Ana Sofia

Pousei a caneta. Olho à minha volta e vejo que a maioria continua a fazer o exame. Finalmente posso dizer que estou livre da escola para sempre. O 12º ano foi difícil, mas estudei tanto para conseguir passar nos exames e não me safei nada mal. Agora tudo o que sinto é um enorme alivio sobre mim. Esperei tanto tempo por este dia que parece que é mentira que finalmente chegou. Ao acabar o exame, Inês - a única pessoa que se aproveita dentro desta turma e uma das minhas melhores amigas - olhou para mim e sorriu. Eu sabia o motivo do sorriso dela, porque compartilhava-mos o mesmo motivo.
Depois de tocar, eu e Inês decidimos ir para a minha casa falar com as outras raparigas. Queria-mos ter tudocombinado para na próxima semana embarcarmos na viagem que ira mudar as nossas vidas. Depois da chamada estabelecer no Skype, pude ver a cara de alegriadas minhas amigas, das minhas verdadeiras amigas.
- OMGGGGGGGGGG, como correram os exames?? - Interrogou Sara, entusiasmada.
- Bem! - Respondemos todas em uníssono.
- Mas meninas, temos que combinar tudo para a semana que vem! - Exclamou a Elisabete, ou como nós lhe chama-mos, Bé.
Naquela tarde ficamos a discutir todos os pormenores da nossa viagem e não poderia-mos estar mais entusiasmadas.

1 semana depois

A minha mãe está eufórica, a sério, nunca a vi assim. Anda de um lado para o outro com roupa, acessórios e outras coisas que eu própria nem sei o que é.
- Filha, levas o teu mealheiro? E não te esqueças da escova de dentes! - Gritava de um lado da casa, enquanto eu estava a arrumar tudo no meu quarto.
- Sim mãe, já tenho tudo, não te preocupes. - Respondi, soltando um pequeno riso.
Enquanto fazia as malas estava a pensar no quanto eu esperei por este dia, no quanto nós queria-mos que isto acontecesse. Foi uma sorte a Sofia ter uma tia brasileira que tem uma casa em LA. Nós falamos com a tia dela e ela deixou-nos ficar por lá até todas arranjarmos trabalho e uma casa só para nós. Por sorte, outra vez, a sua tia foi falando com várias pessoas e arranjou trabalho para duas de nós. Para mim em Venice Beach numa loja e para a Sofia num Starbucks também em Venice. As outras raparigas vão procurar assim que estivermos lá, mas não deve de ser difícil visto que estamos a entrar no Verão, a época mais alta em Los Angeles.
Os meus pensamentos foram interrompidos pela voz da minha mãe que se encontrava em lágrimas ao lado do meu pai, à porta do meu quarto.
- Oh mãe, a sério que já estás a chorar? - Interroguei-lhe enquanto fui ter com ela para lhe abraçar.
- Tu sempre foste a minha bebé e nem acredito que agora vais sair de casa!
- Mas mãe, agora já não sou uma bebé. Já tenho 18 anos e já posso tomaras minhas próprias decisões e tu sempre soubeste que é isto que eu queria para mim.
- Sim querida, nós sabemos e apoiamos-te a 100%. Só o facto de sabermos que tens um sitio onde ficar e um trabalho para te sustentar conforta-nos muito. Vais-te dar muito bem e sei que não estás sozinha, tens as tuas amigas contigo. - O meu pai disse, ele próprio com uma lágrima no olho.
- Eu não tenho as minhas amigas, pai. Eu tenho as minhas irmãs, e nós todas juntas somos mais fortes que qualquer outra pessoa no mundo. Vai correr tudo bem.
Demos um abraço e os meus pais ajudara-me a levar as malas até ao carro da Inês, que já se encontrava à minha espera à frente da minha casa.
- Filha! - A minha mãe exclamou antes de eu me dirigir para o carro da Nês.
- Sim mãe?
- Isto é para te lembrares de nós. Nunca o percas, nós amamos-te! - Nas suas mão encontrava-se um pingente dourado, provavelmente de ouro, com a letra inicial do meu nome, "A".
- É lindo! Amo-vos, eu vou dando noticias, não se preocupem.
Demos mais um abraço e fui para o carro da Inês que me deu o maior sorriso de conforto e seguimos para o aeroporto de Lisboa.
Ao chegarmos ao aeroporto faltava 1 hora para o embarque e pude ver que sentadas nuns bancos se encontravam a Bé e a Sara. Sofia não estava lá, a atrasada como sempre!
- Meninas, finalmente é hoje! - Exclamei abraçando-as e sentando-me ao pé delas.
- Mesmo, só falta a Sofia, que é a atrasada como sempre.
Após falarmos durante uns 20 minutos, pude ver Sofia a vir completamente carregada com pelo menos quatro malar de rodinhas, uma às costas e a sua mala do dia-a-dia. Todas nos levantamos para a ajudar.
- Só podias ser tu a estar atrasada e a trazer a casa toda atrás! - Sara desmanchou a rir-se enquanto pegava numa mala.
- Sabem como é, eu sou uma rapariga com muitas necessidades.
Rimo-nos, fomos fazer o Check- In e quando ouvimos o nosso aviso de embarque, os nossos corações dispararam. Era agora.
- Meninas... Estão prontas? - Interroguei com o meu maior sorriso.
- Oh Yeah! - Responderam em conjunto.
E assim começa a nossa aventura.