Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 31
Hein?!




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O verão foi um verdadeiro inferno. Não por causa do calor, mas sim por causa do sumiço de Percy. Íris saiu da aposentadoria e voltou a trabalhar como Auror, já que Ares, o melhor Auror do Ministério, estava sendo procurado por traição. Os alunos de Hogwarts sabiam que teriam um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, só não sabiam que essa pessoa seria pior que as Arai. No último dia de férias, Jason estava se sentindo meio ruim do estômago, mas ainda assim foi com o pai para o Ministério. Thalia passou as férias com Luke e Annabeth, os dois estavam muito abalados, cada um por motivos diferentes. O escritório de Zeus era imenso e aconchegante, Jason só não gostava das nuvens que se formavam na janela.

– Pai, eu acho que vai chover. – ele comentou despreocupado.

– Estou ocupado. – Zeus respondeu lendo uns papeis. Os trajes de bruxo estavam tão cinza quanto às nuvens na janela.

Jason usava calça jeans preta, uma camiseta azul com o símbolo do super-homem, Converse All Star vermelho e jaqueta jeans azul escura. Ele estava sentado no chão, enquanto lia uma das cartas de Leo (todas estavam chamuscadas), com as costas apoiadas em uma poltrona de veludo amarelo mostarda. Então o estômago dele começou a balançar.

– Pai, seu banheiro ainda está quebrado? – ele perguntou achando que ia vomitar.

– Está sim. Pegue o elevador até o terceiro andar. Quarta porta a esquerda. – Zeus disse distraído.

Jason levantou e seguiu as instruções do pai. Mas no meio do caminho a ânsia de vômito passou. Ele tentou voltar para a sala do Ministro da Magia, mas apertou o botão errado e parou em outro andar. Só veio notar o erro quando saiu do elevador, mas não tinha como voltar, pois o elevador já havia ido embora. Então percorreu o local em busca de alguém que pudesse ajudá-lo e encontrou uma sala estranha. Parecia uma cela de prisão. Jason conseguiu abrir sem problema algum e encontrou uma garota ruiva dormindo numa cama de molas. A menina lhe era familiar. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa para acordá-la, viu o maldito espelho. O Espelho de Ojesed. Ele ainda sonhava com o que o espelho lhe mostrou em seu primeiro ano em Hogwarts. Aquela imagem que o fez congelar e quase o fez ser morto pelo professor Mercúrio Stoll se não fosse por seu primo Percy Jackson.

As pessoas pensavam que a mãe de Jason estava viva. E Hera fazia com que todo mundo (que sabia que Jason e Thalia não eram filhos dela com Zeus) acreditasse nisso. Ele mesmo mentiu uma vez para Percy dizendo que havia passado o verão inteiro com a mãe, quando na verdade tinha ido para um acampamento de verão. A mãe dele morreu quando o menino tinha três anos. Acidente de carro. Por isso que Thalia morria de medo de dirigir; ela também tinha medo de voar, mas Zeus a fez engolir o medo e virar capitã do time de Quadribol da Grifinória. “Você tem que honrar meu legado. Não ligo se você tem medo de voar. Você VAI jogar Quadribol e não há discussão!” essas foram as palavras que o Ministro da Magia usou. A menina se levantou e arregalou os olhos quando viu o loiro.

– Jason Grace? – ela disse assustada. – Como você chegou aqui?

– Como sabe meu nome? – Jason disse assustado.

– Longa história. Meu nome é Rachel. Rachel Elizabeth Dare. Você tem que sair daqui. – ela disse se levantando.

– Por quê? O que está acontecendo? Por que te mantém como prisioneira?

– Saia daqui! – ela o empurrou, mas ele era mais forte.

– Não até você me contar o que eu quero saber? – ele disse liberando faíscas pelo corpo.

Rachel Elizabeth Dare suspirou. Ela parecia exausta, mas ainda assim conseguiu fechar a porta para que eles pudessem conversar. Ela sentou na cama e encarou a janela com barras de segurança.

– Eu sou amiga do Percy. A mãe dele era minha professora na Academia Claron para Moças. A melhor professora de inglês que eu já tive. – ela deu um fraco sorriso.

– Isso não explica porque você está aqui. – ele disse sentando ao lado dela.

– Eu sou especial. Posso ver o futuro. Um Oráculo se preferir. Oráculos não são muito comuns no Mundo Bruxo e as probabilidades de que um trouxa seja um? Acho que estamos falando de infinito contra zero. Ainda assim... – ela forçou um sorriso amarelo. – Cá estou!

– Estão te mantendo prisioneira aqui. – ele disse com compaixão.

– Sim. Seu pai diz que é para minha própria segurança. Disse que se eu caísse nas mãos erradas, eu iria sentir saudades dessa cela. De certa forma ele está certo. Se eu cair nas mãos de Gaia, eu serei... maltratada, no mínimo. O problema é que seu pai acha que ele está lutando contra seu avô Cronos. – Rachel disse calma.

Jason sabia que o Ministério continuava negando que quem havia retornado era Gaia. Para o Mundo Bruxo, quem havia voltado era Cronos. Percy, Annabeth, Luke, Zoë e Dédalo foram tachados como mentirosos. O único lado bom era que Ares era um fugitivo de qualquer jeito.

– Meu pai não deveria te deixar aqui. – ele disse triste. – Vou conversar com ele. Para te mandar para um lugar mais seguro.

– Não. Você não entende. Infelizmente aqui é o único lugar seguro para mim.

Jason não era tão bom lendo as pessoas como Reyna. Mas pode ver que ela fala a verdade.

– Então porque você está tão infeliz se aqui é o único lugar seguro para você?

– Esse espelho. Ele mostra o que as pessoas mais querem na vida. Eu vejo meus pais orgulhosos de mim. Mas os Aurores me apagaram das memórias deles. – ela disse com o rosto abaixado.

Ele sabia como Rachel se sentia. Levantou e encarou o espelho. Viu Zeus com um sorriso grande, usando um terno risca cinza, com uma gravata azul combinando com os olhos. Os cabelos e barba negra estavam bem arrumados. Thalia usava as mesmas roupas de sempre, calça preta rasgada, botas, camiseta do Green Day, delineador pesado e pulseiras de roqueira. Mas ela dava um belíssimo sorriso. Abraçada a Zeus estava sua mãe. Beryl. Cabelos loiros lisos iguais aos dele, olhos azuis elétricos assim como os filhos. Usava um vestido de festa azul e parecia uma estrela de cinema de tão bela. O rapaz pode ver no rosto dela o que ele e irmã haviam herdado. Jason era a versão masculina da mãe enquanto Thalia era a versão feminina do pai. A imagem dele no espelho era a mesma dele na realidade, só que sem a cicatriz na boca e um sorriso de felicidade.

– O que você vê? – ela perguntou serena.

– Minha família. Junta e feliz. Minha mãe viva. – ele disse com lágrimas escorrendo pela bochecha. – A primeira vez que vi esse espelho, eu fiquei paralisado com a imagem. Não conseguia me mover. Simplesmente... hipnotizado.

– Nossos maiores sonhos e desejos tem esse poder. – ela disse levantando e ficando de frente para o espelho, ao lado do rapaz. – Alguns podem se realizar, enquanto outros... machucam mais do que a própria realidade.

Jason ficou encarando o reflexo da mãe. Ele nunca havia se perdoado por não ter ajudado Percy naquela noite. Da mesma forma como não havia se perdoado por não ter levado Leo e Piper com ele naquela aventura. Os amigos entenderam que ele não os chamou porque seria perigoso, mas ainda assim, Jason não se perdoava.

– Você sabe onde está o Percy não é? – ele disse virando para encará-la.

– Uhm hum. – ela disse e sentou na cama.

– Por favor, diga-me.

– Entenda Jason Grace, seu primo precisa ficar sozinho. Amanhã você descobrirá o motivo. E em breve, quando você e os outros seis vierem aqui para o Ministério... você entenderá porque ele sumiu. Agora volte para o seu pai, menino. Antes que ele perceba que você está demorando demais. – Rachel deitou e fechou os olhos.

Jason ficou com dó de deixar aquela menina ali. Mas terminou fazendo o que ela pediu. Ele não sabia por que, mas confiava em Rachel. Naquela noite contou tudo para Thalia, ela apenas escutou atentamente e disse que não era para mencionar NADA disso para Annabeth. Falsas esperanças tinham um poder mais devastador do que uma bala.

– Não acha que a coitada precisa de alguma notícia? – ele rebateu.

– Não, não acho. Se for mentira, ela vai surtar e ainda vai te bater. – ela respondeu terminando de arrumar as malas para a escola.

– Deveríamos falar isso para a Legião. Sabe, sobre a menina.

– Acho que a Legião sabe. Lembre-se de usar camisetas de manga comprida depois do banho, o feitiço de camuflagem demora a fazer efeito depois que você entra em contato com a água. – ela orientou.

Thalia e Jason tinham a mesma tatuagem no punho direito. Uma águia em cima das iniciais SPQR. Era o símbolo da Legião. A Legião foi criada na Primeira Guerra Bruxa. Era uma espécie de CIA do Mundo Mágico. O intuito era operar nas entrelinhas para derrotar Gaia na Primeira Guerra e Cronos na Segunda Guerra. Em ambas as guerras, a Legião teve sucesso. Agora que estava para começar a Terceira Guerra, a Legião voltou à ativa, com novos membros e ainda permanecendo em silêncio. Como o Ministério continuava afirmando que Gaia não havia voltado e atacava política e socialmente todos que dissessem que o mal que havia retornado não era Cronos, os membros da Legião se viram obrigados a esconderem as tatuagens que sempre se orgulharam tanto de usar.

– Eu ainda me pergunto como entrei. – Jason confidenciou, ele estava sentado em um pufe no quarto sombrio e revoltado da irmã.

– Não seja bobo Jason. Todos os Legionários são bruxos extremamente poderosos e com bom senso. Se a tia Héstia te chamou é por causa dos seus poderes. – ela disse cansada de dizer a mesma coisa pela milésima vez.

– Eu sei. Mas é que... sei lá. O papai pertenceu a Legião durante a Segunda Guerra e ainda assim ele continua sendo um idiota.

– Por isso que ele não pode saber que a gente faz parte. Então mantenha sua boca fechada e use camisetas com manga comprida depois de tomar banho. Agora saia do meu quarto, eu quero dormir.

Jason suspirou e foi para o próprio quarto. Era um lugar extremamente organizado para um rapaz de quinze anos. Ele mesmo se julgava alguém arrumado, enquanto todo mundo dizia que ele era perfeitinho até demais. As malas para Hogwarts já estavam prontas e tudo estava organizado, como sempre. Ele colocou o pijama e foi para a janela observar a Vila Olímpia. Amava aquele bairro. Do quarto dele dava para ver a janela do quarto de Piper, só que as luzes estavam apagadas. O rapaz olhou para o relógio e viu que era muito tarde, ela provavelmente estaria dormindo. Então apagou as luzes e foi dormir. Pela primeira vez na sua vida, teve um sonho estranho. Estava nas ruínas da Casa dos Lobos. Rachel Elizabeth Dare estava no que um dia foi uma piscina, Percy estava lá ao lado de Annabeth. Os três olhavam para o céu. Uma tri reme grega imensa de madeira descia do céu. Leo, Piper, Hazel Levesque e Frank Zhang estavam a bordo acenando. Leo, Piper, Annabeth e Rachel usavam a mesma camiseta laranja com um desenho de um pégaso negro. Enquanto Hazel, Frank e Percy usavam a mesma camiseta roxa com duas folhas de louro cor de ouro. Só que todos pareciam ser mais velhos. Tipo uns dezesseis anos.

MUITO longe dali, Percy acordou com a cabeça meio tonta. Sentiu o cheiro de café. O quarto que ele estava era estranho. Havia uma cicatriz em sua barriga. Ele se levantou com dificuldade, pois suas pernas pareciam que não podiam sustentar o próprio corpo, como se não comesse há anos. Colocou-se na frente do espelho meio sujo no pequeno quarto. Ele estava muito mais alto do que se lembrava, o cabelo estava muito grande, a mecha cinza lhe era familiar. Ele estava muito magro mesmo. A única coisa nele, fora a calça jeans rasgada, que parecia certo, era o colocar com cotas no pescoço.

– Você acordou. Finalmente. – disse um cara gorducho.

Era um sátiro, disso Percy tinha certeza. Barba rala, cabelos castanhos encaracolados e roupas de ginástica.

– Quem é você? – ele disse com a voz seca.

– Gleeson Hedge. Você não me conhece, mas sou seu amigo.

– Como posso ser amigo de quem não conheço?

– Acordou mais inteligente do que era. Isso é um bom sinal. – Hedge riu e estendeu uma bandeja com frutas para ele. – Coma garoto, você deve tá faminto.

– Onde é que eu tô? O que aconteceu?

– Calma aí cupcake. Uma coisa de cada vez. – Hedge fingiu sorrir. – Coma e descanse, está bem? Seus pais vão chegar a qualquer minuto.

– Meus... pais...? – ele estranhou.

– Ah! Ele acordou! – disse uma voz de adolescente. Um sátiro com o rosto cheio de espinhas apareceu ao lado de Hedge. Usava uma camiseta verde escura lisa com mangás curtas e tinha um sorriso imenso no rosto. – PERCY! – berrou e o abraçou. – É tão bom te ver acordado! Não sabe o susto que nos deu!

– Ah... ok... er... quem é você? – Percy disse sem jeito.

Grover sentou ao lado dele na cama, assustado com a resposta do amigo.

– Como assim quem sou eu? Eu sou Grover! Grover Underwood. Seu melhor amigo! – exclamou.

– Meu melhor amigo é um sátiro? Legal! – sorriu.

– Percy... você... ah... – Grover disse e olhou para Hedge. – Você sabe quem é Luke Castellan?

– Não. – deu de ombros.

– Zoë Doce-Amarga? – Grover disse olhando para o amigo.

– Que nome engraçado. – Percy riu.

– Sally Jackson? – disse Hedge.

– Quem é essa? – ele deu de ombros.

Os sátiros se entreolharam nervosos.

– Do que você se lembra? – Grover perguntou.

– Que meu nome é Perseu, mas eu prefiro que me chamem de Percy. Lembro que eu sou um bruxo e que estou muito mais alto e magro do que a última vez que me olhei no espelho. Mas não lembro nada mais específico que isso. – ele disse calmo.

Grover e Hedge trocaram olharam nervosos. Percy sabia que ele não era inteligente, mas não precisava ser um poço de inteligência para saber que havia algo errado.

– Percy... você sabe quem é Gaia? – Grover disse tentando não parecer nervoso.

– Não. É uma amiga sua? – ele respondeu sereno.

– Não. Ela é sua bisavó. – Grover contou toda a história das duas primeiras Guerras Bruxas. Na verdade ele contou tudo. Percy era um melhor ouvinte quando estava com amnésia. – E bem... depois de Dédalo salvar você e os demais... bem, vocês foram para a enfermaria, é óbvio...

– Quer chegar logo no ponto? Estou começando a ficar entediado! – disse Hedge.

Percy viu uma garota belíssima passar no corredor. Pele verde clorofila, olhos verdes como esmeraldas, cabelos cor de mel. Usava um vestido branco com detalhes dourados, com uma flor rosa presa no cabelo.

– Aquela é a Júniper. Minha namorada. – Grover disse com um sorriso e as bochechas corando.

– Ela é bonita. – Percy disse.

– Obrigado. Podemos voltar ao assunto?

– Claro. Eu só não entendi porque você tá me contando isso tudo.

– Isso tudo é a sua vida, Percy. A nossa amizade, sua família, seus amigos... é o que você precisa saber. Gaia não voltou por completo. Ela tem duas opções, se recuperar e descansar, ou matar você e usar seu sangue/carne/ossos para, de um segundo pro outro, voltar a sua força normal e sair por aí matando meio mundo. E qual dessas opções você acha que ela irá escolher?

– Me matar. – ele disse ficando nervoso.

– Exatamente. – disse Grover.

– E por mais que eu adore uma boa matança, aquela lá é doida. – disse Hedge.

– Ele é normal? – Percy sussurrou apontando para Hedge.

– Defina normal. – Grover sussurrou.

– Eu posso ouvir vocês. – Hedge disse fingindo estar com raiva.

– Percy?! – uma voz doce chamou.

A mulher que apareceu era belíssima. Cabelos cor de caramelo, olhos azuis como o céu, algumas pouquíssimas sardas no rosto. Usava calça jeans cinza, vans preta, uma blusa social branca e os cabelos soltos. Percy se viu um pouco no rosto dela. A mulher adentrou no quarto rápido e o abraçou muito forte, com lágrimas caindo dos olhos.

– Graças aos deuses você acordou meu amor! – ela disse aflita. – Você quase nos matou do coração!

– Oi. – ele disse sem jeito.

Um homem alto apareceu atrás de Hedge. Barba e cabelos negros, olhos verdes como o mar e um sorriso caloroso. Usava bermuda marrom, sandálias de dedo, uma camiseta havaiana e tinha a pele queimada do sol; parecia um pescador experiente.

– Sally, ele está com amnésia. – Grover disse levantando da cama e Poseidon entrou no quarto.

– Ao menos está vivo. – ela disse beijando o rosto do filho. – Percy, eu sou sua mãe, Sally. E esse é seu pai, Poseidon.

– Você nos deixou preocupado, campeão. – Poseidon deu um abraço no filho.

– Olá. – Percy disse tímido.

– Anda, vamos deixá-los a sós. – Hedge disse para Grover e os dois sátiros saíram.

– O que aconteceu? – Percy disse procurando uma camisa para vestir, encontrou uma cor laranja que lhe parecia extremamente familiar.

– Nós ficamos com medo de que Gaia tentasse atacar a escola para te pegar e o levamos para um lugar seguro. – disse Poseidon. – Aqui, ela não pode te fazer mal.

– Tatuagens maneiras. – ele disse apontando para o punho direito de ambos.

Um tridente em cima das iniciais SPQR. Sally explicou o que era a Legião. Disse também que o governo achava que ele havia sido raptado ou simplesmente sumiu. Mas esse era o plano, apenas os membros da Legião sabiam onde o menino estava escondido, pois poderia haver espiões no Ministério e Zeus não andava bem da cabeça.

– Você ficou em coma. Quando derrubaram o caldeirão, você bateu a cabeça numa pedra e entrou em coma. Estávamos relutantes em deixar que a magia dos sátiros te curasse, mas depois de quase três meses, pedimos que Hedge tentasse lhe acordar. E funcionou. Tem uma semana que ele vem tocando melodias para te acordar e finalmente fez efeito. – ela disse beijando o rosto do filho.

– Então... essa CIA do Mundo Bruxo, está me protegendo já que o trabalho deles é derrotar Gaia com o mínimo de estragos possíveis? Mas agora estão na clandestinidade porque meu tio surtou de vez? – Percy disse.

– É basicamente isso. – Poseidon respondeu.

– Por quê? – o rapaz perguntou.

– Por que o que filho? – Poseidon franziu a testa.

– Porque eu? Porque Gaia precisa de mim?

O casal se entreolhou apreensivo.

– Não sabemos. Mas o que importa agora é que você acordou e está bem. Amanhã você pode voltar para sua rotina normal. Ah! É o primeiro dia de aula! Você acordou em tempo de ir para a escola! – Sally disse animada (como se isso fosse coisa boa).

– Eu perdi meu verão inteiro em coma e vocês querem me obrigar a ir para a escola?! – ele exclamou. – Vale ressaltar que eu ainda estou com amnésia?!

– Não se preocupe. Veneno de Górgona cura muita coisa, inclusive amnésia. – Poseidon deu de ombros.

– Vocês querem me dar VENENO?! – Percy exclamou.

– Calma querido. – Sally repreendeu Poseidon com o olhar. – O nome pode ser veneno, mas os efeitos são positivos.

– Como é que eu sei que vocês não estão mentindo para mim? – ele disse desconfiado. – Que não querem me matar ou coisa do gênero?

Di Immortales, Percy! Somo seus pais! – Poseidon pareceu que ia rir.

– Juramos pelo rio Estige, agora se acalme meu bem. – Sally sorriu.

Em algum lugar na mente de Percy, ele sabia que “jurar pelo rio Estige” era algo poderoso. Ele também sabia que havia faltar fazer a semana de provas finais de Hogwarts, o que provavelmente queria dizer que ele havia repetido o ano. Só não sabia como é que sabia disso.

– O que é que vocês irão dizer pra esse tal Ministro? – ele perguntou.

– Diremos que você simplesmente apareceu na casa de Grover, sem memória. Já arquitetamos tudo há meses, não precisa se preocupar. – disse Sally.

– Essa aqui é a casa de Grover? – ele parou para analisar o quarto feito de madeira. – Não me parece muito ecológico para um sátiro.

– Os Underwood moram dentro de um tronco de baobá. E usam um pouco de magia do encolhimento. Algo muito comum no mundo bruxo. – disse Poseidon. – A carruagem de Zeus, as barracas da Copa Mundial de Quadribol... esse tipo de coisa.

– Quadri o que? – Percy levantou uma sobrancelha.

– Deixa pra lá. O que importa é que você está bem. – Sally o abraçou. – E trouxemos suas coisas. Material escolar novinho. Assim como roupas e tênis. Blackjack está até te esperando lá fora junto com Tyson.

– Quem são Blackjack e Tyson? – Percy coçou a cabeça.

Novamente o casal se entreolhou, apreensivo.

– Blackjack é seu pégaso. Você o salvou há alguns anos e ele disse que devia a vida a você, te segue pra tudo quanto é canto. – disse Poseidon. – E Tyson é seu meio-irmão. Ele é um ciclope, mas é a pessoa mais doce que conheço.

– Meu meio-irmão é um ciclope? MANEIRO! – sorriu. – Pera, se ele é meu meio-irmão... então... vocês se divorciaram quando eu tinha quantos anos?

Mais uma troca de olhar.

– Você tinha três. Seu pai quase casal com a mãe de Tyson, mas ela faleceu dando lhe a luz. Algum tempo depois seu pai e eu voltamos. E... bem... estávamos casados até sete meses atrás. – Sally disse com um nó na garganta. – Querido, eu sinto muito que você tenha que descobrir que nós nos separamos. Principalmente por você estar com amnésia e ter passado três meses em coma...

– Mas ainda somos amigos, Percy. Sua mãe está morando na vila Olímpia, onde eu sempre mantive a casa que me foi deixada de herança. Eu continuo morando em nossa antiga casa e você pode escolher com qual dos dois quer morar nas férias. – Poseidon forçou um sorriso. – Mas quero que saiba que nós te amamos filho. Não nos separamos por causa do que aconteceu com você.

– Nós vínhamos brigando há anos, antes mesmo de você entrar em Hogwarts. E no último janeiro, decidimos que seria melhor que cada um seguisse seu rumo. – Sally finalizou.

Percy apenas concordou com a cabeça. Ele não se importava se os pais estavam juntos ou não. Nem conhecia aqueles dois. Não sabia nada sobre eles, fora que ele pertencia a uma das nove, vulgo doze, famílias mais poderosas e ricas do Mundo Bruxo por parte do pai. E que a relíquia da família era uma caneta que virava espada chamada Anaklusmos que não tinha tinta. Percy ficou feliz em conhecer os pais de Grover, até porque algo na mente dele dizia que ele não conhecia o senhor e a senhora Underwood. Gleeson Hedge era amigo do pai de Grover desde os tempos de escola. Júniper era bem legal e gentil. Ao ver Blackjack e Tyson, o rapaz teve a forte sensação se que havia vivido poucas e boas com eles e logo já eram melhores amigos. Apesar de que Percy quase vomitou quando voou em seu pégaso.

Tudo parecia fazer sentido. Tudo parecia certo. Mas ainda assim ele estava receoso de dividir a única memória que ele realmente tinha. Realmente lembrava que era um bruxo e que seu nome era Perseu, mas mentiu quando disse que não tinha nenhuma memória. Lembrava-se do rosto dela. Do sorriso, do cheiro. Do quão magnífico era o som de sua risada. A pele clara como leite, os olhos cinza como um dia de tempestade, cabelos loiros como ouro. Era a descrição de mulher perfeita. Sabia que aqueles olhos amedrontadores, sérios e pragmáticos escondiam bondade, doçura e carinho. De certa forma, ele sentia-se atraído por ela. Não pela beleza. Ela era linda, de fato. A mais bela de todas. Mas ainda assim, sabia que não havia se apaixonado por ela por causa de sua aparência. A memória? Um breve momento em um pátio aberto, com uma aurora boreal belíssima no céu, neve caindo e ambos usando trajes de gala no estilo grego antigo. Estavam quase se beijando. E a memória acabava aí. Queria encontrá-la! TINHA QUE encontrá-la! Tinha que finalmente finalizar aquele tão esperando beijo. Não sabia como, mas sabia que iria beijar Annabeth Chase.


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