Mulheres! Sempre acham que têm razão e que sabem de tudo! Eu não as suporto! Como podem virar a minha cabeça para baixo ? Como podem me tirar uma noite de sono ? E sabe o que mais ?

Eu não vivo sem elas.

Como posso ficar calmo ouvindo a Mônica dizendo que vai sair com aquele mauricinho ? Eu não consigo me controlar! E quando ele ficou jogando charme pra ela na minha frente ?! Aquele não devia ser ele. Devia ser eu. Eu devia estar saindo com ela, eu devia estar jogando charme pra ela, eu que devia beijá- la no final do encontro... Mas ela não me deu esse luxo e eu não a deixei dar. E sabe o que eu tenho mais medo ? E se ele tocar nela ? E se ele abusar dela ? E se for ele a ir pra cama com ela ? Quando eu e a Mônica estávamos quase decidindo dar esse novo passo, eu achei melhor esperar. Eu. Eu queria que ela estivesse pronta e eu queria que ela sentisse que eu a amasse. Mas eu a guardei para outra pessoa. A culpa é toda minha. E eu me odeio por isso. Fui dormir pensando nisso tudo e acabei tendo um sonho. Ela estava na minha frente e eu a abraçava bem forte como se não houvesse amanhã. De repente ela não estava mais em meus braços mas sim nos do Felipe. Minha vontade era de bater nele, acabar com ele. Mas ela parecia feliz. E aquilo me acalmava ao mesmo tempo. A sensação mais estranha que já senti, mesmo sendo um sonho. Ela estava feliz, não parava de sorrir. Então ela o beijou. Aquilo doeu muito, como nunca doeu. Minhas pernas não se moviam mas minha raiva crescia. Então finalmente acordei. Estava um pouco soado e meu sono havia passado.

Levantei da cama e olhei as horas. Cinco da manhã. Que "legal"! Ela mal aparece em minha vida e já começa a me tirar uma noite de sono. Meu Deus, estou perdido! Fui até a sala de televisão e coloquei em qualquer programa que estivesse passando. Mas a Mônica não saía da minha cabeça! O que ele tem ? Ele não é mais musculoso ou bonito... Tá, talvez um pouco. Mas isso não vem ao caso! O que aconteceu com aquelas promessas e palavras de amor que dissemos ? Se acabaram ? Se foram ? Eu to parecendo um gay dizendo isso ? Sim. Vamos lá! Cade as suas atitudes Cebola ? Afinal, porque ela pode ficar saindo com alguns caras e eu não posso sair com algumas garotas ? Eu mereço esse reconhecimento também! Minha animação foi tão grande que eu peguei todas as listas das garotas que já saí na minha vida. Então fui para as desse ano.

– Sofia - não.

– Janne- não.

– Bruna - não.

– Karen - não. -

Daniela - Hum... Talvez...

Daniela pode se considerar um dos meus melhores encontros. Com certeza. Ela era bonita, inteligente, legal, bonita, engraçada... E bonita. Quando peguei no telefone uma voz da consciência me dizia para não ligar para a Daniela. Mas a parte masculina dizia que eu devia. Bom, vamos seguir os instintos. Esperei dar sete horas pois sabia que era o horário que ela acordava para ir trabalhar. _

Cebola ? -- ela disse surpresa--

_ Oi Dani. -- eu disse com uma voz sensual--

_ Nossa! Você, me ligando... E agora! Estou surpresa. -- ela disse fazendo o mesmo com a voz--

Minha chance.

_ E aí ? Eu estava pensando se não estava afim de sair comigo hoje a noite. Às sete está bom ?

Ela ficou um tempo em silêncio e imagino que ela estava tentando pensar na roupa que iria vestir hoje.

_ Claro! Está ótimo. -- podia sentir o sorriso em sua voz--

_ Te vejo hoje então! -- eu disse sorrindo e desligando o telefone--

Sabe aquele peso que cai sobre você de repente ? É o que aconteceu comigo. Como eu podia deixar de me importar com a Mônica e passar a sair com outra garota ? Mas e daí ? Ela também estava fazendo isso comigo! Fui para o trabalho tentando tirar a culpa de cima de mim e encontrei a Mônica na sua mesa. Ela estava tão linda. Não pude retirar os olhos dela e ela percebeu. Merda.

_ O que foi ? -- ela perguntou receosa--

_ Hã... N-nada... Eu só... Preciso trabalhar! -- eu disse entrando na minha sala --

O que foi aquilo ? Eu fiquei parecendo uma menininha na frente dela! Mônica... Definitivamente você está acabando comigo. Fiquei atoa no meu escritório enquanto a observava. Dava para ver pela janela. Ela sempre parecia estar tentando fazer tudo certo e quando conversava com a Penha aparentava ficar irritada ou sem graça. Ri com seu jeito. Seu jeito de sempre morder os lábios quando ficava nervosa me fazia querer ajudá-la nessa tarefa. Ela era tudo que eu precisava ter. Mas não tinha.

Quando foi a hora do almoço fui até ela na esperança de conseguir falar com ela sem parecer um idiota.

_ Oi Mônica! Hã... Por que não almoçamos juntos hoje ? -- eu perguntei--

_ Pode ser.-- ela disse sorrindo--

_ Então vamos!

Ficamos conversando o caminho todo sobre o que tínhamos feito nesses últimos anos. A sensação de estar conversando com ela era confortante! Eu sentia falta das nossas conversas e fui percebendo o quanto eu sentia falta dela. As vezes a olhava e a vontade de beijá- la ou abraçá-la era quase inevitável. Quando chegamos no restaurante queria poder dizer pra ela o que eu estava sentindo, mas não queria que ela soubesse. Não agora.

_ Não acredito! -- ela disse rindo--

_ É sério! -- eu disse a acompanhando--

_ Você trabalhou mesmo como palhaço infantil ? -- ela disse quase morrendo de rir--

_ Tipo... Eu era animador infantil antes de começar a empresa, era só um jeito de arranjar dinheiro.

Ela me olhou séria e de repente começou a rir. Esse senso de humor dela era o melhor. Se falasse isso para qualquer outra garota ela sairia correndo daqui. Eu poderia ficar séculos olhando para ela rindo daquele jeito.

_ Tudo bem, chega da minha vida como palhaço... Me fala da sua.

Ela ficou séria e calada por um instante e depois votou a sorrir.

_ Confesso, não foram os melhores... -- ela me olhou corada-- Mas tenho me aproximado bem mais da minha tia. Na verdade, ela é como uma mãe pra mim agora. Desde aquela viajem... Para Madri.

Eu sabia que ela estava desconfortável em falar do seu passado. Porque eu estava nele. Nós dois temos um e o outro na história de nossas vidas e o mais difícil de admitir é isso. Uma louca idéia me surgiu a mente e eu tentei afastá-la. Mas ela estava me martelando.

_ Sabe, apesar de tudo... Quero que sejamos amigos.

A proposta pegou Mônica de surpresa. Ela arregalou os olhos e ficou estática. É, o medo dela dizer " não " me tomou conta.

_ Hã... Não acho que seja uma boa idéia. -- ela respondeu--

Pronto. Bastou uma frase para eu desmoronar. Queria não demonstrar suplico na minha voz, mas estava impossível.

_ Por favor! O que é que tem ? Não podemos ser mais amigos ? Qual é ? Vamos! -- eu disse a cutucando de leve--

Mônica ficou pensando e o medo de sua resposta me consumindo. Até que ela se resolveu.

_ Sim.