Herança escrita por Janus


Capítulo 6
Capítulo 6




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     - Tem certeza de que ela está em casa?
     - Eu já disse, Serena – respondeu Anne com voz cansada - eu posso sentir todas as sailors, lembra? Minha maninha está ai sim, junto com as minhas mães. Agora, pare de ficar pulando no mesmo lugar como se fosse criança e espere, PELO AMOR DE DEUS, eu achar a chave para abrir a porta.
     - Por que vocês não tem trancas a base de DNA?
     - Bem, Suzette, a Haruka não confia muito nisso não... ela prefere o antigo e aham confiável sistema de trancas eletrônicas com senha ativada por voz.
     Dito isso, Anne tirou um pequeno cartão de sua bolsa e o encaixou em uma fenda na porta. Um orifício se abriu, emitindo um laser para scanear suas feições faciais. Logo que este terminou, uma luz amarela se acendeu, bem como um timer indicando cinco segundos. Era o tempo que restava para ela informar a sua senha pessoal para entrar na própria casa. Quanta paranóia!
     - É a fofinha da mamãe Michiru.
     A luz amarela ficou verde, e a porta se destrancou. Anne pegou na maçaneta e abriu a porta, convidando as suas amigas para entrarem. Suzette estava se sentindo um pouco incomodada, pois era raro ela ir até ali. A última vez tinha sido há seis anos atrás.
     - "Fofinha da mamãe?"- perguntou Serena rindo – quem foi que cadastrou essa senha?
     - Fui eu! – disse Anne com toda a pompa – e eu sou mesmo a fofinha dela. Precisa ver quando ela cisma de apertar minhas bochechas.
     - Preciso ver isso qualquer dia destes...
     - Só em sonhos... nenhuma de minhas mães é muito expansiva na presença de estranhos. Só a mamãe Amy. Por falar nisso, estranhei muito ela ser tão quieta lá no passado.
     - O que é que você está falando de minha mãe ai?
     - Calma Suzette. Só estava comentando. MÃES! EU CHEGUEI! E EU TROUXE VISITA!
     Elas não responderam, normalmente não faziam isso. Deviam estar ocupadas lá em cima.
     - Onde está ela?
     - No quarto ao lado do meu, princesa. Vocês podem ir até lá, eu vou tomar uma ducha fria agora.
     Em poucos segundos, Serena sumiu da sua frente e entrou como um foguete no quarto que ela tinha indicado. Suzette apenas olhou para ela sem jeito e foi logo atrás. Era uma situação rara aquela. Sua maninha Suzette e a maninha Hotaru praticamente nunca se conheceram realmente, e era por causa disto, basicamente, que ela tinha vindo visitar a "irmã de criação" de sua "irmã de criação". Que confusão! Ainda se lembrava no primário, quando a professora pediu para que ela desenhasse sua árvore genealógica. Ela chegou a sugerir que ela deveria ver um psiquiatra infantil, devido a praticamente não haver homens na árvore que ela desenhou e de ter três mães e duas irmãs com ligações um tanto confusas. Depois que o psiquiatra conheceu realmente sua família – com exceção de Hotaru, naturalmente, que estava desaparecida então – ele é quem pediu baixa da escola e foi consultar um analista. Ele não conseguia acreditar que Anne era uma criança perfeitamente normal vivendo daquele jeito.
     Pensando bem... nem ela acreditava. Ela seguiu para o seu banheiro – o das suas mães ficava na suíte, no andar de cima – e, antes mesmo de chegar lá dentro, já tinha tirado toda a roupa e a carregou na mão até ele. Lá dentro, a jogou sem muito cuidado no cesto – reparou que lá também estava uma toalha molhada, provavelmente a Hotaru tinha usado, fato facilmente comprovado pelo banheiro ainda estar úmido – entrou debaixo do chuveiro e, sem medo algum, abriu a água fria.
     Foi um banho rápido – como ela sempre fazia, alias – basicamente para tirar o suor do corpo. Ela se enxugou rapidamente esfregou seu cabelo com força – vantagens de ter cabelos curtos, são fáceis de enxugar – penteou-os com a sua escova e, praguejando em voz baixa, percebeu que, agora, também teria os mesmos problemas que tinha na casa de sua mamãe Amy: Alguém tinha tirado o roupão do banheiro, e não o tinha posto de volta.
     Ela saiu deste com passos rápidos e firmes e seguiu para o quarto de Hotaru. Abriu a porta com certa violência – mas não a bateu – e viu as três ali sentadas na cama grande – igual a sua – que tinha ficado lá, vazia, nos últimos oitenta anos. Hotaru estava na cabeceira desta, com alguns bichinhos de pelúcia – devia estar matando a saudade – e vestindo o seu roupão. Serena estava do seu lado, e, Suzette, do outro, como se fossem os vértices de um triângulo.
     - Puxa Anne – disse Hotaru sorrindo – não sabia que você era tão desavergonhada assim.
     - Desavergonhada?
     - Você está pelada! – disse Suzette com os olhos arregalados – mamãe sempre te dá bronca quando você anda lá em casa assim.
     - Isso só acontece quando você tira o roupão do banheiro – bufou ela em resposta – e, por uma estranha coincidência, a mesma coisa ocorreu aqui.
     - Há! É seu este roupão? – perguntou ela pegando na gola deste – é tão gostoso e macio...
     - Lógico que é. Eu desenhei e confeccionei ele. Só vim aqui para lhe falar das regras básicas desta casa, maninha: Não pegar as coisas das outras, arrumar suas bagunças e, principalmente, DEIXE O MEU ROUPÃO NO BANHEIRO!
     As três ficaram assustadas com o timbre de sua voz. Anne saiu do quarto e foi até o seu, para pegar uma roupa e ficar um pouco mais decente. Se bem que não precisava se preocupar muito, na sua casa só tinha mulheres mesmo...
     Meio que de raiva, ela decidiu usar uma das suas roupas que mais irritavam suas mães. Um shortinho branco bem apertado – mas não muito curto – e uma camiseta de malha com decote generoso, que ela tinha mudado a costura para que torneasse melhor seus seios. Nem ela sabia o motivo, mas ela adorava ficar vestida de forma sensual. Calçou umas sandálias de tiras e se olhou no espelho. Nada mal... nada mal mesmo. Hum... Diana estava no shopping lá perto... ela podia sentir. Talvez fosse bom dar um pulo lá para, com ela, ver algumas vitrines com roupas proibidas para elas... ela sempre verificava os desenhos das que tinha gostado mais e fazia uma própria, só para ela. As vezes Diana servia como modelo também. Que maravilha tinha sido aquela estranha coincidência... as duas terem praticamente o mesmo gosto por roupas, embora por motivos diferentes. Diana gostava de sentir o seu corpo firme – e, incrivelmente, era muito inocente sobre o efeito que isso causava nos garotos – ela gostava de parecer sensual.
     Ela parou de pensar naquilo quando sentiu Hotaru nas suas costas. Como ela tinha chegado até ali sem que ela percebesse? Será que ficou tão distraída assim?
     - O que foi? – perguntou ela já sem nenhuma raiva.
     - Eu queria pedir desculpas por ter ficado com o seu roupão. É que não tem nenhuma roupa minha aqui... todas elas estragaram com o tempo, e só tenho aquelas que me deram no hospital.
     Ela ainda estava com o seu roupão, mas a raiva de Anne tinha sido apenas naquele momento. Já tinha superado. Agora, ela estava sentindo pena de sua "maninha".
     - Você não tem nada para usar agora?
     - Só o que a Michiru me levou.
     - Hum... eu estava pensando em ir ao shopping ver umas roupas. Quer ir comigo?
     - Você não está mais brava?
     - Maninha... quando você me conhecer melhor, verá que sou mais esquisita que a mamãe Haruka. Vamos, vai pegar a roupa que Michiru te deu e vamos ao shopping.
     - OBA!
     Anne olhou na direção das vozes e viu Serena e Suzette na porta, olhando a cena meio que escondidas. Ela também não tinha percebido elas ali. Realmente, estava ficando um pouco distraída.
    

-x-

 

     Diana olhava para a vitrine da loja de roupas, brigando internamente para entrar lá dentro e pegar aquele vestido lindo que estava a mostra em hologramas. Mas, com certeza, sua mãe iria falar que aquilo era apenas uma camiseta, e nem de longe poderia ser chamado de vestido. Que droga! Será que a corrente com elos redondos fazia parte do conjunto? Será que tinha em couro? Será que aquele decote oval podia ser mais estreito e mais cavado? Será que tinha uma costura a mais na cintura, para dar mais firmeza a esta? E, principalmente, será que ela iria conseguir esconder sua cauda vestindo aquilo?
     Suspirou de forma desolada. Não ia dar. Não ia conseguir esconder sua cauda vestindo aquilo. Droga! Já tem alguns alienígenas andando pelo planeta, porque ela ainda tinha que continuar fingindo que era totalmente humana? O que há de errado em uma menina que possui cauda?
     - Vem gatinha! Gatinha, gatinha, gatinha...
     Diana sorriu de uma forma meio amarela. Só Anne a chamava assim.
     - Anne... eu não estou em um bom dia, tá bom? Hotaru! Nossa! Você não mudou nada...
     Ela ficou surpresa de vê-la ali. Parecia tão... deslocada... se bem que, da última vez que a tinha visto, tinha sido há décadas, e ainda não haviam construções como aquela, revigorando sistemas econômicos de quase mil anos antes. Ela também notou que estava usando roupas da Michiru. Bonitas, mas... um tanto soltas no corpo.
     - Não posso dizer o mesmo de você. Puxa! Você virou uma bela moça... já deve estar destruindo corações.
     - Nem tanto assim – ela ficou encabulada.
     - Mesmo? – disse Suzette – faz o seguinte... me passe apenas metade dos códigos de comunicação que te ofertam em apenas um dia. Essa ai – disse para Hotaru – já foi cantada por praticamente todos os garotos acima de doze anos da escola. E nem sequer aceitou sair para jantar com um deles!
     - Nenhum deles faz o meu tipo – ela fez uma careta ao dizer aquilo – ora bolas! Onde já se viu... sair com alguém e nem poder sentir a cauda dele abraçando a sua cintura? Eles nem tem caninos pontudos o bastante para mordiscar a minha nuca... não ia ter graça nenhuma. Se bem que o Marcelo sabe dar umas mordidas na orelha... hum!
     As três ficaram um tanto sem jeito com o que ela disse. Principalmente com a expressão de prazer indisfarçável que fez, quando mencionou as "habilidades" de Marcelo, um aluno já no último ano da escola, e que era pelo menos três anos mais velho, sem contar que era conhecido por ser um garoto "agarrador".
     - Pensei que eu era a precoce da turma... – comentou Anne com os olhos arregalados.
     - Como assim precoce? - ela não tinha entendido – o que há de mais nisso? Papai faz isso comigo desde que eu era um filhote, especialmente para dormir. Não é nem um pouco diferente de um beijinho na testa.
     - Para sua raça, talvez. Mas, para nós, humanos, isso já é uma prévia de... bem aham...
     - Uma bela seção de pega-pega! – disse Anne terminando a frase de Suzette.
     - ANNE! – disseram Suzette e Serena ao mesmo tempo.
     - Seja um pouco mais discreta...
     - Ah princesa, não enche. Todo mundo sabe que falo mesmo. Que mania de tentar usar meias palavras para mencionar essas coisas.
     - Que coisa? – perguntou Diana – Pega-pega não é uma brincadeira que fizemos muito, Serena?
     - Princesa, que história é essa? – perguntou Hotaru rindo para ela.
     - Ela está falando da BRINCADEIRA DE CRIANÇA pega-pega. Não é daquilo não!
     - Daquilo o que? – insistiu ela.
     - Olha Diana, estamos falando mhhhhh...
     - Quieta Anne. Não fale isso aqui assim, com tanta gente por perto. Já estão nos olhando.
     Anne tirou a mão de Suzette de sua boca e olhou ao redor. Realmente, tinha muita gente andando por lá, e alguns, sentados em um banco próximo, até as observavam com interesse.
     - Tudo bem...
     Ela se aproximou do ouvido de Diana e cochichou neste. Esta começou a expressar uma fisionomia de espanto, logo seguida para surpresa.
     - Verdade? – perguntou ela.
     - Sim – confirmou – exatamente o que eu disse, palavra por palavra.
     - Nossa... parece... bem... PARECE LEGAL! Vamos fazer qualquer dia?
     - O QUE? – Ela ficou apavorada com o que ela disse – ESTA LOUCA?
     - Mas é igualzinho a aquelas brigas simuladas que eu fazia com a mamãe... era tão divertido... – ela juntou as duas mãos como se estivesse rezando e olhou para cima – eu adorava aquilo. Mas, depois que eu cresci, ela parou. Disse que eu já era muito mocinha para continuar. Vamos? Que tal na sua casa, esta noite? Nunca agarrei, mordi, ou apertei desse jeito alguém em minha forma humana antes... muito menos fui agarrada ou mordida assim... deve ser legal! Que tal nós três, Hotaru? Será bom como exercício também. E, depois, quando estivermos bem suadas, fica mais fácil escorregar das mãos das outras. Vai ser ótimo para reforçar a amizade que tínhamos.
     - Anne... – disse Hotaru levantando o seu lábio direito o máximo possível, formando uma careta enorme – acho melhor você consertar esta confusão. E depressa!
     - Olha gente – chamou Suzette - boa sorte com ela. Lembrei que preciso estudar e... AI!
     - Pode parar ai mesma - disse Serena a pegando pelo cabelo e puxando para trás – não vai deixar a gente aqui com este mico não. Especialmente porque foi você quem começou com isso!
     - Foi a Anne quem falou do pega-pega!
     - Mas foi você quem quis explicar as coisas – defendeu-se ela.
     - Sim, e que belo serviço você fez, explicando o que é o pega-pega...
     - Eu falei exatamente o que é... agora, se ela entendeu outra coisa, isso é outra história.
     - Concordo com você Anne, mas não me ajuda em nada - Diana estava puxando a mão de Hotaru, tentando leva-la para a saída do shopping. Insistia nisso com muita determinação e com um sorriso enorme - PARA COM ISSO, DIANA! VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU O QUE A ANNE DISSE!
     - Não entendi? Mas... ela me disse que pega-pega é apenas apertar ou unhar a barriga, a bun...
     - Shhhhhh! – disse ela pondo a mão na sua boca – deixa eu explicar melhor.
     Desta vez, Hotaru cochichou em seu ouvido, e Diana, depois disto, ficou um tanto confusa.
     - Vocês acham que isso aí é coisa ligada basicamente a sexo? – perguntou ela intrigada – para mim é perfeitamente normal. Nada além de uma brincadeira de amigos que se confiam.
     - Nós somos humanos, Diana – enfatizou Suzette – as coisas são um pouco diferentes entre nós. Humanos não são tão abertos a serem tocados desta forma, é preciso um relacionamento íntimo grande para isso, e, ainda assim, o fazemos em privacidade. Embora tenham aqueles que não se importem muito com certos detalhes...
     - Mamãe nunca me falou disto – ela pos o dedo na boca, em uma atitude infantil – nunca mesmo.
     - Acho melhor você pedir para ela esclarecer melhor como são as coisas entre nós – disse Serena, colocando a mão em seu ombro – senão logo, logo você vai acabar fazendo uma confusão muito grande, dando uma impressão errada a seu respeito. Ou pior, alguém pode acabar se aproveitando de sua inocência no assunto.
     - Hum... será que é isso que o Marcelo queria quando perguntou se eu aceitaria descobrir o quanto ele sabe morder as pontinhas do corpo?
     - Diana... – disse Anne claramente encabulada, coisa, alias, difícil de ocorrer – fale com a sua mãe o mais rápido possível...
     - Tá bom, vou falar. Agora, o que vocês vieram fazer aqui? Não foi me dar uma aula de como fingir ser humana, certo?
     - Bem, minha maninha está sem roupa nenhuma, e...
     - Ah... – ela sorriu – e você vai ajuda-la a escolher uma roupa? Eu posso também?
     - Nada disso! – disse Suzette – nenhuma das duas vai dar palpite algum. A Hotaru é quem escolhe.
     - Por que elas não podem dar palpite? – perguntou Hotaru para ela – eu gostaria de ouvir a opinião delas. Estou oitenta anos fora de moda, não é mesmo?
     - Bem, Hotaru... AI! DROGA! – gritou Serena quando seu relógio disparou o alarme – são seis horas... vou me atrasar. Desculpe Hotaru, mas eu tenho que ir. Suzette, não deixe essas duas fazerem muito a cabeça dela, viu? Tchau gente!
     Serena saiu correndo pelo shopping, praticamente se jogando nos elevadores antigravitacionais.
     - O que deu nela? – perguntou Hotaru confusa – aonde ela vai com tanta pressa?
     - Trabalhar – respondeu Diana – ela entra as sete.
     - Nossa... como as coisas mudaram...
     - Vem Hotaru – disse Diana pegando nas suas mãos e a puxando para dentro da loja que tanto ela como Anne adoravam vir – vamos ver algumas roupas.
     Anne a empurrava pelas costas, endossando o pedido de Diana. Sem muita escolha, todas elas entraram na loja. Suzette também foi junto, mas já estava achando que seria voto vencido.
    

-x-

 

     - Mas mamãe... porque eu não podia ir? Eu queria conhecer a Hotaru...
     - Sereninha – começou ela com um sorriso paciente e expansivo – eu sei que você está curiosa para conhecer ela, mas ela ainda está um pouco fraca, e precisa descansar um pouco. Lembre-se de que ela saiu do hospital hoje cedo. Além disso, hoje...
     - Mas porque minha irmã pode ir? Que injustiça! – bufou ela.
     - Querida...
     - BUAAAAA! EU QUERIA TER IDO!
     - Por favor...
     - BUAAAAA!
     - Filhinha...
     - BUAAAAA!
     - Bom, então você não vai na festa de aniversário...
     - BUUUAA... o que?
     - Hoje é o aniversário de seus amiguinhos, lembra? Por isso que pedi para as Asteroid Senhi pega-la hoje na escola. A Amy só está esperando você chegar para começar a festa.
     - É mesmo... – disse ela esquecendo completamente a tristeza – eu até comprei o presente deles ontem... um vídeo game novo para o Sume e um patinete flutuador para o Nathan...
     - Viu? Você devia esperar a gente explicar antes de abrir o berreiro. Agora, as Asteroid Senshi estão esperando para acompanha-la. Onde deixou os presentes?
     - Acho que... no meu quarto...
     Uma barulho chamou a atenção de ambas. Um barulho que vinha do quarto de Sereninha. Logo depois parecia que tinha um exército descendo as escadas. A rainha já imaginava o que estaria causando aquele som... as Asteroid Senshi estavam esperando ela no quarto dela...
     - Como é que se para isso?
     As duas viram a sailor Palla – montada no patinete flutuador que Sereninha ia dar de presente – descer as escadas e ir diretamente para a sala de jantar, seguida pelas outras três que tentavam segura-la. O estrondo ouvido logo depois, em conjunto aos gritos dos criados que estavam arrumando a sala, indicou que, alguma coisa poderia ter se quebrado, e não seria apenas alguns pratos.
     - Acho que vou dar aqueles patins para o Nathan – disse Sereninha com a maior inocência para a sua mãe.
     As duas seguiram até a sala de jantar para verificar o tamanho da destruição. Até que não era muito grande, se considerarem que a mesa com tampo de cristal tinha deixado de existir, bem como metade das cadeiras. Tinha uns seis criados amontoados ao redor das paredes, e as quatro sailors, encarregadas da segurança das princesas – ela já estava pensando em dar essa função para as "juniores" – espatifadas na parede oposta a porta de entrada, de onde elas observavam a sala.
     - Olha a bagunça que você fez!
     - Sailor Palla não queria fazer bagunça... sailor Palla queria saber como era andar de patinete.
     - Podia fazer isso no quarto da princesa, e não no corredor.
     - Sailor Ceres, não fique criticando sailor Palla.
     - Meninas...
     - Majestade? – todas ficaram perfiladas, visivelmente encabuladas.
     - Que tal vocês voltarem ao normal por algum tempo? Já estão transformadas há meses.
     - Podemos? Sailor Palla vai ficar feliz! Sailor Palla já não se lembra de quando sailor Palla era Palla-Palla.
     - E acompanhem a princesa até a casa de Amy. E não deixem ela comer muito bolo, ouviram?
     - Sim senhora! – disseram as quatro, já voltando ao normal.
     Observou as cinco saírem da sala, e, finalmente relaxou um pouco.
     - A senhora tem um coração de ouro majestade – disse uma das criadas – mesmo fazendo toda essa confusão não as castigou. E ainda as deixou um tempo de folga, sem precisarem ficarem no estado de sailor.
     Elas não possuíam identidade secreta. Não precisavam disto e nem se importavam com o mesmo.
     - Que nada, é que assim fazem menos estrago – disse ela sorrindo, mas, logo depois, ficou preocupada. Olhou para onde as cinco tinham saído, momentos antes, e completou - Espero...


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