Meg

Flash Back On

Seus lábios atacaram os meus, no início foram devagar como se quisessem saborear aquele momento, mas não demorou muito, e logo o beijo se tornou quente, praticamente pegando fogo. Suas mãos passeavam pelo meu corpo de forma possessiva, era como se ele me tomasse para si, mas o que ele não sabia, era que eu já era dele há muito tempo. Meus olhos percorreram por toda extensão do seu corpo. Será que poderia existir alguém mais perfeito? Eu duvidava que tivesse, e me alegrava em saber que ele era apenas meu. Unicamente meu. Logo que a falta de fôlego se fez presente, nós nos separamos, e mesmo que tenhamos nos afastado apenas poucos milímetros, era como se uma parte de mim tivesse ido embora, e essa parte estava com ele. — Sabe o porquê de te amar? — indaga com o rosto perto do meu. — Deve ser pela minha boniteza — respondo com um sorriso sapeca. — Talvez isso tenha ajudado um pouco — diz tentando se arrumar em cima de mim, já que o espaço era pequeno para nós dois. — Mas não é apenas isso. Eu me apaixonei pelo que você é, pela sua forma doce, em alguns momentos. Da forma possessiva, mas ao mesmo tempo intensa que você ama, e principalmente pela pessoa simples e guerreira que você é. Por não ser fresca como muitas das meninas que conheço, e também por me amar, com minhas manias, defeitos e qualidades. Por me amar dessa forma, por me amar pelo o que sou, e não pelo o que tenho, e é por isso que te amo tanto — finaliza roçando de leve seus lábios nos meus.

— Eu também te amo — digo tentando buscar as palavras certas para dizer — Talvez nem sempre eu estive ciente disso, talvez tenha entendido as coisas da forma errada, ou apenas entendi tudo da forma certa no momento errado. Mas eu sei que te amo, mesmo você sendo um idiota às vezes, um galinha, mesmo com todos seus defeitos, que não são poucos — digo fazendo-o rir — Mesmo com tudo isso eu te amo, amo sua forma de ser, a pessoa que você se tornou, amo sua voz, amo cada mínimo detalhe de você. —digo com a respiração pesada — E se algum dia me perguntar o porquê de ter começado a te amar, não saberei responder, pois certas coisas a gente não explica, e essa é uma delas. — falo e tento medir minhas palavras na esperança de não ter dito nenhuma baboseira. E percebo que não tinha quando seus lábios beijaram os meus novamente.

Porque eu o amava tanto? Que pergunta besta, todos que eu amo, amo com intensidade. E muitas das vezes isso fazer tudo se acabar. Ou era apenas que tudo tinha que se acabar para eu conseguir perceber a quem eu pertencia.

Flash Back Off

— Filha? — será que eu estava tão avoada que nem ao menos percebia que minha mãe me chamava? Provavelmente sim, mas era difícil não se desconectar desse mundo quando tudo que você mais queria é que certas coisas voltassem no tempo.

— Desculpa-me mãe, acho que estava meio avoada — eu tinha plena certeza que estava avoada, "boiada" e ainda por cima em outro planeta, mas minha mãe não precisava saber disso não é mesmo?

— E quem não estaria querida? Já se passaram dois meses, e logo depois do natal você irá se casar, minha pequena irá se casar. — diz a última parte tão baixo que eu não acreditava ter ouvido. E o mais inacreditável era que já tinha se passado dois meses, dois longos meses desde que tive a minha primeira vez com o Jack. Aquela noite foi simplesmente perfeita e mágica, tirando é claro a parte do brejo. Mas sabe quando você pensa que tudo está tão perfeito e logo algo irá dar errado? Pois bem isso é uma teoria comprovada, tudo dá errado quando tudo está dando certo. Logo depois da nossa primeira vez o Jack simplesmente disse que só iríamos fazer novamente depois do casamento. Como assim? Justo ele iria querer esperar até depois do casamento por mais? Não seria eu que deveria proteger minha pureza? Não adiantou falar, brigar e nem discutir, ele simplesmente não iria voltar atrás. Minha mãe amou isso, disse que ele era um homem muito honrado. Honrado o escambau!Quem estava pensando nisso naquele momento? Eu sei que estava sendo injusta, mas sabe quando prova de algo e depois simplesmente não consegue desfazer daquilo? Então imagina provar direto da fonte? Seria a perdição de qualquer um, e ele estava sendo a minha perdição. Mas ele preferiu ser cavaleiro, e fofo também devo dizer, mas nem isso fez com que eu ficasse menos frustrada e irritada também.

— Filha? — percebo que minha mãe sacudia levemente meus ombros.

— Oie? Ham? — digo de forma lesada, realmente eu deveria começar a mudar meus comportamentos, até porque logo iria me casar com o filho do poderoso Ferraz, um dos homens mais rico de toda a região do Mato Grosso, e isso certamente não era pouco.

— Eu estou tentando falar com você querida — minha mãe diz.

— Desculpa-me novamente, só que ultimamente ando tão atarefada que minha cabeça anda a mil — digo falando a verdade. Ultimamente andava pensando em tantas coisas que às vezes tinha medo de que minha cabeça explodisse.

— Tudo bem querida, eu entendo sabe, até porque já passei por isso — dá um meio sorriso — Olha eu sei que nunca fiz muito parte dessa história, e que a minha passagem por ela pode ter sido insignificante e talvez seja mesmo. Nunca aparecia quando precisavam de mim, ou nunca tive um papel grande, mas eu sempre estive aqui. Exatamente onde estou agora, sei que posso não ter sido a melhor mãe do mundo, e que por muitas vezes não te dei o apoio que você precisava e me desculpa, me desculpa por não ter conversado mais com você, por não ter te explicado as coisas e me desculpa por não ter dado o máximo de mim no momento que você precisou, e me desculpa por não poder ir com você nesse momento mágico— diz se derramando em lagrimas e aquilo me partiu o coração.

— Mãe me escuta? — peço e ela levanta os olhos olhando para mim — Quem disse que você não fez parte dessa historia? Claro que você fez, você foi aquela que me deu a luz, aquela que lutou para me criar mesmo quando a situação era difícil, foi essa mulher forte que lutou por mim — digo com as lagrimas caindo dos meus olhos — Você foi aquela que deu vida a uma menina linda chamada Sophie, menina essa que encantou a todos, até mesmo aqueles que ela jamais viu, ou que jamais a viu, sei que você precisa levar a Soph, eu entendo mamãe. Você foi à única pessoa que discutia com o Lucio para que ele visse que o amor entre duas pessoas era algo lindo, e não uma maldição por ser entre tio e sobrinha. Você fez sim parte nessa historia, e em minha opinião você foi a parte mais linda dela. — finalizei explodindo em lágrimas e vendo ela me abraçar, como há muito tempo a gente não fazia.

— Ó minha pequena vai se casar — sussurrava no meu ouvido.

— Sim mãe eu vou — falei desfazendo o abraço.

— Nem preciso perguntar se você tem certeza disso não é mesmo? — perguntou limpando as lagrimas dos seus olhos, enquanto tentava fazer o mesmo.

— Não, eu tenho total certeza — afirmei com tamanha convicção que até mesmo eu acreditei naquela mentira. Não que não tivesse certeza de que queria me casar, apenas não tinha certeza do meu futuro. E se eu não acostumasse? E se tudo desse errado? Eram essas incertezas que me fazia ficar com um pé atrás. Mas eu sabia que a única forma de saber era tentando, e era isso que estava fazendo, eu estava tentando ser feliz.

— Tudo bem, bom melhor você ir ou vai acabar se atrasando — diz me beijando na bochecha e me entregando minha bolsa.

— Ok, vou ir procurar o Simon. — digo saindo, e tentando imaginar onde o Simon estaria.

— Está proculando quem? — me assusto com a voz da Soph, ela estava vestida com um lindo vestido rosa.

— O Simon meu bem — respondo depois de ter superado do susto.

— Ah ele está lá fola no quintal — diz sorrindo e mostrando seus pequenos dentes.

—Obrigada amor — digo a beijando na bochecha e logo em seguida indo atrás do Simon.

Simon

Como estudar, quando meus pensamentos não saiam dela? Como me concentrar quando apenas ela tinha minha atenção? Como viver quando não a tinha mais? Eu me fazia essas mesmas perguntas, mas não havia respostas para elas.

— Simon? — viro minha cabeça e vejo Meg se aproximando.

— O que foi? — pergunto ainda pensando nela. Eu sei que estava sendo idiota da minha parte, pensar tanto nela, mas a cada dia tudo estava ficando mais difícil.

— Bem nós temos que ir para Pontes e Lacerda, ou vamos acabar nos atrasando — fala meio aflita deve ser por causa do nervoso.

— Ah sim tudo bem — levanto-me pegando todos meus materiais.

— Bem você vai ser o meu padrinho, e eu não aceito não como resposta — Meg fala de supetão, o que acaba me assustando, pelo fato de ter falado do nada e por estar-me convidando para ser padrinho dela. — E bem ela vai ser a madrinha, tudo bem para você ? — pergunta me olhando cautelosamente.

— Tudo bem — digo meio incerto.

— Ah fico tão feliz — diz me abraçando rapidamente, e logo em seguida entrando no meu carro.

A viagem até a cidade próxima foi calma e incrivelmente silenciosa. Eu sabia que a Meg estava cansada, estressada e nervosa. E era por esse e outros motivo que permaneci quieto também.

Mais ou menos uma hora depois chegamos à cidade, dirigi até um salão que tinha como nome salão das noivas.

— Bem acho que fico aqui — sorri de lado — Bem até mais Simon — nem me dá tempo de falar nada, apenas abre a porta e abraça a sua sogra que a esperava, parecendo impaciente. Foi nessa hora que me lembrei que a tia Rose com certeza iria querer estar naquele momento junto com sua filha, mas ela tinha que levar a Soph ao médico, assim não pode vir.

Acelero o carro rumo a minha faculdade. Não que eu esteja estudando, quer dizer estar eu estava apenas não estava em período de aula. O problema era que eu quase reprovei, e para não dar esse desgosto para meu pai, aqui estava eu. Estudando há exatamente dois meses, sem descanso nem nada, para poder daqui um mês fazer algumas provas, que decidiriam o meu futuro.

Quando dei por mim, já tinha chegado, saí do carro pegando os meus materiais que se encontrava no banco de trás, e fui em direção à biblioteca da faculdade, local que eu já estava para lá de familiarizado. O local era bastante grande, talvez desse umas três salas de aula juntas. Os livros eram separados pelo tema, alguns chegavam a ser tão velhos que estavam praticamente se desfazendo. Procurei a minha mesa de costume, e enfim achei-a.

— Pensei que não estaria aqui — falo, mas sabia que aquilo era mentira, ela simplesmente não me deixará mesmo depois de dois longos meses, assim achava improvável ela deixar agora naquela altura do campeonato.

— E te deixar na mão? Não mesmo — diz sorrindo, um dos sorrisos mais belo que já tinha visto.

Sento-me na cadeira ao seu lado, e começo a escutar ela falar, tentava me explicar sobre como e o que usar na hora de fazer uma cirurgia em um animal, mas não prestava atenção nisso, minha cabeça ao mesmo tempo estava longe demais, mas também perto demais para eu conseguir medir qualquer atitude minha. Aproximo devagar, e qualquer um que olhasse de fora poderia ver tudo em câmera lenta. Seus lábios se travaram quando ela percebeu o que eu iria fazer, sua respiração ficou mais rápida e a minha já estava saindo do compasso. Seus olhos me avaliavam e eu sentia o peso da minha decisão.

[...]