The Fallen Angel escrita por Beta23


Capítulo 12
A Verdade Nem Sempre é o melhor


Notas iniciais do capítulo

Oi meus fallen angels (tá, eu sei que pegou mal pra cacilda)
Eu postei aquela notinha naquele dia, espero que tenha sido o suficiente. Não me odeiem, odeiem o cara que inventou o vírus de computador.
Espero que gostem.



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Andei de um lado para o outro na sala de Jensen, ele e Claire estavam sentados no sofá, me encarando. Spencer estava escorado na porta do apartamento, observando tudo com um ar inexpressivo. Jensen piscou, processando a informação.

– deixa eu ver se eu entendi – disse Claire – você, Blair, é um anjo?

– sou – respondi, um tanto nervosa.

– e você, garoto bonitão – disse Claire, dirigindo-se á Spencer – também é?

Spencer sorriu, mas assentiu. Jensen encarou a irmã, um pouco irritado.

– acredita nessa maluquice? – perguntou.

Claire assentiu, Jensen olhou para mim, um pouco enojado.

– você não acredita? – perguntou Claire – caramba, você é burro. Tem um par de asas saindo das costas deles.

– é, eu vi – disse Jensen, ainda me olhando daquela maneira.

Silencio, fiquei desconfortável, até que Claire ignorou o irmão e começou á me encarar com uma expressão curiosa.

– que tipo de anjo você é? – perguntou.

Engoli em seco, não queria falar aquilo na frente de Jensen.

– vai, responde – disse Jensen, ríspido.

Engoli em seco, com um pouco de medo.

– sou uma ceifeira – respondi – sou responsável por recolher almas e manda-las para seus devidos lugares.

– ou seja, você é uma assassina – disse Jensen, me encarando.

– não, eu não mato – respondi, nervosa – eu apenas as guio para um lugar melhor, eu não mato ninguém.

– não julgue a Blair, Jensen – disse Spencer, calmamente.

Jensen me encarou, depois olhou para Spencer.

– e você? – perguntou – também é um ceifeiro?

Spencer assentiu, Jensen deu um sorriso sarcástico.

– é muito bom receber dois assassinos na minha sala de estar – disse, usando algo que não pude detectar.

– sua ironia é fraca – disse Spencer.

Ah, então, aquilo era ironia.

– não foi ironia – disse Jensen.

Claire deu um soco no braço do irmão, fazendo-o ficar com raiva.

– por que fez isso? – disse Jensen.

– não diga isso – disse Claire, com certa raiva na voz – você não é melhor do que eles, já fez coisas terríveis. Ambos são anjos.

Jensen ficou com mais raiva da irmã do que já estava, Claire não se abalou.

– cala a boca – disse Jensen, a voz cortante como vidro e fria como gelo.

Claire bufou, mas não disse mais nada. Jensen me encarou.

– se você é uma ceifeira, por que não me matou quando levei aquele tiro? – perguntou.

Pisquei, não esperava que ele fizesse aquela pergunta agora.

– eu não queria que morresse – respondi, sincera – eu preferi abrir mão da minha obrigação como ceifeira e deixa-lo viver.

Ele me encarou, fiquei confusa, por que ele me olhava daquela forma?

– eu devia agradecer por isso? – perguntou.

Claire bateu em sua cabeça, Jensen ficou com muita raiva.

– claro que sim, idiota – disse a garota – ela salvou a sua vida.

– a minha – disse Jensen – mas, vai saber quantas ela tirou.

Spencer resolveu manifestar-se, andou lentamente até ficar ao meu lado.

– não culpe a Blair – disse, encarando Jensen – a culpa não é dela, ela não mata. Ela apenas guia as almas, isso é um trabalho divino.

Jensen bufou, levantando-se do sofá e ficando bem na minha frente.

– você gosta do que faz? – perguntou.

Ele estava muito perto, eu podia sentir sua raiva atravessando minha pele.

– gosto de servir aos céus – respondi – mas, queria ser humana.

Ele aproximou-se ainda mais, seu rosto ficou á centímetros de distancia do meu. Jensen era bem mais alto que eu, eu precisei olhar para cima, encarando aqueles olhos escuros e cheios de mistérios. Ele me olhou de cima á baixo, esquadrilhando meu corpo com uma intensidade fora do comum, quase como se pudesse enxergar minha alma. Tremi de leve, seu cheiro invadiu meus pulmões, ainda que eu não precisasse respirar, eu queria muito sentir aquele cheiro.

– sinceramente, eu não sei o que eu vi em você – falou, baixinho, como se falasse consigo mesmo.

Pisquei, confusa. Jensen afastou-se, indo em direção á porta do apartamento.

– espero não te ver aqui quando eu voltar – decretou, colocando a mão na maçaneta da porta.

Aquilo me abalou, eu não era bem vinda, Jensen sentia repulsa de mim. Ele virou a cabeça para me olhar, seus olhos esbanjavam nojo, como se visse algo muito repulsivo.

– anjos – resmungou.

Abriu a porta e saiu, deixando-nos para trás. Senti uma lagrima quente escorrer do meu olho direito, seguida por mais duas do esquerdo. Toquei as lagrimas, estavam rosadas.

– tarde demais – disse Spencer, medindo minhas lagrimas – ele queria evitar, mas já é tarde demais.

Fiquei confusa, o que era tarde demais? O que Jensen queria evitar?

– eu sinto muito – disse Claire, me olhando com pesar – o Jensen é muito estranho, eu sinto muito por isso.

– não se preocupe, Claire – falei, fitando o chão – ele está certo em sentir repulsa de mim.

Spencer me olhou, funguei e encaminhei-me para a janela. Coloquei as mãos no parapeito, olhando para baixo. Jensen saiu do prédio, suas mãos estavam enfiadas nos bolsos da jaqueta, ele seguia reto, como se não ligasse para onde estava indo. Pisquei, contendo as novas lagrimas que saiam de meus olhos.

– espero que possamos ser amigas – falei, dirigindo um rápido olhar á Claire – você é uma humana especial para mim.

Ela sorriu, assim como Spencer.

– adeus – falei.

Ambos me encararam, funguei e dei um impulso, pulando a janela sem acionar minhas asas. Cai em pé, fazendo um barulho. Nenhum dos humanos ouviu o barulho, apenas o humano que me odiava. Ele virou a cabeça, encarando-me. Olhei em sua direção, Jensen me encarava. A raiva presente em seu olhar me fez chorar outra vez, com muita força. Abri minhas asas, os soluços cortantes sacudiam meu corpo. Ele virou, fitando-me de outra forma. Seu olhar estava mais suave, o sentimento que ele transparecia era desconhecido para mim. Ele deu alguns passos em minha direção, parecia em conflito consigo mesmo. Bati minhas asas, alçando voo e saindo dali com rapidez. Pousei no alto do prédio em que ele morava, olhando para baixo, e vendo seu rosto pela ultima vez.

Jensen olhava para cima, encarando-me. Funguei, bati minhas asas e voei para longe dali, querendo desaparecer.

***

Algumas horas depois daquilo, eu sentia meu peito inchado, como se sangrasse. Tinha voltado ao céu, estava procurando Samuel, pronta para fazer um pedido.

Ele estava conversando com um cupido, ambos sorriam de forma gentil. O cupido afiava uma flecha vermelha, Samuel dizia algumas coisas, nem me importei o suficiente para tentar ouvir.

– Samuel – chamei.

Samuel me olhou, pareceu aliviado ao me ver.

– você voltou – falou.

Aproximei-me dele, o cupido me olhou, e deu um sorriso enorme.

– nem precisei usar isso – falou, sacudindo a flecha – isso é muito bom.

– saia – disse Samuel, ficando repentinamente serio.

O cupido riu, mas logo abriu suas pequenas asas e saiu voando. Continuei olhando-o, até que Samuel pigarreou. Sacudi a cabeça, piscando.

– queria me ver? – perguntou.

Assenti, será que ele estava bem?

– eu queria saber se você tinha alguma ordem para mim – respondi.

Ele assentiu, me observando de forma cuidadosa.

– o que foi? – perguntei – estás me deixando curiosa.

– nada – respondeu – eu estava procurando vestígios de sentimentos humanos em você, mas não encontrei nada que fugisse do normal.

Aquilo me fez pensar em Thales, fiquei ligeiramente preocupada.

– Samuel, onde está o Thales? – perguntei.

Ele ficou um pouco mais serio, mas ainda me olhava.

– não sabemos – respondeu.

Suspirei, deixando o sentimento da culpa atravessar as barreiras da minha pele.

– peço desculpas pelo seu desconforto, mas era o certo á se fazer – disse Samuel, tocando minha mão – saiba, que se você precisar de ajuda, você pode contar comigo.

Franzi as sobrancelhas, será que estava falando com o Samuel certo?

– o que houve com você? – perguntei.

Ele piscou, largando minha mão.

– nada – respondeu – Spencer me fez ver a verdade, devo ter ficado compreensivo demais com você.

– que verdade? – perguntei.

– a que você não devia ser uma ceifeira – contou, me olhando.

Desviei o olhar para o chão, ainda que não gostasse muito de ceifar vidas, anjos não tem vocação, apenas cumprem ordens.

– você devia ter sido uma salvadora, ou, uma guardiã – falou.

Olhei para Samuel, eram trabalhos nobres, embora ser uma ceifeira fosse um privilegio enorme.

– eu preferia ser uma guardiã – confessei, cabisbaixa – mesmo compreendendo que ser uma ceifeira é muito importante.

Samuel riu, e isso me alarmou, ele não ria.

– tem certeza de que está bem? – perguntei.

Ele assentiu, não me convenceu.

– era só isso que você queria comigo? – perguntou – estou um pouco ocupado agora, não posso perder tempo.

Sacudi a cabeça, recuperando meu foco.

– eu queria pedir um trabalho – falei – algo que possa me manter nas leis divinas.

Samuel me encarou, analisando-me cuidadosamente. Tive a impressão de que ele não tinha se convencido com o que eu disse, era quase como se ele não acreditasse em mim.

– tenho algo – disse, ainda me olhando – algo que ouvi nos presságios divinos.

Assenti, alerta.

– são grandes proporções, algo imenso – falou – vai exigir bastante de sua força, mas pode ser a distração que você procura.

– me diga o que fazer – pedi.

Ele me analisou, cuidadoso.

– um carro irá cair da ponte do Brooklin em algumas horas – disse – uma família inteira, vinda de Detroit, irá morrer.

Assenti, mesmo sentindo um arrepio.

– você deve prometer que guiará todas as almas, e não tentará salvar ninguém – disse Samuel, serio.

Baixei o olhar, tomando fôlego. Aquilo nunca me tinha sido uma tarefa fácil, mas nunca fora tão difícil quanto estava sendo agora.

Mas era meu dever, eu era uma ceifeira, e devia cumprir minha tarefa.

Ergui o rosto, respirando fundo.

– eu prometo cumprir as leis divinas, e guiar as almas até seu destino – falei, engolindo em seco – não irei mais desviar-me dos caminhos certos.

Samuel assentiu, baixei o olhar novamente.

– vai – mandou – suas almas te esperam.

Assenti, dando as costas á ele. Abri minhas asas e tratei de sair dali, ainda que não tivesse destino certo.

Pousei no meio das grades de sustentação da ponte, esperando pelo dever.

O céu estava ficando escuro, iluminado pelas estrelas. Helicópteros seguiam suas rotas, carros movimentavam as ruas. Pessoas andavam, serias demais para serem consideradas humanas. As vezes os humanos se comportam como os anjos, tão frios quanto.

Pensar em humanos me fez pensar em meu humano, na expressão em seu rosto, antes de sair de sua casa. A visão de seu olhar passou em minha mente, um choque percorreu meu corpo. Aquela frieza me fez ver uma coisa, coisa que eu já devia saber.

Jensen não queria me ver. Não havia nada que eu pudesse fazer para mudar esse fato, a não ser deixa-lo em paz. Por mais doloroso que fosse pensar nisso, eu sabia que era o certo.

– oh, meu humano – sussurrei, fechando os olhos – me desculpe.

Respirei fundo, sentindo uma lagrima querendo sair.

Eu deixaria Jensen em paz, não voltaria mais á procura-lo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem aí, pelos deuses.
Fotos: No próximo capítulo, ainda não encontrei alguém bom o bastante para ser o Jensen :/
Beijo



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