Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 32
Juno Cowy




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Annabeth não se preocupou SÓ com o sumiço de Percy durante as férias. Felizmente ela virou moça tarde. Sabia que as mulheres de sua família tinham cólicas insuportáveis, pelo menos só veio descobrir o quão dolorosas eram aos quinze anos. E esse foi o pior presente de aniversário da história. Minerva lhe mandou um pacote de chá de aniversário. No começo, ela achou que a tia estava ficando louca, mas o tal chá curava essas cólicas, meia hora depois de ingerido. Ela procurou pelo amigo em todo o vagão do Expresso de Hogwarts, mas não o encontrou. Terminou indo com Hylla, Reyna, Katie e Miranda. Nem mesmo as primas do rapaz tinham alguma notícia e isso a deixou meio deprimida. Annabeth notou algo estranho nas gêmeas Gardine. Ambas haviam feito a mesma tatuagem no punho direito, tochas cruzadas com uma espiga de trigo entre as tochas, embaixo havia as iniciais SPQR.

– Tatuagens legais. – ela comentou distraída.

– Valeu. É um negócio de família. – Miranda disse desdobrando a manga da camiseta social. Estava quente demais para não dobrar as mangas da farda.

– Eu juro que se eu tiver que eu ouvir a McLean falar mais uma vez sobre “vamos tricotar meias para libertar os elfos da escola” eu vou eletrocutá-la! – Thalia disse entrando na cabine, estressada.

– Ela ainda tá nessa história? – disse Katie. – Tem o que... uns dois anos que ela faz isso?

– Ouvir dizer que o Grace espetou o dedo uma vez na agulha e Valdez ficou chamando-o de Aurora pelo resto do ano letivo. – disse Hylla.

– Não sei por que vocês são tão malvadas com o Jason. Ele nem desmaia tanto assim. – Reyna cruzou os braços.

As meninas se entreolharam e caíram na risada. Annabeth sabia que Reyna tinha uma quedinha por Jason. Mas não por ela ter contando. Só era meio óbvio e todo mundo sabia disso.

– Souberam quem será a nova professora de Defesa Contra As Artes Das Trevas? – Thalia perguntou.

– Não, quem? – disse Hylla.

– Juno Cowy. – ela respondeu séria.

– Juno Cowy tipo A Juno Cowy? – Annabeth surpreendeu-se.

– Quem é Juno Cowy? – Miranda perguntou.

– Uma juíza do Ministério. Ela é famosa pelas torturas. Obviamente não autorizadas e tão bem encobertas, que nunca acharam provas para demiti-la. – disse Annabeth. – Ela é um monstro em forma de gente.

– Todos os monstros são gente. – Katie disse friamente.

– Como é que Júpiter contratou alguém tão cruel e sádica como ela? Ele está louco? – Reyna perguntou.

– Não foi Júpiter quem a contratou. Meu pai é quem obrigou Hogwarts a aceitá-la como professora. – Thalia disse cabisbaixa. – Pelo que Júpiter escreveu nas cartas para Jason, todos os professores estão irados com isso. O Ministério nunca controlou escola nenhuma, muito menos Hogwarts.

– Tô com o pressentimento de que esse ano vai ser pior que os campos de punição. – disse Hylla.

E ela estava certa. Como sempre, Quíron foi com os novatos de barco e os veteranos foram nas bigas. Annabeth se separou do grupo de amigas quando viu Clarisse La Rue sozinha. Ela sabia que desde o fim do ano anterior, quando Ares foi considerado traidor, ninguém mais quis falar com ela, nem mesmo Sherman e Mark. Annabeth subiu na biga, deu partida com as rédeas e prestou atenção no caminho.

– Por que está fazendo isso? – Clarisse disse com a voz rouca, como se estivesse segurando o choro.

– Eu sei muito bem como é ser diferente do seu progenitor e ainda assim o mundo achar que você é igual a ele. – ela disse com os olhos na estrada. – Conheço você Clarisse. Você não é uma pessoa má. Apenas é uma pessoa cujo coisas más aconteceram.

– Obrigada. E desculpa pelo o que meu pai fez...

– Não precisa pedir desculpas. Não sinto raiva de você. Deveria pelo que você fez comigo no primeiro ano. Mas não consigo.

Clarisse passou o resto da viagem calada. O salão principal estava lotado. Vozes e mais vozes, mesmo depois do jantar ter sido servido. Júpiter anunciou sem nenhuma empolgação a professora Juno Cowy. A mulher só usava rosa, tinha cara de psicopata e uma risadinha que faria Dalai Lama ter uma crise de nervos. Aquele seria o último ano de Thalia, Silena, Katie, Miranda, Hylla, Connor e Travis em Hogwarts. Luke, Beckendorf e Ethan Nakamura haviam se formado no ano anterior. Luke estava trabalhando como estagiário em Gringotes contra sua vontade, enquanto Beckendorf havia montado uma oficina mecânica no mundo trouxa. Pelo que se sabia, Nakamura estava trabalhando com a mãe, Nêmesis, no Ministério da Irlanda. Em toda sua história, o discurso do diretor nunca foi interrompido, até aquela noite. Juno deu uma de suas risadinhas irritantes e começou a falar coisas tão chatas que até Annabeth quis cair no sono.

– Obrigada diretor, pelas doces palavras de boas vindas. – ela disse com sua vozinha irritante. – Como é adorável ver tantas carinhas radiantes, sorrindo para mim. – ninguém sorriu. – Aposto que seremos todos grandes amigos. Muito bons amigos. O Ministério da Magia sempre considerou a educação de jovens bruxos e bruxas de vital importância. E apesar do diretor ter trazido muitas coisas novas para esse novo ano letivo nessa escola histórica... o progresso pelo progresso não será aturado. Vamos preservar o que deve ser preservado. Aperfeiçoar o que for possível aperfeiçoar. E cortar práticas que devem ser proibidas. – finalizou com a risada insuportável.

Júpiter aplaudiu e conseguiu puxar uns aplausos frouxos da Grifinória, mas só.

– O que isso significa? – Daniel perguntou na mesa da Corvinal.

– Significa que o Ministério irá controlar Hogwarts. – Drew respondeu séria.

Katie, Miranda, Reyna, Nyssa, Lacy, Malcolm, Lacy e Hylla olharam assustados para Drew. Nunca a haviam visto tão séria ou falando algo que prestasse. Annabeth olhava para a mesa da Lufa-Lufa. Will, Chris, Dakota e Frank pareciam tristes e guardavam o lugar vazio de Percy.

– Obrigado professora Cowy. – Júpiter disse recuperando-se do choque por ter sido rudemente interrompido. – Antes de mais nada, Tântalo pediu para lembrar que o corredor do terceiro andar na ala... Jackson? – ele ficou pálido.

– Desculpem-nos pelo atraso, mas ele perdeu o trem de novo. Dessa vez o Salgueiro Meio-Sangue não se machucou! – Grover disse, sorrindo.

Todos os alunos olharam em direção ao portão de entrada do salão. Parado com uma cara de assustado estava Percy Jackson, sendo guiado por Grover. O sátiro vestia calça jeans, tênis falsos, uma boina para esconder os chifres e uma camiseta laranja com as siglas CHB em grego antigo. Percy usava o uniforme, a gravata da Lufa-Lufa estava afrouxada e ele parecia hipnotizado com tudo que via como se estivesse entrando no local pela primeira vez. Nenhum aluno disse nada. Os professores estavam tão pálidos quanto os irmãos di Angelo. Nico parecia um dos fantasmas do castelo de tão branco que estava. Annabeth não se aguentou, levantou da mesa da Corvinal e foi de encontro aos amigos. Ela simplesmente não se controlava, foi simplesmente reflexo.

– Quem é esse garoto? – Juno disse sentindo-se ofendida pelo rapaz entrar daquela forma no salão principal. Ainda mais com um sátiro. – Menos cinquenta pontos para a Lufa-Lufa! – exclamou.

O choque por vê-lo era tão grande, que ninguém da Lufa-Lufa disse nada. O silêncio era mortífero. O único barulho que se ouvia era dos passos de Annabeth. O coração de Percy parecia que ia explodir. Só de vê-la. Só de saber que ela era real. Que sua mente não estava pregando peças. Ela realmente existia. E era mais linda ao vivo do que em suas memórias. A expressão no rosto dela era indecifrável. Grover deu um sorriso alegre para Annabeth, mas ela só queria saber de Percy.

– Oi. – o filho de Poseidon gaguejou. – Anna...

Ele não pode terminar a frase, pois ela deu um golpe de judô nele, fazendo-o cair no chão e o imobilizou com o braço direito, lágrimas escorriam de seu rosto. Pressionou a cabeça dele contra o chão, alguns alunos se impressionaram com a reação de Annabeth, mas ninguém disse nada. Nem mesmo os professores. Já era tão normal ver aqueles dois brigando ou se batendo que era meio esperado que ela reagisse daquela forma.

– Se você ousar a fazer isso de novo... – ela disse com raiva.

– Considere-me avisado. É bom te ver de novo Sabidinha. – ele sorriu.

Um asteroide podia atingir a terra, Gaia podia dizimar o Mundo Bruxo, podia cair uma bomba atômica sobre a escola... mas nada mais importava. O sorriso dele era o suficiente. O fato de ele estar ali vivo e bem era o suficiente. Vê-lo ali, tê-lo ali... tudo isso já valia pela vida inteira. Annabeth tirou a perna do esterno dele e levantou, oferecendo a mão para ajudá-lo. Percy continuou sorrindo e aceitou. Assim que levantou ele a abraçou com força. Ela se assustou com o abraço, mas terminou fechando os olhos e deixando que o maravilhoso cheiro de maresia dele inundasse sua mente. Então, finalmente, a escola inteira começou a se animar, todos os alunos gritaram de alegria. Quase todo mundo ali shippava eles! Grover não se aguentou e abraçou os dois.

– SE BEIJEM LOGO! – Silena gritou.

– AÊ PERCY! – Leo gritou.

– POR FAVOR, SE CASEM! – Will animou a escola inteira.

– CALADOS! – Juno gritou e todo mundo se calou, sentou e abaixou a cabeça com medo. Ela andou até os dois com raiva, mas ainda assim sustentava uma expressão de doçura, o que era mais assustador do à própria Gaia em si. Ela suspirou quando chegou à frente do trio, Grover se encolheu atrás de Annabeth, enquanto o casal dava um meio abraço. – Senhorita Palas, esse não é o comportamento adequado para um aluno da Corvinal.

Na mesa dos professores, Minerva revirou os olhos, claramente irritada com a nova professora.

– Devo lhe lembrar de que sua casa preza pelas regras dessa instituição e pelo bom comportamento. – Juno disse com um olhar assustadoramente repreensivo. – E essa é uma escola para bruxos. Nem outro ser mágico deve entrar na propriedade que não seja para servir de cobaias ou para servir de exemplos durante as aulas. – disse jogando um olhar de ódio para Grover.

Annabeth deu um passo à frente, se livrando do meio abraço de Percy e levantou a cabeça, pronta para encarar a nova professora.

– Minha casa preza a gentileza, a perspicácia e a inteligência. – ela disse firme. – Não estou aqui para ser um modelo de perfeição e muito menos para obedecer às ordens do Ministério. Grover Underwood já ajudou a escola em diversas ocasiões e eu não irei permitir que você ou qualquer outra pessoa seja mal educada com ele ou preconceituosa. Se tiver algum problema sobre meu comportamento e meu senso se justiça... por favor, mande uma mensagem de Íris para minha mãe. Sua chefe. Creio que ela ficará feliz em lhe dar uma resposta mais humilhante que essa.

Todos os alunos e professores pareceram segurar o riso, até mesmo o pessoal da Sonserina. O rosto de Juno ficou vermelho de raiva, ela deu meia volta e foi se sentar em seu lugar na mesa dos professores. Grover deu um suspiro imenso de alívio e Percy continuou sem entender nada. Dessa vez não foi culpa da lerdice dele e sim da amnésia.

– Palavras... acolhedoras, senhorita Chase. – Júpiter disse, também segurando o riso. – Senhor Jackson, minha sala, por favor. Senhor Underwood... é muito bom vê-lo, apareça mais. – ele piscou para o trio. – Os demais, terminem seu jantar e vão para cama, as aulas começão amanhã cedo.

Percy não quis ir para a sala do diretor. Queria ficar com Annabeth. Mas o sorriso de felicidade dela o convenceu de que tudo estava bem. Ele estava encantado com a escola e com tudo o que via. Algo em sua mente dizia que a tal de Juno era malvada e não pertencia ao regular de Hogwarts. Para a sorte dele, apenas a professora de transfiguração, o diretor e a professora de herbologia estavam esperando-o para uma conversa. Ele não precisou dizer nada, aparentemente, Poseidon falou com o diretor antes dos demais alunos chegarem à escola e o atualizou da situação. Ceres Gardiner, que era a professora responsável pela Lufa-Lufa, garantiu que acompanharia o menino de perto e o ajudaria com qualquer dúvida. Minerva Chase explicou para ele que naquele ano haveria as N.O.M.’s para os alunos do quinto ano, Percy não entendeu quase nada o que lhe foi explicado sobre esse exame.

– Não há muito que se preocupar senhor Jackson. – Minerva disse. – Pelas suas notas nos últimos anos da escola, eu creio que o senhor irá se sair razoavelmente bem em todas as provas que levam a carreira que o senhor quer seguir.

– E qual é a carreira que eu quero seguir? – ele coçou a cabeça, confuso.

– Auror. – Ceres sorriu. – Você me disse ano passado que queria ser um Auror. Lutar pela justiça contra aqueles que menosprezaram as minorias. Louvável motivo, diga-se de passagem.

Ele corou. Ceres o levou para o salão comunal da Lufa-Lufa e explicou para os demais alunos da casa que o rapaz estava sem memória e pediu compaixão. Mas não parecia que o pessoal ali ia dar ouvidos a diretora da casa. Quase nenhum deles pareceu amigável ou legal com Percy, mesmo todos tendo comemorado a aparição dele no salão principal meia hora antes. No quarto, os colegas explicaram o motivo.

– Não liga não Percy, essa não é a primeira vez que o pessoal fica com raiva de você. – Frank disse comendo chocolate.

– Eu sou tão chato assim? – ele perguntou enxugando o cabelo, havia acabado de sair do banho.

– Você? Chato? – Dakota caiu na gargalhada. – Cara, não! Você é o oposto de chato!

– Você salvou a vida do Octavian ano passado. Ele ia morrer afogado no Lago Negro, mas você foi nobre o salvou. – Chris disse roubando o chocolate de Frank.

– Tá legal que ele morreu meses depois, mas não foi sua culpa. – Will acrescentou.

– Cara! – Dakota exclamou. – Dá pra ser mais delicado?!

– É o Will! Ele é tão delicado quando o Hans de Frozen! – Frank riu.

Will jogou um travesseiro na cara do amigo.

– A culpa não é sua se a escola inteira acha que você, Annabeth, Dédalo, Zoë e Luke são mentirosos. Mas nós acreditamos em você! – Frank sorriu.

Ele levantou da cama e foi até a cama de Percy dar um abraço de urso no amigo. Os meninos caíram na risada. Então o rapaz notou uma tatuagem recente no punho do amigo bebê panda, sendo escondida pelas mangas da camiseta vermelha. Duas lanças cruzadas com a sigla SPQR em baixo. Lembrava as tatuagens que seus pais tinham nos pulsos. A tatuagem da Legião.

– Sentimos sua falta. – Frank disse feliz.

– Vocês são legais. E obrigado por acreditarem em mim. – Percy conseguiu sorrir.

– Você é nosso amigo, cara. – Dakota sorriu.

– Tem mais, qualquer um que consiga ser o par da Drew em um baile, merece todo o crédito do mundo! – Chris brincou.

A brincadeira começou. Rolou guerra de doces e bolachas. Percy se sentiu tão bem que teve certeza de que aquilo era algo normal. Os meninos eram bem divertidos e amigáveis. Eles até prometeram ajudá-lo com o horário de aula e as coisas relacionadas à casa. Depois da guerra de travesseiro e do monitor chefe reclamar com eles sobre o barulho, os amigos se acalmaram e foram dormir. Na manhã seguinte, apenas os colegas de quarto e os gêmeos Connor e Travis quiseram sentar perto do desmemoriado.

– Ei Frank. – Percy chamou bebericando o suco de abóbora.

– Hum? – ele respondeu com a boca cheia de torrada.

Os alunos geralmente comiam cereal com leito no café da manhã, mas Frank tinha intolerância à lactose.

– Annabeth e eu somos tipo... namorados? – ele perguntou corando.

– Quer que eu fale a verdade ou o que o meu coração fan girl acha?

– Você é um cara, porque chamaria seu coração de “fan girl”? – Percy estranhou.

– Até com amnésia você é lesado. – Frank riu. – Vocês dois são amigos desde o primeiro ano. Ela é meio que sua professora de reforço. Pelo que você falou, se não fosse pela Annabeth, você teria reprovado todos os anos anteriores. Vocês não são EXATAMENTE namorados. São melhores amigos. Uma vez, enquanto dormia, você disse que ela já havia salvo sua vida várias vezes.

– Eu falo dormindo? – ele se espantou.

– E baba pra caramba. – Connor acrescentou, rindo.

– Como é que você sabe disso? – Chris surpreendeu-se.

– Qual é, ele já pegou no sono várias vezes no salão comunal enquanto estudava. – Travis riu.

– Isso é constrangedor. – Percy passou as mãos pelo rosto.

– É o seguinte Percy, você e a Annabeth são iguais a Hazel e o Frank. A diferença é que Hazel já beijou o Frank. – disse Connor.

– Você beijou a Hazel? – Dakota quase cuspiu o leite.

– Fala mais alto Dakota, assim a galera lá na Califórnia pode ouvir de novo. – Frank respondeu, corando.

– Quando foi isso e porque tártaros você não nos contou? – Chris disse indignado.

– No baile. Não foi bem um beijo, foi um selinho e foi ela quem me beijou. – Frank ficou tão vermelho quanto o Tang que Dakota bebia.

– E depois disso ele ficou completamente paralisado. – Travis riu. – E sobrou para nós levarmos ele até o dormitório.

– Foi hilário! Tadinha da Hazel! O único rapaz que ela beijou na vida paralisou tanto quando o Jason quando viu a Piper de biquíni pela primeira vez. – Connor zombou.

– Cara, porque não nos contou? Desde quando vocês estão namorando? – Will disse.

– Não contei porque desde aquela noite ela não falou mais comigo. Provavelmente com raiva por eu ter congelado. Agora será que dar pra voltar ao assunto do Percy e da Annabeth, por favor. – ele corou mais ainda.

– Ah sim... Percy e Annabeth... que casalzinho mais bonito. – Connor sorriu.

– Resumindo? Vocês são melhores amigos, agem como marido e mulher, se amam como Romeu e Julieta e nunca se beijaram. – Travis concluiu.

– Pior que é basicamente isso. – Will gargalhou.

Percy olhou para a mesa da Corvinal. Annabeth ria de algo que Reyna disse. Ele deu um leve sorriso. Mal via a hora de que seus pais mandassem o veneno de Górgona. Mas essa alegria ia acabar logo. A primeira aula do dia para os alunos do quinto ano era Defesa Contra As Artes das Trevas com a irritante e extremamente rosa, Juno Cowy. Ela parecia uma mistura de Penélope Charmosa com o Mestre do Santuário de Cavaleiros do Zodíaco. Juno fez com que todos os alunos usassem o uniforme a risca, sem nem um botão desatacado ou gravata frouxa. As meninas que usavam calça no lugar de saia fizeram suas casas perderem pontos. Havia pequenas placas em cada mesa indicando onde cada aluno deveria sentar, o que separou amigos e fez alguns alunos com problemas de vista serem prejudicados. Percy ficou com Clarisse como dupla, ambos no fim da sala, encostados na parede. A turma de vinte e sete anos já odiava a professora antes mesmo dela começar a dar aula.

– Bom dia meus queridos. – ela disse com sua risada estranha, os mesmos exemplares de um livro chamado Forças Das Trevas e Como Encará-las foram distribuídos pela sala. – Esse ano vocês farão as N.O.M.’s e elas irão decidir seu futuro. Estudem e serão recompensados. Não estudem e as consequências serão horrendas. Alguma pergunta?

Reyna esticou a mão. Ela sentava na primeira carteira e tinha Piper como dupla; a pior escolha possível. Reyna sempre foi alta e isso dificultava que Bianca, que sempre foi de nível mediano de altura, pudesse enxergar o quadro.

– Sim. – Juno disse com desprezo.

– Mas professora, esse livro não ensina o verdadeiro conteúdo da matéria. – ela disse séria.

– O verdadeiro conteúdo da matéria?! – Juno riu seca. – Esse é o único conteúdo verdadeiro dessa matéria, senhorita. Não permitirei que alguém que veio de uma linhagem de pessoas que não sabem nada sobre magia, critique o que o Ministério aprova ou não como conteúdo. – respondeu carinhosamente.

Os alunos trocaram olhares. A família do pai de Reyna era extremamente trouxa, mas a mãe dela, Belona, era uma das bruxas mais bem conhecidas no Mundo Mágico. Os Ramírez-Arrellano eram uma das doze famílias mais importantes e ricas do Mundo da Magia. Todos se surpreenderam quando a professora respondeu daquela forma, menos Percy. Ele nem sabia como é que havia tão poucos alunos naquela turma se tinham quarenta alunos ao total do quinto ano.

– Vocês irão aprender a se defender de um jeito seguro. Esse é o conteúdo aprovado pelo Ministério. Esse é o conteúdo que o nosso amado Ministro da Magia aceitou. Agradeçam a Zeus por esse magnífico livro teórico. – Juno deu outra risadinha.

Todos fuzilaram Jason com o olhar, que se encolheu na cadeira ao lado de Frank.

– O conteúdo teórico não irá nos ajudar na hora da prática! – Reyna exclamou.

– Que prática? – outra risadinha irritante. – Os Aurores irão fazer seu trabalho e pronto. Vocês são adolescentes. Ninguém ataca adolescentes. Em breve os Aurores irão derrotar aquele que voltou. O Ministério é forte! E é no Ministério que vocês devem confiar. – ela fuzilou Percy com os olhos. – É o Ministério que irá protegê-los. O Ministério tem a situação sobre controle e é o Ministério que está muito próximo de trazer a paz de volta ao nosso mundo. Não há motivos para vocês se preocuparem e muito menos para vocês se machucarem em sala aprendendo feitiços que nunca irão usar na vida.

– Na vida sempre há riscos! – Annabeth exclamou, tirando a cabeça de Clovis de seu ombro.

– Alunos devem levantar as mãos caso queiram falar alguma coisa. – Juno disse com a voz ríspida. – Os estudos teóricos são o suficiente para prepará-los para os exames. E é exatamente esse o propósito dessa e de qualquer outra escola, bruxa ou não.

Teoricamente isso era verdade, mas aprender pela prática é mil vezes melhor que a teoria.

– E como a teoria nos prepara para o que está lá fora? – Annabeth disse séria.

– Os Aurores cuidaram do que está lá fora. Sua obrigação, como estudante, é tirar boas notas. – Juno irritou-se. – Cronos não é uma ameaça e não há nada para se preocuparem.

– Claro que Cronos não é uma ameaça, ele está morto. – Leo disse engolindo o medo.

– Se formos para sermos atacados, não será por alguém que está morto. – Hazel acrescentou.

– E quem vocês creem que está “vivo” e os ameaçando? Quem iria querer atacar adolescentes que só causam problemas e preocupações aos próprios pais?! – ela perguntou parecendo que ia dar um tiro em quem respondesse.

– Ah... não sei... talvez... quem sabe... – Annabeth se fez de boba. – Gaia. – finalizou com raiva.

Todos na sala ficaram tensos. Incluindo Percy. Parecia que ia sair fumaça de raiva das narinas de Juno.

– Abram o livro na página nove. E depois da aula, senhorita Palas, por favor, vá até a minha sala, sim. – ela disse fingindo que a discussão não havia acontecido.

A aula foi pior do que ser atacado por uma Arai. Depois que todos saíram, Annabeth segui a professora até a sala dela. Antes de a porta fechar, ela viu Percy encarando-a, um sorriso de encorajamento no rosto, como sempre. Ouviu os boatos de que ele estava amnésico, mas não acreditou. Ele era o mesmo de sempre. Agia como o mesmo de sempre. A sala de Juno era assustadoramente rosa. Com quadros de gatinhos que se moviam e tudo perfeitamente organizado. Parecia que a versão feminina e "fru-fru" de Jason Grace havia decorado aquele local. Juno sentou-se detrás de sua mesa, serviu chá para si própria - até o açúcar era rosa - e apontou para a cadeira em frente, fazendo sinal para que a menina sentasse. Annabeth estava desconfiadíssima. O que Atena falou de mal daquela mulher era pior do que tudo que o professor de história havia dito sobre as duas Guerras Bruxas. Havia um pedaço de pergaminho, tinteiro e uma pena diferente.

– Sente-se senhorita Palas. – Juno disse com sua voz irritante.

– É Chase. – Annabeth respondeu séria e em pé.

– Questionar um professor não é algo muito sábio, senhorita. E muito menos humilhar um superior. – ela disse estranhamente calma.

– No dia que você for minha superiora, eu beijarei Nico di Angelo. – ela disse seca.

Novamente, Juno fez sinal para que ela sentasse na cadeira a sua frente. Dessa vez, Annabeth sentou.

– A senhorita irá escrever essa frase duzentas vezes. – Juno empurrou um recorte de pergaminho para ela. – Aqui estão as folhas, a pena e o tinteiro.

Annabeth só faltou jogar o tinteiro na cara da professora. A frase, em grego antigo, era: “Sangues Ruins não tem direito a ter opinião”. Juno deu um sorrisinho simpático, como se ela fosse uma boa pessoa.

– Como você mesmo disse, meu sobrenome é Palas, apesar de que eu prefiro usar Chase. Ou seja, pertenço a uma das famílias mais importantes do mundo. Se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de me insultar ou insultar a descendência do meu pai. – Annabeth disse segurando a raiva.

– É melhor começar logo a escrever, senhorita. Não sairá daqui até terminar. Creio que SUA CASA preza pela inteligência. Imagino o quão drástico seria perder todas as aulas do dia. E logo no ano em que você terá que fazer as N.O.M.’s. – ela disse serena.

Mesmo com o rosto vermelho de raiva e o ego inflamado, Annabeth pegou a pena e começou a escrever. Juno ficou olhando animada. Quando estava na quinta frase, a mão dela começou a doer, mas ela não parou. Ao chegar à décima, parecia que sua mão direita estava sendo cortada por alguma faca e logo as mesmas palavras que a professora a mandou escrever, apareceram gravadas em sua mão. Em carne viva. Annabeth limitou-se a corar de raiva, pois era reflexo. Não disse um pio de dor, não reclamou nenhuma vez e ainda sorriu quando entregou os pergaminhos com a mesma frase escrita duzentas vezes. Juno limitou-se a dizer “volte logo” e a moça seguiu com sua rotina normal. Usou um feitiço para esconder a frase em sua mão e tentou seguir como se nada tivesse acontecido. Não ia contar para ninguém. Nem mesmo para Malcolm, Percy, Grover ou Minerva. Ela podia viver com aquela cicatriz. Não ia parecer fraca para ninguém e muito menos dar a Juno o que ela queria.


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Notas finais do capítulo

O sobrenome de Juno é Cowy porque "vaca" em inglês é "cow".