Scar Tissue escrita por Duplicata


Capítulo 20
Demônios


Notas iniciais do capítulo

Então depois de éons sem postar, cap novo eba eba para vocês :3 Espero que gostem



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“Às vezes a vida te pega pela mão

Te derruba e antes de você perceber

Tudo passou e você morreu de novo

Já estive em vários lugares e não vou fingir

Que eu invento só pra cair de cabeça”

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Alice acordara em cima de uma árvore e sozinha, com dor na cabeça e com um corte na coluna e ela nem tinha ideia de como viera parar ali. A última coisa em que se lembrava era de estar abraçando Josh e depois... Nada.

A garota correu entre as árvores do parque, tentando procurar por Josh, depois da notícia de que estavam sendo caçados, ela estava alerta para o caso de sua mãe sequestrar Josh novamente e dessa vez conseguir fazer o que queria.

– Josh!- Alice gritou várias vezes, mas em nenhuma obteve resposta, nem o vento parecia querer colaborar com ela.

Alice desistiu. Parou de caminhar de um lado para o outro e se lembrou da confiança mútua que tinham um no outro e no trato de que um não deixaria o outro para trás, jamais. Então ela foi procurar por comida, seguindo seus instintos ela presumiu que Josh voltaria para busca-la em breve e estaria morrendo de fome.

Para ela, amizade era assim. Haveria obstáculos, brigas, choros, desilusões, desencontros, monstros, sequestros por caras malucos, acusações de assassinatos que não tem um fundo de verdade, mas no fim tudo se resolveria, com ou sem comida. Nesse dia ela optou com comida.

Entrou na primeira lanchonete que viu e comprou uma porção grande de batata frita, dois hambúrgueres e dois refrigerantes e voltou para a rua, sua calma era calculada, por mais que ela confiasse inteiramente em Josh, ela não confiava no que poderia ter acontecido com ele e por mais normal que ela tentasse levar essa situação, ela sabia que um minuto a mais e ela teria que virar o resgate para ele. Mas por hora, ela decidira manter a calma e voltou para a árvore em que acordara.

Para seu total alívio, lá estava Josh, dormindo tranquilamente onde antes ela estivera e ela não pode conter um suspiro de alívio. Ela nem saberia por onde começar caso o garoto tivesse sumido mesmo.

Alice sentou ali perto e esperou Josh acordar, afinal, ele merecia uma soneca. Não é preciso nem dizer que a comida quase acabou.

Depois dos ânimos acalmados e da comida consumida, ambos estavam com as energias recarregadas e prontos para outra, mas eles precisavam traçar um plano e Josh já tinha ideia do que fazer, afinal, sonhos de semideuses sempre são um presságio.

– Vamos ao monte Olimpo, encontrar meu pai e falaremos com ele sobre o meu passado, é algo que eu realmente preciso saber dele e não de Cupido, ele não me pareceu nada confiável- Josh disse.

– Concordo plenamente... – Alice comentou enquanto comia a última batata frita esquecida do pacote.

– Então depois que eu souber da verdade, vou atrás da minha mãe, quero conhece-la.

– Aposto que sua mãe é mais legal que a minha- Alice riu sarcástica.

– Alice...

– Pelo menos ela não deve perseguir o filho por ai pra decidir com quem ele vai namorar e matar a pretendente que ela não quer.

– Tá bem! Você venceu- Josh bateu palmas, entrando no jogo.

– Então depois que você conhecer sua mãe, o que faremos?

– Eu não sei, apenas... Vagar por ai, o que você acha?

– Por mim está ótimo companheiro.

– Então estamos combinados, vamos?

– Vamos!

Josh puxou Alice para cima e ela trombou no garoto, os dois quase caíram juntos no chão, mas Josh conseguiu evitar a queda e um silêncio meio constrangido se instaurou entre os dois, eram as palavras não ditas que pesavam mais.

O céu estava começando a escurecer e estava todo colorido das mais diversas cores, de vermelho ao laranja parecendo uma imensa tela em que um pintor fazia sua arte. Os dois ficaram deslumbrados em como o mundo mortal era tão belo e tão mortífero ao mesmo tempo, ali, podia-se morrer várias vezes de vários modos diferentes. Prova disso foram dois monstros que viram andando pela rua, tranquilamente como se fossem duas pessoas comuns.

– Olha- Alice sussurrou, mas manteve a calma, pois eles estavam andando um para o outro e isso não era coisa boa.

– Droga! O que são?- Josh respondeu no mesmo nível sonoro.

– Não sei. Vamos manter a aparência.

Os monstros continuavam andando para eles, totalmente vermelhos, com pequenos chifres na cabeça, olhos amarelos, corpo definido, como um humano e com horríveis dentes pontiagudos, porém um deles tinha um par de braços a mais que carregava uma arma diferente, que nenhum dos dois havia visto ainda.

– Parecem demônios- Josh disse assim que passaram pelos dois sem o menor sinal de perigo.

– Demônios do tipo Inferno?- Alice disse, incrédula com toda aquela situação.

– Sim. É o que parece, já vi gravuras deles e são muito parecidos. Mas isso é impossível não é? Demônios... Eu... Ah. Não sei o que pensar.

– Eu sei também estou assim.

Os dois caminhavam por uma rua já com pouco movimento, afinal com a noite caindo eram poucas as pessoas que se arriscavam no lado pobre de San Francisco, assaltos e mortes eram constantes, mas semideuses não se preocupavam muito com isso.

– Por que será que eles não nos pegaram?- Josh expressou, afinal, sua maior dúvida.

– Não tenho a menor ideia Josh e estou com medo, olhe só onde estamos, precisamos de um lugar para passar a noite e amanhã continuamos nosso caminho.

– Você tem razão aqui é sinistro, vamos...

– A lugar nenhum jovens- Uma voz áspera e gutural disse.

Os dois semideuses se viraram para ver quem havia dito e se assustaram quando a sua frente, viram os dois demônios, olhando para os semideuses como se eles fossem lanches deliciosos.

– Mas... O que são vocês? Por que não nos mataram antes?- Alice começou com as perguntas.

– Se cale! Não queremos papo. Queremos sangue- O de quatro braços disse e partiu para cima, gritando loucamente e brandindo uma espécie de bastão com pontas afiadas dos dois lados.

Josh estava com um pouco de medo, pois só tinha seu arco e de tão perto ele não ajudaria muito, por isso se virou e correu para mais longe, um lugar mais estratégico para suas flechas. Já Alice havia pegado sua espada longa e ficou em posição de ataque, esperando o melhor momento para matar os dois.

– Um já fugiu- Riu o de dois braços.

A garota girou a lâmina num círculo perfeito e fez um corte no peitoral de um dos demônios que o fez cair no chão, sangrando um líquido preto e fétido. O outro continuou correndo, rangendo os dentes e levou um corte na barriga que o fez recuar dois passos, porém não muito.

O demônio caído pegou o tornozelo de Alice e começou a puxa-la para baixo, sua mão ensanguentada fez a pele da garota queimar e ficar em carne viva, como ácido e ela gritou, mas cravou a espada na mão do demônio, ele rugiu e retirou a mão. Alice partiu para cima do outro que a atacava com a arma e os dois entraram numa luta rápida, de golpes calculados de ataque e defesa. Ela já estava cansada quando ouviu um som conhecido, a da flecha de Josh cortando o ar.

Alice se abaixou no exato momento em que a flecha cravou no lado direito do demônio e ela pôde sentir a confusão do inimigo, lutando para tirar a flecha de seu peito, porém sua alegria durou pouco, pois o outro já havia se restabelecido e a puxou pelo cabelo para longe do primeiro, ela gritou e tentou acertá-lo com a espada, mas foi inútil.

Josh mandava uma chuva de flechas, mas ele estava nervoso e muitas flechas acabava errando, ele sentia a vida de Alice em suas mãos e para ele isso era muito peso.

A garota se debatia loucamente até que o inimigo a soltou no chão, ela bateu a cabeça e sentiu o mundo girar, mas não largou sua espada, apenas continuou firme, até quando o mostro passou suas unhas afiadas pelo seu rosto, fazendo cortes em toda a extensão da bochecha.

– Volte pro Tártaro, coisa imunda.

Alice cravou a espada no estômago do demônio e viu quando a lâmina escorregou para baixo, fazendo um corte profundo e letal. A criatura urrou, tentou dar um último golpe, mas não conseguiu e quando o seu sangue negro caiu sobre a menina, ela gritou de dor, sentindo o ácido corroer suas roupas, então ela jogou o cadáver para o lado e tirou o casaco, se livrando da maior parte do ácido. Olhou para o lado e viu o outro cadáver estendido no chão, Josh havia conseguido.

Quando Josh apareceu perto da menina, os dois se abraçaram, quase chorosos pela vida um do outro e ficaram assim durante um bom tempo até que Alice tomou as rédeas da situação e aos tropeços, pelo seu tornozelo machucado, foram até um hotel de quinta para passarem a noite. Por mais imundos e machucados que estavam, ninguém fez nenhuma pergunta quando um montinho de dinheiro fora depositado sobre o balcão.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? E galera, cadê os reviews, recomendações? Uma só genteeeeee! Façam uma autora feliz!
Ah e eu quero avisar que depois dessa fic vou postar "Café, Leite e Sangue: Guerra de perto" que é uma história original que se passa durante a ditadura militar, pois ela já está escrita a tempos e eu preciso de um tempo para escrever a série As Relíquias Fatais. Espero que acompanhem CLS:GdP.