-Uísque duplo, por favor... – ela pediu com sua voz doce.

-Algo um pouco forte para uma mulher. – disse ganhando a atenção dela, contudo o sorriso que antes havia nos lábios dela sumiu.

Quem eu menos esperava se dirigindo a mim? Destino brincalhão...

-Devia subestimar alguém pelo seu sexo. – falou firme, mas aquela voz doce não deixava soar rude.

-Devo dizer que ouvir sair de lábios tão delicados quanto os seus a palavra “sexo” é algo forte também. – me aproximei mais, ela sorriu de leve, um sorriso sensual enquanto me analisava dos pés a cabeça.

-Senhor Uchiha, acho que me subestima demais... – ela disse levando o copo de uísque até então esquecido sobre a bancada até seus lábios, saboreou o liquido com os olhos fechados e assim que os abriu novamente voltou a me encarar com um olhar cheio de intenções.

Ele parece ver através de mim, se isso não fosse tão sedutor seria realmente assustador.

-É injusto você saber quem sou e eu ainda me corroer de curiosidade sobre sua pessoa...

-Para mim esta fácil, afinal não fez questão nenhuma de esconder seu rosto, não é? – ela parecia me prende aos poucos em sua teia, a forma que falava me deixava cada vez mais interessado.

-Tenho comigo que mascaras apenas sirvam para aqueles que não conseguem fazer o que deseja de cara a mostra, precisam se esconder dentro de um personagem para mostrar seu lado mais... Como posso dizer? Mais selvagem. – ela riu gostosamente, bebendo mais um gole de seu uísque.

-Vendo por este lado, talvez tenha razão.

Ele sabe jogar bem...

-Então esta em seu modo mais selvagem? – ela desviou o olhar e bebeu seu ultimo gole, passando a língua sobre os lábios e depois ficando em pé, passando devagar por trás de mim, me tocando no ombro.

-Porque não descobre você mesmo?

Franziu o cenho, seguir uma mulher desconhecida em minha própria casa para fazer algo que nenhum de meus convidados esperava que fizesse esta noite, pelo menos enquanto a festa acontece, não era do seu feitio.

-Quem se importa. – tomei meu drink e busquei rapidamente a mulher com o olhar, esta já estava subindo as escadas como se bem conhece cada pedaço da minha bela propriedade.

Aquele andar, restrito a família Uchiha, estava decorado, contudo se não fosse a presença da mulher passos a minha frente não haveria uma alma sequer ali. Ela passava as pontas dos dedos pela parede, dava um pequeno toque nas portas até deslizar sua mão até a maçaneta abrindo a porta, entrou sem olhar para mim que a seguia.

Entrei trancando a porta em seguida, vi que estava em um dos quartos de hospedes, este também bem decorado, as cores mais evidentes ali eram o vermelho e o dourado. Fiquei parado no centro do quarto, esperando que a rosada aparecesse diante de meus olhos novamente, a vi sair do toilet de forma lenta, como se a cada centímetro que se aproximasse fosse me analisando.

-Gostaria de poder ler seus pensamentos... – ela disse parando a minha frente.

-Talvez se arrependesse. Tenho pensamentos pecaminosos...

-Melhor, então mais do que falar, me mostre.

oOoOoOo

Acordei sentindo uma leve brisa batendo em meu rosto, abri meus olhos devagar me acostumando com a luz, vi que esta vinha da janela aberta com cortinas dançantes ao vento, respirei fundo tentando sentir novamente aquele aroma entretanto já não o sentia, ao meu lado apenas a cama vazia.

Onde estaria aquela mulher que tomei em meus braços?

-Senhor Sasuke! – vi a empregada se assustar me encarando.

Oh Kami! Serei demitida!

-Meus pais já acordaram? – ignorei seus pensamentos e fui me levantando.

-Sim Senhor.

Quem dera meu marido ser tão lindo quanto ele...

-Temos visitas? – a minha companheira da noite certamente está tomando café com meus pais.

-Sim, alguns convidados passaram a noite aqui.

A deixei me olhando e sai em direção aos corredores com o lençol enrolado em minha cintura, agora pela manhã os corredores já estavam com sua decoração normal e as fotos da família ganhavam muito destaque.

Parei por alguns instantes encarando o retrato do meu irmão, o sorriso dele aberto com a mão sobre minha cabeça, eu era ainda uma criança e já tinha cara de mal-humorado.

Sasuke sente falta do irmão...

Me virei vendo minha mãe me encarar sorrindo, ela tinha razão, ainda sinto falta dele.

-Bom dia. – ela me abraçou e me olhou com um pouco de reprovação – Espero que não tenha dormido com alguma empregada ou filha de algum amigo da família.

-Bem, empregada acho que não era... – não poderia, sua fantasia era elaborada demais.

-Então qual o nome da vitima do meu filho? – ela riu me levando até meu quarto.

-Não sei. – entrei no banheiro deixando o lençol caído no chão do meu aposento.

-Sinto tanto orgulho ver que meu filho dorme com mulheres que nem sabe o nome... – o tom de ironia sobressaiu até sob o som da agua do chuveiro.

Ai! Sasuke nunca aprenderá!!!

O grito interno de minha mãe fez com que minha cabeça doesse, odeio quando as pessoas gritam em seus pensamentos.

Sai do banho e minha mãe já segurava em mãos uma toalha e sobre minha cama uma roupa já escolhida.

-Percebe que estou bem crescido, não? – arqueei uma sobrancelha secando meus cabelos.

-Com você saindo nu do banheiro na frente de sua mãe é um pouco difícil não perceber. – ela riu saindo do meu quarto – Desça logo, o café está lhe esperando.

Nem sequei meu corpo e tratei de me vestir, teria que ficar aqui com meus pais por algum tempo então o melhor é seguir a maioria de suas regras, uma delas é estar presente em todas as refeições.

Desci as escadas seguindo até a sala de jantar, logo que entrei recebi os olhares dos convidados que em sua grande maioria eram mulheres.

Agora Sasuke se casará!

Minha mãe pensava alto com um sorriso nos lábios, então esta visita minha aqui estava planejada, ela quer que eu me case.

-Bom dia. – cumprimentei a todos e me sentei ao lado de meu pai que lia o jornal ignorando o que acontecia ao seu redor.

Esse bando de mulher em minha casa, acho que dessa fez eu que enlouqueço.

Me segurei para não rir com o pensamento de meu pai. Olhava com cuidado para cada pessoa ali sentada, alguns eu conhecia por nome, ou melhor, por sobrenome.

Então este é o Sasuke que dona Mikoto tanto falava... – pensava a morena tímida de olhos aperolados, Hinata Hyuuga.

Se a Mikoto me quiser como nora, aceito na hora! – esta que parecia animada em pensamentos era Ino Yamanaka, a loira de reputação bem conhecida.

Está tão belo quanto ontem a noite. – a voz era bem familiar, na festa não dei atenção quem era ela, mas agora percebo que é Karin Nakajima.

-Sasuke, fale como vão seus negócios. – pediu minha mãe animada, meu pai então virou a atenção a mim.

-Não poderiam estar melhores. – respondi afim de dar cabo deste assunto.

-Ainda ganhando dinheiro com jogos de azar? – perguntou meu pai.

-Azar para os meus oponentes apenas. – bebi o café amargo em apenas um gole – Se me dão licença, preciso caminhar um pouco.

Sai dali logo, sabia que o assunto do café seria eu. Mais tarde precisaria ter uma conversa séria com minha mãe, ela não pode decidir quando caso. Se bem que não deve ser tão ruim dormir e acordar todos os dias ao lado da mesma mulher.

Não tem como acreditar em mim mesmo falando nisso, não sou do tipo que dorme mais de uma fez com a mesma, apesar que a ultima que tive me deixou bem interessado em corteja-la novamente.

Estava tão distraído que só percebi que alguém havia batido em mim quando a mesma falou...

-Ah desculpe, senhor... – olhei para a moça agachada a minha frente pegando alguns papeis apressadamente, seus cabelos castanhos eram bem mais do que familiares.

-Tenten? – ela me encarou sorrindo logo que me reconheceu.

Sasuke Uchiha, continua o mesmo homem bonito de sempre...

-Não sabia que havia voltado à cidade... – ela ficou em pé, não lembrava que ela era tão linda assim apesar do modo às vezes meio rude.

-Isto sei que é mentira, afinal minha mãe espalhou para todos por aqui. – ela riu ajeitando mais uma vez os papeis.

-Não duvido disso, mas é que eu cheguei hoje à cidade então ainda não soube das novidades.

Além das milhares de coisas que andei arrumando e ainda nem terminei...

-Podemos conversar sobre isto durante um jantar?

-Bem, não sei se é uma boa ideia. – Principalmente porque acabei de vir da minha lua-de-mel.

Assim que ouvi seu ultimo pensamento notei em sua mão a aliança de ouro e continuei no mesmo tom.

-Leve seu marido, quero muito saber quem esta com a minha Castanha até o fim dos dias.

Castanha?! Depois de tantos anos ele continua me chamando assim!

-Está bem, nos vemos as nove horas?

-No mesmo restaurante onde fomos quando te pedi em namoro.

Dito isto lhe dei as costas e continuei andando, ouvi ela murmurar algo que não dei atenção alguma, vi a entrada de minha casa, alguns empregados ainda tiravam a decoração do jardim da frente e uns carros estavam ainda estacionados por ali.

Eles se divertem e a gente que tem que limpar!

Encarei o empregado que pensou isto e este ainda sorriu para mim, pessoas assim que me fazem lembrar o porquê de não me sentir nada mal em ganhar dinheiro usando este meu dom. se meu pai soubesse que eu leio mentes talvez fosse me condenar muito mais do que simplesmente fazer grandes apostas em jogos de azar.

Mas saindo da minha propriedade vejo que a vizinhança continua a mesma, os mesmo vizinhos que nem nos cumprimentam e aqueles que nos cumprimentam desejando mentalmente que tenhamos um péssimo dia.

Parece que vivo rodeada de contos de fadas, mas não participo de nenhum!

Busquei a dona deste pensamento, a voz era parecida com a da minha donzela da noite, mas bem mais infantil e mal-humorada, diferente daquele tom sensual que usará comigo.

Estava sendo difícil, mas não deveria, afinal a mulher tinha cabelos róseos, entretanto ainda há a possibilidade de ser apenas uma peruca. E aqueles olhos tão verdes? Lentes?

Não havia pensado na possibilidade dela ser apenas uma mulher montada, talvez ela seja uma daquelas que minha mãe tem como candidatas a minha esposa ou qualquer outra mulher desse inferno.

Contudo, não deve ser nada difícil para um homem que lê mentes descobrir quem ela é, afinal o que pode haver demais na mente de uma mulher?