Pessoas diziam que Neville não tinha atitude, que estava preso entre alguma espécie de rédia que proibia suas ações. Outros especificavam essas rédias com apelidos maldosos.

Por um instante Neville começou a pensar besteiras. Ele nem se lembrava do dia em que Gina o havia explicado o que era masturbação. Certo, ele sabia bem antes, mas tinha medo de ser o único com – Ãhn - ... curiosidade? É, vamos chamar de curiosidade, não de tentação ou algo assim – mesmo que fosse.

–Isso é “foder” – Ela mostrou uma imagem de um livro de capa dura.

–Eu sei o que é “foder”.

–Então não devia ficar tão vermelho – Ela sorriu – É natural.

Ele suspirou. Era décima vez que ela tentava explicar isso a ele.

–Vamos – Ela tentou novamente – Não tem nenhuma menina que você queira...

–Não!

–Neville – Ela bufou – Me conte.

–Bem...

Se ele já tinha pensado em Gina daquele jeito? Sim, várias vezes, de várias maneiras diferentes. Mas as suas sardas agora tinham perdido a graça, e seu cabelo vermelho não tinha mais aquele brilho – que ele dizia ser – obsceno. Era só Weasley. E Weasley’s eram broxantes para ele. Literalmente broxantes.

Ele ainda ficava um pouco vermelho quando ela punha a mão na coxa dele as vezes.

–Neville – Ela sussurrou com certo interesse – Você já se tocou?

Ele ficou vermelho. Eles estavam no meio da biblioteca, como ela podia estar falando disso?!

–Ãhn...

–É claro que já! – Ela sorriu orgulhosa, longos minutos tendo passados – Enfim, quem você imagina?

–É – Ela resmungou – Sabe? Quando...

–Ninguém especial.

Ele se imaginava beijando ela. Ah, como ele imaginava. Mas o que esperaria de alguém que já perdeu a inocência? Não que tivesse feito coisas erradas. Oh, ele não tinha. Infelizmente não. Ele não se mantinha puro para ela, ele passava mais tempo pensando nela. Na pureza dela. E em como ele odiava isso tudo.

Costumavam dizer que ele tinha nascido com dois pés esquerdos, e se ele tinha - ou não - só o que importava para ele era ver Luna de vestido no baile de inverno. Não pense que sua loucura por ela era mera infantilidade - coisa normal, sutil e de criança - por que depois de um tempo, ficou muito mais - como dizer? bem, - quente.

Era outono e Neville odiava o outono. Eram raras as aulas de Herbologia no outono, por que as plantas murchavam e pronto. Era triste não poder ser, por um único minuto, superior. Mas dessa vez um calor louco de quarenta graus adentrou a estufa e se estancou nos corpos suados dos alunos. Os olhos dos alunos brilhavam quando imaginavam as aulas suspensas, mas a professora foi mais convencional.

–Acho melhor termos uma aula no lago sobre plantas aquáticas - Ela propôs, e Neville não lembrou ao certo qual fora a reação das pessoas. Só que não parava de imaginar Luna de biquíni - mesmo sabendo que a escola não permitia isso - ele deixou-se sonhar.

Ela tinha curvas. O tipo de curvas que ele queria tocar.

–Entre no barco - Ele levantou a sobrancelha quando um Corvinal de olhos fundos colocou sua mochila junto a dele e encheu o barco com alunos variados.

Ao fim do horizonte ele via uma imensa plataforma reluzente surgir entre as algas do lago de água escura. Ele podia sentir o cheiro de água misturado com o suor pelo calor.

Estranhamente, uma nuvem tampou o Sol.

– Sinceramente, isso é ridículo - Ele ouviu Gina murmurar ao seu lado. Seus ombros roçando juntos ao dela.

– Essa aula não é para você - Ele disse friamente.

– É - Ela piscou - Mas ta um calor do caralho.

E seguiu em frente. Ambos conversando banalmente até chegarem a uma enorme plataforma de metal.

As turmas se separaram em sobrenomes de forma que Neville se encontrou junto com Lovegood e Lancaster, um menino da Lufa-Lufa que ele nunca ouviu falar.

Foram juntos colher algas no lago.

– Não acha estranho existirem vampiros intolerantes a água - Ela sussurrou pra si mesma, pegando uma alga dourada com uma das mãos e colocando em um pote.

–Claro.

Atrás deles, a professora resmungava com um garoto de cabelos cacheados e Neville não pode deixar de rir quando a gritaria se tornou extrema. Luna o lançou um olhar feio, e correu para o outro canto com pés rápidos.

– Que bonitinho - Gina riu, escondida entre as tabuas - Devia ir atrás dela.

Ele bufou.

–Antes que alguém vá.

Um garoto de cabelos lisos e postura duvidante segurava o pode para ela. Neville teve a graça de empalidecer um pouco, mas seus pés já caminhavam para o extremo da plataforma.

– Volte para o seu grupo - Ele exigiu - Agora.

–E você para o seu.

– Estou nele - Ascendeu para Luna que buscava mariscos no fundo do lago.

– Mas você estava lá – Apontou para o outro lado.

– É, onde você devia estar.

O menino trombou seus ombros nos dele e bateu as pernas até onde a professora explicava sobre árvores aquáticas.

– Não devia ser tão cruel.

– Desculpe - Ele sorriu, estava perto dela.

– Ele só estava tentando me ajudar - E estranhamente levantou o dedo no ar - Cortei o dedo.

–Ah - Não sabia o que dizer - Quer ajuda?

– Elas podem ser venenosas - Ela falou, e Neville sabia que não - Um amigo do meu pai se cortou com uma delas e foi petrificado.

Neville abaixou o rosto, fingiu não ouvir e levantou o balde da água.

– Podem ser bem venenosas - Brincou e ela concordou.

–Não vou por essa mão mais na água, é perigoso - Decidiu, engraçadamente - Me ajude a levantar o balde.

Foi muito rápido para Neville sequer pensar. Uma hora estava rindo da ingenuidade dela e agora seus dedos estavam entrelaçados de baixo do lago. Ele não pode deixar e suspirar.

Nem ela.

Um chacoalho momentâneo, um susto horrível entre os alunos e professores. A instalação de metal curvou-se para o lado e quando a torre debruçou-se sobre os alunos assustados, Neville teve iniciativa - Pela primeira vez de sua vida. Puxou Luna pela mão e agasalhou seus ombros com seu próprio corpo. Caíram juntos, assim, em um abraço subaquático.