O Torneio escrita por BobV


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou bem longo. Eu pensei em dividi-lo, mas eu voltei atrás, já que eu achei que todo o clima seria perdido com a divisão.

Esse cap foi revisado no OneDrive/SkyDrive. Parece que quando o texto é colado aqui no site, algumas palavras perdem o espaçamento adequado e ficam juntas. Qualquer erro me avisem.
Apenas dizendo se você encontrar algo do tipo :D

12/03/14 - Corrigida a quantidade absurda de erros gramaticais e de digitação. Acho que consegui corrigir a maioria deles. Eu peço desculpas por isso -.-
Sério, como foi que vocês conseguiram ler isso ? se fosse eu, já teria puxado um lança-chamas e feito churrasquinho do autor. XD
Mentirinha. :p
Nem tanto.¬¬
XD

Dito isto, boa leitura. Espero que gostem :D



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Nabiki tendo sempre se orgulhou de suas capacidades perceptivas. Essa habilidade foi desenvolvida ao longo dos anos, observando cuidadosamente as pessoas ao seu redor. Algumas pessoas dizem que é possível saber o estado emocional de uma pessoa apenas analisando sua aura. Entretanto, ela não era uma artista marcial e nem sabia como ler auras, sua especialidade era a linguagem corporal. Nada passava despercebido pela garota, desde o movimento dos olhos, alterações na voz, até o jeito que os braços e as mãos se movimentavam.

Por de trás de sua mascara de indiferença, ela sempre estava de olho em todos os membros da casa em busca de algo para tirar proveito.

Seu pai era a pessoa mais fácil de ler, bastante emotivo previsível.

Em contraste, Kasumi era mais difícil. Não que tivesse muito sobre ela. Independente da tarefa, Kasumi sempre carregava um sorriso inabalável em seu rosto. E verdade seja dita, Nabiki não teria coragem de chantagear sua irmã mais velha, aliás, ninguém teria coragem de fazer qualquer mal para ela.

Assim como Soun, Ranma e Akane são pessoas bastante emotivas, porém, para extrair algo dos jovens, eram precisas algumas perguntas bem selecionadas para manipula-los. O mesmo podia se dizer dos jovem Hibiki.

Outra coisa importante era com eles interagiam entre si. Já que Nodoka e seu marido haviam voltado para a sua casa, Soun permaneceu em silêncio no seu canto. Kasumi preferia se ocupar em suas tarefas domésticas. Com isso, sobrava o trio de adolescentes.

Não era preciso ser um cientista de foguetes para dizer que alguma coisa estava diferente. O sempre tímido Ryoga, agora conversava com Akane como se os dois fossem amigos de longa data. Alguns dias atrás, o garoto de bandana mal conseguia falar com ela sem corar e/ou gaguejar.

Os dois estavam tão entretidos, que nem perceberam Ranma os fuzilando com os olhos cheios de ódio e ciúme. Toda vez que Akane sorria com algum comentário, Ranma fazia uma careta e passava comer com mais voracidade. Ele tentava esconder seu desconforto, mas nada passava despercebido pela irmã Tendo do meio.

Nabiki não estava certa sobre o que os últimos acontecimentos da casa, Kasumi proibiu o uso de microfones e câmera escondidas na casa. Soma-se isso ao fato de ela estar se preparando para faculdade no próximo ano.

Certamente algo aconteceu entre os três artistas marciais e Nabiki estava disposta a saber o que.

"Acho que é hora de ganhar uns trocados."

"Apesar de Ranma te começado a trabalhar, eu duvido que ele tenha dinheiro suficiente pra pagar pelos meus serviços; Akane provavelmente se recusará a pagar e tentará usar a força; Ryoga já comprou uma foto comigo uma fez, vamos ver se ele tem dinheiro para mais."

Quase todas as noites Ranma e Akane saiam para treinar e Ryoga ficava no dojo. Essa era a deixa de Nabiki.

Ryoga, eu tenho algo bem interessante para você. Vamos direto ao ponto, sem rodeio, eu percebi que nos últimos dias você e a minha irmã tem conversado bastante. Será que eu posso dizer que a relação de vocês deu um passo a frente ?

Ryoga ficou de cabelos em pé. Primeiro, por estar falando diretamente com Nabiki, muito bem conhecida por sua natureza gananciosa. Se ela dirigi a palavra em sua direção, significa que ela está de olho no seu dinheiro. Segundo, por assumir que ele e Akane tenham uma relação. Não que ele se importasse de ter uma.

— Nós somos amigos, apenas isso.

— Amigos ? não me faça de boba. Eu sei que você nutre sentimentos por ela. Qualquer um consegue ver isso.

Dessa vez Ryoga se sentiu desconfortável. É claro que ele ainda tinha sentimentos pela sua amiga, porém, sabia que não seria correspondido.

— Akane me vê apenas como um amigo, nada mais.

— Tudo bem, eu vou acreditar em você. Mas o que você me diz disso aqui ?

Ryoga imitou perfeitamente a expressão existente no quadro O Grito do pintor Edvard Munch.

— C-c-como você conseguiu isso ? "Se a Akane descobrir sobre essas fotos ela vai ficar furiosa!"

— Isso não é importante, o importante é saber quanto você tem para perder. Eu sei que elas devem ser muito importantes para você, porque provavelmente esse deve ter sido os primeiro beijos de vocês dois. Conhecendo a minha irmã, você deveria ter entrado em órbita depois do primeiro beijo, como isso não aconteceu, posso assumir que existe algo entre você e Akane ?

O garoto de banda havia feito uma promessa para sua amiga de que não contaria para ninguém sobre o beijo, mas se alguém descobrisse sobre essa foto, ele levaria a culpa, afinal de contas, foi ele quem começou com toda essa história.

— Por favor, não mostre essas fotos para ninguém. Eu pagarei por elas. — Ele suplicou. — Eu não tenho dinheiro aqui, tenho em minha casa. Eu pagarei por elas, apenas não as mostre para ninguém.

— Era isso que eu queria ouvir. Amanhã , enquanto todos estiverem na escola, alguém virá aqui, o levará até a sua casa e depois o trará de volta. Não se preocupe, ele é um conhecido meu. Quando o Ranma e Akane saírem para treinar, venha até meu quarto.

— Ei ! quem é essa pessoa que vai vir me buscar e como você sabe e como você sabe onde eu moro ?

— Eu vivo de informações, Ryoga. Eu também sei quem são seus pais, diga-se de passagem. Você não deveria se preocupar como eu sei essas coisas, preocupe-se em trazer uma boa quantia em dinheiro ou então pode dar adeus a suas preciosas fotos.

No dia seguinte...

Ryoga caminhava pelos corredores da casa onde se hospedara há algumas semanas. Hoje foi um dia atípico em sua vida: Depois de meses de ausência, ele finalmente conseguiu entrar novamente em sua própria casa. Mesmo que tenha sido por apenas alguns instantes, é sempre bom revê-la.

Durante o treino da tarde, por se preocupar com o que poderia acontecer se alguém descobrisse sobre as fotos, ele teve bastante dificuldades para lutar contra Akane e acabou acumulando mais machucados do que deveria. Em menos de uma mês ele melhorou bastante.

E por último, ele não se perdera. Não do jeito que ele se acostumou. Normalmente ele andaria de uma ponta até a outra do Japão antes de achar o cômodo certo, mas incrivelmente ele ainda estava dentro da casa. Tudo bem que ele estava caminhando a quase uma hora e ainda não havia encontrado o quarto de Nabiki.

Ele ainda procurava pelo lugar certo até que sentiu a gola de sua camisa sendo puxada.

— Por que você demorou tanto, imbecil ?! — Uma não tão feliz Nabiki gritou com o garoto.

Ele a reconheceu imediatamente.

— Desculpe. Eu estava tentando achar o seu quarto.

— Você deveria ter me seguido assim que eu saí da mesa. Qual o seu problema ?

— Eu tentei, só que você sumiu de repente. Para onde é que você foi ?

— Esqueça tudo isso. — Ela pôs a palma da mão no rosto. — Me mostre logo o que você trouxe.

Ryoga tirou diversos notas e moedas de diferente valores e tamanhos do bolso e os jogou em cima da cama. Nabiki viu Ienes, Bath, Yuan(1) e até mesmo uma nota de dólar.

— Já pensou em usar um carteira ? elas são bem úteis, sabia ? — Nabiki se impressionou com quantidade traga pelo garoto.— Onde você arranjou tudo isso ? — Ela o perguntou escondendo a ansiedade de ter tanto dinheiro a frente.

— Eu sempre passo por vilarejos isolados em minhas viagens. Grande parte desse dinheiro eu ganhei fornecendo algum tipo ajuda para as pessoas desses lugares. Mesmo eu não querendo, as pessoas acabam pegando.

— Que tipo de pessoa é louca o suficiente para recusar dinheiro ? eu não acredito em você. Bem vamos ver o que temos aqui.

Nabiki começou a contar o dinheiro posto em sua cama. Sem dúvida a quantidade era o suficiente para comprar dez vezes a mesma foto e o dobro do que ela geralmente cobrava do idiota do Kuno. Parece que que foi um ótimo negócio vender as fotos para o Ryoga.

Eu tenho boas noticias para você, meu caro. Eu decidi te dar um desconto e o dinheiro que você trouxe é suficiente para comprar as fotos. "Na verdade, é mais que o suficiente. Ele provavelmente nem sabe a quantia que tem disponível." — No entanto, eu espero que você me traga mais assim que possível.

— Por que ? isso já não é o suficiente ? — Ele perguntou, incrédulo.

— Pelas fotos, sim. Pelo meu silêncio, não. Traga mais e eu não direi nada a ninguém.

Antes que Ryoga começasse a protestar e praguejar, Nabiki o expulsou de seu quarto.

O garoto de bandana caminhou desnorteado sem saber como fazer para conseguir mais dinheiro ou o que fazer com as fotos.

"Eu poderia queimá-las ou simplesmente rasgá-las. Isso eliminaria qualquer possibilidade de alguém descobrir alguma coisa. Mas..." Ele olhou bem para as fotos e imaginou se as coisas poderiam ser diferentes. "Seria uma pena destruí-las. Talvez não seja uma má ideia ficar com elas mais algum tempo. Eu vou te que escondê-las bem, no entanto." Sem ter noção de quanto tempo se passou, Ryoga finalmente conseguiu chegar até o quintal da casa e guardou as fotos no bolso de sua calça.

O sol já havia descido o horizonte há algumas horas e a lua tomou o seu lugar no céu. Uma noite sem muitas nuvens e com bastante estrelas que podiam ser vistas a olhos nus, mesmo com toda luminosidade provocada pela cidade. Um noite calma e agradável, a não que você seja um morador da casa da família Tendo.

— Volte aqui seu Transexual !

Ranma corria pelos muros da residência que cercava a casa e era seguido de perto pela sua noiva, Akane. Os dois correram quase todo o bairro em cima dos muros, depois de Akane ter ganho confiança o suficiente imitá-la. Faltavam quatro dias para o torneio e, segundo Ranma, Akane se encontrava em sua melhor forma desde que os se conheceram.

— Alguém já te disse que você é muito masculina ? nem parece uma mulher. — Ranma, em sua forma feminina, provocou sua noiva com um sorriso no rosto

— Seus insultos não me atingem mais, Ranma. — Akane se acostumou com os insultos nesses últimos dias. Ela percebeu que na maioria das vezes, ele nunca tentou insultá-la de verdade, tudo não passava de brincadeira. Pelo menos era o que ela achava.

— É mesmo ? e se eu disser que, mesmo eu sendo um homem, eu sou mais mulher que você.— Ela arqueou o tórax em uma pose sensual, fazendo as duas curvas da parte superior do seu tronco parecem maiores do já eram. — Acho que tem mais duas pessoas aqui que concordam comigo.

Ranma saltou evitando o chute furioso disparado pela sua noiva. Ela sorriu vitoriosa vendo que ainda podia provocar sua noiva dessa maneira.

— O que você disse sobre os insultos ?

— Cala a boca !

Esses era uma das poucas coisas que Akane ainda não havia superado: o fato de, ao seus olhos, sua noivo ser mais desenvolvido fisicamente que ela em sua forma feminina. Ser lembrada disso sempre a deixava com raiva.

Ranma se esquivou de uma sequência de golpes e desceu do muro. Quando aterrissou, foi arremessado na parede do muro por um soco desferido por Ryoga.

— Quando é que você vai parar de insultar a Akane desse jeito, Ranma ?

— O que foi isso ? — Ranma sacudiu a cabeça tentando se focar no que aconteceu. — Foi você porquinho ?

Ranma rolou para o lado evitando o ataque seguinte de seu rival. O punho de Ryoga ficou encravado no muro, dando oportunidade para a garota de rabo de cavalo contra-ataca-lo com um chute na ponta do queixo. Ela teria prosseguido com uma sequência de ataques, se sua noiva não tivesse descido do muro, e à atacado com um soco que fez um buraco no chão.

— Dois contra um, isso não vale.

— Você está parecendo uma garotinha reclamando desse jeito, Ranma.

Ryoga correu e lançou um chute frontal, que teria acertado se Ranma não tivesse saltado no ar. Entretanto, ela foi surpreendida quando Akane a seguiu no ar e acertou um chute em sua barriga. Ranma rolou no chão para evitar danos maiores.

Os dois decidiram atacar juntos novamente. Akane começou com uma sequência alternada de socos e chutes, que foram facilmente evitados. Com toda atenção focada em Akane, Ranma não viu Ryoga se aproximando pela lateral, e acabou sendo golpeada com soco próximo a sua clavícula. Como resultado, ela foi jogada ao chão.

Ranma se levantou e viu seus dois oponentes em posição de combate, pronto para atacá-la novamente. Não gostando nem um pouco de ver sua noiva se juntando com seu rival.

"O que há com ela hoje ? ela nunca se intrometeu nas nossa lutas antes."

Os dois começaram a se separar, cada um indo para um lateral para cercar a ruiva.

— Ah, vocês querem brincar ? então vamos lá.

Ranma começou atacando Akane. Ela acertou um chute no ombro e começou um sequência de socos velozes na região do tórax. Quando sentiu Ryoga se aproximando pelas suas costas, pronto para dar o bote, ela esperou. No último segundo Ranma se abaixou e deixou o soco passar por cima da sua cabeça, parando a poucos centímetros do rosto de sua noiva.

Sem perder tempo, a ruiva seu um pequeno salto no ar e soltou um violento chute na lateral do crânio do garoto de bandana, o fazendo voar por alguns poucos metros e cair de bruços no chão. E antes que Akane pudesse reagir, Ranma a agarrou pelo braço, e a jogou em direção ao garoto que tentava se levantar.

Ryoga viu Akane vindo em sua direção, mas não pode fazer nada a não ser fechar os olhos e esperar pelo impacto. Os dois rolaram pelo chão e caíram um do lado do outro.

— Minha cabeça. — Ryoga chiou. — Você está bem, Akane ? — Ele perguntou depois de alguns instantes enquanto se levantava. Ela não respondeu. — Akane ?

Ela ficou de joelhos no chão, de costas para o seu noivo e olhou com um expressão mista de medo, confusão e raiva para o seu amigo Ryoga.

— Quem ? como ? — foram as únicas coisas que ela conseguiu dizer, sua voz baixa como um sussurro.

Ryoga logo entendeu tudo quando viu o que Akane segurava em suas mãos. De alguma forma, as fotos caíram do bolso de sua calça e foram parar nas mãos de sua amiga. Todos os cabelos de seu corpo ficaram em pé pelo segundo dia seguido. Akane perguntou algo novamente e Ryoga respondeu com apenas uma palavra.

— Nabiki.

Kasumi apareceu na varanda e colocou um chaleira com agua quente no chão.

— Eu sei que você vai precisar disso, Ranma.

— Obrigado, Kasumi. Ei ! o que vocês dois cochichando aí ? vamos lutar ou não ?

Os dois ignoraram a garota de cabelos vermelhos e Ryoga explicou como ele conseguiu as fotos.

— A Nabiki me mostrou essas fotos ontem. Eu decidi comprá–las para depois sumir com elas, sabendo que você não ia gostar nem pouco de saber que elas existem.

— Nabiki...

Ryoga tentou continuar a conversa, mas foi brutalmente interrompido por um golpe que o jogou no chão novamente.

Akane se levantou rapidamente com um único pensamento na cabeça: sumir com as fotos. Infelizmente, sua noiva, tinha outros planos. Ela aplicou-lhe uma rasteira que a fez cair de bruços no chão.

— O que há com vocês dois ? primeiro vocês se juntam para me atacar e depois ficam parados como dois patetas ?

Um pedaço de papel passou bem em frente ao rosto da artista marcial e ela o pegou mais por reflexo do que por curiosidade. Sua face ficou pálida quando ela viu o que estava impresso nele. Com o rosto completamente devoto de qualquer emoção, ela olhou de um lado para o outro. Primeiro para o seu rival que se levantava do chão, depois para a sua noiva que ainda se encontrava caída chão, e por último, para a foto em suas mãos.

"Isso é mentira, não é ? a Akane não faria isso. Ela não faria isso comigo. Não pode ser ela. Não pode ser ela !"

A ruiva começou a entrar em pânico. Ela procurava por alguma evidência que provasse que não era sua noiva na foto. Não havia nenhuma. A garota na foto, definitivamente era sua noiva, beijando seu maior rival.

Quando Akane se levantou e viu o que garota ruiva tinha mãos, sua garganta ficou seca e seu estômago gelou.

— Ranma não é o que você está pensando. Por favor, acredite em mim, eu posso explicar ! — Ela suplicou em pânico.

Ranma olhou mais uma vez para a foto e perguntou com voz baixa e fina :

— É você nessa foto, Akane ?

— Eu posso explicar, Ranma. Por favor, me deixe...

— É OU NÃO VOCÊ NA FOTO ?! — Dessa vez ela gritou, com voz inundada de raiva.

Akane abaixou a cabeça e as primeiras lágrimas começaram a cair de seus olhos. Com a voz trêmula, ela respondeu:

S-sim.

Toda a raiva e fúria que a ruiva sentira instantes atrás foi substituído por tristeza. Ela esperava ouvir um não; ela queria ouvir um NÃO; ela queria que sua noiva negasse tudo, dizendo não passava de um mal entendido. Mesmo que fosse verdade, por que ela não mentiu ? seria bem mais fácil fingir que tudo isso não aconteceu. Assim elas brigariam, ficariam uns dias sem se falar e depois tentariam fazer tudo voltar ao normal. Mas ela não disse não. Ela respondeu com um sim. Com um SIM, confirmando que é ela na foto.

"Por que ela faria isso ? o que eu fiz de errado ? Eu sei que nós brigamos bastante no passado, mas nesse ultimo mês isso quase não aconteceu. Nós estávamos indo até bem."

"Por que ela faria isso comigo ? ela realmente me traiu com seu maior rival ?"

Sem poder encará-la, Ranma deixou a foto cair no chão e ficou de costas. Tentando deixar a voz o mais firme possível, ela indagou:

— Você... — Ela tomou um pouco de ar. —v-você realmente me... tr... — Ranma não conseguiu completar a frase com medo de sua voz revelar o seu estado emocional atual.

— Eu posso explicar, Ranma.

— Agora eu entendi porque vocês dois se juntaram para me atacar. H-há quanto tempo vocês estão j-juntos ? — estava sendo difícil para a ruiva manter a voz firme.

— Nós não estamos juntos, Ranma. Acredite em mim, droga! — Ela chorou tentando convencer a sua noiva.

— Ela não fez nada, Ranma. — Ryoga entrou na discussão. — Foi eu quem beijou ela, não o contrário. E se você quer saber a verdade, eu não me arrependo, pois finalmente eu consegui dizer a ela como eu me sinto. Eu não sou um covarde a ponto de esconder meu senti...

Ryoga nem viu de que direção veio o golpe. Tudo o que ele viu foi seu corpo indo em direção ao pequeno lago Koi(2). Milésimos de segundo depois, seu tamanho diminuiu drasticamente e suas roupas que não cabiam mais no seu corpo diminuto, ficaram flutuando na água.

Ele poderia ter ficado no fundo do lago, mas a necessidade básica de oxigênio o fez subir a superfície e escalar as pequenas pedras da borda.

— P-chan ? — Akane estranhou o foto de seu animal de estimação aparecer de repente dentro do lago, onde deveria estar Ryoga. Ela correu para socorrê-lo e o pegou com suas mãos. A garota de cabelos curtos viu a pilha de roupas, porém não viu sinal algum de seu amigo.

— Onde está o Ryoga ?

Ela olhou para as roupas, depois para o porco e depois para as roupas novamente. O animal carregava uma expressão de tristeza no rosto. Ela olhou mais embaixo, para o pequeno lenço enrolado em volta do pescoço do porquinho, e pela primeira vez reconheceu o aparato como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. E então algo estalou em sua mente e ela deixou o porquinho cair no chão como se ele fosse algo venenoso.

"Não, não, não, não pode ser. Alguma coisa deve estar errada, isso não esta certo!"

Ela viu o chaleira com água quente na varanda e pegou. Quando viu o que ela carregava nas mãos, Pchan tentou fugir, entretanto, não foi rápido o suficiente. Akane o segurou no chão com uma de suas mãos

"Diga que isso não é verdade, por favor." ela inclinou a chaleira e derramou a água em cima do porco, que rapidamente se transformou em um adolescente completamente nu e aterrorizado.

Akane ficou em estado catatônico.

"Todo esse tempo... ele era o p-chan ?" Sua visão ficou embasada. "Todo esse tempo, me vendo nua, ouvindo meus segredos, dormindo na minha cama. NA MINHA CAMA !" ela sentiu o estômago revirar ao pensar em tudo o que ela já fizera com seu animal de estimação.

Seu corpo todo começou a tremer e as lágrimas corriam soltas pelo seu rosto.

— Como você pode, Ryoga ? eu pensei que você fosse meu amigo !

— É tudo culpa do Ranma, Akane. Foi ele quem fez isso comigo.

— EU NÃO QUERO SABER DE NADA DISSO ! VOCÊ SE APROVEITOU DE MIM ! VOCÊ FINGIU SER MEU AMIGO !

— Não foi...

— CALE A BOCA ! Eu confiei em você, eu te trouxe para a minha casa. Nós sempre te tratamos como um membro da família e é assim que você retribui ?! como você pode fazer isso comigo ?! eu sempre pensei que você fosse alguém horando. Eu estava errada. — Ela caiu de joelhos sem se importar com as lágrimas. — Saia daqui e nunca mais volte. — Ela disse sem nem olhar para o rapaz nu em sua frente.

— Akane...

— SAIA AGORA ! VOCÊ NÃO É MAIS BEM VINDO NESSA CASA !

Pela primeira vez Ryoga não se perdeu e achou facilmente o caminho do dojo onde se encontravam seus pertences. Ele se vestiu e conseguiu voltar até o local onde toda cena aconteceu. Akane ainda se encontrava no chão, embora não parecesse estar chorando. Com um ultimo olhar, ele se despediu.

— Eu sinto muito, Akane. Adeus.

Antes, porém...

Nós ainda vamos nos ver novamente, Ranma. E quando isso acontecer é melhor você estar bem preparado.— Ele saltou pelo muro e aterrissou rua, sem noção alguma de onde ele deveria ir.

Akane nem mesmo levantou a cabeça para ver a direção que ele tomou.

Ranma assistiu toda o desenrolar e sabia que agora era a sua hora. Não era assim que ele esperava que Akane descobrisse o segredo de Ryoga, e a pior parte vinha agora. O sangue em suas veias congelou quando sua noiva se levantou e caminhou em sua direção. Ela fez o possível para mostrar que não estava tremendo de medo de qualquer que fosse sua punição por esconder um segredo dessa magnitude.

A foto jazia no chão completamente esquecida. A raiva de Ranma havia sido posta de lado com a revelação da real identidade de P-chan e a maneira como Akane agiu. A reação de sua noiva era uma prova que não havia nada entre eles. E mesmo se houvesse algo, ela acabara de terminar assim que Ryoga saiu do lago transformado.

— Você sabia da maldição dele, Ranma ? — Ela indagou um voz serena e calma.

Quando ela fez que sim com a cabeça, Akane lhe deu tapa no rosto.

— Desde quando ?

— Desde a primeira vez que ele apareceu aqui no dojo. — Ela respondeu sem se virar para ela

Outro tapa foi desferido, dessa vez no lado oposto.

— Por que você nunca me contou ? — a essa altura, Akane já havia perdido a compostura e soava quase desesperada.

— Eu fiz uma promessa. Eu prometi pela minha honra como artista marcial, que não ia revelar o segredo dele.

O QUÊ ?! — Akane agarrou a ruiva pela gola do gi, que não fez força alguma para se libertar. — Quer dizer que você nunca me contou por causa de uma promessa estúpida ? — Ela apenas acenou, novamente semconseguir encará-la.

Em vez de um tapa, Akane deu soco com tanta força, que a parte do gi que ela segurava, se rasgou, deixando ruiva cair no chão.

— Você era uma das pessoas que eu mais confiava, Ranma. Eu sempre confiei em você! eu poderia confiar minha vida a você e saberia que ela que estaria em boas mãos. Como você pode esconder algo assim de mim ?! por que, Ranma ?

— Me desculpe, Akane.

— É só isso que você tem para dizer ? depois de deixar o Ryoga entrar no meu quarto, me espionar nua e dormir na MINHA cama, isso é tudo que você tem para dizer ? — Akane suspendeu a ruiva do chão e começou-lhe a sacudir os ombros em busca de respostas. — RESPONDA !

— Eu não queria que as coisas fossem desse jeito. Eu nunca quis eu ele fizesse isso você.

— Então como você queria que as coisas fossem ? eu aposto que você dois ficam rindo pelas minhas costas. Você sempre me chamou de burra e tapada, agora eu sei porque.

— Não, não é nada disso. Eu e o Ryoga nunca fizemos isso.

— Eu aposto que ele te contava tudo no dia seguinte e depois vocês ficavam me comparando com as outras garotas. Dizendo como eu sou feia e que eu não tenho o mesmo corpo das suas outras noivas. Vocês são dois pervertidos imundos e doentios !

— Eu nunca faria isso, Akane. Acredite em mim. — Ranma lutava a sua própria batalha interna, contra com o desespero. Ela sabia aonde essa discussão iria terminar.

— Nunca faria ? você nunca se importou em me fazer um elogio, em vez disso, você nunca perdeu uma oportunidade para me insultar. Nada mais disso vai acontecer agora.

— Por favor, Akane. Me ouça, vamos conversar. — a ruiva implorou.

— Nós não temos nada para conversar, Saotome. Eu sugiro que você vá embora. — A troca do primeiro nome pelo sobrenome provou que ela não o considerava mais uma pessoa íntima.

— Akane...

— Não me chame assim ! nós somos estranhos agora.

— Não...

— Acabou, Ranma. Noivado, amizade, treinamento e tudo mais. Eu não quero te ver e nem ouvir sua voz nunca mais.

— Por favor, não cancele o noivado.

Por que não ? ele nunca teve valor algum para você, a não ser para inflar o seu ego de ter mais uma garota presa a você. Você ter escondido algo assim de mim, deixar tudo isso ter acontecido, sabendo exatamente o que estava se passando, só mostra que você não se importa nem um pouco comigo. Quem sabe o que mais você está escondendo ? talvez você já esteja até casado com a Ukyo ou a Shampoo, só que a tapada aqui ainda não percebeu nada. Vá se divertir com elas, eu não me importo mais. Eu vou falar com o meu pai para cancelarmos o noivado. Saia agora e não volte nunca mais.

Eu me importo com você, Akane...

Ela o silenciou com um terceiro tapa que não teve a mesma força dos anteriores, mas foi o que teve maior impacto.

Vá embora.

Sem dizer mais uma palavra, Ranma saltou por cima do muro e começou a correr com a manga do seu gi pressionada nos olhos, tentando inutilmente parar as lágrimas

Do outro lado no muro, Akane desmoronou no chão aos prantos. Segundos depois, foi amparada por sua irmã mais velha, Kasumi.

— Tudo vai ficar bem, Akane. Tudo vai ficar bem. "Pelo menos assim eu espero."


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Notas finais do capítulo

(1) Moeda japonesa, tailandesa e chinesa respectivamente.
(2) O nome do lago encontrado no quintal da casa.


Críticas construtivas serão sempre bem-vindas.
Percebeu algum erro de português, concordância, formatação ou qualquer outro tipo? me avise para corrigi-lo.

Até a próxima.