Stray Heart escrita por Kiyuu


Capítulo 13
Stuck in my Head


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo: Eu sei que eu demorei eras para postar, e eu fiquei com remorso esse tempo todo... Ainda mais quando vi que a fic chegou aos 100 reviews, e eu quase não acreditei (que aliás, foi a invisibleJu quem mandou, obrigada again dear!!! aqui outro bolo pra você). Mas eu tive uma semana inteira de provas pesadas, e tive que estudar bastante. Tive tempo para escrever, mas estava sem criatividade... Mas enfim! Finalmente consegui terminar o que estava pendente.
Ah, eu não devo ter dito isso, mas criei uma playlist para a fic no 8tracks. Ela contém músicas que me inspiraram nos capítulos e que combinam com a história, e algumas vezes ponho trechos delas nos capítulos. Vou adicionar mais músicas com o tempo, acho. Aqui o link caso alguém queira! http://8tracks.com/kiyuuk/i-just-can-t-have-you
Enfim, aí vai o capítulo. Espero que tenha ficado ok!!



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Matthew encerrou a chamada com um breve suspiro. Uma culpa invisível começou a pesar sobre os seus ombros, como se lhe empurrasse para o chão.

Não era que não quisesse ver Arthur – é claro que queria -, mas... Realmente tinha um compromisso. Entretanto, sentiu-se mal ao ouvir o tom decepcionado do amigo quando seu convite foi recusado. Afinal, tudo o que o canadense queria era que Arthur lhe ligasse, e ainda que o punk tivesse se esquecido de seu aniversário, ele o perdoaria. Assistir séries com Arthur seria uma ótima programação, e Matthew ficaria realmente ansioso para isso, se já não estivesse com a expectativa do seu outro compromisso.

Matthew tinha acordado cedo, e isso incrivelmente não se devia à festa dos americanos patriotas lá fora. Mas ele estava nervoso, e não conseguiu dormir muito bem.

Tomou um banho, e assim que saiu do cômodo, sua irmã chamou seu nome. Ela estava no quarto dela, e o garoto não entrava muito no lugar, mas agora tinha sido convidado. A porta estava aberta, e ele sentiu-se liberado para entrar e encontrar a irmã sentada na cama, rodeada de roupas bagunçadas, e com um cabide em cada mão.

– Qual você acha melhor? Esse vestido, ou essa blusinha com a saia? – Madeleine perguntou ao irmão como se ele fosse um consultor de moda.

Matthew fez uma breve expressão confusa, então encarou as roupas e deu de ombros.

– Não sei... Os dois são bonitos – Ele disse, por fim. – Mas aonde você vai?

– Ah, é que... Hoje é o aniversário do Alfie – Ela sorriu, meio acanhada, baixando os cabides.

– Mas não acha que ainda é, uhm... Muito cedo? – Matthew hesitou, vendo a expressão da irmã cair um pouco. – Ah, além disso... Não era hoje que você tinha que ficar em casa pra receber aquela entrega do papai quando chegasse...?

– Argh, eu sei! Mas... Eu vou conversar com ele – Ela disse firmemente, com determinação nos olhos lilases. – de novo.

– Ah... Olha, eu não me importaria em ficar, mas é que eu vou sair também – Explicou Matthew, coçando a nuca. – Er, eu posso te ajudar a falar com ele.

– Mattie, você é um amor – A garota sorriu gentilmente, começando a coletar as peças de roupa jogadas sobre a cama com descaso quando ela estivera em terrível dúvida sobre o que escolher para um compromisso que sequer sabia se iria. – E você, vai aonde...?

– Ah... E-Eu combinei de ir visitar o Francis – Ao tocar no assunto, Matthew pareceu acanhado, e procurou a borda do moletom inexistente para puxar.

– Aquele filho do amigo do papai? O Bonefo... Bonef...? – Ela tentou, não se recordando do sobrenome francês e desistindo.

– Sim... – O garoto fez o máximo esforço para manter a postura normal. Afinal, seria estranho se toda vez que tocassem no assunto “Francis Bonnefoy”, Matthew mudasse a expressão imediatamente.

Madeleine assentiu, comentando algo sobre como era legal o irmão estar fazendo amigos decentes – e não garotos esquisitos de cabelos verdes –, mas voltou a organizar as roupas de volta no armário. Com isso, Matthew saiu do quarto da irmã (sempre se sentia como se invadisse o espaço privado dela ao entrar lá) e seguiu para a cozinha, preparando suas panquecas de costume.

Enquanto ele tomava café quietamente, ouviu quando os seus pais acordaram e começaram a se arrumar. Iriam para a casa do irmão da Sra. Williams, ou era o que parecia, e Madeleine que teria que ficar para receber uma entrega importante. Foi aí que ela tentou convencê-los para deixarem-na ir visitar o namorado, mas o seu pai fez cara feia:

– Não vou deixar que saia sozinha com essa baderna lá fora, ainda mais para ver aquele rapazinho.

Não foi ofensivo a Alfred, mas a garota bateu o pé várias vezes. O Sr. Williams ainda disse que poderia levá-la lá quando chegasse mais tarde, e mesmo com a ajuda do irmão, Madeleine não conseguiu virar as ideias de seu pai ao avesso. Ela acabou trancando-se no quarto, pretendendo estar completamente arrasada.

Foi só beirando o meio-dia que o telefone tocou. Nesse horário, os mais velhos já tinham ido embora, e Matthew estava mais próximo do aparelho. Entretanto, foi Madeleine quem abriu a porta do quarto e voou para atender.

A expressão de esperança no rosto dela derreteu quando ouviu uma voz que definitivamente não era a de Alfred, e entregou o telefone para o irmão com decepção.

Matthew ficou surpreso ao ouvir a voz de Arthur do outro lado da linha, e ainda mais quando este o convidou para fazer alguma coisa. Teve que recusar, sentindo uma culpa imensa ao ouvir a voz desapontada, porém não tendo outra escolha. Tinha sido convidado por Bonnefoy para o almoço e não queria cancelar. Na verdade, ele realmente estava interessado em conhecer mais a família de cozinheiros, pois pareciam ser bastante talentosos e ele achava aquilo incrível.

Ele saiu pouco depois da ligação, deixando sua irmã irritada para trás e pedindo desculpas. Ele detestava deixá-la chateada – detestava decepcionar qualquer pessoa – e sempre sentia remorso até se ela o perdoasse.

Matthew pegou um táxi e pediu ao motorista para que fosse ao endereço que Francis lhe anotara em um pedaço de papel. O sujeito gordo, que parecia ter passado dos cinquenta anos com uma carranca imprimida no rosto, resmungou algo sobre ser feriado e a corrida ter taxa extra. Ele não parecia muito feliz em ser um dos poucos taxistas trabalhando no Dia da Independência, mas Matthew não titubeou em pagar a taxa calmamente.

No momento em que o carro parou diante de um portão adornado, o garoto olhou pela janela e seus olhos se arregalaram com a beleza daquela casa. Era branca, com detalhes dourados e de um estilo clássico francês, cercada por um jardim bem-cuidado com arbustos perfeitamente podados. Ele quase sentiu como se tivesse voltado alguns séculos no tempo ao se ver diante do portão, e passou um tempo admirando os detalhes da construção.

Matthew tocou o interfone, e quem atendeu foi o pai de Francis.

– Oh, pequeno Matthew! Bonjour! – Disse, com a típica voz simpática e de sotaque francês. – Pode entrar!

O garoto sorriu para a câmera, e o portão automático foi aberto. Ele seguiu pelo pavimento no jardim que dava até a porta, um pouco acanhado, mas olhando com atenção a paisagem, focando nas flores brancas e coloridas que davam um ar ainda mais belo à residência.

Matthew foi recebido por um mordomo, um senhor de fraque, que o conduziu até dentro da casa. A decoração interior também era impecável: Nas paredes havia notáveis réplicas de obras francesas em molduras ornamentadas, o assoalho estava perfeitamente encerado, e na sala haviam dois sofás cor champanhe e estilo clássico, com uma mesinha. E num dos sofás estavam sentados os Bonnefoy – pai e filho, porém quase idênticos -, que se levantaram no momento em que o canadense acanhado entrou, pedindo um baixíssimo “com licença”.

Bienvenue, pequeno Matthew! – Cumprimentou Jean Bonnefoy, com a típica afeição. Francis veio logo em seguida. Ele não tinha os cabelos presos desta vez, mas Matthew os achava bonitos de qualquer forma. O canadense sentiu um breve arrepio quando foi abraçado pelo francês, mas retribuiu.

Bienvenue ­– Ele disse, ainda quando estava abraçando o mais novo, que pôde sentir as palavras sendo pronunciadas próximas ao seu ouvido.

– O-Obrigado – Matthew sorriu timidamente quando Francis afastou-se dele, e o rapaz sorriu-lhe de volta com simpatia. – Obrigado pelo convite, também... É uma bela casa.

O pai de Francis pediu licença para ir até a cozinha checar o almoço que terminava de preparar, e os dois rapazes ficaram sozinhos na sala. Então Francis se prontificou a mostrá-lo a casa com extrema gentileza. Ele se parecia com o mordomo da própria casa com aquela atitude, mas era melhor quando era alguém com um sorriso no rosto. Aquele sorriso atraía Matthew de alguma forma, de modo que seu estômago se revirava sempre que podia vê-lo. Ele não sabia ao certo o que tinha por Francis - por tê-lo conhecido há pouco tempo -, se só o achava bonito, ou se havia algo a mais.

Francis tinha contado alguma piada que fizera Matthew rir daquele seu jeito tímido, e ele ainda estava sorrindo quando o francês disse naturalmente:

– Você quer ir ver o meu quarto? Fica no primeiro andar.

– S-Seu quarto? – Matthew engasgou, suas orelhas ficando vermelhas. Ele ainda achava que o quarto de alguém era um local bastante particular para a pessoa.

– Sim, afinal, pude conhecer o seu, certo? – Justificou Francis calmamente – Eu tenho bastante livros, imagino que vai gostar deles.

Os olhos do tom incomum de lilás do garoto se iluminaram, e ainda com um pouco de rubor nas bochechas, ele concordou. Enquanto subiam as escadas, um som de fogos de artifício foi ouvido do exterior. É mesmo, Matthew lembrou, era o Dia da Independência, afinal de contas. Sua família nunca tivera muito costume de comemorar, ainda que entrassem no clima do dia 4 de Julho. Mas Matthew sabia o quanto Alfred era patriota, e de como devia estar comemorando seu aniversário junto com a independência da nação. Ele nem pensou muito em Arthur, entretanto, porque Francis o conduziu até o seu quarto, e ele não pensou em mais nada no momento em que seus olhos caíram diante da estante três vezes maior do que a sua.

O quarto todo era muito bonito – todos os móveis eram planejados e com temas e cores combinando - e muito maior do que o seu, portanto o garoto deixou transparecer sua surpresa na expressão boquiaberta sem querer. Havia uma cama dossel de madeira, do mesmo tom que o restante da mobília, poltronas e mesinhas, e um tapete que parecia extremamente confortável.

Francis riu de como o garoto parecia espantado com o ambiente, e só então que o garoto acordou do transe.

– Oh! Desculpa, er... O quarto é muito bonito também – Ele disse, entretanto, seus olhos vacilaram para a estante de livros outra vez.

– Você quer ir ver os livros? – Francis foi direto, por mais que Matthew fingisse não ter percebido sua pequena biblioteca particular.

– Sim, eu... Posso?

– Mas é claro, cher. Fique à vontade para lê-los. Tenho muitos sobre culinária, já que é isso que estou cursando, mas possuo muitos outros de literatura que acho que irá gostar.

– Imagino que você seja muito bom na cozinha – Disse Matthew, tentando ser simpático, e pegou um livro que sempre quis ler da estante com cautela.

– Você quem deve me responder isso depois que provar umas das minhas delícias. – A voz de forte sotaque estava mais próxima, e só depois que tirou os olhos do livro em mãos que Matthew percebeu que o rapaz caminhara até a estante também. – Meu papa quer que eu cuide da pâtisserie, pois ele não tem mais tempo de estar por lá e no restaurante ao mesmo tempo. Então eu ficarei na administração, mas vou cozinhar o quanto eu quiser. E qualquer coisa que você quiser lá é cortesia minha. – e deu uma piscadela para o canadense.

O rosto de Matthew ganhou rubor outra vez, e ele já estava envergonhado de ficar envergonhado tão constantemente. Ainda assim, murmurou um “obrigado” para Francis, de cabeça baixa para evitar olhá-lo nos olhos.

Pardon, cher, mas você tem olhos muito bonitos.

O mais novo não teve tempo de reagir àquela frase direito – pois não tinha certeza de como reagir -, porque o mordomo bateu à porta (aberta) para avisar que o almoço estava pronto.

–-

Arthur desceu a rua, tentando controlar seu nervosismo. Não, aquilo não podia estar acontecendo. Por que logo com ele? E quem... Quem faria uma coisa dessas? Ele não sabia ao certo, mas uma raiva começou a ferver seu sangue ao pensar naquilo. O que levaria alguém a sujar sua imagem desse jeito? Teria ele feito algo contra essa pessoa? Arthur tentou pensar em qualquer um a quem tivesse feito mal antes, mas não era plausível nenhuma delas ser a culpada.

Ele precisava chegar até Drake rápido e esclarecer tudo antes que algo pior acontecesse. Pensou em ligar para ele, mas provavelmente não atenderia, então a única opção era ficar frente a frente com o punk. Arthur começou a suar frio. Nem sabia como explicaria para ele – já que nem sequer sabia se tinha realmente feito aquilo -, e muito menos qual seria a reação. Mas mesmo assim, precisava falar com ele o mais breve possível.

–-

Alfred suspirou, fechando a porta lentamente. Voltou a assistir seu filme, agora sozinho, mas sua mente não conseguia mais focar na televisão, e apenas encarou o filme com a visão embaçada.

Aquela tarde tinha sido tão agradável que Alfred até se surpreendeu que tivesse a passado com Arthur. Arthur, aquele garoto de cabelo verde e cara amarrada. O cabelo dele crescia, e Alfred sempre percebia quando um centímetro da raiz aparecia com uma cor diferente, mas não falava nada. A cara amarrada dele raramente mudava, no entanto, mas naquele dia em especial Alfred tivera a excepcional oportunidade de vê-lo sorrir. E era tão agradável, que o garoto não parava de pensar em Arthur sorrindo. Em algum momento, o filme a que ele assistia passou a se tratar de Arthur. Tudo parecia se tratar apenas de Arthur. Mas Arthur não estava mais lá.

O loiro sacudiu a cabeça, tentando se esquecer um pouco daquilo. Mas lembrou-se de que a sua cabeça estava doendo, porque tinha caído mais cedo. E Arthur tinha caído sobre ele. E então voltava a pensar sobre Arthur, e aquele calor esquisito começava a queimar seu corpo por dentro, como que fervendo o seu sangue.

– Alfred, filho, aquele seu amigo já foi? – Perguntou a mãe do garoto, aparecendo no corredor e indo até a cozinha buscar um café.

Alfred assentiu com um menear de cabeça e um “uh-hum”, tentando voltar a assistir ao filme. Ruídos de porcelana chocando-se contra outras louças vieram da cozinha, mas logo a voz feminina foi ouvida novamente:

– Ele tem cara de delinquente, mas até achei que é um bom garoto.

– É. – Replicou Alfred, hesitando um pouco. Será que até sua mãe não queria que ele parasse de pensar no assunto “Arthur”?

– Mas ele não usa drogas ou algo do tipo, não é? Filho, por favor, se descobrir que ele anda envolvido com essas coisas, não o siga – Orientou ela, mas Alfred apenas riu. Ela ainda soou preocupada, mas tentou mudar de assunto – Ele também tem namorada?

Dessa vez o garoto engasgou. Pelo menos o sofá ficava de costas para a cozinha e sua mãe não poderia ver a expressão que se formou no rosto do filho. Ele não respondeu por um instante, ponderando em como responderia algo assim – “ah, ele namora um cara de moicano laranja delinquente” -, mas felizmente, foi salvo pelo gongo.

– Deixa que eu atendo – a Sra. Jones tomou a iniciativa e foi até a porta ao ouvir a campainha, mas Alfred nem se importou em se levantar do sofá de qualquer jeito, suspirando. – Já vai, já vai! – Ela disse quando a campainha foi tocada desesperadamente mais duas vezes, e o garoto ouviu o som da porta sendo aberta. – Ah, querida, que prazer você aqui! Sim, o Alfred está! – E voltou a cabeça para a sala: - Alfred, sua namorada!

Ah, merda. Ele tinha se esquecido completamente de Madeleine, mas pelo visto, ela não tinha se esquecido dele. Pausou o filme e se levantou, encontrando com ela diante da sua porta, com uma saia florida e brincos de pérola, como se estivesse indo para uma ocasião importante. E Alfred só estava de camiseta e jeans.

– Alfie! – Ela disse contente, com os olhos brilhando, e abraçou o garoto à sua frente. –... Desculpa por chegar tão tarde, meu pai me prendeu em casa a tarde toda... Mas eu não podia deixar de te ver hoje... – Ela parou, avaliando o rosto do garoto por um instante, e sorriu abertamente: - Você tirou o aparelho!

Alfred sorriu, mas ele nem sabia mais o que era honesto dele ou não. Ele entrou com Madeleine, que cumprimentou a Sra. Jones com um abraço e teve sua roupa elogiada. E então ela entregou ao garoto uma sacola de papel que carregava nas mãos, sorrindo envergonhada.

– Pra mim? – Ele perguntou, um tanto surpreso.

– Sim! – Um sorriso preencheu o rosto da canadense, e ela assistiu enquanto Alfred retirava da sacola uma caixa de presente, ansiosamente esperando pela sua reação quando a abrisse, os olhos brilhando.

Alfred abriu a caixa com indiferença, encontrando uma... Gravata. Com uma estampa ridícula. Por quê uma gravata com uma estampa ridícula?

– Er, eu acho que você fica bem de gravata, então... O papai me ajudou a escolher.

Só podia ter sido ele mesmo”, foi o que Alfred concluiu mentalmente. Entretanto, sorriu o máximo que pôde – ainda que seu sorriso falso não fosse nada parecido com o genuíno – e agradeceu, mas Madeleine o parou:

– Ah, tem outra coisa... – Ela disse, parecendo ainda mais nervosa do que antes, e olhou para a caixa e para o namorado como que implorando com o olhar para que ele vasculhasse o fundo.

Alfred não disse nada, mas enfiou a mão de volta na caixa, encontrando um cordão. Nele havia um pingente de um coração pela metade, e ele encarou a peça dourada por um tempo, tentando entender.

– Eu uso a outra metade – Ela falou com um sorriso incansável, como se tentasse conter a felicidade. – Olha.

– Ah – Ele assentiu, e olhou para o pingente outra vez. Madeleine o fitou com um brilho nos olhos violeta, mas ele não entendeu o porquê tão rapidamente.

– Não vai colocar...?

– Ah – Repetiu Alfred, sorrindo amarelo. Meio hesitante, ele pôs o colar no pescoço, olhando para o pingente, ainda com dúvida do propósito daquilo ali.

Madeleine entrelaçou os dedos das próprias mãos e sorriu novamente, quase dando pulinhos contentes. Alfred então forçou uma risada, olhando de relance para a gravata esquisita e em seguida para o colar clichê. Ele não entendeu os presentes – será que ela realmente não sabia o que Alfred gostaria de ganhar? -, mas fingiu estar feliz com eles. Entretanto, sentiu-se um pouco chateado por não ter ganhado nenhum presente que realmente gostasse.

Foi aí que a sua mãe apareceu novamente na sala, acenando para o filho e caminhando até ele.

– Ah, Alfred! Acho que já está na hora de te entregar isso – E mostrou-lhe uma caixinha, bem pequena e simples. Alfred segurou-a com dúvida, mas ao ouvir um som de chaves, imediatamente sentiu os pelos da nuca se arrepiarem. Olhou para a mãe com os olhos arregalados, e ela apenas assentiu, sorrindo: - Feliz aniversário, filho!

–... Mãe. Não me diz que...

– Sim! Acho que você mereceu! Sempre foi um bom garoto.

O rosto de Alfred então se iluminou com um sorriso legítimo, e ele quase surtou quando encontrou uma chave de carro dentro da pequenina caixinha. Ele saiu pela porta como um foguete, anunciando “Eu ganhei um carro!!” para toda a rua, e saltou pelo jardim até chegar na garagem, pronto para dar de cara com sua nova Ferrari vermelha, polida e cem por cento cool.

Entretanto, o que encontrou foi uma pick-up vermelha e com aparência de usada parada na garagem, detrás do carro da sua mãe. Ele não pôde evitar um olhar de decepção. Mas pensando bem... Aquele era seu primeiro carro. Não importava se o modelo era antigo, se era feio por fora, se a pintura estivesse arranhada, contanto que o motor funcionasse.

Ele então caminhou até o veículo, ainda bastante incrédulo de que era sua propriedade. Quando colocou a chave na porta e destrancou-a, sentando-se no banco de couro, ele tinha um sorriso de orelha a orelha.

– Não pode dirigir livremente ainda, ouviu? – Alfred ouviu a voz de sua mãe de fora do carro, e avistou ela e Maddie, que tinham o seguido. – Só quando estiver dominando o volante. Não quero que acerte um poste, ou uma velhinha na calçada, sabe-se lá.

– Mãe! Mãe, obrigado!! – Ele berrou, saindo do carro para dar um abraço de agradecimento na mãe, que riu e retribuiu. – Não é o melhor carro, mas... – Ele interrompeu a fala ao ver uma carranca se formando no rosto da Sra. Jones, e logo mudou a frase: - é o meu carro, né? Meu carro! Olha, eu tenho um carro!!

Madeleine comemorou, aproveitando para abraçar Alfred outra vez. Ele se surpreendeu com a súbita demonstração de afeto, mas tentou retribuir, ainda que houvesse visível amargura no seu tom e em sua desanimação.

Nesse momento, a mãe do garoto decidiu que era melhor deixa-lo a sós com a garota e com o carro, e entrou em casa. Péssima ideia, mãe.

A garota canadense ainda o abraçava, como se não tivesse a pretensão de largá-lo nunca mais, por mais que ele tentasse dar sinal que já estava cansado daquele afeto, dando leves palmadinhas nas costas dela. Entretanto, quando finalmente se desgrudou de Alfred, ela permaneceu a apenas alguns centímetros dele, e passou a fitá-lo nos olhos, com um sorriso forçadamente charmoso.

Já estava praticamente escuro, estavam encostados no carro de Alfred, e ela estava tão perto que ambos podiam sentir a respiração uns dos outros. Mas de alguma forma, aquilo deixava o garoto mais desconfortável do que o normal. Garotos normais de dezessete anos teriam vontade de beijar aquela garota naquele exato instante, porque, puxa, ela era realmente bonita. Só que Alfred não conseguia sentir aquela necessidade, por mais que tentasse. Por mais que soubesse que aquela garota gostava dele de verdade. Por mais que se sentisse mal por rejeitá-la, ele não conseguia pensar nela como a pessoa que realmente queria beijar.

Ele começou a suar frio quando as pálpebras da garota foram se fechando, e seus lábios se entreabrindo, a cabeça levemente inclinando... Aquilo sempre acontecia. Ela sempre fazia aquilo. E Alfred sempre se afastava.

Ela tentou beijar o ar, mas quando percebeu que o loiro tinha se afastado, abriu os olhos. E neles estava estampada uma decepção enorme. Ela encarou Alfred, incrédula, como se já estivesse noventa e nove por cento cansada daquilo. Ele tentou olhar para ela de volta, mas não conseguiu, fitando o chão.

Madeleine abriu a boca uma, duas vezes, até conseguir finalmente proferir as palavras presas em seu peito:

– Por que você não gosta de mim, Alfred?

Alfred hesitou, olhando para os dois lados antes de focar na garota à sua frente. Ele não precisava ser especialista em ler a atmosfera para entender a decepção dela, pois seus olhos estavam ficando visivelmente úmidos.

–... Não é isso, Maddie, eu só...

– Você não gosta de mim. – Ela disse, tentando ser firme, ainda que sua voz estivesse embargada.

–... Eu gosto de você – Ele disse, tentando soar convincente. Ele sabia que já bastava de mentiras. Sabia que ela tinha plena consciência de que ele sempre evitava contatos afetuosos, e que não sentia o mesmo que ela sentia por ele. Só que... Ele não tinha coragem de confessar. Ainda menos depois de ela ter lhe dado presentes e sorrido tanto. Ele tinha remorso, mas também se sentia um covarde.

– Então por que... Você não quer nem me beijar...?

Ele manteve o silêncio, sem saber o que responder. Ela esperou por uma explicação, mas vendo que não a conseguiria, fechou os olhos e duas lágrimas pingaram dos seus olhos simultaneamente.

– V-Você... Você gosta de outra pessoa, Alfred?... – Ela sussurrou e abaixou a cabeça.

– Não – Alfred disse automaticamente.

Contudo, ao pensar na questão que foi feita mais profundamente, ele não teve mais tanta certeza da sua resposta. Afinal... Como era “gostar” de uma pessoa...? Era difícil definir. Não havia nada sobre isso no dicionário ou na Wikipedia, e ele não tinha nenhuma ideia concreta do que era. Diziam que “você só saberá quando sentir”, mas como ele saberia que aquele sentimento em relação àquela pessoa era o correto, se não havia nenhuma teoria na que pudesse se basear? Como descobrir o valor de uma equação sem nem ter ideia da fórmula que faria a resolução possível?

Bem, talvez Alfred tivesse que criar a sua própria equação – ou no caso, o seu próprio conceito de “gostar de alguém”. Só que ele não fazia a menor ideia de como começar a criar o seu conceito com Madeleine. Era como se... Ela não fosse a incógnita correta.

– Então... Qual é o problema comigo? Eu sou feia, é isso?

– Não! – Alfred disse, num tom mais alto, ainda que não totalmente confiante. – Q-Quer dizer, não é isso que eu... Argh – Ele tropeçou nas palavras, incerto de como explicar o que se passava dentro de sua mente, e sacudiu a cabeça em frustração. Ficou em silêncio, olhando o chão em busca das palavras certas, até que suspirou. -... Desculpa, Maddie, mas...

–... Você... Você quer terminar? – A frase saiu num fio de voz fina e claramente desapontada.

Alfred deu um suspiro audível, e estalou a língua. Ele permaneceu em silêncio, ouvindo os soluços quietos da garota à sua frente. Até que ergueu a cabeça e olhou para ela novamente.

– Escuta, o problema não é você... Eu só ando... Confuso – Ele bufou, passando os dedos pelos cabelos dourados. - Você... Você é uma garota muito legal, mas...

– S-Se você não gostar mais de mim... Tudo bem, pode... Pode terminar... – Madeleine sussurrou, sem mais nenhuma esperança aparente na voz.

O garoto manteve o silêncio por mais um curto tempo, tentando encontrar palavras certas, até tomar a decisão.

– ...Desculpa. – Murmurou, sentindo um peso enorme cair sobre os seus ombros ao ver a expressão da garota à sua frente.

Ela não olhou mais para Alfred, encarando as sapatilhas vermelhas, e fungou ao tentar enxugar as lágrimas que rolavam pelo seu rosto.

– Não... Tudo bem... – Disse, parecendo prestes a quebrar em pedaços. – M-Mas Alfred... Saiba que eu... Eu vou continuar gostando muito de você...

– A gente... Pode continuar com a amizade – Sugeriu Alfred, na tentativa de amenizar o seu remorso (o que não seria facilmente possível a essa altura).

Ela não respondeu, desencostando-se do carro e fazendo menção de que estava prestes a ir embora dali. Alfred até tentou perguntar se ela não queria uma carona – ainda que ele soubesse que não podia dirigir ainda -, mas a garota caminhou lentamente para fora do jardim da casa dos Jones e desapareceu na esquina.

E então Alfred teve tanta raiva de si mesmo que deu um soco no capô do carro instintivamente, encostou-se ali e emitiu um rosnado inumano.

– Mas que merda. Que merda, Alfred. Você é um idiota por completo, Alfred. Covarde. – Murmurou baixinho para o céu quase escuro, como se não quisesse que o seu próprio orgulho o escutasse.

–-

– Então, petit Matthew, o que nos diz? – Jean Bonnefoy indagou com expectativa para o garoto canadense sentado em sua mesa, depois que este deu a primeira garfada do prato.

–... C'est magnifique – Matthew disse, esforçando-se para tentar refazer o sotaque francês que conseguia quando criança, e sorriu um pouco. – O senhor Bonnefoy tem grande talento com a culinária.

– Oh, fico feliz que tenha gostado. É bom ter um visitante aqui em nossa casa, que vive tão vazia. Não temos muito tempo ultimamente, pois ando ocupado com o restaurante e meu Francis com a faculdade, mas sua visita é muito apreciada por nós.

– Ah, não, eu que fico feliz em receber um convite desses... – Sorriu o mais novo da mesa, não deixando de se perguntar mentalmente se não havia mais nenhum parente que morasse ali, numa casa tão bonita.

– Matthew também gosta de culinária. Eu o disse que poderia ir à pâtisserie quando abrisse, e quem sabe eu até lhe ensinasse alguns dos segredos do legado Bonnefoy. – Francis revelou, olhando para o canadense do outro lado da mesa, que sorriu sutilmente e baixou o rosto para o prato.

Eles almoçaram entre agradáveis conversas, e depois da sobremesa, Jean avisou com certa tristeza que precisaria ir até o restaurante resolver algumas pendências não especificadas. Claro que Matthew ficou embaraçado ao ter que ficar sozinho com Francis, mas ele presumiu que fosse ser agradável. Iam ler alguns livros e conversar... Por mais que ele achasse o francês charmoso, não tinha ousadia o bastante para sequer ponderar que algo a mais pudesse acontecer.

– Erm... Francis? – Ele chamou baixinho, puxando a borda do agasalho. Francis estava lhe mostrando o jardim, e contando-lhe sobre como ele mesmo tinha cultivado aquelas flores, e de que tinha orgulho de como elas estavam bonitas.

– Sim, cher?

– Eu... Só queria saber, se... Eu estava me perguntando. Eu posso perguntar uma coisa?

– Claro, o que quiser.

– Você... Não tem mãe? – Questionou o garoto, arrependendo-se logo em seguida. – Q-Quer dizer, você não me disse nada sobre o restante de sua família, e... Desculpe se isso é indelicado, você não precisa responder.

O sorriso de Francis apagou-se um pouco, e ele voltou os olhos azuis para as flores brancas.

– Eu nunca a conheci, mas acho que foi uma mulher incrível. Só sei que papai a conheceu na França, e que o nome dela era Jeanne. Ele me conta histórias dela de vez em quando, mas queria poder ter a conhecido de verdade.

Matthew realmente sentiu remorso por ter tocado em um assunto tão sensível, e pediu desculpas umas cinco vezes, ao que Francis disse que estava tudo bem. Os olhos do francês estavam secos, mas a expressão dele ainda carregava certa melancolia.

– Vamos, fale de você. Não quero falar só sobre a minha vida. – Incentivou Francis, quando eles se sentaram nos bancos de pedra do jardim, sob a sombra de uma árvore não muito grande.

– Eu... Eu gosto de literatura, e culinária...

– Isso eu já sei, cher! Me conte sobre você. – O rapaz francês apoiou o queixo nas mãos, os cotovelos sobre a mesa de pedra que o separava do canadense. – Está namorando?

– N-Namor... Namorando? – Repetiu Matthew, sentindo raiva ao perceber seu próprio rosto queimando. – Aah, não, eu... Não estou...

– Oh, mas que garota rejeitaria um garoto simpático e adorável, que ainda tem muito bom gosto, como você?

– Err... – Balbuciou o mais novo, procurando um buraco ali para se esconder. Por que Francis dizia coisas tão boas sobre ele? Estaria ele flertando consigo? – Na verdade... Eu, er, eu não...

– Ah, eu vejo – Concluiu ele, e elevou os cantos da boca, seus olhos fitando o garoto embaraçado à sua frente. – Garotas não são interessantes para você, não é?

– A-Ah... Eu... Não devia ter dito isso, desculpa, eu... – eu sou um idiota, me mata agora, ele pensou adicionar.

– Qual o problema nisso, cher? Garotos também podem ser bastante interessantes.

Matthew não soube o que responder. Ele abriu a boca, mas não saíram palavras de lá. Não sabia como seu coração tinha passado a bater tão rápido. Se aquilo que ele via nos olhos de Francis quando este olhava para o garoto era o que pensava que era, ele... Ele não sabia o que fazer. Porque talvez estivesse começando a se sentir do mesmo jeito. E ele não queria se apaixonar outra vez. Não queria ser esquecido... Não novamente.

–-

Arthur não tinha muita certeza de onde estava indo quando saiu da casa de Alfred cerca de meia hora antes, mas ele sabia que precisava encontrar Drake. Como era feriado, ele não podia estar no trabalho. Talvez estivesse em casa tomando cerveja, mas Arthur não costumava ir à casa dele – na verdade, ele nem sabia exatamente onde ficava, mas sabia que ele morava em um apartamento minúsculo que dividia com um colega ou algo assim -, e ele não explicava o porquê por mais que o namorado insistisse.

Ele foi caminhando sem rumo, mas ao alcançar a esquina, pegou o celular do bolso com as mãos trêmulas e releu a mensagem de Joey, com as típicas abreviações, apenas para que ficasse ainda mais nervoso.

“cara, td o mundo já tá sabendo.”

Quem seria “todo mundo”? Ele se perguntou aquilo e o seu estômago se contorceu.

“eu n sei se tu fez isso mesmo, mas já espalharam por aí. o drake tá furioso ctg, cara.”

Eu não fiz, Arthur repetia mentalmente, como se talvez pudesse mandar a mensagem telepaticamente para todo mundo que tinha ouvido dos boatos.

“ele n tolera traição. eu era teu amigo, por isso to avisando, mas se vc fez isso mesmo é melhor nem aparecer mais na frente dele, flw.”

Eu não fiz, eu não fiz, eu não fiz nada! Por que não entendem isso? – Ele disse em voz alta dessa vez, cerrando os punhos com força até as juntas ficarem brancas. Ele tinha tanta raiva de quem tinha feito aquilo. Por quê? Qual era a necessidade de arruinar toda a sua reputação que batalhara tanto para conseguir?

Pressionando os botões com raiva, ele respondeu à mensagem, perguntando onde ele estava. Pouco tempo depois, o aparelho vibrou com a resposta:

“vc tem certeza de q quer falar com ele?”

“Eu preciso.” Foi o que Arthur digitou em seguida.

“ele deve estar na praça, ouvi q ele tinha umas coisas pra resolver com uma glr ai do bairro” Joey respondeu, e ainda que “na praça” fosse pouco específico, Arthur sabia de qual se tratava.

Tendo a informação que precisava, ele logo guardou o celular no bolso e foi quase correndo até a praça do seu bairro, na qual ele e Drake costumavam se encontrar nos bancos de concreto. Pelo caminho, ele atravessou aquela mesma rua na qual o punk de moicano quase o atropelara, e ficou pensando em como tudo seria agora se ele tivesse decidido pegar um ônibus naquele dia.

Virando a esquina da farmácia, que por incrível que pareça estava aberta, Arthur viu-se naquela pequena e monótona praça praticamente escondida em uma área do seu bairro. Ela era quase abandonada, e normalmente só recebia visitas de skatistas e adolescentes em geral que ficavam fumando ali sentados no concreto. Também havia um número relevante de traficantes e usuários de drogas, mas as pessoas reagiam com indiferença àquilo.

Estava ficando escuro, e a iluminação não era boa, mas ele não desistiu. Não queria correr o risco de arruinar todos os laços e relacionamentos que conseguira formar com aquelas pessoas, como se o fato de ter se esforçado tanto para fazer amigos e viver como um adolescente punk audaz e destemido – ainda que não chegasse a ser tanto – fosse irrelevante. Ainda que pensasse em retornar à sua vida anterior e deixar de lado o grupo de punks, ele não podia fazer isso. Feriria o seu próprio orgulho e ainda mancharia a sua conquistada reputação (que já não era tão maravilhosa também). E pensar que apenas um rumor descoberto já tinha revirado o seu dia de cabeça para baixo... Mal sabia ele que tudo ainda pioraria.


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Notas finais do capítulo

Por que eu sempre corto na parte em que as coisas esquentam? Eu realmente sou do mal, podem me bater. Hehehe.
Eu demorei a escrever o Franada, porque não tenho muita prática com o casal. Mas pelo visto, como eu disse, as coisas vão rolar mais rápido.
Pode ter algum ou muitos erros ou desconcordâncias neste capítulo, então se encontrarem não hesitem em me avisar! Aqui um bolo e balões para todo mundo que está acompanhando essa fic e a fez se tornar a mais popular que já escrevi. Eu prometo a vocês que posso demorar, mas tento não decepcionar, e nunca vou abandonar! Também não sou boa em rimar! Hahah. Obrigada por ler!