Os Cavaleiros do Tempo escrita por Goldfield


Capítulo 1
Prólogo e Capítulo Primeiro


Notas iniciais do capítulo




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Os Cavaleiros do Tempo

“O mal ainda não foi vencido... Mas uma irmandade o combaterá...”.

Prólogo

O ano é 2055. A Galáxia é devastada por vários conflitos, principalmente pela independência dos planetas-colônia de Megatópia e pela Primeira Cruzada Interplanetária, travada entre zamurianos e megatopianos, com o fim de libertar lugares sagrados na lua megatopiana de Meguênia.

James Grey, filho do lendário Gerald Grey, já é um adulto. Apesar dos conselhos dados por Pedro Cintra para que se arranjasse sozinho, o filho do herói da humanidade continua acompanhando o pai adotivo em suas viagens espaciais.

Apesar dos conflitos, o verdadeiro perigo vem dos chamados “Skull Raiders”, os “Piratas do Espaço”, que, liderados por um misterioso mercenário conhecido como Lorde Clavícula, atacam comboios de naves e pilham planetas inteiros com suas poderosas naves-caça chamadas de “Tíbias”.

Pilotando uma nave comercial, Pedro Cintra, acompanhado por James, se aproxima do planeta Caninos, colônia de Megatópia, onde a situação é crítica...

Capítulo Primeiro

Uma refém muito especial.

Uma grande frota de naves-caça e de transporte, comandada por uma nave em forma de caveira, se aproximava do planeta Caninos. Dentro desta última, numa espécie de sala de comando, se encontrava sentado num trono o temível Lorde Clavícula.

O líder dos Skull Raiders era um homem com cerca de quarenta anos, careca e de barba castanha.

–         Senhor! – exclamou um dos generais de Clavícula, entrando na sala. – Estamos nos aproximando de Caninos!

–         Ótimo – respondeu o mercenário, friamente. – Prepare as Tíbias. Quero surpreender aqueles rebeldes, tomando a única arma que têm contra os governos megatopianos.

–         Como quiser, senhor.

Perto dali, uma nave comercial terráquea, cheia de barris contendo Stelix, também se aproximava de Caninos. Nela estavam Pedro Cintra e James Grey.

–         Olá, Pedro – saudou James, entrando na cabine de comando da nave, onde se encontrava o brasileiro. – Já estamos chegando?

–         Sim, Jimmy – respondeu Pedro. – Vou lucrar muito com este carregamento.

–         Para que querem Stelix?

–         Para construir engenhos bélicos! Estão em guerra com quase toda a Galáxia!

–         Arcádia e Plucto já declararam independência. Caninos ainda luta pela liberdade.

–         Logo eles também conseguirão... Os lobisomens lutam até a morte por um ideal...

–         Como meu pai... Ele era um grande homem, não?

–         Ele não era! Ele é! Tenho certeza que ainda está vivo!

–         Nunca o encontraremos... Não tente me consolar...

–         Bola pra frente! Quando vai se casar? Tem uma namorada em cada planeta!

–         Meras aventuras... Nunca me casarei...

–         Claro que se casará! Se não houver mais nenhum Grey, quem salvará a humanidade?

Os dois riram. Nesse momento, a nave entrou na atmosfera de Caninos, um planeta habitado por lobisomens e inteiramente coberto por uma imensa floresta de pinheiros, alguns lagos e montanhas.

Logo pousaram num dos poucos fortes megatopianos ainda intactos no planeta. Os lobisomens travavam uma terrível guerra contra os colonizadores.

Os dois terráqueos foram recepcionados por um soldado:

–         Trouxe o Stelix? – perguntou o megatopiano.

–         Está na nave – respondeu Pedro. – Parecem alarmados... O que houve?

–         Os lobisomens seqüestraram a embaixadora da República de Dutch no planeta...

–         A embaixadora? Como?

–         Ela estava sendo trazida para cá num comboio de veículos, que foi atacado perto daqui. Os malditos a levaram...

–         Quem é a embaixadora? – perguntou James.

–         Essa é a pior parte. A embaixadora é Lisa Werner, filha do Chanceler da República de Dutch.

–         Deus! E eles não temem uma represália?

–         Ameaçaram matá-la se as nossas forças não deixarem o planeta. Estamos preparando uma missão de resgate. Mas, mudando de assunto, entrem, pois o tempo não está nada bom.

De fato, uma densa neblina dava um tom cinzento àquela manhã e logo choveria. Os três entraram no forte, onde vários soldados transitavam rapidamente, atarefados.

–         O Conselho de Segurança Megatopiano está analisando a situação e, caso eles matem a embaixadora, nós tomaremos medidas drásticas – explicou o megatopiano.

–         Que tipo de medidas? – perguntou Pedro.

–         Nós bombardearemos o reduto dos rebeldes com armas nucleares.

–         Não acha que isso pode desequilibrar todo o ecossistema do planeta?

–         Creio que não. Nossas armas não são tão devastadoras como as de vocês.

Os três entraram na sala de comando do forte, onde, examinando um mapa, estava o general megatopiano Jeremias Braxton, velho amigo de Pedro.

–         Como vai, Jeremias? – perguntou Pedro.

–         Cintra! Há quanto tempo!

–         Não nos vemos desde 2050, quando os zamurianos bloquearam a rota comercial de Arcádia. Como vai?

–         Vou bem, mas a embaixadora...

–         Entendo...

–         Essa Lisa Werner é uma mulher muito bonita, não? – perguntou James. – Já a vi uma vez num noticiário.

–         De fato, é uma bela mulher, além de ser uma simpática intelectual – disse Braxton, que conhecia bem a filha do Chanceler. – Deve ter a sua idade.

–         Nós trouxemos Stelix – disse Pedro. – Devem estar precisando!

–         Sim, é verdade, mas, neste momento, precisamos é de uma boa estratégia!

–         Nossos suprimentos foram destruídos quando os rebeldes atacaram o comboio – explicou o soldado megatopiano. – Logo nós necessitaremos de comida e munição.

–         Nós podemos ajudar em algo? – perguntou Pedro.

–         Alguns suprimentos estão espalhados pela área onde o comboio foi atacado – explicou Braxton. – Nós estamos organizando uma equipe para os recolher. Você que, além de ser um ótimo piloto, é um ótimo motorista, poderia dirigir um dos nossos caminhões pesados, facilitando o trabalho de nossos homens.

–         Certo. Pode contar comigo.

–         O comboio de caminhões que recolherá os suprimentos partirá em uma hora. O caminhão que dirigirá está na garagem.

–         Entendi. Nos vemos depois.

Os dois terráqueos saíram da sala e ganharam um corredor. James perguntou:

–         Não acha que é muito perigoso? Os lobisomens podem usar a neblina como vantagem para um ataque surpresa!

–         Não se preocupe. Se algum lobisomem aparecer, terá que enfrentar minha fiel pistola laser!

Uma hora depois, o comboio de caminhões partiu do forte na direção da área onde estavam os suprimentos, ou seja, uma grande clareira no meio daquela imensa floresta de pinheiros.

Pedro e James estavam num daqueles grandes caminhões armados com metralhadoras de defesa e protegidos por blindagem notável.

A neblina ainda era densa, impossibilitando que o caminho fosse visto, ou seja, praticamente dirigiam às cegas. Logo começou a chover, e a terra da estrada começou a se transformar em barro.

James, apreensivo, observava a floresta que cercava a estrada, temendo um ataque dos lobisomens. Nunca havia visto um, mas sabia que se pareciam muito com os humanos. Porém, o corpo era totalmente coberto por pêlos e possuíam face idêntica à de um lobo. O focinho, olhos, orelhas e, infelizmente, a boca; eram idênticos ao do animal.

Logo o caminhão que liderava o comboio ficou atolado. Outros dois caminhões logo estavam como o primeiro, e a marcha teve que parar.

Enquanto os soldados tentavam desatolar os veículos, James desesperou-se quando viu alguns vultos saírem da floresta e desaparecerem na densa neblina.

–         São eles! – exclamou o filho de Gerald Grey.

Em pouco tempo os dois terráqueos ouviram disparos de pistolas laser e metralhadoras. Soldados megatopianos surgiram feridos e até mutilados. Agora tinham certeza: os lobisomens atacavam o comboio.

Pedro carregou sua pistola laser e tentou sair do caminhão, mas deteve-se quando viu a amedrontadora imagem de um lobisomem pela janela.

–         Saiam do veículo! – exclamou o rebelde, apontando uma pistola laser para Pedro.

–         Mas não somos megatopianos! – exclamou o brasileiro. – Somos terráqueos!

–         Não importa! Se vocês ajudam nossos inimigos, são iguais a eles! Saiam do veículo!

Nesse momento, James assustou-se quando mais um lobisomem surgiu do outro lado do caminhão e começou a lhe apontar uma pistola laser.

–         Senhor! – exclamou o lobisomem que apontava sua arma para James. – Deixe-os ir! Não são megatopianos!

–         Cale-se, Wolfgang! – exclamou o outro lobisomem. – Eles têm que pagar!

–         Por que não os levamos como prisioneiros, senhor?

–         É verdade... Saiam do veículo!

Não tendo escolha, os dois terráqueos saíram do veículo e cada um levou uma coronhada do lobisomem que o ameaçava. Pedro e James, então, foram levados pelos temíveis habitantes do planeta...

Os dois terráqueos acordaram atordoados e perceberam que estavam numa espécie de cela.

–         Olá! – saudou uma simpática e bela mulher, de cabelo e olhos negros, que possuía um corpo de deusa. – Vocês dormiram um bocado!

–         Você é... – oscilou James.

–         Lisa Hans Werner, filha do Chanceler da República de Dutch e embaixadora da República em Caninos.

–         Nós já sabemos... – murmurou Pedro. – Muito prazer. Sou Pedro Cintra e ele é James Grey. Estamos na toca dos lobos?

–         Digamos que sim – respondeu Lisa. – Até que eles me tratam bem... Mas você é filho do lendário Gerald Grey?

–         Digamos que sim... – respondeu James.

–         É uma honra conhecê-lo.

A cela ficava num corredor de concreto que terminava numa porta de ferro. Havia outras celas naquele corredor, mas apenas aquela onde estavam possuía prisioneiros, ou seja, os três.

–         Você foi torturada ou coisa assim? – perguntou James.

–         Não, e creio que não sofrerei qualquer tipo de tortura – respondeu Lisa. – Os lobisomens não são perversos como pensam... Eles apenas lutam pela liberdade!

–         O que eles planejam fazer? – perguntou Pedro.

–         Creio que estão prontos para atacar os fortes que ainda oferecem resistência. Em poucos dias as forças megatopianas estarão vencidas.

–         E o que farão conosco?

–         Não sei. É a única coisa que me preocupa.

–         Pedro... – chamou uma voz longínqua. – Pode me ouvir?

–         Cronos! – exclamou Pedro. – É você?

–         O que ele tem? – perguntou Lisa a James.

–         Ele é assim mesmo... De vez em quando começa a falar sozinho. Diz que conversa com um tal de Cronos.

–         Tenha paciência, caro amigo – disse a voz a Pedro. – Seja prudente.

–         Eu serei, caro mestre... Eu serei...

–         Hei, vocês três! – exclamou um lobisomem armado, entrando no corredor e abrindo a cela. – Cérbero quer vê-los!

–         Quem é Cérbero? – perguntou James.

–         O líder deles – respondeu Lisa. – Vamos.

Os três prisioneiros seguiram o rebelde até uma ampla e iluminada sala, onde vários lobisomens armados, vestindo armaduras de Stelix, vigiavam o trono onde estava sentado Cérbero, líder dos habitantes daquele planeta.

–         O que quer de nós? – perguntou Pedro.

–         Vocês são terráqueos? – perguntou o líder dos rebeldes.

–         Sim – respondeu James. – Só viemos a este planeta para vender Stelix aos megatopianos. Não temos nada contra vocês.

–         E o que faziam naquele comboio?

–         Era um favor que fazia a um amigo meu – respondeu Pedro. – Não tínhamos a intenção de prejudicá-los.

–         Mas vocês nos prejudicaram, mesmo que indiretamente.

–         Vocês devem sair daqui! – exclamou James. – Os megatopianos usarão armas nucleares!

–         Sério? – perguntou Cérbero, cada vez mais interessado no que os prisioneiros sabiam.

–         Sim – respondeu Pedro. – Eles ameaçam aniquilar todos vocês.

–         Eles ameaçaram acabar com todos eles? – surpreendeu-se Lisa. – Que nojentos...

–         Esta base está localizada no coração de uma montanha – disse Cérbero. – Estaremos seguros aqui.

–         O que farão conosco?

–         Nada, por enquanto. Agora tenho que me preparar para a cerimônia mensal, pois hoje é noite de lua cheia.

–         Vocês adoram a lua? – perguntou James.

–         Sim. A lua nos criou. Somos filhos dela. Um dia ela se chocará contra este planeta e apenas os justos sobreviverão. Todos nós, quando morremos, nos transformamos em estrelas para ficarmos mais perto de nossa mãe.

–         Interessante...

–         Wolfstein, por favor, leve os prisioneiros de volta à cela.

–         Sim, senhor.

Logo os dois terráqueos e a megatopiana dormiam naquela fria cela de concreto, temendo o desconhecido futuro que lhes aguardava.

Continua... 


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