Herança escrita por Janus


Capítulo 58
Capítulo 58




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     - Titã! Precisamos de ajuda! – berrava a princesa enquanto observava todos atacando aquela criatura e a mesma não sentir aparentemente nada.
     - Eu tentei! Acionei o sinal de emergência e tentei falar com cada sailor ou guardião. Ninguém respondeu. Nós... – ela olhou para a criatura e apertou os lábios – estamos sozinhos...
     A situação estava ficando desesperadora. Ficando? Ela ESTAVA desesperadora. Estavam sozinhos ali, sem auxílio e sem meios de enfrentar aquilo, aquela coisa que parecia ser feita apenas de poeira e os atacava sem um motivo aparente.
     E parecia ser imune a tudo o que podiam fazer.
     - Terra - disse pelo comunicador - vamos tentar derruba-lo com a manobra sete.
     - Sete! - respondeu ela voando ao redor da criatura para tentar distrai-la - vamos ter que abrir uma vala do tamanho de uma piscina!
     - Eu sei... Eu abro a vala, use seu grupo para atrair a atenção ca criatura. Integrantes do grupo dois, fiquem com a pequena princesa.
     Imediatamente após esta ordem, Miranda, Europa, Fobos e Diana - que agora pertencia ao grupo comandado por Titã - ficaram ao lado de chibi-Moon, que se agarrava na cintura de Diana e observava com curiosidade a criatura tentar atingir suas amigas. Ela estava assustada, mas também fascinada por aquilo. Nunca as tinha visto atuar daquele jeito, coordenando seu ataque e atacando em conjunto.
     Deimos lançou milhares de bolas de fogo sólida pelas costas da criatura, abrindo crateras em seu corpo conforme estas explodiam. Pelo lado direito, Calisto lançava seu ataque, fazendo seu jato de lava se solidificar ao entrar em contato com o braço dele e - ela esperava - tentar prende-lo assim. Ariel lançava outro de seus tornados pelo lado esquerdo, enquanto Terra pousou na sua frente e disparava bolas terremoto a intervalos um tanto longos. Se ela lançasse muitos, ficaria debilitada rapidamente, e não tinha nenhuma comida disponível por lá.
     Um pouco distante, Titã conjurava o seu anel de destruição e se concentrava, tentando manter o controle sobre ele e lutando contra os pensamentos de sua mente, que não podia conceber que uma criatura como aquela pudesse existir, se movimentar e ataca-los daquela forma. Não fazia sentido! Também não fazia sentido esta mesma criatura praticamente ignorar o que faziam contra ela e avançar - resolutamente - contra sailor Terra, que se mantinha também resoluta diante dele, quase que o atraindo.
     E era exatamente o que estava fazendo. Estava atraindo-o. Essa era a tática chave da manobra sete: Atrair o oponente para que ele se dirija a armadilha. Quando estava a poucos metros de seu alvo, Titã disparou seu poder, abrindo uma vala diante da criatura, alias, logo abaixo de onde iria por o seu pé naquele instante. Com isso ela pisaria em falso e cairia no chão, lhes dando alguns segundos para se reunirem e efetuarem um ataque mais violento contra ela.
     - Não... - murmurou Titã ao ver a criatura por o pé dentro da vala e, de forma absurda e revelando um controle motor de seus membros que faria qualquer equilibrista morrer de vergonha, pisar no fundo desta e prosseguir com o seu passo, praticamente nem mesmo indicando que esteve por algum instante a ponto de perder o equilíbrio.
     Sem escolha, sailor Terra faz suas asas surgirem e alça vôo, escapando da mão da criatura.
     - Mais alguma idéia? - disse ela pelo comunicador - Se não, eu vou tentar partir para um tudo ou nada!
     - Não! - exigiu Titã - Ele a mataria em um instante.
     - Só vou tirar o equilíbrio dele.
     Ela nem esperou resposta, foi voando diretamente para o peito da criatura e atingindo um soco potente nesta. Uma pequena onda de choque foi percebida na poeira ao redor da criatura, com ondas ondulando ao redor dela. Mas a mesma não ficou abalada e tentou pegar sailor Terra que rapidamente se afastou.
     - Sua louca!
     - Eu tinha que tentar. Mas foi como acertar algo feito de borracha...
     Isso explicava a onda de choque que se propagou pelo seu corpo, mas só piorava as coisas. Bom, se não podiam derruba-lo, talvez pudessem causar um dano maior do que ele podia suportar.
     - ANEL DE DESTRUIÇÃO DE TITÃ! - Novamente ela invoca o seu poder, e o dispara com toda fúria diretamente na criatura. Desta vez houve um efeito visível. O raio de Titã atravessou o corpo da criatura e, por alguns instantes, parecia que a mesma iria se desfazer por completo. Mas assim que o raio cessou, ela se reconstituiu, como se mãos invisíveis pegassem a terra espalhada e a colassem novamente em seu corpo.
     - Droga, bosta, que merda! - praguejou ela.
     - Mamãe disse que não devemos falar esses nomes feios - disse chibi-Moon ainda protegida pelas senshi.
     - É princesa - concordou Europa - tem razão. Diana, você continua protegendo a menina, o resto... - ela se virou em direção a criatura - vamos tentar fazer alguma coisa.
     Agora a criatura ia na direção de Titã, que mostrou que era bem perigosa pois quase - aparentemente - a tinha destruído. Esta apenas usava seu visor tentando descobrir o que realmente estava ocorrendo ali. Aquilo não estava agindo ou reagindo como se fosse uma criatura. Parecia mais um boneco de pano sendo animado por alguma pessoa. Mas, se fosse isso, por quem?
     E mais importante: Porque?
     - SAIA DAÍ TITÃ! - gritava Europa enquanto corria na sua direção. Sua amiga parecia paralisada diante de criatura, esta avançava ameaçadoramente em sua direção. Nas suas costas, as outras tentavam dete-la sem sucesso. Apenas faziam suas costas parecer um emissor de fogos de artifício, tamanha a quantidade de explosões que surgiam destas em decorrência de seus ataques. Mas ao contrário do que Titã fez, nenhuma delas conseguia atravessar ao corpo de criatura.
     No entanto, as bolas de energia da sailor Terra conseguiam penetrar bastante no corpo da criatura antes de explodirem. O que a fez pensar que, se utilizasse o seu megaraio...
     Para Europa, contudo, tudo o que passava pela sua mente era tirar Titã a sua amiga da mira da criatura. Ela corria com toda a velocidade que tinha na sua direção, mas acreditava que não ia conseguir a tempo.
     - Fobos! - gritou ela para o cavaleiro que também corria na mesma direção, mas estava um pouco mais atrás - distraia aquela coisa!
     Ele imediatamente muda a direção em que seguia e aponta o seu braço esquerdo para trás. Logo em seguida emite um jato de fogo por este, mas não eram apenas chamas. Era o que chamavam de fogo sólido. Uma coluna de fogo sólido que o impulsionou como se fosse uma vara de um esportista de salto em altura, diretamente para onde a cabeça da criatura ira estar em cerca de dois segundos, se ele tinha calculado corretamente. O que lhe dava pouco tempo para se preparar.
     Seu braço direito irrompe em chamas amareladas e esbranquiçadas. Chamas estas que aumentam de volume rapidamente até tomarem a forma de um tipo de cilindro que envolvia todo o seu braço. Novamente ele formava fogo sólido, e desta vez o estava revestindo uma parte de seu corpo com isto.
     Assim que a cabeça - na verdade, um monte de terra proeminente dos seus ombros - esteve ao alcance, ele arremeteu o seu braço revestido com aquele fogo sólido contra esta, atingindo-a violentamente.
     E com resultados inesperados.
     O cilindro - a melhor descrição seria um bate-estacas - atravessou a cabeça da criatura, e se rompeu neste processo, espalhando chamas para todos os lados, bem como causando uma explosão que o impulsionou para o lado, fazendo-o cair sem controle em direção ao solo. Felizmente ele foi salvo pela sailor Terra que o tomou nos braços. Ao mesmo tempo, aproveitando-se do efeito inesperado do ataque de Fobos, Europa agarrou Titã pela cintura e a afastou dali. Os outros a seguiram para se reagruparem, enquanto a criatura novamente se refazia.
     O que quer que fosse, parecia ser invencível e invulnerável. Como se pode derrotar um monte de terra? Como se derrota poeira que se junta toda hora? Titã pensava nas possibilidades enquanto observava a criatura avançar para cima deles. Não tinham chance contra aquilo, mas não tinham também alternativa.
     Claro.. podiam simplesmente desistir e morrer...
     Seu ataque atravessou a criatura, e o ataque de sailor Terra também a atingiu bastante. Foram só estes que realmente fizeram algum efeito – desconsiderando o golpe que o marciano tinha dado.
     Porque?
     Porque seria vulnerável a isto e todo o resto apenas arrancaria nacos de seu corpo?
     Todo o grupo pula em diversas direções para escapar do punho da criatura que não se importava em parar para ponderar. Não precisava mesmo.
     - Ariel – comandou Titã tentando algo diferente – chame a atenção dele, Europa, lance uma nevasca e Fobos... derreta a neve dela em cima da criatura. O resto fiquem a postos para salvar algum companheiro em dificuldades.
     Ela se posiciona em um local para observar melhor seus amigos executando suas ordens, bem como observar o que o outro grupo fazia. Pelo jeito, sailor Terra definiu que proteger as princesas era a sua prioridade. Só que sailor Moon não estava muito contente em ser pajeada daquele jeito. Bom, ela sabia dos inconvenientes de ser princesa.
     A sailor que manipulava tornados atraia facilmente a criatura em direção a Europa que estava pronta para atacar. Assim que ela ficou ao alcance, ela lançou sua nevasca, que foi prontamente atingida pelas chamas de Fobos. Uma fina e intensa chuva artificial caiu sobre a criatura, lavando a poeira ao redor do seu corpo, revelando...
     Nada!
     Não.. não tinha nada ali... era.. era... – ela confirma com o seu visor – era apenas o vazio...
     Não, vazio não. Vazio não faz buracos nem persegue pessoas. Era algo, talvez indetectável pelo seu visor e invisível aos seus olhos, mas era algo. Era algo que podia fazer coisas materiais, e, portanto, sofrer impactos materiais.
     Impacto este que sua irmã de criação iria sofrer agora! Em sua distração, não percebeu que a criatura nem se abalou e ia atingi-la em cheio – pelo menos, os poucos pedaços que ainda recobriam a forma invisível indicava isto. Ela percebe pelo canto dos olhos a sailor Terra voando na direção dela para tira-la de lá, mas seu corpo sente o impacto no solo do punho daquela coisa onde sua amiga estava.
     - NÃÃÃO! – Gritou em desespero ao ver a cena. Seria impossível sobreviver incólume a aquele impacto. A mão da criatura.. ela...
     - O ... QUE?
     Atônitas, as jovens sailors observam o braço com lama escorrendo da criatura se erguer e, logo abaixo dela, sailor Ariel, um pouco suja de daquela lama, mas totalmente intacta e intocada. Mas o solo ao redor de seus pés não.
     Um buraco de quase um metro de profundidade cercava a sailor Ariel, e esta estava no centro deste, em um tipo de coluna que sobrou do soco da criatura. Felizmente, ela não ficou paralisada como suas colegas e pulou dali depressa, logo se posicionando ao lado da líder de seu grupo.
     - O que aconteceu?
     - Nem imagino – respondeu ela tirando um pouco a sujeira de sua roupa – pensei que iria ser esmagada mas... foi como se alguém lançasse um balde de água. Senti algo passando ao meu redor e meu corpo tremeu, mas nada além disso. Eu não sei mesmo.
     Terra tinha atingido a criatura, portanto era sólida. Mas a mesma nem consegui tocar em Ariel... porque? O que havia de especial na sua amiga que a salvou?
     - ANEL DE DEFESA DE TITÃ!
     Ela conjura o anel e o lança acima da criatura. Este aumenta seu diâmetro muitas vezes e caiu ao chão, cercando-a por completo. Logo em seguida um escudo se forma, prendendo a coisa ali dentro.
     Pelo menos, deveria.
     Atônita, Titã e todos os outros observam a criatura simplesmente se desmanchar como um castelo de areia na praia, com seu corpo caindo ao solo e não se movendo mais.
     Será que estava tentando passar por baixo do escudo? Ou apenas resolveu descansar um pouco para recuperar as energias?
     De qualquer forma, isso lhes deu mais tempo.
     - Certo... Terra, pegue seu grupo e escoltem as princesas para o castelo, vamos ficar aqui para ficar de olho nesta coisa.
     - De jeito nenhum! – reclamou a sailor Moon – levem minha irmã, mas eu fico.
     Que bela hora para discutirem...
    

-x-

 

     - Que história é essa? Eu sou esperada!
     - Mesmo assim - o guarda estava inflexível - a senhorita não se encontra cadastrada no sistema de reconhecimento, peço que aguarde a liberação formal.
     Sumire cruzou os braços e bufou furiosa. Não fosse pela presença de seu namorado e da irmã deste, já estaria armando um escândalo.
     Claro que o motivo maior era pela mesma estar ali representando o seu reino, e não ficaria bom as manchetes do dia seguinte anunciarem que a "EMBAIXADORA DO REINO DO NORTE TEVE CHILIQUES NA ENTRADA DO CASTELO". Com direito aos mexericos de sempre na página cinco. As vezes ela detestava isso. Era uma boa saída para poder sair sossegada com Arashi, mas nem sempre o prêmio compensava as frustrações.
     - Por que está tão nervosa? Não é muito diferente de quando vai para a Inglaterra ou...
     - Maya, não comece, está bem? Eu não estou em um país propriamente estrangeiro, eu nasci aqui e ainda tenho a cidadania em ordem. Apenas acho uma afronta ter de passar por tudo isso.
     - Que tal permitir que seja registrada como todo mundo?
     - Considero isso uma afronta maior ainda! Não, prefiro que a sailor Vênus seja tirada do seu cochilo de beleza para resolver isso. Depois de tudo o que a líder das senshis falou para a minha mãe, é o mínimo que eu posso ter de satisfação.
     - Que bom que Hoshi não está aqui... - comentou Arashi casualmente.
     - Para quem? Para ela? Humpf! Ele é muito misericordioso... depois de cinco minutos esquece uma vida inteira de ofensas.
     - E você se lembra pelo resto da vida o que ocorre em cinco minutos...
     - Já disse para ficar quieta, Maya! Eu tenho um trabalho a cumprir aqui e Arashi é meu acompanhante e prêmio de consolação. Você é só bagagem que - ela olha para Arashi - não tenho a menor idéia do porque estar aqui.
     - Eu a trouxe para passear um pouco, oras - Arashi se defendia - e depois, ela quer um tempo com a tia, portanto teremos um tempo livre só para nós.
     - Qual tia? – A moça de cabelos rosados pos as mãos na cintura e o observou com curiosidade.
     - A tia Lita. Claro que ela vai querer também visitar a outra tia, mas isso já não nos incomodaria mais. Teríamos a cidade apenas para nós passearmos e namorarmos sossegado.
     - Ah... eu queria conhecer o parque da canção... bolas.
     - Pode ir com suas primas – ralhou a outra – eu quero é ficar com o meu namorado. Quer dizer.. DEPOIS que eu for atendida aqui. Que coisa... foi mais fácil visitar o Vaticano.
     - Você marcou com dias de antecedência, e além disso, sua família foi convidada, lembra?
     - Não vem ao caso, Arashi – ela estava ficando mais nervosa – o fato é que eu não passei por isso lá.
     - Mas passa aqui. Chega de birra e vamos esperar.
     - Esperar? Ora... hã... o que foi? – perguntou ela quando notou que havia um guarda do seu lado.
     - Sua autorização – disse ele polidamente – vocês foram liberados e podem entrar. No entanto, tem de carregar estes dispositivos nas roupas, por favor.
     Ela pega o pequeno botom e coloca na roupa, ficando um pouco emburrada e ligeiramente envergonhada por tudo. Até que foi fácil...
     - Viu só? Era só esperar um pouquinho...
     - Maya – disse ela com os dentes a mostra – cala a boca!


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