Capitulo 51 – Contando aos nossos pais

Narrado por Isa:

Sábado, véspera de natal, levantei, tomei um banho, coloquei uma blusinha solta e um shorts, minhas pantufas do Bob lindo e desci. Só hoje reparei uma coisa. Nós não tínhamos feito pinheirinho de natal e já era o dia! Meu Deus, desci correndo para a cozinha.

– Mãe! - gritei chamando por ela.

Ela se assustou.

– O que, o que? que foi? Incêndio? Onde? Felipe! – ela gritou e meu pai correu pra cozinha, eu comecei a rir e eles ficaram me olhando sem entender.

– O que foi? Que houve? - meu pai perguntou confuso.

– Fala filha! - minha mãe pediu.

– Calma gente! - ri - é que eu não vi o pinheirinho de natal...

– Nossa! É verdade! - minha mãe disse.

– Chama o Lukas lá, Isa, a gente vai achar um pinheirinho em algum lugar! - meu pai falou.

Subi as escadas rapidinho e pulei em cima do Lukas.

– Amor! – falei baixinho.

– Hã? - ele murmurou.

– Acorda, a gente tem que achar um pinheirinho de natal..

– Ah, amor... mais dez minutinhos...

– Não, nem um minutinho, levantai aí amor.

Levantei e puxei a coberta dele, ele estava só de calção, aquele corpo é um mau caminho, nossa!

– Puta merda, dorme de camisa amor! - falei mordendo o lábio.

– Hã? Porque? Eu sou tão feio assim? – ele falou sem entender.

– Não, você é gostoso demais, isso sim! - falei safada.

– Eu também te amo amor... - ele riu e eu também.

– Levanta aí que o pai está esperando.

– O sogrão? Ah, então to indo. - ele riu.

– é, vai brincando, quero ver hoje a noite o que eles vão dizer... eu estou com medo.

– Vai dar tudo certo, amor! – ele falou e me deu um beijo.

Rapidamente ele trocou de roupa, na minha frente mesmo, eu já tinha visto tudo.

Descemos e saímos com meu pai e meu tio. Demorou um pouco mas a gente achou uma arvore para comprar, compramos e também levamos uns enfeites. Eu e o Lukas começamos a montá-la enquanto nossos pais fazia uma carne no quintal.

Liguei o som e estava tocando uma musica bem lenta, nós já tínhamos acabado quase todo o pinheirinho e o Lukas me abraçou por trás e começou a dançar bem agarradinho em mim.

Na hora meu pai entrou na sala:

– Olha o assanhamento aí... – ele falou e voltou lá para fora o Lukas me soltou na hora.

– Merda... eles não vão aceitar. - falei aflita.

– Eles não tem que aceitar ou não. A gente se ama e ponto. - Lukas falou.

Ele me abraçou de novo. O resto do dia passou rápido, já era noite, sete horas e a ceia seria a meia noite. Fui tomar um banho e nem vi o Lukas saindo, só vi quando ele voltou.

– Ei, onde você foi? - perguntei sorrindo.

– Hum... é... surpresa! - ele piscou.

– Me conta! - pedi fazendo uma carinho para ele.

– Não... depois você vai saber. - ele prometeu.

Já eram nove horas e eu estava no meu quarto, coloquei um vestidinho um pouco rodado, clarinho, minhas rasteirinhas, make para o natal, e desci. Estavam todos na sala olhando TV. Sentei do lado do Lukas no sofá pequeno e nós todos ficamos lá assistindo filmes até dar dez para a meia noite. Minha mãe e minha tia tinham preparado a mesa e chamaram todos para lá.

– Vem gente! - elas chamaram da cozinha.

Levantamos e fomos pra mesa, eu estava nervosa, não sabia se o Lukas ia falar antes ou depois da janta. Sentamos todos na mesa e fizemos uma oração, agradecendo a comida e a vida. Sentamos e antes de começarmos a comer o Lukas falou.

– Gente... eu... quero falar um negocio. - ele disse meio inseguro.

– Fala, filho. - meu tio Rafa sorriu divertido.

Naquela hora meu coração acelerou, quase saía pela boca.

– Eu sempre fui metido a galinha, pegador e tudo mais... mas eu queria dizer que estou apaixonado.

Todos olharam para ele.

– E... ? - Meu tio falou incentivando que ele continuasse.

– E eu queria apresentar ela para vocês. - Lukas disse medindo as palavras.

– Claro filho... pode trazê-la quando quiser. - Rafa sorriu.

– É... vocês não entenderam... eu não preciso trazer ela porque ela mora aqui. - Lukas soltou a bomba, eu congelei.

Todos olharam para ele incrédulos. Meu pai fez a cara mais feia do mundo, parecia que ele ia bater no Lukas a qualquer momento, eu levantei e fiquei ao lado dele.

– Nós nos amamos e vamos ficar juntos, vocês aceitando ou não. – falei firme mas em tom calmo.

– Ninguém vai nos separar, eu estou apaixonado pela Isa e ninguém vai mudar isso, me expulsem de casa, tio, se o senhor quiser me bater, bata, mas não vai mudar o que eu sinto por ela, eu a amo e faria de tudo por ela, não vou deixar ninguém nos separar, prometo nunca fazê-la chorar, e não importa o que vocês pensem, nós nos amamos e nada vai mudar isso. – Lukas falou firme.

Meu pai estava pronto para pular no Lukas e do nada todos começaram a rir sem parar, eu e o Lukas ficamos sem entender absolutamente nada! Eles enlouqueceram?

– Hã? - Eu e o Lukas estávamos feito dois bobos ali sem entender nada. Eles achavam que era piada?

– A gente já sabia... - meu pai disse rindo sem nenhum traço da cara feia de antes.

– Como assim? - Lukas perguntou.

– Só se nós fossemos muito trouxas para não ver né? Lukas, um dia quando estávamos juntos na sala, você disse para Isa que nunca seria domado por menina nenhuma e ela falou que isso era obvio, porque você não tinha ideia do que era amor... Eu saí da sala rindo, eu tinha certeza que vocês dois estavam apaixonados um pelo outro... - Meu pai deu de ombros. - E também, depois da conversa que tivemos no seu quarto, aí sim tudo se confirmou. - ele sorriu.

– Mas... mas.. eu nunca disse nada... - Lukas pareceu inconformado com o fato deles saberem.

– Filho, a empregada veio me mostrar o porta-retratos que você tinha na cabeceira da cama com a foto da Isa... ela perguntou se era sua namorada, aí as nossas suspeitas se confirmaram totalmente. - Gabi disse sorrindo.

– E você acha que ninguém nunca notou você indo dar beijo nela todos os dias de madrugada? - Rafa riu.

– Nós sabemos o que é estar apaixonado, e torcemos muito por vocês dois! - minha mãe completou.

Eu e o Lukas não acreditávamos, eles sabiam de tudo! Nossa, que alivio, que bom! Todos nos apoiando! Como eu estava feliz!

– Eu disse que o dia em que você se apaixonasse, Lukas, seria por alguém muito diferente de você... os opostos se atraem né amor? – meu pai olhou para minha mãe e eles se beijaram.

– Bom... então já que eu não vou precisar sair correndo, já que ninguém vai me bater... - Lukas sorriu. Ele se ajoelhou ao lado da mesa de frente para mim e abriu uma caixinha vermelha, eu não acreditei, um anel. - Meu amor, você despertou em mim algo mágico, sem explicação, eu te quero por toda vida comigo, te quero todo dia, e futuramente quero ver teu sorriso ao ir dormir e ao acordar todas as manhãs. Namora comigo?

Eu não aguentei, lagrimas começaram a cair pelo meu rosto, eu sorria e chorava, chorava de felicidade. Ele levantou e ficou olhando nos meus olhos sorrindo.

– Sim! - murmurei com um enorme sorriso.

Nos abraçamos e nossos pais começaram a aplaudir, ele me beijou e foi um beijo tão bom, tão perfeito, tão diferente, apaixonado, forte e calmo, como sorvete e chocolate quente, como a primeira vez, o primeiro carinho, o primeiro olhar, como o primeiro toque no rosto, como voar e não sair do chão. Foi perfeito e inesquecível.

Fim.