Clínica de Reabilitação para Super-Vilões escrita por The Mother


Capítulo 3
O Que Não Te Contaram




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Quando Lex abriu os olhos, seu escritório estava mais escuro do que se lembrava.

Devia ter pegado no sono enquanto lia algumas propostas... Onde estavam elas, falando nisso? Ah, estavam no chão; ele as derrubou enquanto dormia. Talvez tivesse o hábito de se mexer muito durante o sono. Nunca teve realmente ninguém pra reclamar disso.

Inclinou-se para juntá-las. Quando levantou, um calafrio lhe percorreu o corpo e um vento gelado lhe soprou as costas. Uma sensação de terror familiar. Lex hesitou por um instante, então virando e empilhando os papéis sobre a mesa.

De novo não se mexeu.

Acomodou-se na cadeira, tentou manter a respiração lenta e os olhos fixos na porta. Não queria olhar para nada que refletisse, sabia que não ia gostar. Tinha que esperar a sensação passar.

Atrás de si, onde ficava uma imensa janela que cobria toda a parede, ele conseguia escutar o som de asas batendo e lutando para manter-se pairando no ar. Por instinto, seus olhos encontraram o porta-retratos de sua mãe, refletindo à luz da janela.

Péssima ideia e péssimo momento para seu cérebro ter péssimas ideias.

Claro que não gostou do que viu. Você não gostaria de ver o reflexo de um demônio, mesmo que seja só uma forma negra com olhos vermelhos cintilantes. Tirou os olhos rapidamente do reflexo e os fechou. Esperou a sensação passar.

Passaram-se aproximadamente 3 minutos até que Lex percebesse que os barulhos tinham ido embora. Mas não se passaram nem 1 minuto para que ele já estivesse pronto e saindo pela porta.

Dispensou a secretária e correu para o elevador.

Não era todos os dias que isso acontecia, mas também não era incomum.

Isso pode parecer absurdo para você, claro. Afinal, Lex Luthor é apenas um empresário poderoso e um super-vilão; algo muito comum em seu universo. Ele só lida com alienígenas bonitões e pessoas com super-poderes, não é? Mas é aí que você se engana.

O que não te contaram é que Lex Luthor pode ver coisas. E você sabe muito bem o que eu quero dizer com isso, afinal, que nunca disse ou ouviu um “você está vendo coisas”? Bom, neste caso as coisas que ele vê são reais e não fruto de uma boa imaginação.

Anjos, demônios, espíritos, fadas e até duendes, é o que Lex vê. Não só vê, mas também é visto. Eles sabem que ele sabe e ele sabe que eles sabem que ele sabe.

É isso mesmo. Tão complicado quanto parece.

A única parte que parece ser boa é que quando se trata de mestiços (criaturas que andam entre nós sob disfarce humano) Lex meio que só dá uma olhada. Exemplo: se é um anjo, Lex vê as asas se abrindo atrás dele, mas depois de uns segundos, num piscar de olhos elas desaparecem. Se ele for bom mesmo, e ele é, consegue fazer isso de novo, só pra se certificar. Mas prefere não fazer, principalmente quando se tratam de demônios. Acredite, não vale a pena.

Lex descobriu esse poder quando ainda era pequeno, junto de seu irmão gêmeo, Brandon. Enquanto seu irmão escondia e fingia que nada daquilo existia, Lex tentava contar isso aos seus pais, algo que obviamente não deu certo e ele acabou tendo de enfrentar longas terapias, pois seus pais estavam convencidos que Lex era esquizofrênico. O que foi ainda pior, pois, depois da morte de sua mãe e seu irmão caçula, Lex realmente desenvolveu esquizofrenia, e não havia ninguém para ampará-lo, já que Brandon havia sido enviado para um internato na Inglaterra.

Sendo assim, Lex teve que aprender sozinho a diferenciar monstros reais dos irreais e isso saiu caro muitas vezes. Também teve que aprender a fingir que não via nada. Foi uma infância mais sofrida e complicada do que a maioria das pessoas pensa.

Lex saiu do elevador apressado, como qualquer outra pessoa que acaba de ver um demônio do outro lado de sua janela. Estava com sua maleta na mão e, para qualquer pessoa que o visse e não soubesse o que se passava, parecia somente um executivo muito ocupado.

Eram aproximadamente dezoito e quarenta e cinco quando Lex se sentou num banco da chamada Times Square de Metrópolis. Estava tão exausto que não se ligou que isso podia ser uma má ideia. Enquanto ele não se ligava, tinha a sensação de ter esquecido alguma coisa, era uma sensação quase tão incômoda quanto a de ver um demônio. Jurava que tinha haver com cadeiras alinhadas em circulo, achou isso engraçado. Círculos...

Círculos como as asas de uma fada que passou na sua frente. E algumas que riam juntas a apenas alguns metros dele. Percebeu que riam para ele, que adoráveis. Lex poderia oferecê-las maçãs, tinha algumas guardadas na maleta em ultimo caso. Acredite, nunca se sabe quando precisará de uma maçã. Dependendo da fada ela pode salvar sua vida. Fadas adoram maçãs.

Percebeu mais algumas criaturas que gostam de maçãs. Uma passou voando acima de sua cabeça... um Pégasus.

Foi então que se ligou porque aquilo não era uma boa ideia. Times Square é sinônimo de uma multidão de pessoas. Justamente o que Lex procurava evitar.

Tinha desenvolvido uma certa agorafobia devido às suas habilidades; quando estava dentro de multidões não havia nada e nenhuma criatura que não pudesse ver. Aparecia de tudo.

Inclusive um Pégasus sobrevoando a Times Square.

Respirar fundo.

1... 2... 3... 4...

Expirar.

Tinha aprendido essa técnica com Lisa.

Queria que ela estivesse ali... Reclamaria da ineficiência do exercício.

Lisa...

Oh, Deus.

A reunião!

Lex levantou-se abruptamente e correu o mais rápido possível em direção ao primeiro ponto de táxi que encontrasse.

Podia ligar para seu motorista vir pegá-lo, mas isso levaria minutos. E Lex não gostava de minutos, gostava de segundos.

Isso incomodava muito seus funcionários.

Ao passar pelas fadas, deu um sorriso sedutor e jogou uma maçã para aquela que achava a mais esperta. Sempre corteje as espertas, quanto mais elas gostarem de você, mais chances de conseguir favores no futuro...

Ficou tão ocupado pensando nas suas regras que não percebeu um táxi passar direto por ele.

– Droga! – praguejou ao correr até a beira da calçada, mas era tarde demais.

Passaram se minutos até que conseguisse outro táxi.

Os minutos que seu motorista levaria pra chegar até aqui, pensou irritado.

Odiava imprevisibilidade. Gostava muito mais quando as coisas ocorriam do seu modo. Infelizmente, como Lisa o explicara uma vez, o Universo é um lugar imprevisível que detesta planos e é consideravelmente difícil discutir com ele...

Entrou no táxi, reclamando de seu motorista e do carro e dizendo que se o homem não o levasse o mais rápido possível para a Clínica Psiquiátrica Aquarius ele teria que arranjar outra profissão.

O tom de Lex foi convincente o suficiente; o táxi cantou pneu rumo ao tráfego. Ele só esperava que não chegasse tarde demais e que Lisa não ficasse muito zangada...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha ficado bom, não tenho certeza... Gostei da parte final.
Nota: O poder de Lex foi baseando em Constantine.



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