Herança escrita por Janus


Capítulo 47
Capítulo 47




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     A jovem mulher de cabelos negros observou o holograma digital flutuando no meio da rua. Pouco mais de nove horas da noite. Até que foi rápido. Bem mais do que esperava. Mas a decisão tomada foi uma surpresa.
     Ela parou em frente a casa em que morava e ficou algum tempo meditando sobre a reunião. Como esperava, a rainha ficou horrorizada com a ameaça que os mais jovens sofreram, e muito abalada com o estado de Mina. É claro que depois, com a notícia de sua recuperação fornecida pela Amy ela ficou mais calma.
     Logicamente sugeriu que os jovens guerreiros deveriam ficar de fora da situação – coisa da qual ela era contra, pois nunca poderiam ficar de fora – mas a surpresa mesmo foi praticamente todos concordarem com ela. As crianças teriam, agora mais do que nunca, que continuar a serem treinadas. Pelo menos, para que pudessem se defender.
     A surpresa maior foi que o próprio rei acabou convencendo a rainha. Bom, agora ir para a as casa e conversar com a sua "irmã". Pelo menos participar a ela da decisão deles.
     Abriu o pequeno portão branco e caminhou pelo corredor jardinado. Efetuou a monótona e quase insana tarefa de abrir a porta e, quando o scanner de feições faciais foi acionado, ela pronunciou a sua senha.
     - Sou a saturniana desterrada.
     A porta foi destrancada e ela entrou. Não precisou procurar por Anne, o som do violino já era audível da calçada. Ela devia estar muito incomodada com os últimos eventos, e sem dúvida estava usando o seu talento artístico para atenuar as feridas de sua alma. Feridas causadas pelas dores de suas amigas, e principalmente pela dor da mãe de Rita.
     Pelo menos lhe daria uma boa notícia.
     Subiu as escadas lentamente, sentindo em seu próprio coração a tristeza da música que ela extraia do instrumento. Era linda! Mas era triste. Triste e melancólica. Extremamente melancólica.
     - Nami-chan? – murmurou ela quando chegou ao fim das escadas.
     Ela estava ali, no centro da sala do andar superior. Imóvel exceto pelo movimento de seu braço esquerdo movimentando o arco lentamente e pelos dedos da outra mão que oscilavam de forma que era quase difícil acompanha-los com os olhos para extrair aquele som lindo e triste.
     - Nami-chan! – chamou ela mais alto, acreditando que não tinha ouvido da primeira vez.
     A bela adolescente de cabelos brancos e curtos para de arrancar o som tristonho do instrumento e lentamente abriu os olhos e a observou. Havia uma certa determinação naqueles olhos. Uma determinação de – ainda – não chorar pelo ocorrido. Talvez depois, com tudo resolvido. Mas não agora.
     Muito parecida com Haruka.
     Bom, era a filha dela, não? Era até de se esperar tal coisa.
     - Como ela está?
     Sorriu levemente e se aproximou dela. Colocou as duas mãos, uma em cada um de seus ombros e a moveu de forma a observa-la nos olhos. Anne devia estar imaginando o pior. Podia ter dito simplesmente que ela estava fora de perigo, mas tinha ficado curiosa com os olhos dela. Será que ainda iria manter a determinação? A mesma determinação que faz com que suas mães cheguem a ponto de sacrificar quem mais amam pela tarefa a ser comprida? Pela sua obrigação?
     Seus olhos eram a resposta. Olhos firmes, determinados. Olhos que não alimentavam falsas esperanças. Sim... ela iria manter sua determinação. Iria mesmo. Realmente ela era filha de Urano e Netuno, a princesa de Titã.
     Embora ainda não soubesse que tinha tal título.
     - Ela já se recuperou e foi para casa. Mina está bem, e Rita está dando pulos até agora.
     A surpresa no seu rosto foi evidente. Toda aquela determinação desapareceu e um sorriso escapou de seus lábios. Um sorriso singelo que mostrava seus dentes – bem como denunciava o fato de que tinha menosprezado a higiene bucal a noite. Que cheiro...
     Ainda surpresa, ela abraçou Hotaru com força e ímpeto, como se fosse uma menininha abraçando a mãe. Ora, ora... parece que ela não tem assim tanta raiva de agarrar mulheres como tem de ser agarrada por elas...
     - Está tendo uma recaída é? – disse de forma maldosa – estou até sentindo um calor meio perigoso com essa sua agarrada...
     Ela a empurrou para trás e ameaçou acertar-lhe os dentes. Mas o sorriso em seu rosto a traía. Ela não estava com raiva, apenas brincou um pouco.
     - Ela se recuperou então?
     - Segundo a sua Amy-mama, foi uma recuperação milagrosa. Já está em casa e você mesma poderá comprovar como ela está boa amanhã no templo.
     - Como? – questionou ela enquanto a mesma se dirigia pelo corredor até a terraço da casa – ei! Espere ai!
     Anne a seguiu correndo e a alcançou já na terraço. Hotaru se sentou no banco ali no canto e olhou para o alto, para as estrelas cintilando no céu noturno. Depois de observa-la por algum tempo, sentou-se ao seu lado e cruzou os braços, intrigada.
     - Alguma coisa que gostaria de me contar? – começou ela.
     - Sim Nami-chan – ela olhou para baixo e apertou os lábios – você... todos vocês se tornaram alvos em potencial.
     - Isso eu já imaginava desde o dia em que aquela roupa apareceu em mim...
     - Não! – olhou para ela com determinação – não é isso. Não são alvos como sailors, mas como pessoas normais.
     - Mas... eles... os generais não sabem quem nós somos...
     - Sabem sim. Lembra do que me contou? Sobre o que aquela mulher disse? Sobre ficaram séculos como crianças?
     - Sim...
     - Como ela podia saber disto? Vocês estavam transformadas. Ela não teria como saber disto a não ser que já as conhecesse. E se ela as conhece...
     Anne abriu levemente os lábios ao perceber onde Hotaru queria chegar. Era verdade! Se ela os conhecesse, podia muito bem ataca-los quando estivessem mais vulneráveis, ou seja, quando não estavam transformadas em sailors. Yokuto e Herochi ao menos tinham a vantagem de ter seus poderes em tempo integral, mas as meninas lunares não. E nem suas mães...
     - Se ela sabe quem somos, também sabe quem são vocês... as outras sailors. Estão no mesmo perigo que nós estamos.
     - Não exatamente – disse ela com um sorriso.
     Ela estendeu sua mão esquerda e um brilho surgiu logo em seguida. A alabarda de Saturno se materializou na mão desta, sem que ela estivesse transformada!
     - Mesmo quando não nos transformamos, nós preservamos uma parte de nosso poder. Não chega a ser o poder total, mas é uma parte bem respeitável. Haruka e Michiru também tem algum poder sem se transformar, e todas as outras. Ou achou que só a rainha acabou ficando assim?
     - Mas... vocês...
     - Não queríamos que soubessem. Na verdade... ninguém queria que vocês desenvolvessem seus poderes naturais. Os pendentes que encontraram na Lua apenas desperta o poder oculto dentro de vocês, mas com o tempo, podem desenvolve-lo naturalmente, sem precisar deste. Talvez leve uns cinqüenta ou cem anos, mas podem desenvolve-los. É só começarem a treinar duro que isto começará a se manifestar. Talvez até já tenha uma manifestação rudimentar destes em vocês. Notei que você está bem destacada nas suas aulas de educação física. Deve ser devido aos treinos que faz aos sábados.
     - Não queriam que desenvolvêssemos nossos poderes naturais? – ela estava indignada – porque? Será que...
     - Você gostaria que seu filho ou filha crescesse se preparando para guerras? – tornou ela rudemente – não Nami-chan. Todas concordaram com isso depois que Joynah e os gêmeos nasceram. Os três desenvolveram seus poderes muito cedo, cedo demais para conseguirem controla-los adequadamente de tal forma que estavam se tornando uma ameaça a quem os cercava. Por isso os pais deles pararam de treina-los. Quando as outras nasceram, o temor voltou. Temor de que ficassem poderosos demais prematuramente. Assim em uma reunião decidimos que só depois que estivessem com a idade adulta é que iríamos lhes contar tudo. Só que o destino resolveu interferir... – ela tornou a olhar para as estrelas ao mesmo tempo em que sua alabarda desaparecia – e foram para a Lua... e os pendentes despertaram o que tinham oculto dentro de si mesmas. Tornaram-se as sailors lunares.
     E uma delas, provavelmente ela ali do seu lado também acabou se tornando portadora do broche estelar. Mas não era o momento apropriado para lhe contar isso.
     - Eu entendo – murmurou ela abaixando a cabeça – mas não significa que eu aceite.
     - Ninguém é perfeito – virou-se para ela com um sorriso – maninha! Seus pais fizeram o que acharam melhor. Talvez tenham errado, talvez não. Eu não sei e não creio que alguém realmente possa ter a resposta para esta pergunta. Mas agora acabou. A partir de amanhã, vocês vão ser avaliados pela sailor Vênus. É por isso que você, suas amigas e os filhos de Ray vão estar todos juntos no templo. Ela vai avaliar como estão. O torneio vai ocorrer como o previsto, mas não será mais para propriamente merecerem o status de lunares. Será mais para que seus futuros professores saibam como treina-los.
     - Futuros professores?
     - Você vai entender quando chegar a hora. Mas você já os conhece. Lita, sua mãe Haruka, Ray... todas elas já foram sensei antes, a algumas ainda são. Bom, é isso ai. Foi o que decidimos na reunião que tivemos no palácio. Pode ir tomar seu banho e dormir. E amanhã não vai ter aula. Vai demorar uma semana para os robôs reconstruírem o prédio destruído. E se me dá licença, eu vou dar um pulo no shopping para ver o presente de Joynah que acabei me esquecendo de novo. E você ainda está de castigo, lembra?
     - Eu não vou ter aula por uma semana e ainda estou de castigo? Que crueldade!
     - Semana que vem acaba. Não se preocupe. Vai poder ver Tony de novo... E no sábado vai ter uma senhora festa, não se esqueça!
     - Depois de tudo ainda vão comemorar o aniversário dela?
     - Porque não? – riu ela – não há nada que possa ser feito. Se eles quisessem atacar já teriam atacado. Sailor Mercúrio deve estar certa... os generais não estão interessados em nós. E se não me engano... pelo que me disseram acho que a mulher que fez isso se chama Prismey. Seus poderes bem que poderiam fazer aquilo com sailor Vênus.
     - E quais são estes poderes?
     - Eu diria que são telecinéticos... mas é uma suposição. Pelo que me lembro de ter lutado contra ela, a mesma tinha uma força enorme! Acho que muito maior que a de Sailor Urano. Por falar nisso... preciso me lembrar de falar o que houve as suas mães amanhã.
     - Não estrague o passeio delas. Deixe elas voltarem no sábado como o previsto.
     - Desculpe Nami-chan... mas não posso. Michiru me mataria quando soubesse que não as deixei a par. Você nasceu do ventre dela Anne. Ela a sentiu na sua barriga, a carregou por nove meses por todos os lugares, sentiu as dores de parto e a amamentou depois de nascer. Muito mais do que Haruka, ela é a sua mãe. Em todos os sentidos.
     - Eu sei... só não queria deixa-las preocupadas.
     - Elas só vão se preocupar com o que você não pode fazer... – ela tocou no seu ombro e levantou-se do banco – eu vou beliscar alguma coisa. Está com fome?
     - Não... pode ir. Eu vou ficar bem.
     Deu uma última olhada nela antes de sair da terraço. Tinha sido sincera com ela, apesar de não ter dito toda a verdade. mas não tinha muito escolha. De qualquer forma não iria demorar muito para que ela, com sua inteligência precoce e cheia de sagacidade percebesse que as filhas e filhos das sailors e guardiões eram alvos, mas não por si só... mas para eles. As lunar senshi eram o ponto fraco das sailors. E as mesmas não podiam ficar vinte e quatro horas por dia alertas para protege-las. As mesmas teriam que aprender a fazer isso sozinhas. E muito provavelmente da forma mais dolorosa possível.
     Maneou a cabeça quando saiu do terraço. Mesmo tendo concordado, a rainha não revogou o juramento que obrigou todos a fazerem. Poderiam lutar contra as lunares fora dos seus domínios, mas era só. E mesmo ali no templo, não havia espaço suficiente para um treino realmente efetivo, para quando elas ficassem mais habilidosas.
     Pelo menos, para o momento, era o melhor local possível.
     Ela seguiu pelas escadas até a cozinha, e colocando em prática sua habilidade mantida em forma pelos anos em que ficou exilada em um mundo desconhecido, pôs-se a separar o que queria para o seu pequeno lanche. Um pouco de carne sintética, algumas fatias de barquis() derretidos, alguns pães de forma e pronto. E para completar, um suco de uva. Como adorava aquilo.
     () certo, para não ficarem tontos, isso é um tipo de frios.
    

-x-

 

     A forma que o prédio ficou era estranha. Parecia que tinham construído metade deste e esqueceram de fazer o resto. Mas os destroços e entulho no chão mostrava claramente o desabamento. Um pouco afastado do prédio, podia-se ver vários pedaços de vidro das janelas partidas quando o ataque começou e também algumas crateras onde os raios elétricos feriram o solo.
     As crianças tiveram muita sorte. E as Asteroid também.
     [[Amy...]]
     [[Sim querido?]]
     [[Tem certeza de que não precisa vir até aqui? Acho que tem muita coisa para o seu visor coletar]]
     [[O visor de sailor Titã já coletou tudo o que eu preciso. Mas se você permitir que eu veja com os seus olhos...]]
     [[Certo]]
     Sume, talvez um dos maiores telepatas do planeta Terra entrou em sintonia profunda com sua esposa, de forma a compartilhar o que estavam vendo. Não era algo fácil de se fazer, ainda mais que tal coisa exigia que tivessem uma confiança total entre si. Mas estando casados há séculos, tal confiança era algo certo entre eles, e aquela ação de integração era até mesmo corriqueira para os mesmos.
     Logo ela estava vendo as coisas ali no pátio da escola com seus olhos, assim como ele via o monitor dela em sua casa com os olhos dela. O fato de estarem separados por quatro quilômetros não causava nenhuma influência naquela interação de sentidos via telepatia.
     [[Olhe de novo para o pátio a esquerda, por favor]]
     Ele vira a cabeça na direção por ela indicada e observa alguns robôs começando o serviço de limpar, assentar e replantar a área do jardim danificada por um raio perdido.
     [[Assim?]]
     [[Exatamente. Aquele buraco me parece grande demais para ter sido causado por um dos raios que atingiu as Asteroid senshi. Pode se aproximar um pouco mais para vê-lo melhor?]]
     [[Estou indo. E nossos filhos, como estão?]]
     [[Os dois pequenos adoraram a idéia de não ir para a escola amanhã. Vou deixa-los no castelo com a Sereninha. E Suzette ainda está um pouco abalada com o que houve, mas bem firme. Na verdade, acho que está firme até demais]]
     Sume andou calmamente pelo pátio agora ocupado apenas por robôs iniciando seu trabalho de restauração dos danos causados. A escola inteira estava interditada por robôs policiais, de forma que ele estava tranqüilo ali. E como tinha passe livre total, podia ir a qualquer lugar ali dentro sem ser incomodado. Felizmente robôs de construção não faziam perguntas nem ficavam curiosos.
     Ele chegou a beira do buraco sendo já tampado e ficou surpreso. Aquilo era uma cratera, e profunda!
     [[Tinha razão. Isso não foi feito pelos raios. Será que foi feito por aquela mulher que derrubou a Mina?]]
     [[Não parece que ele tenha sido feito por impacto. De onde os robôs estão conseguindo a terra para tampa-lo?]]
     Ele olhou a direita e viu um grande monte de terra sendo usado pelos robôs para a tarefa. Terra solta, revolvida recentemente pois ainda estava úmida. Terra da mesma cor que as bordas do buraco que estavam fechando. Terra escavada por alguém, exatamente como das outras vezes.
     [[É mais um ponto para registrar nos incidentes – transmitiu ele – parece que aquele malviano ou a mulher... ou talvez os dois vieram até a escola para cavar mais um buraco em busca de alguma coisa. E devem ter se aproveitado de que a escola ficaria bem vazia hoje]]
     [[Poderiam ter esperado até o fim de semana para isso]]
     [[Isso se eles souberem o que é isso e o que representa para nós. Mas considerando o tempo em que devem estar no planeta nos observando escondidos, devem saber sim. Não faz muito sentido terem escavado a escola justamente hoje...]]
     [[A não ser que aquela criatura estivesse realmente atrás de Diana. Ele não a encontraria ai no fim de semana, e hoje, com praticamente todos os alunos saindo e voltando a noite, seria o melhor dia para tentar seduzi-la, como as crianças nos contaram]]
     Ele balançou afirmativamente a cabeça enquanto observava a profundidade do buraco. Era mais ou menos do mesmo tamanho que os outros. Cerca de cinco metros – não sabia exatamente o quanto os robôs já tinham preenchido, mas acreditava ter feito uma boa avaliação.
     [[Pelo que a mãe dela nos disse, talvez não tenha tido sucesso. Conseguiu atraí-la mas ela o rejeitou no ato]]
     [[Ela o testou Sume. Instintivamente fez isso, e ele não passou no teste]]
     [[Como sabe disto?]]
     [[Existem certas coisas que mulheres não falam para homens, mas confessam para outras mulheres. Ela me contou isso depois que você saiu para ir até ai. Pelo menos Diana não ficou com nenhum trauma de mais este incidente. Só com os dentes um pouco doloridos de tanto fazer força com eles]]
     Amy tinha feito uma pausa no contato e estava digitando algo no seu console virtual. Ele podia ver isso com os olhos dela. Olhou ao redor procurando por mais alguma coisa interessante para ser analisada. Algo que talvez a perícia técnica tenha esquecido ou deixado passar quando analisaram os danos. Mas parecia que não. Não havia mais nada a ser revisto ali.
     O porão do prédio só estaria acessível no dia seguinte, e mesmo assim ele achava que não iriam descobrir nada a mais do que já sabiam. Um dos generais de Klarta era um Klartiano com garras mortais, outro era um malviano com poderes elétricos, e havia uma terceira com poderes talvez telecinéticos como os do Afonso.
     E até o momento era essa mulher quem ele julgava a mais perigosa. Afonso pode encarar sailor Júpiter e sailor Urano de frente com o seu poder. Um poder assustador que quando bem empregado era mortal. Pelo que Mina falou, ela não teve muita chance. Não se lembrava exatamente de quando encontrou a mulher ou como foi derrotada – segundo sua esposa isso era normal devido a concussão que sofreu – mas sabia que tinha subestimado ela.
     Algo que eles não deviam fazer.
     Segundo a Hotaru, eram seis os generais que estavam ali. Dois klartianos, um malviano, duas mulheres aparentemente humanas e um totalmente desconhecido. Bem, agora sabiam como era uma das mulheres humanas. Considerando que há três dias não tinham muita coisa, conseguiram muita informação em pouco tempo.
     Mas essa informação custou caro – ele olhou novamente para o prédio semi destruído – e temia que iria custar mais caro ainda quando descobrissem a identidade dos outros três que faltavam.
     [[Querido, acho que não tem mais nada para ser visto ai. Volte para casa. Está ficando tarde e é a sua vez de contar uma história de dormir para as crianças]]
     [[Já não é hora da Suzette começar a fazer isso?]]
     [[Ela conta muito histórias de terror. E eles não dormem de jeito nenhum]]
     [[Certo, estou indo. E querida...]]
     [[Sim?]]
     [[As vezes eu acho que estamos encarando isso que ocorre durante nosso dia a dia com muita naturalidade. Nossa filha esteve perto de um combate com criaturas extremamente perigosas e estamos mais preocupados em botar as crianças para dormir?]]
     [[Não podemos viver com medo todos os dias Sume... e agora precisamos ensinar a Suzette a mesma coisa]]
     [[É... eu sei. Estou indo]]
     Ele desfez a interação com a esposa e começou a andar para fora do pátio da escola. Manteve apenas o elo com os guardiões como sempre fez, desde que se conheceram, oito séculos antes. Sua esposa era a única sailor a fazer parte deste elo em tempo integral.
     Infelizmente, por um acaso do destino sua filha nunca poderia ser contatada mentalmente por ele. Estranhamente Suzette nasceu totalmente imune a efeitos telepáticos. Amy imaginava que ela na verdade tinha um poderoso escudo psíquico natural que bloqueava acessos psiônicos. Se fosse verdade, os poderes de Afonso seriam inúteis contra ela.
     E, se dessem sorte, os poderes daquela mulher também.


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