O sol brilhava intensamente quando os portões do reformatório se abriu dando passagem para uma jovem sair com o semblante endurecido e o olhar entristecido. Melanie segurava com força o casaco que trazia em suas mãos ao sentir as lagrimas virem aos seus olhos assim que se deparou com o seu irmão, Christopher. Seu irmão a encarou seriamente ate caminhar onde Melanie estava parada, em um único movimento a abraçou, afetuosamente. Os braços de Melanie contornaram o corpo de seu irmão, enquanto suas lagrimas molhavam a sua blusa. Ela sabia que não o via á apenas 6 meses, entretanto sentira a sua falta como nunca havia imaginado que poderia sentir. Christopher era o seu irmão mais velho. Christopher abraçou a sua irmã consolando a sua dor, pois de alguma forma, conseguia sentir todo seu sofrimento.

-Senti a sua falta- Melanie murmurou abraçada ao seu irmão – Não imagina o quanto.. eu senti falta de você.

-Eu sei, Mells, eu sei – murmurou ao confortá-la. Ele não queria lhe fazer quaisquer perguntas naquele momento, apenas desejava deixá-la confortável ao seu lado. – Vamos pra casa – disse ao afastá-la gentilmente e a guiar ate o seu carro. Melanie estancou ao ver o mesmo carro com que cometeu o crime. – Está tudo bem – Christopher tornou sério e gentil ao guiá-la para o carro apesar de sua relutância. –Eu estarei dirigindo, esta tudo bem – a tranquilizou assim que abriu a porta do passageiro para que ela entrasse e se acomodasse. Ele a fechou calmamente tentando não se recriminar pelo que fizera. Ele não pretendia ir buscá-la naquele carro, mas era o seu único. Quando estava prestes a abrir a outra porta do carro avistou um automóvel preto próximo ao seu. Estranhou, mas deu de ombros ao entrar e dar a partida. Ele desejava levar a sua irmã para longe dali o mais rápido possível. Cada vez mais que o carro se afastava do reformatório, Melanie percebia o quanto a sua vida mudaria a partir daquele incidente.

-Nada será como antes – ela balbuciou ao levar a mão ate a área, pouco acima, de seu seio direito – Nada como uma recordação dos piores momentos de sua vida, não acha Chris? – Melanie indagou com a voz entristecida sem encará-lo.

-Acho que todos merecem o perdão quando pagam por seus crimes – rebateu concentrado na estrada a sua frente.

-Sim, mas não são todos que merecem por mais que peça perdão.

-Mells, não aja dessa forma – disse sério ao alterar a voz – você já pagou por seu crime, qual o problema nisso? Não pode seguir em frente, é isso que esta me falando? Quer que eu fique sempre preocupado com você? Pensando que pode cometer alguma loucura se eu não estiver ao seu lado, é isso que esta me dizendo? Aceito que grite, que chore, que demonstre a dor que esta sentindo, mas não permito que aja de forma perdedora como esta fazendo. Se cometeu um erro ao dirigir aquele carro, eu também cometi por ter lhe deixado dirigir. E eu não paguei pelo meu crime, mas me perdoei.

-Sim, acredito que tenha se perdoado, mas a diferença é que eu matei... uma pessoa – Melanie disse séria ao virar o seu rosto, encarando a face de seu irmão – nunca saberá como é a sensação de ter... a vida de uma pessoa em suas mãos e... não conseguir salvá-la. É... assustador – murmurou a ultima palavra antes de sentir uma lagrima rolar pela sua face.

-Já CHEGA – gritou ao estacionar o carro criando um caos na via em que dirigia – Irá me prometer que deixará o passado para trás e seguira em frente agora, se não fizer isso te deixarei no reformatório. Não ligo para nada, eu vim atrás de minha irmã mais nova e vou tê-la por bem ou por mal, qual será a sua escolha? – indagou sério ao encará-la.

-Sempre será assim, não é? – Melanie disse antes de sorrir – obrigada..

-Não me agradeça. A Melanie que eu conheci jamais me agradeceu sem querer nada em troca – retrucou ao fazer uma careta.

-Eu lhe prometo.. Farei o possível para..

-Não, está errada.

-Certo, eu serei a mesma Melanie de antes, lhe prometo.

-Agora podemos ir para casa – falou sorrindo ao ligar o carro sem perceber o olhar vazio de Melanie ao perceber que retornaria para casa.

***
Nikko segurou o volante de seu carro com força e apenas a presença de seu irmão no mesmo carro o impedia de sair e matar a jovem de cabelos castanhos a sua frente.

-Nikko, não está na hora de deixar isso para trás? – Fabriccio perguntou ao olhar para a culpada pela morte de sua cunhada. Ele conseguiu ver o olhar de tristeza e desespero da jovem –Ela também está sofrendo..

-Sofrendo? – Nikko disse ao esboçar um sorriso frio – ela não sabe o que é sofrer ate se encontrar comigo. Farei de tudo para que ela busque a morte como refugio.

-Esta sendo irracional, ela é uma criança.

-Criança? – indagou perplexo ao olhar para o homem que muito se parecia consigo – Uma pessoa deixa de ser criança quando possui o poder para matar alguém, não acha?

-Acho que está indo por um caminho sem volta – o alertou – talvez quando se der conta da loucura que esta prestes a cometer seja tarde demais.

- Não se preocupe, pois as nossas vidas são o resultado de nossas escolhas, e não são elas que distinguem quem somos, entretanto meu compromisso é com as minhas escolhas, e neste momento, eu escolho acabar com a vida de Melanie Fells, a garota que matou a minha esposa e precisou ficar seis meses presa em um reformatório. Seis meses por ter tirado a mulher que amava de minha vida, apenas seis meses. Se isso é justiça, eu irei mostrar a ela o que é realmente justo.