Olhos de Sangue, série Bombas de Sangue escrita por scpereira


Capítulo 19
Programada


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas esse capítulo demorei muito para escrever tinha muita coisa para ser trabalhado e queria ser objetiva, então deu um pouquinho de trabalho a mais!
Obrigada por todos os comentários, vocês são perfeitos, muito obrigada!
Boa leitura, espero que gostem do capítulo ♡



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"Até achava que aqui batia um coração, nada é orgânico é tudo programado, e eu achando que tinha me libertado” Pitty

Fui recebida por ninguém menos do que Perséfone.

A filha da deusa da agricultura me perfurou com o olhar assim que me viu. É claro, ela devia odiar qualquer um que seja filho de Hades em outro casamento.

Desaforo, já sou forçada a casar e ainda tenho que aguentar essa gentalha. Ela disse algo assim? Não sei, talvez não era algo que devesse ser ouvido, ou mais provável, era o que eu pensaria na situação inversa.

– O que você quer? - Dessa vez ouço sua voz em alto e bom som.

– Ver o Papai Noel - digo irritada-, o quê você acha? Vim para falar com meu pai.

– Fedelha - ela levanta a voz me forçando a lembrar que estava falando com uma deusa, não com qualquer uma -, quem você acha que é para falar assim comigo?

– Perséfone - uma voz grita no fundo do corredor onde só havia uma escuridão convidativa-, por quê está demorando tanto? - Ela emite um ruído, que passa despercebido devido aos passos pesados que se aproximavam, arrepiei.

Então o vejo. Percebi na hora que Nico havia puxado a mãe, pois meu irmão pequeno e esquelético em nada se parecia com o homem à minha frente.

– Bem vinda, filha - Hades era um homem musculoso e bonito, entretanto também não se parecia em nada comigo. Sua pele muito branca se assemelhava a minha, que já havia perdido a essência da benção de Zeus, que me deixou com uma pele dourada. O nariz era fino e curvo como o meu e a boca carnuda, também lembrava a minha. Fora isso não tínhamos nada em comum. Seu cabelo era muito curto raspado nas laterais, semelhante a um corte militar. As feições eram bem marcadas e os olhos eram pretos a ponto de ser impossível distinguir a pupila, mas eram profundos como se fossem a entrada para o próprio Tártaro. Tinha estatura alta e usava roupas típicas de motoqueiros: Calça jeans preta com correntes nas laterais e uma blusa sem manga preta de forma a exibir seu corpo escultural. Mantinha um olhar pesado em cima de mim, quase insustentável, estava testando minha força.

– Você é muito diferente do que Percy descreveu -. Cruzo os braços de forma a conseguir desviar de seu olhar por um breve instante.

– Posso assumir a forma que quiser - explica -. Posso ter uma cara de idiota para um garoto burro me subestimar - pensei em comentar o fato de que Percy o enganou, mas decidi ficar quieta, não precisava de mais problemas -, ou posso ter a aparência que minha filha gostaria que eu tivesse. - Ele sorri exibindo dentes excessivamente brancos -. Como estou?

– Tanto faz - dou de ombros -. Preciso de ajuda, meu amigo é filho de Apolo e está tento uns probleminhas com a falta de Sol aqui em baixo - ele solta uma risada entre dentes e cerro os meus para conter a raiva -. Há algo que você possa fazer?

– Perséfone? - Ele pergunta para a esposa que lança um olhar de morte em sua direção.

– Vou pegar a ambrosia. - E então ela sai da sala fazendo barulho no chão e batendo portas atrás de si.

– Por quê não entra? - Não penso muito, até porque Lucas precisava de um lugar para se sentar e eu não suportava mais o peso.

Hades deu de costas e começou a andar em direção a escuridão. Ouvi Lucas praguejando em grego antigo, mas não dei ouvidos, segui meu pai.

***

Eu estava sentada em uma poltrona inteiramente preta em uma sala também inteiramente preta, as únicas luzes vinham de algumas tochas que lançavam uma iluminação prateada no local. Olhava para a xícara de néctar do meu colo tentando assimilar as informações.

Sou Barbie Simpson. Sou semideusa. Sou filha dos três maiores deuses do Olimpo. Minha mãe está morta. Eu tenho mais dois irmãos gêmeos. Uma morreu e o outro só Zeus sabe onde possa estar. A deusa da esperança, Spes me criou. Tenho um meio irmão por parte de Poseidon, Percy. Percy desapareceu. Eu sou a única que pode encontrá-lo. Eu estou em uma missão. Tenho que encontrar uma espada que mata ao toque. Tenho que conseguir usar essa espada. A namorada de Percy, Annabeth, sumiu. Lucas está passando por grandes problemas agora. Eu estou perto de conseguir a espada. Eu entrei no mundo inferior. Eu amo o mundo inferior. Eu conheci um dos meus pais, Hades. Eu amei a casa do meu pai. Eu estou com uma xícara de néctar a minha frente. Eu ainda não chorei sangue, hoje.

Ninguém falava nada. Lucas recebia cuidados a base de ambrosia de Perséfone e eu os encarava na maior parte do tempo com medo de que ela o matasse. Hades ria compassivamente a cada segundo e continuava me encarando com aquele olhar insustentável. Eu queria que as luzes de prata sumissem, talvez assim eu pudesse me encolher e tentar lidar com o fato de que um dos meus pais estava à minha frente e eu não conseguia falar nada.

– Preciso da espada -. Digo reunindo forças.

– Imortalitites - pronuncia Hades -. Espada fantástica aquela.

– Preciso dela - Os olhos dele assumem um brilho, como quando se tem uma ideia. Me arrepiei por completo, em que ele estava pensando? -. Sem ela jamais irei sobreviver.

– Interessante -. Ele não me responde.

– É sim, mas você pode me dizer onde está? - Olho diretamente nos seus olhos, dessa vez meu olhar que seria insustentável.

– Está comigo, é claro - ele me lança um sorriso desafiador.

– Preciso dela.

– A espada é um bem valioso, está comigo desde que foi criada. Teria que ser uma descendente muito honrada minha para merecer tal poder. - Eu sabia onde ele ia chegar, recentemente parece que tudo gira em torno de honra.

– Como vou te provar que mereço a espada?

– Quero a alma dele -. Hades aponta para Lucas e sinto meu corpo falecendo.

– Como? -. Só podia ser brincadeira.

– Eu não brinco - seu sorriso de esvai -, uma alma apenas por um dos artefatos mais valiosos da história, é um ótimo negócio.

– Não estamos negociando - digo entredentes.

– Eu estou.

Então ele fala algumas palavras, faz algum gesto, que não consegui prestar atenção, estava estagnada. O fato é que Lucas, que antes estava sentado em uma das poltronas apareceu dentro de uma bolha, esta começou a encher com um líquido preto. Assumo novamente o controle sobre meus movimentos e corro em sua direção tentando estourar a bolha com a faca que carregava. Nada.

– Você não vai estourar essa bolha nunca.

– Não o mate, por favor.

– Ele tem duas horas até a bolha se encher e, então ele sufocar. Não se preocupe, ele não vai morrer agora.

– Isso ameniza muito minhas preocupações. - Ele revira os olhos, mas não diz nada -. Por favor.

– Por quê você liga? - Ele se aproxima de mim e coça a ponta da orelha, como quem estava refletindo sobre o assunto -. Ele morre, você pega a espada. Lucas jamais sairia daqui com vida mesmo - conclui.

– Você não entende - é tudo que consigo dizer.

– Eu entendo sim, te garanto que entendo. - Hades repousa a mão sobre meu ombro e me puxa para si em um gesto protetor -. Ele já iria morrer e você não ia conseguir nada, a função dele é meramente te fazer chegar ao seu objetivo. Se preocupe com o bem maior.

E se ele estivesse certo? E se Lucas fosse morrer de qualquer maneira? Realmente havia um bem maior, mas decidir por qual bem?

Me deixo guiar por Hades pela escuridão, deixando Lucas atrás de mim se debatendo na dentro da bolha inquebrável. Não importa para aonde ele estivesse me guiando, eu não me importava.


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Notas finais do capítulo

Tirem suas conclusões e não me matem kk ♡
Espero que tenham gostado, e não esqueçam de deixar seu comentário, seja ele positivo ou negativo, o importante é deixar sua opinião, xoxo :D
Sarah