Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 43
Escrever é Refúgio


Notas iniciais do capítulo

Mesmo só com um comentário no capítulo anterior, ainda estou muito empolgada em escrever.

Boa Leitura para quem está lendo!



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Corri para casa. Precisava ligar para Bia. Precisava falar com ela. Saber dessa história. Ouvir dela se isso era verdade. Isso sim seria imperdoável. Liguei quinhentas vezes para ela e em nenhuma fui atendido. As coisas ficariam difíceis assim. Não acredito que ela engravidou do Filipe. Não acredito.

Cheguei em casa entristecido. Passei o resto do dia trancado no meu quarto e saí à noite para um banho. Encontrei meu pai enquanto voltava para o meu quarto.

– Simon?

– Senhor? – perguntei virando para olhá-lo.

– Vai jantar?

– Não estou com fome.

– Mas você não comeu nada o dia todo. – ele insistiu.

– Depois eu desço e como alguma besteira, pai. – chamei-o de pai, pois fazia algum tempo que não o chamava assim.

– O que houve?

– Nada. – falei me escorando à porta – Eu só estou ocupado estudando. É importante que eu vá bem. O senhor sabe. – argumentei tentando soar convincente.

– Escuta filho, você pode até me enganar, mas não engana a pessoa que está na nossa sala de estar e que eu pedirei para vir aqui falar com você. Boa noite.

– Boa noite – falei revirando os olhos e me trancando no quarto.

Filipe

– Então vamos ter uma menina? – perguntei para Bia que colocava um filme para assistirmos.

– Sim. De acordo com a Katy teremos uma mini Bia. – eu ri. Estava terminando de passar a pipoca pra tigela.

– Queria ter ido com você. Sabe que eu não me importaria de ter ido. Teria sido um grande prazer. – reclamei sentando no sofá ao lado dela.

– Desculpa. Não quero te envolver nisso tudo e...

– Bia, eu já estou envolvido. Olhe só para você. Está linda com essa barriga redondinha. É a grávida mais perfeita do mundo. – depositei um beijo na barriga dela.

– Exagerado mesmo.

– Já sei o que faremos amanhã!

– Que medo – ela brincou rindo como a muito não fazia – O que você acaba de inventar?

– Vou ligar para um amigo só pra confirmar primeiro e se der certo eu te aviso, ta? - respondi pulando do sofá e correndo pegar meu celular. Foi quando li uma mensagem da Meg e meu coração quase parou de bater.

Meg

Tinha acabado de ler “mensagem enviada com sucesso” no celular quando vi que o Lúcio já havia voltado.

– Desculpe te deixar esperando – ele falou assim que entrou na sala e veio me dar um abraço caloroso.

– Problemas? – aceitei o convite dele para me sentar.

– Só com o Simon. A Bia ter ido embora... Acho que ele não vai se recuperar tão cedo.

– Mas já faz tanto tempo – argumentei.

– Meg você foi uma das que presenciou quão forte era o sentimento deles. Bastava olhar para perceber que eles se amavam além... Bom, acima de tudo. – concordei com a cabeça recordando o quanto foi difícil para eu aceitar isso no início.

– Eu sei. É que já faz tantos meses.

– O Simon está acorrentado às lembranças. Não acho isso bom. Por causa da minha filha ele quase reprovou na faculdade... Isso arruinaria tantas coisas. Ele tem um futuro tão lindo pela frente.

– Sei disso, mas ele não vai reprovar. Vi o quanto ele tem se esforçado e a Luana o ajudou bastante também.

– Luana. Essa sim é boa para ele.

– Não, ela é boa para o Filipe. E eu estou torcendo para que as coisas dêem certo entre eles e não faça mais perguntas – repreendi antes de ouvi-lo perguntar o que havia perdido dessa história. Conhecia bem aquele olhar.

– Minha filha é boa também, muito boa. Mas eles não são bons um para o outro... Entende?

– Entendo sim. – resolvi mudar de assunto – E a Soph? Cadê aquela pirralha? – Lúcio riu alto.

– Se ela ouve você falar assim dela... Meu Deus! Ela ficaria muito brava – eu ri com ele – Saiu com sua mãe.

– Entendi.

– Como anda o casamento?

– Ah, nunca me imaginei falando disso com o senhor, mas vamos lá. Está maravilhoso. É tão bom acordar todos os dias ao lado de Jake e ter a certeza que fiz a escolha certa, que era ao lado dele mesmo que eu tinha que estar. Ain,é perfeito. O senhor deve saber o que é isso. – me remexi um pouco no sofá de repente desconfortável.

– Posso te pedir uma coisa?

– Pode, – dei um riso – pai. – agora ele riu fraternal.

– Tão bom te ouvir me chamar assim. – ele me deu um abraço que senti prazer em corresponder. – Converse com o Simon. Por algum motivo ele te ouve.

– Ok, ele está no quarto? – vi ele confirmar com a cabeça. – Vou lá, até depois. – E então saí.

Simon

Ouvi baterem na porta trancada e me levantei para abrir. Era Meg. Fiquei surpreso ao vê-la e recebi-a com um forte abraço.

– Tava ocupado? – ela perguntou sentando na minha poltrona no canto do quarto.

– Estava escrevendo um pouco. – contei.

– Você escreve desde quando que eu não sei?

– Poucos sabem.

– E você escreve o que? – ela perguntou curiosa.

– Normalmente, o que sinto. – confessei. Era a primeira vez que eu falava sobre isso.

– Não sabia.

– Não escrevo muito. Escrevo quando preciso desabafar, escrevo pra me conceder compaixão, misericórdia ou só refúgio. Escrevo pra eternizar momentos ou apenas para não descontar em ninguém a culpa que foi minha. – ela andou até mim. Parecia estar pisando em ovos.

– Estou tocada – ela comentou rindo – Você escreve nesse caderno? – Meg passou a mão no meu caderno de veludo em cima da escrivaninha e foi como se ela estivesse tocando em mim, respirar se tornou dificultoso. Imagine se ela lesse cada coisa que eu coloquei ali? Era íntimo demais.

– Escrevo sim – respondi levantando e pegando o caderno na mão.

– Sabe, me mandaram aqui para conversar com você sobre alguma coisa que eu não sei. – ela respirou fundo e me olhou – Quer conversar sobre algo?

– Não. – falei.

– Tá bom – ela sentou ao meu lado e segurou minha mão – Então divida comigo algumas coisas desse caderno.

– Sério? – isso já era pedir demais também.

– Sério sim.

– Melhor não. – arrisquei.

– Vamos Simon. Leia. Só algumas coisas. – olhei para ela, soltei a mão que ela segurava e escolhi um dia para ler.

– Ok. – respirei fundo – “Conheci uma menina incrível. Ela era incrível por ser diferente, por ser corajosa. Diferente do que se vê hoje em dia. Meu coração falou mais alto, e de repente esse galinha aqui estava planejando ter uma família. Veja só o estado o qual me encontro, num primeiro olhar já me vi ao lado dela para sempre. Espero que quando eu me perder, ela esteja aqui para me encontrar.” – parei e esperei uma reação dela.

– Continuo ouvindo – Meg declarou. Virei algumas folhas e parei outra vez.

– “Acho que nunca serei perdoado. Eu também não me perdoaria. O perdão é uma coisa eterna. Tipo, não é como desculpar. Você desculpa, mas meia hora depois está remoendo aquilo outra vez como se jamais fosse esquecer. Perdoar é diferente. Quando você perdoa, você é mais feliz. Porque se você perdoou, então é porque está pronto para esquecer e ir em frente. Então, acho que ficarei para sempre empacado aqui.” – sempre que eu releio o que escrevi, sinto exatamente o que sentia quando escrevi.

– Por que parou? – eu ri sem mostrar os dentes e virei mais algumas folhas, dei uma olhada no que havia escrito quando fiz amor com a Bia na “cabana” e sorri saudoso. Decidi ler a última coisa que havia escrito.

– Vou ler só mais uma coisa – anunciei.

– Eu estou amando, mas é você que decide quando parar.

– “Vazio. Solitário. Angustiante. Doloroso. Sofrido. Ela. De novo, ela. Só sei falar dela. Só penso nela. Só quero ela. Não posso aceitar ser trocado. Não posso aceitar outro ao lado dela. Não posso aceitar ficar longe, mas há uma muralha de motivos que me impedem de insistir e esses motivos me impedem porque sabem que irei sofrer, mas eles me machucam. E o que me fere me faz sofrer do mesmo modo. E eu prefiro sofrer ao lado dela. É questão de respirar fundo. Sabe, quando vejo que estou quando surtando, é isso que faço. Eu respiro fundo. Respiro não porque é necessidade. Já percebeu como ninguém dá importância para o fato de respirar, mas quando começa-se a respirar com dificuldade de repente respirar é a coisa mais importante no momento? Mas poucos sabem que fechar os olhos e respirar fundo alivia pra cassete. A vida tem uma maneira peculiar de alinhar as coisas. E eu sei que minha hora vai chegar. Eu sei que vou quebrar muito a cara ainda, eu sei que vou precisar cair mais algumas vez e sei que, obviamente, vou cruzar com ela outra vez. O que me faz ter certeza disso é o tamanho do meu sentimento. Eu espero que outra vez seja coisa do acaso. Por que é aquela velha história: uma vez é acaso, duas vezes é destino. E eu acredito nessa força maior que rege nossos passos. Eu acredito no destino.”

– Uau, Simon isso foi... Lindo. – então eu a abracei.

– Só queria que não fosse real.

– Vai passar Simon. Se momentos felizes não duram para sempre, as dores também não.

– Mas tá doendo. Ela... Deus! Não posso com isso, Meg. – meus olhos já haviam começado a lacrimejar.

– Ai Mon, por favor, eu sei que vai passar. Você sabe disso também. – ela me apertou forte.

– Há cura para o amor?

– Não para o real.

– Então o que eu faço para esquecer?

– Você ocupa seu tempo com coisas que valham a pena.

– Já experimentou isso?

– Sim e dá muito certo garoto.

– Obrigado Meg.

– Por nada, meu mano. Por nada.

[...]


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Notas finais do capítulo

E então? Gente eu amei escrever esse capítulo, ainda mais o POV Simon. Achei muito perfeito.
Sem contar que o que se refere a ele, veio de mm, das minhas experiências. É incrível ver o quanto sou madura. Até me assusto às vezes. Afinal, só tenho 16 aninhos, né? kkkkkkk
Quero me desculpar com os reviews ainda não respondidos! A Thay tá sem net e eu também. Hoje estou postando no serviço.

~Keel



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