— Faça o café da sua irmã, eu vou tomar um banho! — Ellen disse isso e saiu andando, como se eu fosse uma empregada qualquer.

— Eu vou fazer o meu, preciso chegar mais cedo na escola hoje, cuide VOCÊ MESMA da SUA filha! — Eu definitivamente estava muito irritada com o fato de ela ter me acordado.

— Como disse? — Ela se virou rapidamente para mim, com uma cara de quem seria capaz de matar o primeiro que atravessasse seu caminho. Seria muito interessante se ela realmente fizesse isso comigo.

— Eu disse exatamente o que você ouviu! — Virei as costas e me tranquei no quarto.

Ela bateu insistentemente na minha porta, mas eu não abriria nem a força.

Coloquei meus fones de ouvido e fui me arrumar para a escola. Aquela mulher era um saco! Se ela quis ter filha, ela que cuide! Tenho cara de babá?

— Está tudo bem, meu amor, não tem problema, eu estou aqui. — Escutei a voz do Christian. Quando me virei olhando ao redor, não havia nada nem ninguém por perto.

— Será que... Foi a minha imaginação...?!! — Eu fiquei meio boba com aquilo, a voz me veio aos ouvidos tão nítida.

— LORY!! QUE HISTÓRIA É ESSA DE VOCÊ GRITAR COM A ELLEN?!! — Meu pai começou a gritar do lado de fora do meu quarto, enquanto batia na minha porta.

Eu a abri e me deparei com a seguinte cena: Ellen chorando ao lado de meu pai, que não estava com uma cara amigável. Acho que já podem imaginar o que ela havia feito né? Pois bem, aquela maluca disse para o meu pai que eu havia gritado com ela e me negado a ajudá-la com o café da manhã da "família". Ela não é uma merecedora da morte, afinal?!!

— Eu não gritei com ela, pai! Ela saiu mandando eu fazer o café pra Jullie, e saiu rebolando, dizendo que ia tomar um banho! — Eu respondi, indignada com ela ter mentido daquele jeito.

— Mentira! Eu pedi pra ela adiantar um pouco o café pra mim, que eu iria tomar um banho rápido!! Não minta assim, Lory, por favor! — Ela recomeçou a chorar com a maior cara de coitada. Nossa, como eu odiava aquela mulher.

Meu pai a abraçou e se virou pra mim, com um ódio nos olhos que, por incrível que pareça, me atingiu como uma flecha:

— Você vai AGORA preparar esse café, e SOZINHA!! Sem a ajuda da Ellen!! — Qual o real problema dele? Cegueira?!!

Antes de minha mãe morrer, meu pai era uma boa pessoa. Era quieto e recluso, mas nunca gritava ou ficava irritado com coisas bobas. Era tudo culpa daquela mulher que a minha família havia se quebrado.

— Não muito diferente do plano original dela! — Ironizei.

Passei por eles e fui até a cozinha, peguei uma maçã e saí pela porta dos fundos correndo! Não entendo qual o problema do meu pai! Por que ele escolheria ficar com aquela mulher? Será que ele não conseguia ver os defeitos que ela tinha? Ela inteira era um defeito, nunca deveria ter aparecido em nossas vidas.

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Cheguei nos portões da escola, logo encontrei meus dois melhores amigos: Jasmine e Nancon, conversando freneticamente. Eram um daqueles casais um pouco inusitados, mas que dão inveja em qualquer um que os veja.

Jasmine era linda! Tinha cabelos lisos e negros, que iam até a cintura, a pele branca contrastando com seus olhos verdes que continham uma heterocromia central cor de mel. Ela estava usando um vestido verde acinturado, com uma fita laranja nos cabelos combinando com as sandálias e sua mochila multi-colorida.

Nancon era pelo menos uma cabeça mais alto que eu e Jasmine, tinha os cabelos de um tom loiro bem claro e forte, sempre penteados com os de um ator de cinema (Jasmine sempre o dizia que parecia com o cabelo de Taylor Lautner), olhos tão azuis quanto os meus e era forte o suficiente para levantar uma de nós nos braços. Ele estava usando uma camiseta preta sem estampa e uma calça jeans com o seu típico all-star preto.

— LORY!! AQUIII!!! — Eles gritaram e acenaram na minha direção.

— Calma, eu já cheguei, não precisava desse escândalo todo! — Eu os repreendi.

— Nossa!! Que cara é essa, Lory? Tá parecendo um zumbi que levantou da tumba contra a vontade. — Até certo ponto, Jasmine estava certa.

— Não muito diferente do outros dias, mas o que de excepcional aconteceu hoje, Lory-zumbi? — Nancon debochou. Ele é daquele tipo de pessoa que você sempre quer dar um tapa, e em seguida, um abraço.

— Mais tarde, talvez, eu conte o que aconteceu. — Respondi com uma voz meio fraca.

Mal havia começado o dia e já sentia-me cansada e com dor de cabeça. Por que isso tinha que acontecer comigo?