Diálogos escrita por Bia Lobato


Capítulo 5
Capítulo 5 - Subconsciente


Notas iniciais do capítulo

Oi gente...
Demorei, mas voltei. Aconteça o que acontecer, eu pretendo ir até o fim dessa história... Esse capítulo se passa no momento em que PJ está na ilha, após matar RJ. Desculpem-me pela demora e, por favor, deixem seus comentários.



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Uma bela ilha. Uma bela paisagem. Parecia ser o cenário ideal para quem precisava repensar os rumos de sua vida. Patrick Jane via, sem muito entusiasmo os dias passarem ali. Já fazia algum tempo. Sentia que sua vida, seus princípios, sua rotina tinham ficado suspensos por mais de uma década, numa situação em que absolutamente tudo havia se tornado secundário em nome de sua vingança. Não se iludia pensando num senso de justiça. Era mesmo vingança o que ele queria. E foi o que teve. Ao contrário do que todas as pessoas ditas sensatas diziam, após atingir seu objetivo, ele se sentiu muito bem. Não havia o vazio e a insatisfação de que todos falavam, mas sim a sensação de dever cumprido, de vitória. Enfim, ele havia conseguido. E saborear esta sensação era fundamental.

Mas, ao poucos, a meta cumprida ia ficando no passado. Ele sentia cada vez mais a necessidade de voltar seus pensamentos para o presente. Mas não havia de fato um presente... Muito menos um futuro. Estava ali não por uma questão de escolha premeditada. Apenas precisava de tempo para descansar a mente depois de tanto esforço e de tantas frustrações. Além disso, tinha que ficar fora do país para evitar a prisão e uma sentença que poderia ir da prisão perpétua à pena de morte. Enfim, queria se sentir distante daquela realidade que envolvia policiais, investigações, crimes, etc, etc, etc. Ele havia adentrado este mundo apenas como artifício para obter sua vingança. Não era o seu mundo. Ou, pelo menos, ele não pensava que fosse.

Mas e agora? A mente mais afiada da Califórnia já não tinha para quem mostrar suas habilidades. Sua vaidade já não era alimentada. Não se importava com isso. Como ele mesmo dizia, sabia que era sempre o mais inteligente da sala. Todavia, também sabia que não estaria em paz se tivesse que passar o resto de seus dias sozinho e levando aquela vida pacata cercado de pessoas que nem ao menos falavam seu idioma.

"E agora?" Essa pergunta começou a aparecer em sua mente depois de alguns meses. Não imaginava que sua vingança fosse demorar tanto quando a colocou como o centro de sua vida. Pensava que poderia voltar a ser o que era ante de prestar serviços para a polícia. Mas agora via que isso não fazia mais sentido. A CBI mudara sua vida, sua forma de pensar, de ver e de se relacionar com as pessoas. No fundo, sabia que não voltaria a ser um charlatão. Nunca mais enganaria pessoas de bem, a não ser que fosse por uma causa maior. Nunca unicamente em benefício próprio. Era outra pessoa. Não admitia, mas a culpa ainda o dominava sempre que lembrava de seu remoto passado. Mas tinha suas justificativas. Compreendia o que a vida o havia levado a ser e fazer. Estava a caminho de encontrar a paz consigo mesmo, mas a inquietação do "e agora?" atrasava esse encontro.

Seu novo lar era muito silencioso. Mais uma vez se pegava no fim de outra xícara de chá, em plena madrugada, deixando os pensamentos livres. Sim, livres. Sem crimes para solucionar nem mistérios para desvendar. Seus pensamentos agora não estavam a serviço de seu intelecto, mas sim de sua emoção. E eles voavam por onde queriam. E, sim, cada vez mais eles tinham um destino certo.

Seus olhos de repente se deram conta de uma presença inesperada.

– Lisbon! Como assim? O que você está fazendo aqui? Como me encontrou? - Ele disse surpreso.

– Eu sempre vou te encontrar... - Ela respondeu com certa imprecisão e um belo sorriso ao se mover na direção dele.

– Eu não entendo...

– Sinto sua falta, Jane. - Ela disse se sentando a seu lado em sua cama.

– Eu também. Mas, você não deveria estar aqui.

– Acha mesmo que, se eu descobrisse o seu paradeiro, eu viria até aqui me arriscando e arriscando te prejudicar? Você só pode ser encontrado quando deseja ser encontrado, e isso não é o que você quer... Ainda...

– Continuo sem entender. E você sempre foi um livro aberto para mim, minha cara.

– É legal ver você confuso... Sem o domínio da situação - Ela disse em tom misterioso - Enfim, só estou aqui por que é isso que você deseja.

– Espera aí, você está dizendo que... Que roupa é essa, Teresa Lisbon? - Ele disse, decepcionado consigo mesmo por não ter percebido antes que ela usava um belo vestido branco bastante curto e decotado, o que não era comum na Teresa Lisbon que ele conhecia.

– Eu confesso que estou até gostando dela. As roupas do trabalho são bem confortáveis, mas tiram minha feminilidade. Mas se alguém me deve uma explicação sobre isso, é você.

– Bom, é assim que você aparece na maioria dos meus sonhos... Oh, droga! Que chá foi esse que eu tomei? Você é uma alucinação!

– Assim você me magoa - Ela disse em tom irônico - Deixe de ser tão controlador e aproveite o momento. Estou no seu subconsciente, portanto você é responsável por isso.

– Desculpe... É que eu preferiria que você fosse real... Aliás, eu nem sei mais o que quero... O que faço.

Lisbon apenas o observava intensa e desafiadoramente, em silêncio. Ele tentou continuar:

– Bom, então... Acha que devemos conversar, parceira?

– Nós podemos.

– Sim, nós podemos. Acho que realmente tenho desejado a sua presença. Ninguém fala inglês por aqui. Tenho vontade de falar com alguém que me compreenda.

– Bom, eu acho que para isso não basta falar inglês. - Ela disse abrindo um grande sorriso irônico.

– É... Não basta falar inglês. Tem que me conhecer. Tem que ter vivido e presenciado minhas aventuras. Tem que ter tido paciência comigo. Tem que ter estado ao meu lado. Tem que ser você, Lisbon. É de você que eu tenho sentido tanta falta...

– Hum... É bom ouvir isso. Continue.

– Tem coisas que a gente nunca se atreve a dizer, mas são óbvias.

– Mas se elas não são ditas, situações não se esclarecem. Eu não vivo num mundo de mensagens subliminares, Jane.

– Lisbon... Teresa, eu preciso de você.

Lisbon o olha fixamente e Jane aguarda uma reação dela. Mas, quando se dá conta, o sol e o vento entram pela janela esquecida entreaberta e ele percebe que está acordando de um intrigante sonho.

– Teresa, eu preciso de você. - Ele repete quase sussurrando.


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