Os Cavaleiros do Tempo escrita por Goldfield


Capítulo 7
Capítulo Sétimo




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Capítulo Sétimo

Os preparativos para a ofensiva.

No refúgio dos Cavaleiros em Arcádia, na sala de estratégia, Alexandre, James, Wolfgang e os três ex-comandantes do Exército arcadiano conversavam:

–         Examinando as fotos tiradas pela nossa sonda de reconhecimento, concluímos que a estação bélica não possui ponto fraco – disse Alexandre.

–         O que há na boca da caveira? – perguntou Sansão.

–         Ainda não sabemos. Talvez seja a saída de um hangar de naves. Mesmo se ela for aberta durante o confronto, será muito difícil causar danos significativos.

–         Droga! – exclamou James. – E agora, o que faremos?

–         Teremos que encontrar um ponto fraco ou então a única forma de destruirmos a estação será com a invasão desta, ou seja, após vencermos a frota inimiga, coisa que será muito difícil, nós teremos que dar cobertura às naves de transporte enquanto a infantaria penetra no alvo. Isso é desafiador até para os Cavaleiros do Tempo.

–         E se entrássemos com as naves-caça dentro da estação? – perguntou Tangir.

–         Está louco? – surpreendeu-se Odoacro. – Como faríamos isso?

–         Entrando pela boca, nossos pilotos teriam acesso à parte interior do engenho. Em estações desse tipo sempre há passagens interligando os hangares, e creio que os olhos e o nariz do “Crânio” também se abrirão para a saída de naves.

–         É uma possibilidade, mas não devemos arriscar tanto nossas forças. E se houver uma armadilha na boca da estação?

–         Talvez seja o abrigo da arma principal – disse James. – O local é favorável e as fotos mostram que é a posição mais vigiada pelas naves-caça.

–         A teoria de James é mais realista, mas, de qualquer forma, não devemos tirar conclusões precipitadas. Quando atacarmos, o alvo principal será a boca do “Crânio”. Se for preciso, as ordens mudarão durante a ofensiva. Todos estão de acordo?

–         Sim – respondeu James.

–         Ótimo. Agora temos que descobrir como é a arma principal da estação. Segundo a Irmandade, ela é capaz de devastar todo um planeta.

–         Talvez seja um poderoso canhão laser – disse Wolfgang. – Megatópia queria construir um há alguns anos.

–         Alexandre, eu tenho uma pergunta! – exclamou James.

–         Qual? – perguntou o líder dos Cavaleiros.

–         Como o Griksu age sobre um tumor?

–         Apesar de não entender muito de medicina, sei que ele o reduz ao tamanho de uma célula normal, sendo facilmente eliminado.

–         Quando Cronos morreu, Set e alguns soldados de Clavícula estavam numa caverna em Plucto que possuía muitos desses cristais. Percebi que eles os estavam coletando.

–         Talvez Set queira curar soldados doentes e...

–         Além de tumores, o Griksu pode diminuir outras coisas?

–         Dependendo do modo como for empregado, sim.

–         Talvez Clavícula esteja construindo um canhão de Griksu, que possa encolher planetas!

–         Será?

–         É uma possibilidade! – disse Wolfgang. – Encolhendo planetas, Clavícula conquistaria a Galáxia facilmente.

–         Concordo com eles! – exclamou Sansão.

–         Eu também! – disse Odoacro.

–         E eu! – concluiu Tangir.

Alexandre refletiu por um instante e disse:

–         De fato, isso é bem provável. Consultarei a Enciclopédia da Irmandade a fim de recolher mais informações sobre o poder do Griksu.

–         OK – disse James. – Nós acompanharemos a preparação das tropas.

–         Ótimo. Estão dispensados.

No “Crânio”, Clavícula se preparava para discursar aos seus soldados num amplo salão. Logo que o líder Skull Raider começou a falar, suas tropas gritaram “Alucívalc”. A partir daquele momento, aquele seria o grito de guerra dos Skull Raiders.

–         Soldados! – exclamou Clavícula. – Nosso triunfo está próximo! A estação está quase pronta e logo poderemos atacar. Dominaremos a Galáxia e, se possível, o Universo! Ninguém poderá nos deter! Nem os megatopianos, nem os terráqueos, muito menos a raça medíocre dos globônios! Nós reinaremos por séculos, milênios! Nosso domínio será longo, arcadianos! Longuíssimo! E os lembrarei mais uma vez: se virem a embaixadora Lisa Hans Werner na nave, pisem nela! Esmaguem-na! Ninguém desafia os Skull Raiders e sai vivo! Vitória!

–         Alucívalc! – gritaram todos os soldados.

–         Vitória!

–         Alucívalc!

Clavícula, então, se dirigiu para a sala de comando da nave, onde Set o esperava:

–         As tropas estão confiantes? – perguntou o Mago do Tempo.

–         Como nunca – respondeu Clavícula. – Em quanto tempo a estação ficará pronta?

–         Menos de um dia.

–         Ótimo. Os zamurianos estão tão ansiosos quanto nós. Isso gera impaciência.

–         A impaciência... Grande inimiga da perfeição... Descanse.

–         É o que vou fazer.

–         Jânio Acadiano, você está preso! – exclamou, convicto, o oficial Skull Raider.

–         Mas por quê? – perguntou o arcadiano.

–         Você é acusado de ajudar rebeldes!

–         Eu? Mas, mas...

–         Não fale mais nada, ou sua língua será cortada. Queira nos acompanhar.

–         Eu...

–         Já!

Jânio, conformado, seguiu o oficial e mais dois Skull Raiders, enquanto sua mulher chorava.

–         O que farão com o papai? – perguntou a filha caçula, de apenas quatro anos.

–         Eu não sei, minha filha... – suspirou a mãe. – Eu não sei...

Enquanto isso, num veículo flutuador, Jânio era levado para o forte Skull Raider em Medina, onde seria julgado. Provavelmente morreria.

–         Está bem... – murmurou o arcadiano. – Ajudei os rebeldes... Mas como descobriram?

–         Set nos informou tal coisa – respondeu o oficial. – Ele sabe de tudo! Uma simples aliança rebelde não pode nos derrotar!

–         É o que pensa! – exclamou Jânio. – Vocês todos morrerão! Suas naves serão destruídas! Seus fortes serão consumidos pela chama da justiça!

–         Você, com certeza, é o homem mais ingênuo que já vi! – riu o oficial. – Talvez consiga se livrar da pena de morte alegando insanidade...

–         Podem rir, mas saibam que quem ri por último, ri melhor!

Os Skull Raiders soltaram uma longa e sinistra gargalhada.

Não muito longe dali, no refúgio dos Cavaleiros do Tempo, James Grey se encontrava sentado numa pedra, pensativo. Wolfgang, curioso, perguntou:

–         Por que está triste?

–         Estou preocupado com Lisa... Ela terá morrido?

–         Claro que não! Pare de pensar nisso!

–         Eu a amo, Wolfgang...

–         Sei como é amar uma pessoa... Já amei uma mulher...

–         Uma lobisomem?

–         Sim. Era linda. Chamava-se Wolfangel.

–         “Lobo Anjo”.

–         Exatamente. Tinha um belo corpo e brilhantes olhos cinzas. Isso é raríssimo.

–         E por que se separaram?

–         Ela morreu...

–         Como?

–         Sarna. Veio com os colonizadores megatopianos. É fatal para nós.

–         Sinto muito...

–         Não se preocupe! Pense nos momentos felizes com Lisa e tire essas idéias bobas da cabeça!

–         Obrigado, amigo.

–         Logo estaremos prontos para o ataque! – informou Alexandre. – Preparem-se!

–         Já estamos preparados – disse James. – Clavícula vai pagar por tudo... Vai pagar muito caro...

–         A vingança nos mata por dentro – disse o líder dos Cavaleiros. – Ela nos deixa podres de espírito, pois carrega muita energia negativa. Não deve pensar em se vingar.

–         Mas então Clavícula não pagará por nada?

–         O tempo o punirá, James Grey. O tempo o punirá...

–         Tudo está pronto? – perguntou Clavícula.

–         Sim – respondeu Set. – Vamos começar.

O Mago do Tempo começou a pronunciar estranhas palavras, fazendo aparecer uma nuvem de fumaça, que logo tomou conta da sala.

–         Mas que droga! – irritou-se Clavícula. – Não enxergo nada!

–         Acalme-se.

De repente, do chão, surge um homenzinho magro, rude e sorridente. Era o espírito Yuk.

–         O que deseja, grandioso Set?

–         Pode me informar onde os Cavaleiros do Tempo estão refugiados?

–         Exijo algo em troca!

–         Ainda coleciona aberrações?

–         Sim.

–         Há, nesta estação, uma jovem que foi reduzida ao tamanho de uma daquelas bonequinhas de barro produzidas pelos artesãos de Medina – disse Clavícula.

–         Sei... E daí?

–         Vou dá-la a você em troca da localização do refúgio dos Cavaleiros!

–         Eles estão no Vale da Caveira, em Arcádia!

–         Vale da Caveira... Onde passei minha infância... Tem certeza?

–         Absoluta!

–         Ótimo. Set, agora.

Abrindo um jarro, Set fez com que Yuk fosse sugado para dentro deste, fechando-o imediatamente.

–         Está aprisionado – disse Set. – Fará tudo que pedirmos.

–         Ótimo! – riu Clavícula. – Prepare uma força de combate! Atacaremos o Vale da Caveira!

–         Como quiser.

Pouco depois, uma frota de naves-caça e naves de transporte, comandada por Set, partia na direção de Arcádia.

Enquanto isso, no refúgio dos Cavaleiros, Alexandre meditava sobre uma rocha, quando gritou:

–         Peritanos Haspedinos!

Um grupo de Cavaleiros, ouvindo as duas estranhas palavras, exclamou:

–         Energia negativa a caminho do refúgio!

–         O quê? – perguntou James, confuso, se aproximando.

–         Energia negativa!

Todos se dispersaram. Alexandre com sua Espada de Astor em mãos começou a ensaiar movimentos de combate, exclamando “Peritanos Haspedinos” sem parar.

–         O que está havendo? – perguntou Wolfgang a James.

–         Não sei, amigo!

Alguns Cavaleiros surgiram empunhando suas espadas. Alguns possuíam canhões laser. Pareciam esperar por algo.

–         O que está acontecendo? – perguntou James a um Cavaleiro.

–         Alexandre detectou uma grande fonte de energia negativa se aproximando do refúgio. Creio que seremos atacados.

–         Droga!

Nisso, uma Tíbia entrou dentro do esconderijo, disparando seu canhão laser. Alguns Cavaleiros voaram com a explosão de um tanque de combustível.

–         Começou! – gritou Alexandre.

Vários Skull Raiders entraram no refúgio, disparando suas armas. Os Cavaleiros avançaram sobre eles com suas espadas, ferindo mortalmente vários adversários.

Os combatentes de Alexandre se defendiam dos disparos laser com escudos de ouro e prata. James admirava as belas figuras neles desenhadas, como constelações, planetas e estrelas.

Os Skull Raiders estavam em desvantagem. Eram massacrados pelos Cavaleiros, que lutavam com extrema destreza. De repente, Set aparece do nada na frente de James e Wolfgang, dizendo:

–         Observam o massacre... Animais! Lutem como homens!

–         Mas...

Com um punhal, Set avançou sobre James, que se esquivou rapidamente. Wolfgang, pegando uma espécie de bumerangue do cinto, o jogou contra Set, fazendo com que este recuasse.

–         Um bumerangue... – murmurou o Mago do Tempo. – A arma preferida dos lobisomens...

–         Venha me pegar! – exclamou James.

Set desapareceu misteriosamente.

A batalha prosseguia. Os Skull Raiders recuavam, surpresos com a grande habilidade dos homens de Alexandre. Este logo combatia também, causando grande tumulto entre os inimigos. Os soldados arcadianos assistiam à luta, torcendo pelos aliados.

James e Wolfgang voltaram a observar o confronto quando viram Set entre os combatentes. Este se preparava para apunhalar Alexandre pelas costas.

–         Alexandre, atrás de você! – gritou James, desesperado.

–         O quê? – surpreendeu-se o Cavaleiro.

Já era tarde. Alexandre tombava entre os combatentes, morto.

–         Desgraçado! – gritou o filho de Gerald Grey com todas as forças.

Set, vendo que a batalha estava perdida, fez com que os poucos Skull Raiders ainda vivos desaparecessem. Depois, pronunciando algumas palavras, transformou-se num corvo e saiu voando para fora do refúgio.

–         Droga! – exclamou James, inconformado. – Mataram Alexandre!

–         O quê? – surpreendeu-se Tangir. – Não pode ser!

–         Infelizmente, é verdade – disse Odoacro, averiguando o corpo inerte de Alexandre. – Vamos enterrá-lo dignamente.

–         Onde? – perguntou Sansão.

–         Na Montanha do Suplício, antiga Montanha da Paz – disse Aníbal, se aproximando.

–         E o refúgio?

–         Não sofreu muitos danos, mas os reparos das naves atrasarão em um dia a nossa ofensiva. Agora você é o nosso líder, James Grey.

–         Eu?

–         Sim. Cronos disse que você é o único capaz de derrotar os Skull Raiders. Nos guiará até a vitória!

–         É isso aí! – exclamou Wolfgang.

–         Concordo! – disse Tangir.

–         Ótimo. Vamos enterrar Alexandre e depois arrumaremos esta bagunça. Clavícula pagará com a vida!

–         O réu é culpado! – exclamou o juiz, tocando um sino, como era o costume em Arcádia. – Será jogado no Lago Sulfúrico!

–         Não! – gritou Jânio. – No Lago Sulfúrico não!

Havia, no extremo norte de Arcádia, um lago de ácido sulfúrico. Os piores criminosos eram jogados dentro dele.

–         Levem-no! – ordenou o juiz.

–         Espere! – exclamou Jânio, em vão.

Dois Skull Raiders agarraram o condenado e o levaram até uma nave de transporte.

–         Não podem me matar! – gritou Jânio.

–         É claro que podemos! – riu um dos Skull Raiders.

E a nave decolou, a caminho do tão temido Lago Sulfúrico. Porém, quando esta passava por uma vasta planície, um dos Skull Raiders disse, alarmado:

–         Creio que há uma tempestade de areia vindo em nossa direção, senhor!

–         Besteira!

–         Mas...

–         Cale-se!

A nave prosseguiu. Pouco depois, toda a estrutura desta tremeu. Estavam, de fato, no meio de uma grande e violenta tempestade de areia.

–         Não estou conseguindo controlar a nave! – gritou um dos Skull Raiders.

–         Tente diminuir a velocidade!

–         Não consigo!

A nave foi arremessada a uma grande velocidade e espatifou-se aos pés da Montanha do Suplício, transformada num monte de ferro retorcido. Milagrosamente, Jânio Acadiano escapou ileso.

–         Estou vivo! – exclamou o arcadiano, incrédulo. – Obrigado, Santo Tarso!

E, esperançoso, Jânio subiu a montanha. Quando atingiu o topo, presenciou uma fúnebre celebração:

–         Alexandre Asturiano perdeu sua forma física, mas sua forma espiritual finalmente se libertou da prisão que é o corpo humano – disse um sacerdote da Irmandade. – Ele estará para sempre em nossa memória, como um bravo guerreiro que lutou até a morte pela liberdade dos povos pacíficos desta galáxia. Que o Ser Supremo o acolha como seu filho mais querido. Himalek!

–         Himalek! – exclamaram todos os presentes.

–         Bravo! – gritou Jânio, batendo palmas.

–         Jânio! – exclamou James, reconhecendo o homem que o auxiliara.

–         É Jânio! – disse Sansão. – É ele mesmo!

–         O que está havendo? – perguntou o recém-chegado, confuso.

–         Clavícula matou mais um homem nobre – disse Tangir. – Ele pagará!

–         É isso aí! – exclamou Odoacro.

–         Junte-se a nós, Jânio – convidou James. – Estamos preparando uma grande ofensiva. Temos espadas, canhões laser e várias naves.

–         Naves? – surpreendeu-se Jânio. – Podem contar comigo!

–         Ótimo. Vamos voltar para o refúgio! Não podemos atrasar mais o ataque!

Continua... 


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