido do meu rosto, mas quanto mais tentava limpar, mais sangue jorrava de meus olhos. O enjoo e náusea devido a toda a situação presenciada eram simplesmente insuportáveis, mas me mantive firme, afinal todo sonho era essencial, e eu sabia bem disso. Quando o foco do novo local surgiu, simplesmente não consegui me concentrar em mais nada a não ser em uma Nêmesis – a deusa da vingança – atordoada e assustada me encarando freneticamente. Suas palavras soaram como sinos ensurdecedores na minha cabeça.

– Todos pagarão por sua existência, a Terra tremerá. Se vingue por tudo que possam te fazer algum dia, ou eles vingarão pelo o que os fez há anos.

Acordei suando muito, meus pulmões ainda ardentes e meus pés sem nenhuma gota de sangue, contudo repleto de cicatrizes devido a minha breve presença no Tártaro. Fiquei um tempo ainda de olhos fechados com medo de que se os abrisse sangue fosse jorrado e eu não conseguisse interromper. Tentei me concentrar em outra coisa e acabei tentando entender o que tudo aquilo significava, Nêmesis me mandando mensagens não era um bom sinal, mas ela nunca, em hipótese alguma deveria ser ignorada, meus pais dentro do Tártaro? Não fazia o menor sentido, mas um arrepio subiu minha espinha e eu tive certeza que a guerra contra os titãs não seria o pior que chegaríamos a enfrentar. Quando finalmente abri os olhos percebi que estava em uma maca na enfermaria do acampamento – confesso que cogitei que tivessem me jogado em algum lugar para morrer e não causar problemas -, e como se a situação já não fosse desconfortável o suficiente, a pessoa que eu menos queria ver nesse mundo esta assentada em uma cadeira a minha frente me encarando. Grover.

– Bom dia Cinderela, acordou para o mundo? – Não pude evitar uma careta, porque de fato ele era nojento. Eu realmente me tornara indiferente a toda essa situação com Grover, mas ele simplesmente fingiu que nada nunca tinha acontecido, como se agora que eu provavelmente era o centro das atenções do acampamento ele houvesse se recordado de mim. Patético. Ou talvez, só talvez, tudo poderia ter sido um sonho ruim e eu ainda era criança, Grover ainda era meu amigo e eu estava aqui porque fora machucada no jogo de captura a bandeira, faria mais sentido, mas as cicatrizes causadas pelo meu sonho não me deixavam me agarrar a essa ilusão, o que foi até bom, pois seria doloroso demais perceber que minha única esperança foi em vão. A felicidade é bem melhor quando nos pega de surpresa, se for muito esperada perde a graça. Pensei em um milhão de desculpas para fazer ele ir embora, em um milhão de jeitos de demonstrar como fiquei chateada. Em vez disso tudo fui grossa com ele.

– O que você quer? – Soou arrogante, amargurado, como se eu realmente me importasse. Tenho que admitir que o impacto foi enorme como um tiro na barriga, mas estava desconfortável com ele ali e só queria que ele saísse logo.

– Escuta, temos muito que conversar, tenho muito que me desculpar, - Não consegui o deixar terminar, soltei uma exclamação silenciosa em sinal de reprovação, estava ficando realmente irritada.

– Acabou a encenação? Eu acabei de desmaiar, estou em estado de choque e não estou a fim de suportar gente falsa, então por que você não vai procurar seus amiguinhos e me deixa em paz? – O sangue ferveu dentro de mim, tudo de ruim acontecera, eu estava obviamente procurando uma boa briga. Uma voz lá no fundo da minha cabeça dizia para parar, que eu estava agindo como uma adolescente problemática revoltada com a vida. Que se dane, meu problema não era com a vida, era com Grover e eu queria que ele fosse embora.

– Barbie, calma, me desc. - Calma? Calma? Ele realmente me pediu isso? Foi à gota d’água. Senti cada milímetro do meu corpo ardendo em chamas. O chão tremeu, uma ventania tomou conta da enfermaria. Eu podia ouvir os raios e trovões vindos da ameaça de uma chuva forte, além das ondas agitadas no oceano. O pior é que ter tal poder em minhas mãos foi horripilante, porém agradável. A sensação era inigualável. Eu podia fazer o que quisesse, e acabei fazendo. O que aconteceu foi muito rápido, desorientada e sem controle das minhas ações, usei o vento e elevei Grover a uma altura perigosa e assisti ele se contorcendo enforcado pelo próprio ar. Os campistas em tratamento gritaram, mas simplesmente foram sufocados pelas roupas de cama que se esticaram acima de seus rostos com um simples movimento de minhas mãos. O poder era demais, era demais para mim, não conseguia suportar, eu ia explodir.

O que eu estava fazendo? Eu sinceramente não fazia ideia, estava irritada, chateada, influenciada talvez pela visita da deusa da vingança. Só queria sumir, encontrar meu lugar, fingir que nada disso jamais tinha acontecido, fugir. Eu desejei tanto saber quem era meu pai para finalmente ser aceita em algum grupo e agora eu jamais seria aceita em nenhum, principalmente devido ao que eu estava fazendo nesse momento. Eu era uma bomba relógio, uma arma sem alguém suficientemente inteligente para controlá-la. Eu era imprevisível, imprudente, um risco, e quanto mais essa verdade viesse à tona em cima de mim mais os efeitos colaterais se apresentavam. Os campistas presos em baixo de lençóis estavam se sufocando, Grover ficava mais roxo que as uvas que Dionísio, deus do vinho, sempre carregava consigo. A chuva vinha forte ameaçando uma enchente e o mar tinha ondas de tamanhos colossais ameaçando um tsunami. E eu estava lá, incapaz de me mexer um dedo se quer para contornar a situação, não que eu não quisesse, eu simplesmente não conseguia, era como se tudo ali fosse a representação de um serial killer de tudo o que estava sentindo. Acontece que era muito poder canalizado, até mesmo pra mim, então fui ficando pálida e perdendo as forças aos poucos.

Felizmente desmaiei novamente antes que alguém morresse.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e não esqueçam de deixar seu comentário, seja ele positivo ou negativo, o importante é deixar sua opinião!!
XoXo,
Sarah ♡