Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 13
12. Frankie Martin


Notas iniciais do capítulo

Post na área!! =))



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Frankie Martin.

POV Felipa.

― Não pode atender! Ele simplesmente não pôde me atender! Eu, a esposa dele. Estava ocupado demais em reunião com o Pablo! ― Gritei para Alva. A coitada estava aturando meu estresse durante todo o dia. E eu estava me odiando.

Na noite anterior eu tinha me entregado a ele. Tudo o que eu tinha de mais importante daria a ele de bom grado, não importava mais nada desde que eu fosse dele e então ele simplesmente se achou ruim ou bom o bastante para não me ter. E foi embora.

― Fica calma menina. Está o dia inteiro igual uma alma penada pelos cantos dessa casa. Falando sozinha. Fica calma; a noite ele estará aqui.

― Quem me garante?

Do jeito que ele fugiu ontem... Não estaria comigo hoje. Eu tinha certeza.

― Vocês estão em lua de mel. Claro que ele vai voltar. ― Eu não queria consolação. Eu queria gritar com ele tão malditamente que pensou que seus dedos – e que dedos – fossem simplesmente me deixar satisfeita. Que cretino!

― Alva... ― Ela tirou seus olhos da batedeira em que fazia um bolo e me encarou ― Você me acha... Jeitosa? ― A mulher não controlou o riso.

― Ora essa Felipa! Por que você não vai fazer umas compras? Visitar a sua mãe. Convide uma amiga. Tire essas bobagens da sua cabeça menina. ― Bati o pé no chão e a ignorei.

Durante todo o dia estava agindo como uma menina mimada perturbando a casa inteira com meus devaneios e reclamações. Mas Alva era realmente dura na queda, George foi o primeiro a me bajular e encher de conselhos sem nem saber minha aflição. Mas parecia que Alva sabia. Pelo jeito que ria e me censurava o tempo inteiro dizendo que estava sendo boba demais em ocupar meu tempo dizendo bobagens.

Ignorei os conselhos. Almocei com Alva e George e dessa vez fiquei quieta. Após o almoço aproveitei para dormir um pouco, estava chovendo forte e eu precisava me distrair com algo. Mas o sono não passou de meia hora. Eu liguei o notebook e chequei meu e-mail e facebook, nada de diferente. Nenhuma resposta para as universidades que me candidatei. Imaginei se eles não tivessem se correspondendo comigo, mas não, se não Martha avisaria, certo? Certo.

Nada matava o tempo do jeito que eu queria.

Por volta das cinco George bateu à minha porta calmamente, eu estava distraída assistindo “Um amor pra recordar” e chorando igual uma maluca.

― Senhora... A dona Amélia está no andar de baixo querendo vê-la. ― E eu automaticamente pensei “meu dia pode piorar” e podia.

A descida foi lenta. George ocupou-se em procurar algum traje descente. Eu queria algo que dissesse ‘minha lua de mel vai muito bem e adivinhe? Não sou mais virgem!’ e ele realmente achou. Um vestido longo e preto, de malha. Totalmente casual e uma dessas roupas que eu jamais usaria em casa, mas George disse que damas estão sempre arrumadas em qualquer lugar. E agora eu não era mais uma Sullivan, mas sim uma Molina. Agradeci mentalmente quando ele disse que não precisaria usar salto, uma simples sandália de dedo funcionaria muito bem. Meu cabelo levemente bagunçado, mais encaracolado que nunca. E uma maquiagem tão simples, que parecia que estava bem.

― Querida! ― Sua reação a delatou. Ela veio me sondar. Eu percebi que era intima de Nina e obviamente deveria achar que eu estava arrasada, mas meu sorriso e aparência estragaram suas expectativas.

― Não esperava vê-la tão cedo, tia Amélia. ― Usei a intimidade que não existia entre nós ao meu favor. Ela tremeu, queria intimidá-la.

― Eu estava em casa pensando... O Chris e a Felipinha não vão viajar porque meu menino trabalha tanto! Eu sabia que você estaria aqui, sozinha, atoa...

― Ah! Os dias são tediosos por enquanto. Logo ele arrumará um tempinho para viajarmos. Ele me prometeu! ― Menti ― Já à noite... ― Sorri maliciosamente, Amélia me acompanhou. ― Sente-se, por favor.

― Obrigada! ― Ela sentou-se no sofá e eu ao seu lado, reparei sua feição um pouco ansiosa. Queria perguntar algo, mas não sabia como abordar.

― Então? Quer beber alguma coisa tia Amélia? Chá, café, um suco? Ou água! A água daqui é realmente ótima... A do banho então... Se bem que eu acho que não é isso que deixa meu banho bom... ― Gargalhei e ela arqueou a sobrancelha ansiosa.

― Suco, por favor. De melão. ― Acenei para George que assentiu para buscar. ― Pelo visto a lua de mel está ótima! Mesmo não sendo em Paris, não é? ― Rimos.

― Você não imagina o quanto ― Não mesmo. Está horrível.

― Queria te pedir desculpas pela Nina. Ela é uma ótima menina, eu jurava que meu sobrinho se casaria com ela...

― Mas ele escolheu a mim. ― A interrompi ― Não precisa se preocupar com Nina. Ela não importa. Na verdade, cá entre nós... Eu tenho pena dela. Naquele dia eu deixei que Christopher a levasse... Por piedade, sabe? A coitadinha se humilhou tanto! ― Amélia arqueou a cabeça e fez um muxoxo.

― Você é tão boa, Felipa! ― Ela apertou minha mão carinhosamente. Falsa. Senti nojo. George chegou empurrando um carrinho com uma jarra de suco, frasco com gelo. Copos e alguns biscoitos.

― Deseja mais alguma coisa, Sra. Molina?

― Não. ― Dissemos juntas em uníssono. Na verdade éramos ambas Molinas. Rimos com a confusão e depois dispensei George dizendo que nós nos serviríamos.

Amélia sem cerimonia colocou um pouco de suco para si com alguns biscoitos.

― E você minha querida, como vai?

― Muito bem, obrigada sobrinha. ― Ela riu. ― Estou tão feliz por saber que vocês estão bem... Vocês combinam tanto Felipa! ― Tanta bajulação que meu estomago embrulhava. ― Mas eu vim também convidá-los para um jantar que darei em homenagem a vocês. Preciso apresentá-la a sociedade querida!

― A sociedade já me conhece, Amélia. ― Fui dura dessa vez, ela ficou constrangida. ― Eu sou uma Molina. Estive em mais revistas de fofoca do que qualquer outra pessoa nessa cidade. Mas, falarei com Christopher... Você sabe como ele é ocupado com trabalho... E o tempo que temos livres não queremos sair da cama... ― Ri ― Cansaço demais.

― Eu entendo. ― Ela estava sem graça.

George apareceu de soslaio com o telefone fixo na mão. Ele pigarreou pedindo licença.

― Lady, Sta. Martin ao telefone.

― Só um minuto, querida. ― Me levantei e segui George para fora da sala. Estava raivosa. Queria que Amélia sumisse da minha casa o mais rápido possível. Peguei o telefone da mão de George e o atendi.

Um choro baixo surgiu assim que disse alô. Frankie não murmurou nada, apenas ficou intensificou seu choro quando ouviu minha voz.

― Você está bem, Fran? ― Grunhi nervosa. ― Alô?

― Eu preciso de você Felipa! Agora!

― Ok. Tudo bem, onde você está?

― Na Street com á 79. Venha rápido.

xXx

Christopher me proibira de falar com ela. Mas ele não precisava saber que agora eu iria acudir minha melhor amiga, nós estávamos distantes... Mas não importava, se ela precisava de mim, como eu podia ignorar?

Parei meu carro – meu carro novo – e lindo. De uma marca que eu nem conhecia! E que jamais poderia sonhar em ter, que Christopher havia me presenteado, atrás do de Frankie. Ela havia parado em um lugar que era proibido estacionar. Eu desci do carro correndo me equilibrando sob meus saltos. Agora George me enfiou em uma bota de cano alto e salto de 13cm, calça jeans, uma blusa de manga cumprida preta e um sobretudo preto. Chovia desenfreadamente. Ainda bem que a porta do carona estava destravada. Frankie mantinha-se no seu mesmo estado de melancolia profunda. Assim que me viu deitou-se no meu colo e seu pranto aumento.

Acariciei seus cabelos e cantei uma canção de ninar.

Um guarda de transito socou o vidro com força, o que me fez tremer.

― Aqui é proibido estacionar, Fran. Contorne a rua e pare em frente a nossa confeitaria favorita. Acho que precisamos de uns donuts e cupcakes.

O guarda me deu uma sessão de sermão enquanto Frankie dirigia. Corri para meu carro antes que levasse uma multa. Já em um lugar permito para estacionar, deixei meu carro novamente atrás do de Frankie e corri para a confeitaria. Ela estava em um dos lugares mais escondidos, uma garçonete anotava seu pedido. Ainda bem que ela me conhecia o suficiente. Acenei para alguns conhecidos que vi no caminho e apertei minha mão esquerda quando minha aliança pesou. Nesses momentos eu me sentia terrivelmente jovem para estar casada. Não tinha ido a um show de rock com a minha turma do último ano. Nem falsificado uma identidade falsa para comprar bebidas alcóolicas. Tão pouco fui a uma boate despretensiosa e fiquei com mais de cinco caras em uma noite, pareça ou não, Frankie e eu planejávamos coisas assim quando estávamos na escola. E cá estamos nós... Eu casada, ela grávida. Fazendo o oposto de tudo que planejamos. E eu sei que jamais farei... Mesmo que Christopher me deixe. Estarei madura demais para retroceder e fazer coisas de crianças.

― Eu pedi donuts de chocolate para você. E seu cappuccino com caramelo preferido. ― Assenti e nostalgicamente recordei-me de quando fugíamos da escola e sentávamos em uma dessas cadeiras nos enchendo de donuts e prometendo que começaríamos a dieta novamente na segunda-feira. Frankie era tão despreocupada e animada. E nunca me acusava de ser careta. Nós ficávamos encarando os gatos que entravam e muitas vezes piscávamos para eles e pedíamos os telefones, mas nunca ligávamos. Eu não entendia qual era o prazer. Mas agora eu sei... A adrenalina era boa. O friozinho na barriga de ser mal interpretada ou até levar uma passa fora como se fossemos cãozinhos carentes.

― Ok. Obrigada. Aqui continua igual... Parece que faz anos que não entro aqui...

― É... Eu também. Estou levando a dieta a sério... ― Ela tentou rir, mas não deu muito certo. Eu ri.

― Pela primeira vez na vida então... ― Ficamos em silêncio ― O que está acontecendo?

Frankie passou a pasta que estava em sua mão para a minha. Estava escrito “ultrassonografia 3D” na capa do envelope branco. Eu a encarei com expectativa. Havia fotos do seu “bebê feto” como ela costumava chamar. Já partindo para o quinto mês de gestação. Nossas contas estavam erradas. E essa com certeza foram a sua primeira consulta.

― Está tudo bem com o seu bebê? Eu não entendo nada disso. ― Ela engoliu o choro. Era tão obvio. Nada estava bem.

― Ele não está se desenvolvendo perfeitamente! ― Ela sussurrou como se fosse um grito. As lágrimas desceram rápido demais, não pude secá-las a tempo.

A garçonete chegou com o nosso pedido e ficamos em silêncio. Eu não entendi muito bem o que ela estava querendo dizer.

― Qual o problema com ele, Fran? ― Segurei sua mão.

― Ele não tem um braço! Felipa! ― Ela estava horrorizada e eu chocada ― E é minha culpa! Meu Deus!

― Francine... Não, calma. A culpa não é sua! Amiga... - Eu me levantei de onde estava para abraça-la, ela recusou.

― Não mereço isso! Não me consola! Ele só está assim porque queria mata-lo! Eu tentei! ― Descontrolada ela gritou. Eu a soltei rapidamente. Agora eu fiquei boquiaberta.

― Espera! Você tentou abortar?

Eu queria ser controlada. Eu juro. Mas ela só sabia chorar se condenando. O que eu iria fazer? Deus! Um bebezinho... Como pode? Eu esperava tudo dela. Menos isso. Menos isso.

― Ok. Hora do donut. ― Murmurei voltando a sentar. Agora éramos a atração do local. Nunca tinha me sentido tão só. Parecia que a amiga que eu fiz no ensino fundamental não era a amiga que estava aqui a minha frente. A minha Frankie jamais tentaria abortar um filho. Ela sempre gostou de crianças... Qual era o problema com essa? Todo o tempo... Ela mentiu ser quem era? Mas... Por quê?

― Não me odeie. Não vou conseguir lidar com isso se você estiver me odiando... ― Implorou suas lágrimas não paravam de descer.

― E o pai, Frankie? ― Ela negou com a cabeça rapidamente. Ela não gostava de falar sobre o pai. ― Esse cara tem que saber, ele tem responsabilidades, você sabe disso. Casar é uma coisa Frankie. Ter filho é outra totalmente diferente. Christopher ontem... Ai Deus, um homem de verdade não esquece o preservativo. Você não tem idade para ter filho, me desculpe! Você não tem condições mentais para ter um filho. E agora?

― Eu não sei! ― Ela chorou ainda mais. Meu celular tocou, eu olhei no visor e vi o nome do Christopher. Droga. ― É seu marido? ― Assenti que sim ― Ele me odeia...

― Você fez por onde, não é? Não sei no que dá em você, Frankie... Faz umas coisas sem pensar e depois sofre as consequências. ― Ele desistiu. Mas logo voltou a ligar, ela bufou. ― Ele já deve estar em casa louco da vida por eu não estar lá também. Preciso ir.

― Não me deixa sozinha... Não quero ir para casa! ― Ela chorou ainda mais, eu não consegui tocá-la. Não conseguia mais sentir pena.

― Eu não posso leva-la comigo. Meu marido nos mataria, Fran! Acredite, ele é pior do que se vê por fora. Agora eu preciso ir... Ok? Se cuide.

xXx

POV Christopher.

― Oi Nina. Você me ligou 50 vezes hoje. Qual o problema, você está bem? ― O silêncio do outro lado da linha me aborreceu. Ela não parava de ligar e isso me deixava irritado. Não sabia qual era seu problema, mas de qualquer jeito fingiria não ligar. E não seria tão difícil assim ignorá-la.

― Só estou com saudades... ― Murmurou manhosa. Respirei fundo.

― Eu estou indo para casa. Tenho que sair essa noite, mas amanhã estarei com você. Não foi isso que combinamos?

― Aonde você vai? ― Pensei muito antes de responder.

― Jantar na casa do Pablo. ― Ela riu. ― Aniversário da Molly amanhã. Eu te falei, lembra?

― Lembro! Mas quero ver meu gato! Não tem como dar uma escapadinha? ― Ouvi alguém ao seu lado rir, Charlotte ou Olivia estava junto com ela, provavelmente.

― Não, Nina. Você quer estragar tudo? Tenho que desligar. Não me ligue mais hoje!

Pegajosa.

Homem odeia as mulheres pegajosas, mas parece que elas não se ligam muito nisso, quando estão querendo marcar território grudam mais que chiclete. Eu havia ligado para Felipa uma hora antes para marcar com ela, odiava esperar e sei muito bem como mulheres gostam de se produzir, principalmente para o lugar onde iriamos. Pablo com sua voz persuasiva me convenceu a levar Felipa a sair hoje à noite, junto com eles claro. E adivinhem? Um lugar bem cheio, onde não seremos obrigados a nos vermos, nem conversarmos. Onde tenha música alta e bebida. E principalmente um lugar que fará que ela durma assim que estiver em casa. Poderíamos sim evitar qualquer conversa indesejada... Ou sedução de uma esposa raivosa. Distrações é tudo que precisamos... Antes de ela começar a me odiar.

Mas, eu liguei e ela não me atendeu. Agora por volta das sete horas estou chegando a casa finalmente. Exausto demais para ouvir música alta e noites de porres...

― Alva, meu amor! ― É um alivio que ela seja a primeira pessoa que eu veja ao entrar. Alva está fixamente olhando a TV, onde o repórter anuncia que mais um furacão vai atingir a costa leste das Filipinas. Ela está debruçada no sofá e tem uma feição triste. Debruço-me no espaço ao seu lado e ouço a reportagem. ― Outro? Dessa vez será mais difícil de aguentar.

― Pois é, Christopher. Queria poder fazer algo pelas crianças...

― Não se preocupe. Estou fazendo por todos nós. É pouco. Mas já é alguma coisa.

― Doou? Você tem um coração tão grande! Seus pais morreriam de orgulho, você sabe! ― Ela me deu um abraço tão forte que me emocionou. Eu ri para descontrair, não queria ser o “seu menino chorão” de sempre.

― E minha esposa?

― O que você fez com ela, hein? Esteve impaciente todo o dia! Azucrinou-me. Estive a ponto de botar ela de castigo ― Alva riu baixo ― Depois o diabo da sua tia esteve aqui, pedi George para recebê-la. Felipa fez a sala. Ela provavelmente veio sondar para Nina, o que você acha?

― Acho que ela deveria morrer. ― Alva me olhou de cara feia e riu. ― E depois?

― Depois recebeu um telefone da Frankie Martin e saiu.

― O quê? ― Não acreditava. Ela saiu de casa e pior... Atrás da vagabunda mirim da sua amiga.

― Não vai brigar com ela! Vocês casaram tem dois dias! ― Ela falou de um jeito tão engraçado que me fez rir... Só tinha dois dias realmente.

― Parece estar mais... Habituada a ela. O que é isso hein? ― Alva revirou os olhos.

― Ela é uma menina boa Christopher. Olha lá o que você vai fazer... Seja o que for, não estarei aqui para assistir...

Ela jogou sua frase no ar e saiu à francesa. Alva sempre me deixava reflexivo com tudo que falava. Dei de ombros por hora. Direcionei-me as escadas e corri para cima, ao entrar no quarto pude fitar a imagem inerte de Felipa deitada na cama, provavelmente com a roupa que saiu, jeans e blusa preta e meia cor de rosa no pé, tão infantil. Ela revirou-se assim que ouviu o barulho da porta sendo fechada, quase instantaneamente sentou-se. Havia uma expressão amargurada em seu rosto. O cabelo preso em um coque mal feito, o lápis de rosto em seus olhos estavam borrados e ela fungava baixo.

― Como você está? ― Perguntou-me com a voz embargada.

― Bem. Onde você esteve? Está tudo bem? ― Me desfiz dos sapatos e deixei minha pasta e paletó no braço da poltrona de couro que ficava em um canto isolado do quarto.

― Na verdade não... ― Lágrimas grossas salpicaram seu rosto. Ela secou rapidamente. Eu parei de afrouxar minha gravata e olhei atentamente para ela. O que diabo tinha acontecido?

― O que aconteceu, Felipa? O que a Frankie fez com você? Eu disse que não queria que você estivesse com ela. Não disse?

― Eu sei. Você disse. ― Secou mais lágrimas ― E dessa vez eu gostaria de ter te ouvido. Ela não fez nada diretamente comigo... Christopher, o que você pensa sobre aborto?

Aborto? Pensei na palavra... Na verdade eu não pensava muito nisso. Não tinha uma opinião concreta, na minha concepção cada mulher é dona do seu corpo. Cada uma tinha/tem o livre arbítrio para fazer com ele o que desejar. Ah não ser que isso envolvesse um filho meu... Mas espera...

― Frankie abortou uma criança? ― Perguntei direto. Agora pasmo.

― Tentou... ― Não acredito. A face de Felipa estava branca. Ela parecia enjoada e triste, muito triste. Nunca tinha visto ela assim. Ela respirou fundo e se pôs de pé, andou até o banheiro e eu acompanhei. Observei enquanto ela lavava seu rosto e se olhava no espelho ― Ela tentou abortar. Tomou alguma coisa, mas não aconteceu. Hoje ele foi fazer sua primeira consulta. Ela já está indo para o quinto mês, acredita? ― Não. Realmente não.

― Ela nem tem barriga... ― A verdade é que Frankie é extremamente magra, muito imperceptível ver. ― E você está mal por ela ter tentado abortar? Relaxa Felipa. Deveria estar mais preocupada com o que ela vai fazer com essa criança. Ela é maluca. Simplesmente. Viu porque quero que você fique o mais longe possível dela?

― A criança está com má formação ― Foi direta ― Ela não tem o braço esquerdo... E problemas neurológicos, pelo que li no exame. Por causa das toxinas que ela tomou para abortar. Ela agrediu o bebezinho dentro dela!

Eu só caminhei para ela e a envolvi nos meus braços. Felipa caiu em um pranto profundo. Eu esperava tudo de sua amiga, menos isso... Por que a vadia não fez no começo da gestação? Até uma pessoa sem instrução sabe que em um estágio de cinco meses a gestação é irreversível. É a lei da vida. A lei do retorno.


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