Há muito tempo atrás, existia um mundo vasto e vazio. Nele, se encontravam o pó da criação , mas seus dias ainda não passavam de longos e quentes dias e longas e frias noites; também não se tinha a noção de tempo e espaço, pois não havia mudança nos dias e noites e tudo era sempre igual.

Neste grande mundo, morava uma única pessoa, um senhor de muito conhecimento, mas feições muito tristes. Ele era o dono de todo o lugar, mas era muito sozinho, tanto, que nem nome tinha, pois não havia ninguém para lhe chamar.

Aconteceu que, ainda há muito tempo atrás, este senhor colocou suas duas mãos no pó mágico flutuante, e no lugar onde estas mãos estavam marcadas, nasceram outras duas Pessoas, dois Anjos, dois Deuses: Lira Lux Borbia, Deusa da Vida; e Erodus Lux Borbia, Deus da Morte. Logo após o aparecimento das duas entidades, todo o pó que voava pelo mundo, desceu e se tornou terra; o vazio que ocupava todo o invólucro do planeta sumiu, e deu lugar ao Ar; e finalmente o negro céu e a intensa luz que queimava, se tomaram por um doce azul com uma luz muito mais agradável e aconchegante, o sol; e um céu estrelado com uma linda lua branca.

Erodus e Lira ainda não tinham uma forma física específica, pois suas mentes tinham pouco conhecimento, então seu “Pai” decidiu ensinar tudo que precisassem e começou a cuidar destas “crianças” tão especiais, dando muito mais vida ao mundo. Ele deu a elas o poder de criar tudo enquanto aprendiam, e enquanto eram muito novas, elas trouxeram a pureza e o essencial para o pequeno mundo.

Enquanto corriam em suas miraculosas brincadeiras, em volta de seus pés, começaram a se formar as pequenas plantas e flores, as sementes de todas as grandes e pequenas árvores estavam sendo cuidadosamente plantadas por todo o mundo pela leveza do andar de duas crianças.

Com o calor reconfortante do sol, suas gotas de suor criaram os grandes rios e lagos, dimensões de agua pura bela, e quando se cansavam e paravam em algum lugar, suas respirações agitadas geraram as chuvas e os grandes e majestosos mares.

O mundo também crescia junto aos pequeninos Deuses, tomando formas distintas, separando regiões e se adaptando as vegetações que eram criadas: Surgiram enormes montanhas com finas camadas brancas de neve; em volta dos mares e lagos, surgiram lindas praias e desfiladeiros, de onde podia se ver todo o horizonte azul; em alguns locais formaram-se mares de morros cheios de grandes árvores e muita vida; por fim os grandes bolsões de areia que restou se tornou os desertos com lindas camadas amarelas, cada uma diferente da outra.

Com a vinda do conhecimento para ambos os deuses, também veio à responsabilidade de suas criações, onde acabaram percebendo que o mundo ainda não tinha a real vida, somente uma falsa paisagem. Chegou então o dia onde cada um tinha formado um opinião própria e formada e ambos sabiam como dar ao mundo o prazer da vida, ela tinha de vir de ambos juntos, mas tinha uma grande cobrança, eles teriam que se unir ao recém formado mundo e gerar a Vida e a Morte.

O senhor, agora mais calmo e feliz, viu no olhar de seus filhos que a criação não podia parar agora, e que eles darão o maior prazer ao planeta, da mesma maneira que ele havia os dado, também percebeu que por muito tempo, teria que se afastar deles, mas sabia que a partir da união dos dois Anjos, nunca mais estaria sozinho.

A luta começou e ambos lutaram com todas as suas forças, recursos e conhecimento, mas também sabiam que mesmo que não pudessem mais ver seu mundo pronto, ele teria enfim sua liberdade.

Lutaram com esperança.

Em cada golpe e cada queda, em cada grito e cada esforço, gotas de sangue e lágrimas voavam pelo mundo, dando vida a cada uma das criaturas que criaram; cada golpe, cada pulo, fez com que o ar se movimentasse, gerando o vento e a brisa; o calor dos corpos criou o fogo, e quando caiam, ao se levantar, criava vulcões de grande magnitude; Seus passos criaram terremotos e por fim, separaram toda a terra em grandes continentes cercados por mares; O choque entre golpes gerou a eletricidade, e com ela, muitos compostos se transformaram e começaram a dar mais recursos para que a Vida não acabasse.

Por fim, quando a luta estava terminando, ambos derrotados pelo esforço e pela briga, cada um deles deferiu um último e derradeiro golpe onde ambos tombaram e ficaram no chão que tinha tanto valor para as duas Pessoas; ambos sorriram por terem cumprido aquilo que fizeram, e foram lentamente absorvidos pela terra que tanto amaram.

E a Vida iniciou seu ciclo.

E o Mundo de Neôsphera nasceu.