Uma semana, uma maldita semana internada naquele hospital, não aguentava mais, queria sair, estava ótima, o médico tinha me mantido ali em observação, mas já estava sem os pontos da cirurgia que tinha cicatrizado muito bem, estava comendo normalmente, apesar de a comida do hospital não ser La muito boa, mas era muito melhor do que a comida do cativeiro. Fabinho não saia do meu lado por nada, meu pai também não, mas agora ele já ia dormir em casa, depois de eu insistir muito. Tentei convencer Fabinho também, mas esse daí é um caso perdido, teimoso. Também estava com soro na veia o tempo todo e agora os ossos da minha costela já não eram mais visíveis e meu rosto também não estava tão esquelético, já estava quase como era antes do maldito sequestro.

Depois de invadir o local a policia dissera que encontraram um cativeiro antigo onde os criminosos mantinham varias pessoas presas, Karen e Eduardo tinham sumido no mundo e aparentemente não era eles que mantinham todos presos. A policia dissera que eram uma máfia grande que davam golpes nas pessoas e sequestravam vários familiares das vitimas e as mantinham ali, presas e Karen e Eduardo era apenas dois integrantes da máfia. Suspeitavam que os outros participantes eram os irmãos dos dois, que foram abandonados pela mãe golpista e exploradora depois da morte do pai. Cartazes de procurados e passando nos noticiários, toda a policia a procura deles, mas até agora nada tinha sido encontrado.

As outras pessoas que tinham sido presas também estavam no mesmo hospital que eu, e as famílias estavam sendo procuradas para informar que seu familiar tinha sido encontrado.

Bufei frustrada, era tedioso ficar ali sem ter nada para fazer. Fabinho tinha ido a cantina almoçar e eu estava ali agora, sem nada para fazer. Peguei o controle da TV e liguei, estava passando noticiário.

“Ultimas noticias, acaba de ser preso um dos integrantes da Máfia responsável por sequestrar varias pessoas e mante-las presas em um cativeiro coletivo por muito tempo. Rogério da Silva não quis dar declaração, ele foi pego com duas crianças em um hotel quase fora de São Paulo, as duas crianças também vitima dele já estão bem, em casa com os tios.”

Fiquei completamente chocada quando vi a foto das duas crianças na TV, eram André e Mayara, como assim eles tinham sequestrado eles e ninguém tinha me dito absolutamente nada. Fabinho ia se ver comigo.

“Apenas Rogério foi encontrado, os outro integrantes da máfia ainda continuam desaparecidos, se tiver alguma informação que possa ajudar,favor comunicar a policia. Se você tem alguém de sua família que desapareceu a algum tempo sem nenhuma explicação, favor entrar em contato com o numero que aparece ai para você, que o hospital ira informar se seu familiar foi encontrado.”

–Voltei moleque, e ai como que você esta?

Fabinho entrava no quarto trazendo consigo uma pequena barra de chocolate.

–Ótima, Fabinho, Porque você não me contou que André e Mayara foram sequestrados?

–O que?

Ele parecia espantado.

–Onde cê viu isso?

–Na TV.

Indiquei a TV ainda ligada.

–Sério? Eu não sabia disso Giane.

–A, se ta brincando né? Fabinho, porque não me contou?

–Giane, to falando sério, eu não sabia que eles tinham sido sequestrados, não sai daqui, como que eu iria saber e você não?

–Ta falando sério?

–Claro que estou, eu vou ligar pra Malu pra saber disso direito.

Ele pegou o celular e discou o numero de Malu, eles conversaram por um tempo e ele desligou.

–Esta tudo bem, ele sumiram ontem a noite, não nos falaram nada porque já temos muita coisa na cabeça e blá blá blá, aquela historinha toda, mas já foram encontrados e já estão bem, em casa, só um pouco assustados.

–Pelo menos o cara foi preso.

–Foi?

Ele perguntou. Comecei a deixar ele a par da situação, o médico apareceu dizendo que eu finalmente teria alta. Sem perder tempo me arrumei e já estava pronta para ir embora, Malu, Plinio, Irene com o pequeno David, Margot e meu pai estavam ali para ir para casa comigo.

–Nossa, veio todo mundo?

–É claro, queríamos te ver sair daqui finalmente.

Disse Irene que tentava fazer David dormir.

–E se prepara que ta cheio de jornalista La fora, Luxury, até o fiasco da Sueli Pedrosa que esta prestes a ser cortado do ar esta La.

Disse Malu vindo me abraçar.

Quando chegamos perto da porta já era possível ouvir o alvoroço que estava La fora, não era só eu que tinha sido liberada, algumas das outras pessoas que também tinham ficado presas no cativeiro, também estavam saindo.

Assim que saímos pela porta nossos olhos foram segados por flashes e todos vieram para cima, fazendo perguntas, falando ao mesmo tempo.

“Estamos aqui com algumas das vitimas que ficaram tanto tempo em cativeiro, que agora estão enfim sendo liberadas do hospital, entre elas a ex modelo Giane de Sousa esta sendo a primeira a sair.”

Dizia uma das jornalistas, ela se virou para mim com o microfone e perguntou.

–Giane de Sousa, pode nos contar como foi ficar presa tanto tempo, e agora que esta finalmente saindo do hospital onde ficou internada por uma semana após ser baleada, o que pretende fazer?

Não iria responder, mas as pessoas nos cercavam, os jornalistas estenderam o microfone e as câmeras, todos eles ficaram em silencio esperando por uma resposta.

Senti uma mão segurar a minha e apertar levemente, olhei e era Fabinho, olhando para mim com um sorriso encorajador.

Me virei novamente para a jornalista, respirei fundo e disse.

–Todo o tempo que fiquei presa foi torturante, fiquei muito tempo esperando que finalmente fosse libertada daquele inferno e as vezes realmente cheguei a achar que nunca seria encontrada, muitas vezes perdi esperança de que sairia dali, e todas as minhas tentativas de fuga foram inúteis, mas... eu parava e pensava na minha família, e nos meu amigos que estavam me esperando aqui, e tinha certeza de que todos eles estavam fazendo o possível para me ajudar, e então eu consegui aguentar dia a dia até que fui encontrada. Agora, eu só quero que os responsáveis por tudo sejam pegos e paguem por tudo que fizeram, e...

Olhei novamente para Fabinho, e sorri.

–Pretendo me casar com esse pateta aqui que foi teimoso e não desistiu de mim, me encontrou e me trouxe de volta para minha família, amigos e para ele.

Fabinho sorriu ainda mais para mim.

“Eu te amo”

Eu disse, sem emitir som, só mexi os lábios e sabia que ele tinha entendido.

“Eu te amo”

Ele repetiu o gesto.

Fabinho se aproximou e me deu um breve beijo nos lábios e então nós novamente fomos andando em meio a multidão até finalmente chegar ao carro e partir para a Casa Verde.

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Nunca fui tão esmagada com abraços, cheguei na casa verde o TODO mundo, literalmente TODO mundo estava La para me receber, até as pessoas que eu não falava muito estava ali. E todos eles fizeram questão de me abraçar, apertar a mão e logo depois veio as perguntas. “Você esta bem?” “Esta tão magrinha” “Pensamos que nunca mais iríamos te ver” “Como foi La?” “Você ficou com muito medo?”

Todos falavam ao mesmo tempo sem deixar que eu andasse ou pensasse em responder as pergunta. Então Fainho pois ordem na coisa.

–Ou ou ou ou ou, quietos seus malucos, Giane não vai falar nada, ela tem que ir pra casa dela descansar, ela acabou de sair do hospital.

Ele me pegou pela mão e foi me puxando pela multidão, abrindo espaço com a mão, afastando as pessoas e abrindo espaço pra ente passar.

–Se vocês quiserem saber das coisas vão pra casa assistir TV, ela deu entrevista que deve ficar repetindo na TV por dias, agora vão, deixem a gente passar.

Ri com aquilo.

–Você é a pessoa mais educada que eu conheço.

Disse ironicamente. Ele me olhou e sorriu.

–Deixa de ser chata e me agradeça, se eu não fizesse isso iríamos ficar La o dia todo.

Malu, Plínio, Irene, meu pai, Margot vinham logo atrás de nós e meu pai se adiantou em abrir a porta de casa.

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Muito papo, muito esclarecimento, a tarde toda ficamos conversando,colocando os acontecimentos em dia, eu mais alei do que ouvi.Todo mundo exigiu saber de cada mínimo detalhe que aconteceu comigo enquanto estava desaparecida. E Deus, como isso levou tempo, quando todos foram embora eu estava exausta.Logo Margot tinha ido se deitar e meu pai também já estava indo, deixando finalmente eu e Fabinho sozinhos.

–Já estou indo, não demorem muito para ir dormir, você ainda precisa descansar Giane.

Ele me aconselhou.

–Ta bom pai, a gente já vai dormir.

Claro que Fabinho não voltaria para o hotel onde estava antes de eu sumir, ele passaria aquela noite no sofá para no dia seguinte decidirmos o que iríamos fazer.

Me aconcheguei nos travesseiros de minha cama e Fabinho veio até mim, deitando calmamente ao meu lado. Nós encaramos o teto em silencio por alguns instantes.

–Estava com saudade da minha cama, nossa, pensei que nunca mais fosse deitar nela de novo.

Fabinho sorriu e se virou de lado para me encarar, e eu fiz o mesmo.

–Ta, e você só sentiu falta da cama? Obrigada pela parte que me toca maloqueira.

Eu ri, me aconchegando para mais perto dele.

–Como você esta carente e melosinho.

–Carente. Claro que eu estou carente, fiquei aqui, abandonado por semanas, sem pivete nenhum me enchendo pra jogar bola, sem nenhum cavalo grosso me dando patada, quase que te troquei por uma modelete em moleque.

–A claro, da pra ver que ia me trocar mesmo, ta ai, morrendo de saudade, morreu de medo que eu nunca mais voltasse, não conseguiria ficar com uma modelete patricinha nem uma semana, e ia voltar chorando me procurando desesperado.

Ele riu.

–Verdade, prefiro as modeletes que parecem um moleque de rua mesmo.

Nos encaramos e ele passou os dedos delicadamente pelos fios do meu cabelo, depois na bochecha e parou brincando com a minha cicatriz no queixo.

–Senti sua falta.

Sorri pra ele.

–Eu também fraldinha, eu também.

Nos beijamos longamente e Fabinho só desgrudou os lábios dos meus quando o clima começou a esquentar de mais e a sair do nosso controle.

–Giane, você ainda precisa descansar.

Ele me disse com a respiração ofegante e com os lábios vermelhos e inchados.

–Eu estou bem, não preciso descansar, estou morrendo de saudade, preciso só de você.

E então ele grudou novamente nosso lábios.