Herança escrita por Janus


Capítulo 10
Capítulo 10




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     - Ainda não está pronta? Vamos logo ou vamos chegar atrasadas. Era para a gente se encontrar com eles no parque antes das dez!
     - Estou indo!
     Sereninha desceu as escadas correndo, vestindo uma jardineira. Já que iam fazer um piquenique no parque, era esperado que ela se sujasse um pouco por lá.
     - Ótimo, vamos embora. Pelo poder cósmi...
     - Filha!
     - Mãe? O que foi? Eu disse que ia voando para lá.
     - Eu sei, é que quero que leve as Asteróid Senshi com vocês.
     - Por que? Só vamos para o parque. Como me atrasei par ao treino hoje, só vou me transformar para não me atrasar mais ainda.
     - Eu sei, mas é que hoje é dia de limpeza e...
     Um barulho de algo se quebrando chamou a atenção delas.
     - Deixa eu adivinhar... elas não tem nada para fazer e querem ajudar...
     - É...
     - Tá bom, eu levo elas... lá se vai um dia tranqüilo... Diana! Vamos...
     O grande parque da cidade – chamado simplesmente de Megaparque - era muito bonito, com um lago grande no centro, com direito a aluguel de botes para passear neste – este era pelo menos três vezes maior que o lago perto do palácio – com grandes áreas de lazer – como quadras de vôlei, tenis, futebol, basquete... – e geralmente freqüentado por muitas pessoas no fim de semana. Mas era tão grande que só mesmo a tarde podia-se notar que havia muita gente ali. Por enquanto, o local em que Sailor Moon estava sobrevoando - e que adoravam ficar – estava praticamente deserto, em parte por ser a parte mais distante da entrada, e em parte por ficar do lado da floresta. Havia uma picada ali que as crianças as vezes seguiam floresta adentro para ver alguns esquilos ou pássaros mais de perto. Todos os que entravam recebiam um localizador, para poderem ser encontrados em caso de emergência. As crianças pequenas quase sempre se perdiam. Desde que as novas sailors tinham começado a treinar em um local próximo dali, todos o s sábados a turma se reunia lá e curtia o dia, pelo menos até as três da tarde.
     - Lá estão eles, baixinha.
     - Eu já disse, vou repetir.. não... sou... BAIXINHA!
     - Ai meu ouvido!
     Sailor Moon quase perdeu o controle de suas asas quando sua irmã lhe soltou aquilo na orelha. Era melhor se controlar um pouco mais.
     - Então não me chame de baixinha.
     - Tá bom...
     A turma já tinha visto elas se aproximando. Hotaru estava com eles, que bom! Talvez o dia ainda pudesse ser salvo. Ela pousou do lado da toalha que elas tinham estendido e, certificando-se de que ninguém estava próximo, voltou ao normal. Chibi Moon saiu do seu colo e foi até as guloseimas.
     - Espera um pouco, sua fominha – disse Rita a pegando pela gola – deixa sua irmã e Diana se sentarem primeiro. E volte ao normal.
     Diana saiu do ombro da agora já transformada Serena e assumiu sua forma humana. Chibi Moon fez o mesmo.
     - Desculpem não ter participado do treino hoje. Perdei alguma coisa?
     - Só elas me dando uma surra – disse Hotaru com um sorriso – elas são bem poderosas mesmo. Me sinto como se fosse uma máquina velha, sendo substituída por mais novas.
     - Isso é porque, ao contrário de nós, elas foram treinadas. Nunca tivemos isso antes. Gente, vamos esperar mais um pouquinho, tem mais gente para...
     - Ei, Olhem!
     Todos olharam na direção indicada pela Suzette. Um flutuador estava se aproximando, se bem que estava sendo manobrado de uma forma um tanto.. incomum.
     - É... elas chegaram – comentou Serena se sentando ao lado de Yokuto, e já lhe dando um beijo gostoso, fato não ignorado por Hotaru.
     - Quem está naquele flutuador?
     - As Asteorid Senshi, Hotaru. Mamãe queria que as mantivéssemos longe do palácio. Elas estão um tanto atrapalhadas ultimamente.
     - Hum... e quem está pilotando?
     - Acho que é a Palla-Palla – disse Sereninha.
     Todos se entreolharam por alguns instantes.
     - Acho melhor sairmos daqui...
     Não foi preciso – na verdade, não teriam tempo se fosse necessário – o flutuador caiu como uma pedra quase que do lado deles, e as quatro meninas desabaram pela porta que se abriu automaticamente.
     - Eu dirijo da próxima vez! Porque não disse que não sabia dirigir?
     - Palla-Palla disse, mas você não quis ouvir.
     - Parem de brigar vocês – disse Serena – venham comer. Hoje é um dia de sossego.
     - Comer? E quem fez a comida?
     - Adivinha? – disse Anne – Desta vez, foram as três juntas – indicou as filhas de Lita.
     - Primeiro eu!
     As quatro entraram no meio da roda que os outros fizeram ao redor da toalha estendida no chão. E, finalmente, foram liberados para pegarem a comida. Hotaru não se fez de rogada, e tratou de pegar alguns dos bolinhos de arroz, que estavam com o tempero do "especial do papai". Apesar da voracidade dos dezesseis ali presentes, ainda assim, sobrou comida depois que ficaram todos satisfeitos. Especialmente porque, agora Joynah não tinha mais o problema de precisar comer a todo instante. Serena e Joynah foram cada qual a uma árvore próxima, acompanhadas dos respectivos namorados, para curtir a digestão. Anne e Hotaru foram com Sereninha e Diana brincarem de jogar disco. As outras foram até uma quadra próxima para jogar um pouco de vôlei. As Asteroid Senshi contra as Lunar Senshi. Quatro delas, pelo menos.
     - Ai que dia bom... – dizia Serena com a cabeça no colo de Yokuto – nada como uma manhã para ficar relaxada.
     - Você contou para Hotaru sobre nós?
     - Não... – ela ficou de cara amarrada – mas acho que agora ela já sabe. Tudo bem, ela não vai contar para ninguém não. Vocês lutaram contra ela?
     - Foi... e ela quase nos deu uma surra. Só perdeu porque ficou surpresa com a resistência de Joynah. Mas acho que ela iria dar um jeito de escapar, se o treinador não tivesse parado com a luta. Hum... parece que suas protetoras estão descobrindo que Rita não herdou só as gafes da mãe.
     Ela virou o rosto e viu elas jogando basquete. Rita realmente jogava bem, praticamente salvando no último instante as bolas praticamente perdidas – para desespero das suas oponentes. Procurou por sua irmã e a viu ao lado de Hotaru, brincando de jogar disco. Parecia que estava se divertindo. Uma pena os filhos de Amy não poderem vir. Eles iriam deixa-la sossegada por algum tempo.
     - Qual foi o verdadeiro motivo de sua mãe querer que elas ficassem conosco?
     - Devem estar fazendo uma reunião especial, e querem ter certeza de que não vamos aparecer de surpresa. Houve outro ataque durante esta semana, em uma fazenda, pelo que eu soube.
     - Eu sei. Meu pai esteve lá. Foi no dia que lhe demos aquelas flores. Ele ficou desesperado quando chegou em casa e viu que não estávamos lá.
     - E sua mãe? Conseguiu fechar aquele negócio?
     - Acho que não. Ela chegou ontem e estava bem chateada. Nem obrigou a gente a treinar antes de dormir.
     Serena soltou uma risada ao ver Diana se transformar em gato para pegar o disco que sua irmã ia pegar. Ela ficou possessa com isso, e ficou correndo atras dela. Diana adorava perseguir ou ser perseguida. Alguns instintos felinos dela davam dores de cabeça nos seus pais. Isso e o fato de que ela voltou a comprar roupas por conta própria. Alias, observando Hotaru naquela roupa um pouco ousada, ela imaginou se aquelas duas não tinham feito demais a cabeça dela naquele dia no shopping. Até que ela estava meio que normal, mas estava com uma mini saia branca, e uma camisa curta – mostrando a barriga – azul claro. Não era o estilo dela, pelo que se lembrava.
     - Você fica linda quando ri – disse ele pegando-a com gentileza no queixo e a forçando a olhar para cima, para o seu rosto que se aproximava.
     Deram um longo e delicioso beijo então. Logo depois, ela se ergueu um pouco – ainda o beijando – e o agarrou com força pela nuca, forçando-o a se curvar, de forma que ele girou por cima dela. Mas eles não se soltaram. Aprumando os corpos de forma automática e coordenada – puro acaso, na verdade – eles foram rolando pela grama, ainda se beijando, até esbarrarem em algo.
     - EI!
     Serena abriu os olhos e viu que estavam no colo de Herochi, com um raivosa Joynah olhando para ela.
     - Que tal ficar do seu lado do parque? – disse ela com os braços cruzados e com cara de poucos amigos – eu estou aproveitando que finalmente posso ficar normal. E... princesa! Puxa... já está aceitando essa mão boba?
     - Não enche – disse ela, puxando o seu namorado para longe, de volta para a árvore deles.
     Até que tinha sido divertido. Mas ela nem tinha reparado na mão de Yokuto... achou tão natural ela logo abaixo de seus seios. Lógico que ele não os tocou, mas, sentiu que, se daquela vez ele o fizesse, não iria fazer nenhum comentário. Ela já tinha dezesseis anos, e quase todas as suas colegas na escola já tinham seus namorados, e já tinham avançado muito no tocante a intimidades. Será que ela já estava realmente querendo ir mais a fundo?
     - Que cena tocante, não? Crianças se divertindo sem preocupações em um parque. Que terrível seria, se, de repente, alguém destruísse este momento.
    

-x-

 

     As mãos da misteriosa mulher começaram a brilhar, formando uma bola luminosa na cor amarela – muito parecida com as de Sohar – cuja intensidade ia aumentando mais e mais.
     - Pare com isso – disse uma voz um tanto gutural – já decidimos que não vamos fazer nada antes de reunirmos todos os fragmentos.
     - Desmancha prazeres! Devíamos ter deixado você flutuando no espaço. Você merecia por ter sido vencido por crianças.
     Uma criatura com o corpo peludo que parecia um tigre em forma humana se aproximou, sendo iluminado pelos raios do Sol que conseguiam passar pela copa das árvores.
     - Posso saber o que iria fazer se estivesse no meu lugar? Nossa missão é agir escondidos. Como eu poderia saber que aquela bolha de ar seria destruída?
     - Isso não importa, meu caro Djogor – respondeu ela com um sorriso cínico – só importa que você foi derrotado. Lembre-se disto.
     Ela ainda estava com a bola luminosa nas mãos, com o seu cintilar dando uma aparência ameaçadora ao seu belo rosto humano.
     - Se você os atacar, isso irá chamar a atenção da rainha. Sabe que não podemos enfrenta-la.
     - Só estou pensando alto meu caro – ela continuou com o sorriso sarcástico – fico imaginando o que essas crianças vão sentir quando descobrirem que nada podem fazer contra a gente. As Asteróid Senhsi... que piada. Seria tão fácil destruí-las agora, junto com as duas princesas e os amigos delas.
     - Sailor Saturno voltou. Lembre-se disto. Eles já devem estar melhores informados sobre nós. Sugiro que pare de alimentar seus devaneios e volte a sua missão. Espere eles irem embora e procure pelo fragmento.
     - Acha mesmo que irá recuperar sua semente estelar? Isso não vai deixa-lo mais forte, seu tolo. Eu, pessoalmente, estou pouco me importando com isso. Acho que é hora de botarmos em votação novamente. Eu quero começar a conquistar este mundo agora. Este belo planeta... bem melhor que o antigo.
     - De qualquer forma, não podemos enfrentar a rainha. Precisamos reunir todos os fragmentos do cristal antes.
     Ela não disse nada, apenas voltou a observar pelas aberturas das folhas. Estava bem distante deles.
     - Acho que vou mandar as sombras para assusta-los. Estou com pressa.
     - Se fizer isso, as Asteroid Senshi irão interferir. E não vai conseguir nada além de atrasos.
     - Já cuidou de sua parte hoje? – perguntou irritada para ele.
     - Tem muita gente lá ainda. As coisas estão mais difíceis agora. Os fragmentos que faltam estão mais próximos da cidade. Talvez seja hora de começarmos a pensar em distrações para as sailors.
     - Ainda não precisamos disto. Posso cuidar de tudo tranqüilamente. Se você não puder... terei prazer em assumir seu lugar.
     - Cuidado mulher... você pode ter sido uma guerreira estelar antes, mas isso não me assusta. Assim como todos nós, você está presa a Caos. Pela eternidade.
     - É por isso que não estou muito ansiosa para reunir estes fragmentos. Fiquei livre dele quando ele foi destruído. Por que acha que vamos poder controlar o seu poder? Acha mesmo que nossas sementes estelares vão ter algum poder a mais?
     - Só saberemos depois que reunirmos todos os fragmentos. Adeus.
     Ele desapareceu por entre as árvores, e ela voltou a ficar observando as crianças se divertirem. Queria muito medir os poderes daquelas sailors, seria divertido mostrar quem iriam enfrentar. Mas Djogor tinha razão. Apesar de ser uma chance pequena, era possível que ficassem mais poderosos. Finalmente permitiu que a bola luminosa se dissipasse, e voltou a observar as crianças, com grande paciência.
    

     -x-

 

     Serena estava adorando ficar ali, sentada em frente a Yokuto com ele a abraçando por trás. Era tão quentinho. Olhou para Joynah que estava em uma posição parecida e... ficou preocupada. Ela estava de pé olhando para alguma coisa no meio da floresta. Olhou para Anne e Hotaru, e as duas tinham parado de brincar e olhavam na mesma direção. Elas estavam sentindo algo. Puxa vida! Tinha que ser logo hoje?
     Ela pressionou seu brinco e seu visor surgiu diante de seus olhos. Fez o comando para conectar com Joynah. Se havia algum inimigo por perto, era melhor não dar muito na vista que o tinham percebido.
     - Joynah – murmurou ela – está sentindo alguma coisa?
     "- Eu... não sei." - respondeu ela – "não sei mesmo. É apenas uma impressão, mas acho que tem alguma coisa lá no meio daquelas árvores."
     Viu que Anne estava se aproximando de onde estava, seguida por Hotaru.
     - Joynah, venha cá.
     Ela desligou o comunicador e se pos de pé.
     - O que você quer dizer com ela sentiu alguma coisa?
     - Quando Joynah conseguiu se transformar, ela descobriu uma outra habilidade. Na sua forma normal, ela tem os mesmos sentidos que Anne – explicou para Yokuto.
     - Serena... – disse Anne assim que chegou mais perto deles.
     - Eu percebi que vocês sentiram alguma coisa, Anne. O que foi?
     - Eu não sei – disse Hotaru – apenas que tem alguma coisa ali, naquela direção.
     - Sim – disse Joynah chegando ao lado delas, acompanhada por Herochi – é lá mesmo. É uma presença que chama a atenção, mas, eu não sinto como se fosse algo maligno.
     - Não... não é maligno. Parece mais... tristeza e angústia.
     - Mas é perigoso – disse Hotaru com o olhar duro.
     - Espere! Sumiu!
     As três ficaram olhando para o local onde tinham sentido algo.
     - Como assim, sumiu?
     - Apenas desapareceu – disse Anne – como se fosse uma lâmpada sendo desligada.
     - Que tal irmos até lá dar uma olhada? – sugeriu Herochi.
     - Melhor não. Seja o que for, não quis fazer nada. Vamos deixar assim, por enquanto.
     - Está bem, querida – disse ele abraçando Joynah – que tal passearmos no lago?
     - Eu adoraria.
     - Preocupada, princesa?
     - Sim Hotaru, estou. AI!
     Diana tinha acabado de pular na sua cabeça, fugindo de sua irmã. Ela logo entrou na brincadeira e começou a correr atrás dela também, se esquecendo de Yokuto – que, na verdade, já estava um pouco acostumado.
     - Que tal entrarmos no jogo de vôlei delas? – perguntou para Hotaru.
     - Por mim, tudo bem, mas somos em três, e não vai ter vaga para todos.
     - Podem ir – disse Anne – eu vou ficar por aqui um pouco. vou ler alguma coisa.
     Ela tocou no bracelete de seu ombro e um visor se soltou. Colocou-o logo em seguida em frente ao olho direito e se sentou na base da arvore em que Yokuto e Serena estavam antes, e começou a ler. Os dois foram até a quadra, tentar equilibrar um pouco a partida – as Asteroid Senshi estavam perdendo feio.
     Nenhum deles notou que ela estava, na verdade, acessando dados sobre os locais onde ocorreram os incidentes relatados com os fantasmas. Ela queria saber se havia algum padrão, e, se algum local próximo de lá poderia ser o próximo alvo
    


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