Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 14
13. Acidente.


Notas iniciais do capítulo

Happy new year!!!



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Treze.

POV Chris.

Quando o carro ganhou velocidade Felipa estava mais tranquila. O aquecedor ligado deixava o clima quente e não precisávamos de clima quente. Depois de meia hora consolando-a a convenci de que devíamos sair. De nada adiantaria ficar em casa chorando por problemas alheios, uma coisa é ter sensibilidade, mas isso não era um problema nosso; não podia deixar que Francine envolvesse minha mulher nessa bola de neve.

Minha mulher – de repente as palavras tem um impacto grande sobre mim. Não controlei o riso, a mulher silenciosa ao meu lado olhou com curiosidade, mas não perguntou absolutamente nada. Ela estava tão pecaminosa quanto em nossa primeira noite juntos... Em sua camisola de seda branca, que agora nem existia mais. Ela estava usando o maldito do perfume floral que me deixava enfeitiçado, além de ter outros cheiros envolvidos, como o de um óleo corporal que a espiei aplicando no corpo pela frecha da porta do banheiro. Fui o primeiro a ficar pronto, e completamente surpreendido quando ela adentrou a sala com uma saia estampada de símbolos orientais, cores sóbrias como verde e amarelo bem claro, sua blusa era branca, simples. E ela estava meio roqueira? Oh sim... Um colar em forma de cruz e uma jaqueta de couro comprida. Saltos tão altos... E puta que pariu. Pernas nuas, de fora. Dentro de uma meia calça provocante. Sexy como um inferno.

― Sobre terça a noite... ― Ela iniciou com a voz falha. Tirou o olhar da janela e me encarou. Surpreendeu-me quando sua mão acariciou minha nuca e seu corpo se inclinou para mim ― O que aconteceu?

― Eu realmente não quero falar sobre isso ― Apertei os olhos com força e me concentrei no trânsito invisível. Uma névoa branca passeava pela rua e eu precisava do dobro da atenção.

― Qual é o problema em eu ser virgem?... ― Sussurrou envergonha e eu ri nervoso.

― Não tem problema nenhum. Você não entende? Deveria ter me dito isso antes!

― O que iria mudar Molina? ― Se irritou e tirou sua mão de mim. O carinho estava relaxante, endureci. ― Você não podia ter me deixado daquela maneira e depois ter caído fora!

― Ah! Coitada dela! Ao menos você chegou lá, querida. Você não sabe como fiquei... ― Sarcástico e frio. Ela endureceu o rosto da mesma forma que eu, estava ofegante e louca para gritar comigo, mas por algum motivo não fazia.

― Tudo bem... Sem problema. Nós podemos começar de novo...

― De jeito nenhum nós vamos começar de novo! ― Ela riu. Felipa simplesmente riu como quem diz “vou te infernizar”.

Nós não dissemos mais nada um ao outro até descermos do carro no estacionamento privativo. Pablo estava investindo boa parte da sua herança em eventos por toda a cidade, agora ele tinha acabado de entrar como sócio em uma das boates principais de Seattle. Kiss Junks.

Felipa abraçou minha cintura e aqueceu-se do frio enquanto andávamos depressa para a entrada, nossos amigos estariam esperando por nós no camarote reservado. Era a festa surpresa de Molly e provavelmente deveria estar louca pulando e bebendo champanhe.

― Pode rebolar menos? ― Perguntei aborrecido. Não havia muito assedio da imprensa sensacionalista na entrada, mas havia homens... Todos eles aparentemente da idade dela. Comprando uma identidade falsa para entrar em uma boate disponível apenas para maiores de 21 anos. Felipa seria um caso a parte. Ela é uma Molina, não há limites para um Molina.

― Eu não estou rebolando, Christopher.

― E por que todos esses palhaços estão olhando para você? ― Ela gargalhou e desceu um pouco mais sua saia.

― Pelo mesmo motivo que essas vadias estão babando pelo meu marido. ― Grunhi áspero. Era riu ainda mais.

xXx

POV Felipa.

O lugar era escuro e eu nunca tinha estado em uma boate antes. Algumas festas alternativas bem parecidas, mas não chegava aos pés da KISS. Havia quatro ambientes diferentes e cinco pistas de dança. Um bar restaurante e área para fumantes. Show ao vivo e todos os tipos e gostos musicais.

Essa noite tinha tudo para ser perfeita, animada, feliz... Mas não. Por que eu fui obrigada a me casar com um troglodita? Por que Christopher Molina simplesmente não pode deixar que eu seja feliz por algumas horas sem que ele atrapalhe tudo? Só fazia duas horas que estávamos ali até a discussão começar, tudo porque neurótico do jeito que ele é e depois de doses extras do seu uísque favorito ele estava achando que eu flertava com um amigo seu! Absurdo. Tudo bem que o cara era bonito... Muito bonito... Sim, oh, lindo! E simpático e agradável etc... Mas ele não me olhava. De alguma forma estranha até demais Diego Santibñes não me encarava. E óbvio que imaginei Christopher o intimidando para não o fazer, e quando ora ou outra seu olhar se encontrava com o meu, era sempre angustiado e inexpressivo.

― Nós vamos embora! Já chega! Ou vou quebrar a cara desse desgraçado agora mesmo! ― Christopher gritou em meu ouvido. Eu mal podia ouvi-lo pela batida agitada. Eu nem tinha tido a chance de conversar com Molly a sós.

― Para com isso! Eu já disse que não está acontecendo nada!

― Cala a boca! Você acha que eu sou cego? ― Ele sacudiu meu braço e olhou no fundo dos meus olhos. Agora estava começando a me assustar.

Bruscamente eu fui arrastada para a saída, diferente da entrada havia alguns paparazzi na saída, com suas câmeras ágeis dispararam os flashes contra nós. Christopher não mudou nossas posições, ele continuou me puxando bruscamente no caminho para o estacionamento, enquanto gritávamos um com o outro.

― Você é um ogro imbecil! Agora eu consigo achar aquele idiota com quem eu falei na primeira vez que o vi. O imbecil que gritava com uma menina na farmácia por causa de preservativos! Tão egocêntrico. Me solta Christopher!

― Ah, que lindinha. Descobriu que eu sou o lobo mau, princesa?

― Você não vale nada! Está me machucando, porra! ― Descontrolei-me e ele me soltou. Tirou as chaves do carro do bolso e destravou o alarme, abriu a porta do carona no banco de trás e me jogou com força dentro do carro.

― Eu vou trancar você dentro de casa! Não poderá nem ir ao jardim! Melhor, nem sairá do quarto. Proibida de falar com qualquer pessoa dentro daquela casa!

― Você é tão absurdo... Eu chamo a polícia, ouviu bem? ― Christopher acelerou o carro e disparou. O velocímetro aumentando gradativamente até atingir 110km por hora ― Você vai nos matar! ― Ele ultrapassou três sinais vermelhos sem ao menos se preocupar se teria outros carros atravessando no mesmo momento.

― Bom que assim ninguém mais vai poder olhar para você! ― Gritou enlouquecido ― Eu deveria ter te fodido. Do jeito que você merecia. Forte. Ao ponto

de não fazer você levantar da cama, ao ponto de não fazê-la olhar para outro homem! Eu estava tentando ser legal com você Felipa, mas agora...

― CHRISTOPHER OLHA O CAMINHÃO!

Tudo aconteceu muito rápido, ele pisou fundo no freio, o barulho do pneu cantando era estridente, de repente o carro girou na pista. A buzina do caminhão soou alto incomodando meus tímpanos. Meu corpo chocou-se fortemente contra a lateral e minha cabeça bateu na janela. E então tudo parou. Endireite-me no meu lugar, adrenalina a mil. E gritei.

― Chriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiis! ― Gritei o mais alto que pude. O corpo continuou inerte deitado no volante do carro. Ouvi barulhos de sirenes e em menos de dez segundos ambulâncias e viaturas policiais nos atendiam.

― O que aconteceu? Senhora? ― Um paramédico abriu a porta do carro e tentou me levar, me recusei.

― Ele! Tire ele primeiro! Por favor!

― Fica calma, venha comigo. Meu amigo irá tirá-lo senhora, acalme-se. ― Ele conseguiu me tirar carregando-me. Deitou-me em uma maca ― Qual é seu nome, pode me dizer?

― Meu marido... Quero saber do meu marido... ― O homem respirou fundo, consternado.

Minha maca foi direcionada para perto da marca de Chris. Havia um corte superficial em seu supercilio, de acordo com o paramédico. Mas sangrava muito, sua blusa branca estava ensopada. Só percebi que chorava quando todo meu pescoço estava inundado por lágrimas.

― Christopher Molina, seu marido? ― Um policial me interrogou enquanto Chris estava sendo direcionada a ambulância. Eu implorei para estar com ele, mas seu caso era mais urgente que eu, então eu fui à outra. O policial estava ao meu lado me interrogando enquanto eu era examinada.

― Sim...

― O motorista do caminho que nos chamou disse que seu marido dirigia em alta velocidade...

― Eu... Não me lembro... ― Menti completamente. O policial respirou fundo. ― Meu marido vai ficar bem? Quero vê-lo!

― Estamos a caminho, senhora.

xXx

Fui liberada após um exame minucioso em 3D. Tive uma concussão e estava proibida de dormir em até 24hs. Meu exame levou em torno de quase duas horas, enquanto impaciente era informada o quadro médico de Christopher. Ele estava bem, já consciente e conversando com os policias após fazer alguns exames também minuciosos. Uma enfermeira me levou até ele, e, para minha surpresa, havia uma outra

mulher segurando sua mão. Os cabelos negros esparramados até a cintura e a roupa negra, como se estivesse de luto. Os dois me olharam assustado, a enfermeira ao meu lado parecia constrangida.

― Desculpe-me interromper, mas sua esposa estava ansiosa por vê-lo senhor. ― Ele fitou-me com fúria. Seus olhos queimavam. Nina não me olhou e ele não soltou sua mão.

― Você pode ir. ― Pedi e ela foi rapidamente ― Como você está? ― Ignorei no máximo a presença da mulher ao seu lado... De uma coisa que eu sabia era: ele a amava. Ele estava com ela por isso. Ainda se matinha perto por isso, e por mais que eu odiasse... Eu estava apaixonada por ele. O que eu não permitiria para fazê-lo feliz? Ele respirou fundo.

― Mal, você não está vendo? ― A voz dela saiu baixa. Contida. E pareceu preocupada.

Eu estou sobrando? É isso mesmo?

― Você deveria estar deitada. Por Deus... Alva está em algum lugar lá fora para te levar pra casa.

― Eu não vou para casa! Eu vou ficar com você.

― Menina ― Nina pausou. Soltou a mão de Christopher e olhou para mim com calma ― você causou esse acidente. E infelizmente não morreu nele...

― Nina, por favor. ― Christopher a interrompeu.

― Me desculpe querido... ― Ela o olhou com carinho, mas depois se virou para mim furiosa ― Vai embora. Deixe-o em paz, ao menos hoje.

Engoli a saliva seca. Não tinha o que dizer, eu não queria dizer nada. Ele me olhou nos olhos e em momento algum foi contra a ideia dela. Quem sabe não fora ele mesmo que a chamou ali? Provavelmente sim. Eu assenti. Jogo perdido.

― Eu não acredito que estou passando por isso ― murmurei para mim mesma ―, mas está bem. Eu vou para casa. Minha casa.


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Notas finais do capítulo

Último post de 2013 ): triste.. Ou não? Obrigada pelas review's meninas! Espero que em 2014 vocês estejam por aqui... Feliz ano novo!
ps: não corrigi esse capítulo, ignorem os erros ortográficos.