Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 2
Capítulo 1 - O peso da culpa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capitulo..

Beijos



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O corpo de Melanie ainda tremia ao entrar em sua casa. Uma casa de que fora expulsa da ultima vez em que passou por aquelas portas. Ela olhou para o seu irmão buscando conforto e encontrou quietude. Estendeu a sua mão e ao segurar na dele, a sensação de segurança inundou o seu ser.

-Está tudo bem? – Christopher perguntou ao olhar para ela. Ele já havia feito tudo que era possível para seus pais não brigarem com ela, mas não sentia-se completamente seguro em levar Melanie – Estarei ao seu lado – prometeu assim que abriu a porta se deparando com o silencio. Melanie soltou a mão de Christopher caminhando sem rumo pela sua casa. Um lar que não frequentou por seis meses. Seis longos meses. A passos lentos se pôs a caminhar, observando cada detalhe que jamais se esqueceria. Ao chegar na escada, olhou para ela com nostalgia. – É aqui que costumávamos ficar sentados conversando a noite – seu irmão disse logo atrás dela fazendo-a assentir nostálgica.

-Eu me lembro. Estive fora por seis meses e não seis anos – brincou ao segurar no corrimão e olhar para cima. Apertou o corrimão de madeira com toda a sua força antes de iniciar a sua subida. Subiu cada degrau como se em cada um deles guardasse uma recordação preciosa e ao mesmo tempo perigosa, e assim que chegou ao topo seguiu em direção ao seu quarto. Parou em frente a porta, a qual ainda possui um adesivo de um coelho. –Tão rápida quanto uma lebre – murmurou as palavras que costumava escutar de seus pais. Respirou fundo com medo do que encontraria no outro lado da porta, sua mão segurou na maçaneta com força e ao virá-la, ficou surpresa ao abrir a porta e encontrar tudo como havia deixado meses atrás. – Nada mudou.. – percebeu estupefata ao caminhar pelo seu quarto. Sentou em sua cama admirando as fotografias presas na parede em sua frente. Ergueu-se e retirou uma delas, a admirou por alguns segundos antes de rasgá-la. Suas mãos possuíam vida própria ao começar a rasgar todas as fotografias, e a medida que fazia aquilo, o seu coração descarregava suas dores com todas aquelas pessoas. Christopher se manteve em silencio ao escutar o choro de sua irmã, apesar de estar próximo a ela, ele sabia que nada poderia fazer para diminuir aquela dor. Uma dor que ele também era culpado. Fechou os olhos ao apertar a sua mão com força. Ele desejava ajudá-la, só não tinha consciência de como poderia fazer isso. Ele já estava prestes a entrar no quarto de Melanie quando escutou um barulho vindo do andar de baixo. Ao suspirar, ele fechou a porta do quarto de sua irmã e foi em direção a voz de sua mãe.

-Parece que ocorreu tudo bem – a voz sarcástica de sua mãe preencheu o ouvido de Christopher, o que o fez arquear uma sobrancelha – aonde aquela vadia está? – indagou a mãe deles. Maria possuía cabelos loiros e um olhar determinado.

-Não deveria falar assim com ela – interveio com a voz calma ao encará-la – ela esta frágil e..

-Frágil? Uma vadia que mata alguém é frágil? Sabe tão bem quanto eu o quanto esta família sofreu com o seu crime. E como ainda pode defende-la?

-Ela é minha irmã, é por isso que a defendo. Deveria fazer o mesmo já que é mãe dela – Christopher tornou sério – por favor, a deixe em paz, pelo menos por esses dias. A deixe se acostumar com tudo.

-Se acostumar – murmurou irônica ao ignorá-lo e ir em direção ao quarto dela. Subiu as escadas com a fúria em seus olhos e ao abrir a porta se deparou com a sua filha chorando em meio as fotografias rasgadas. Andou ate ela, e ao segurar em seu braço, sorriu diante do olhar assustado de Melanie – O que? Acha que alguém tem culpa pelo seu erro? – disse sério ao puxá-la, forçando a se levantar e ficar de frente para ela – Como pôde acabar com esta família? COMO PODE? – gritou alterada ao proferir um tapa na face de Melanie, a qual não se mexia e muito menos esboçava alguma reação – sabe o que aconteceu conosco? Por sua culpa... essa família..

-Eu sinto muito – Melanie balbuciou cabisbaixa.

-Como pode sentir? sentiu algo após nos abandonar? Seis meses.. seis meses foi o tempo que essa família viveu sem você e em volta de sua culpa. Acha que ninguém sabia do que fazia durante esses dois anos? O que aconteceu a 6 meses atrás foi apenas uma consequência – a voz de Maria refletia todo o desgosto que sentia. Como mãe, ela sabia que a sua filha estava sofrendo, mas apenas depositou um véu diante de seus olhos. Ela precisava culpar alguém por tudo o que havia acontecido a eles. Ela precisava culpar Melanie por tudo. –Eu não quero vê-la em minha frente. Deve saber o que isso significa – falou decidida ao dar as costas a Melanie e sair do quarto.

-Eu sinto muito – Melanie murmurou ao sentir as lagrimas caírem pela sua face – só irei chorar esta vez.... apenas esta e depois.. não derramarei uma lagrima – prometeu a si mesma ao ajoelhar no chão frio, solitária em seu quarto.

***
O ar do escritório do edifício onde a empresa de Nikko tinha como sede, estava tão tenso que nem mesmo uma faca seria capaz de cortá-lo. Enquanto o homem de feições duras e cabelos loiros mantinha-se com o olhar no computador, onde guardava todas as informações de Melanie, seu irmão, Fabriccio, permanecia parado em frente a mesa dele. Apesar de serem irmãos, Fabriccio possuía olhos amáveis e cabelos em tons de castanho, sendo ele o mais velho. Após suspirar, Fabriccio, olhou com pesar para Nikko. Não importava quantas vezes falasse para ele ou implorasse para que parasse aquela loucura, ele não o escutava.

-Ainda pretende seguir em frente? – Fabriccio indagou cansado – deixe-a em paz.

-Esta conversa não chegará a nenhum lugar – Nikko tornou sério ao olhar para ele rapidamente – ela não é tão santa como imagina – disse com um olhar frio – é como eu já havia lhe dito, ninguém nesta vida é santo, e muito menos você.

-Eu nunca disse que era.

-Não, mas adora passar essa impressão para todos – comentou ao se levantar – daqui a pouco tudo estará seguindo o seu curso.

-Do que... está falando?

-Eu sempre consigo o que eu quero, e desta vez, não será diferente – disse misterioso ao olhar de soslaio para a ficha da mãe de Melanie. A mulher que trabalhava em uma de suas empresas – O destino apenas embaralha as cartas e nós, bem, nós jogamos. Tudo irá depender de sua estratégia e a minha, é a melhor possível – declarou com o olhar determinado ao dar as costas a Fabriccio, o qual suspirou arrependido por ter concordado com aquela loucura no inicio.

-Meu irmão, acredito que irá se arrepender, mas.. se deseja tanto seguir com isto eu irei ajudá-lo – Fabriccio disse por fim – mas, prometa-me uma coisa.

-O que? – indagou sério ao observá-lo atentamente.

-Irá se afastar dela quando eu disser.

-O que? Estais louco irmão.

-Não – negou – estou sendo sensato. Eu sei que em meio a sua dor não perceberá que está indo longe demais e por isso, apenas por isso, eu irei dizer para parar. Irá concordar?

-Sabe que isso é ridículo, não é?

-Talvez seja, mas se é tão ridículo irá aceitar, certo?

-Sim – Nikko disse por fim sem imaginar o quanto aquela decisão seria crucial para ele. –Irei aceitar esta ridícula condição – concordou ao voltar a sentar-se em sua cadeira escondendo o rosto da rápida frustração. – “Tenho que me manter firme para fazê-la pagar por tudo” pensou atormentado ao olhar com raiva para uma de suas fotografias.

***
Christopher estacionou o carro em frente ao colégio de Melanie. Encarou a sua irmã, temerosa, sentada ao seu lado e sorriu, como havia feito no primeiro dia de aula dela.

-Tem certeza que quer continuar neste colégio? – ele perguntou preocupado, pois já imaginava como seria o tratamento que ela receberia dos demais alunos – podemos ver em outra escola e...

-Ficará tudo bem- Melanie garantiu ao esboçar um sorriso – não precisa se preocupar tanto comigo. Viva a sua vida também. – antes que seu irmão pudesse falar mais alguma coisa, Melanie abriu a porta do carro e seguiu em direção a entrada. Ela sabia que não seria fácil, muito pelo contrario, ela tinha plena consciência do quanto seria difícil. Olhou para trás e acenou para Christopher, o qual ela tinha certeza que estava com o rosto carrancudo – Ele nunca vai mudar – percebeu ao passar por alguns alunos de sua sala. Os olhares que eles lançavam para ela foram os piores, e com superioridade, ela quis ignorar. Entrou no colégio e ao passar pelo pátio escutou risos atrás de si, virou-se e se deparou com um grupo de meninas. Deu as costas ao continuar andando ate a entrada ate que sentiu o seu braço ser segurado por alguém. A sua respiração ficou suspensa ao se virar lentamente, se deparando com uma garota de cabelos loiros e olhar decidido – O que quer? – Melanie perguntou ao tentar se controlar.

-Vejo que teve coragem em retornar – a garota falou sorridente ao ver alguns jovens se aglomerarem ao redor delas – Acha que vamos te aturar aqui? És o pior tipo de pessoa que existe.

-Eu sei que sou – Melanie tornou com um leve sorriso na face –e é por isso que irá me largar ou então acabará como aquela mulher...- disse ameaçadora – largada no meio do nada..morta. É isso o que quer? – perguntou com um sorriso na face ao encará-la friamente –é isso mesmo o que quer? – Melanie segurou-se para não correr assim que a garota soltou o seu braço pálida. –ótimo – sua voz saiu mais triste do que gostaria e antes que se denunciasse deu as costas a ela passando pelos outros jovens ate se refugiar no banheiro. Trancou-se em uma das cabines, encostou a sua cabeça na porta enquanto respirava fortemente a fim de se controlar. –Eu não vou chorar...eu não vou – repetiu inúmeras vezes, seguidamente ate sentir o seu coração mais leve.


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