Como minha breve vida em São Paulo não foi apenas merdas e desastres deixe-me contar um pouco sobre Diego...

Dos amigos de Rodrigo, digamos que Diego era o mais normal. Foi com ele que eu passei a maior parte dos dias. Ele era uns 10 centímetros menor, cabelos cacheados e loiros, fora que tinha olhos azuis. Se eu não soubesse que ele era uma peste, até diria que era um anjo.

Ele estava no vôlei também, só que jogava na reserva. Ele preferia dedicar seu tempo para a banda que tinha. Commando Crusher. Eles meio que tocavam covers do Ramones, Bon Jovi, Nirvana e afins...

Diego devia ter sérios problemas na cabeça, só pode! Certo dia ele me chegou e disse:

- Estou com as galinhas.

- Que galinhas? - Perguntei com cara de quem realmente não estava entendendo do assunto.

- Aquelas galinhas que a gente vinha planejado soltar no colégio.

- A tá, que seriam para o que mesmo?

- Quando é que você vai começar a lembrar das coisas? 

- Me desculpe.

- E desde quando você se desculpa? - É, não era apenas comigo que Rodrigo não se desculpava. - Voltando ao assunto, as galinhas são para deixar as professoras doidas, eu trouxe 6, estão ali no porta-malas.

Para a nossa surpresa as galinhas não estavam ali.

- Tá de brincadeira com a minha cara, né? Cadê suas "galinhas",?

- Mano, elas estavam aqui, sumiram!

- Ótimo, e como eu sei que tinha alguma para começo de história?

- Você é cego por acaso? Não está vendo que o chão está cheio de penas não?

- Puta que pariu! Temos que pegá-las de volta!

- Elas estão numeradas de 1 a 6, então acho que procurá-las vai ser fácil.

- São galinhas! Estamos em um colégio! É óbvio que vai ser fácil achar galinhas aqui dentro! 

Mas não foi, procurar aquelas galinhas foi a pior experiência que eu já tive na minha vida. O colégio era enorme, cheio de pessoas, mas mesmo assim não apareceu uma alma penada para dá uma dica. Até que eu ouvi um grito.

O grito veio do banheiro feminino do 2º andar, e para meu desgosto, constatei que a dona dele era ninguém mais ninguém menos que Marina.

- Rodrigo, porque é que tem uma galinha dentro do banheiro?

- Sei lá, se reunindo com a ave mãe?

- Vá pro inferno! Tire esse negócio daqui, e se dê por feliz que eu não denuncie para a coordenação. 

- Obrigada, vossa majestade...

- Calma, a julgar que essa coisa tem um número 6 pintado nela, eu estou supondo que tem no mínimo mais 5 soltas por aí. Quem teve a ideia?

- Adivinha?

- Você? 

- Eu não, eu tenho mais cérebro do que aparento, foi Diego...

- Só um cérebro pior que o seu mesmo para pensar numa merda dessas... Vaza daqui!

- Até mais velha coroca!

Peguei a galinha e sai correndo, não esperei para ouvir os xingamentos inescrupulosos que aquela vadia estava pronunciando. Pronto, faltavam mais 5.

Recebi uma mensagem: "Achei a número 2 - Diego"

Menos uma.

Achei uma caixa perto da coordenação, escondi a galinha ali antes que alguém reparasse. E parti para a outra ala do colégio. Era ainda maior do que a outra!

Dei-me conta de que no chão tinha algumas penas espalhadas, segui o rastro e dei direto com o laboratório de química. Não sei como, mas a pobre ave conseguiu ficar em cima do armário. Tirei-a de lá o mais rápido possível. A número 1 estava capturada.

Me sentindo ainda em um jogo de Pokémon, encontrei a galinha número 5 escondida nos arbustos do pátio. Estava realmente começando a duvidar da integridade dessa escola, ninguém tinha percebido galinhas por aí!

Mal desconfiava eu que logo atrás de mim o guardinha me abordou:

- Posso saber o que o senhor vai fazer com isso?

- Hm... Dissecação?

- Haha, para a coordenação, vá 'dissecar' lá junto com seu colega.

Chegando lá Diego estava levando um sermão da coordenadora Vandir. Porque eu fui duvidar? Porque?

Fomos suspensos por 3 dias.

RoPaz: Quer dizer que eu fui suspenso?

jujuhca27: Sim, culpe Diego...

RoPaz: Culpar? Agradeça-o! Você vai ter 3 dias de folga daquele inferno!

E essa foi a breve história de um dia de descontração. Hora de voltar para a realidade.