– Joshua, aonde você vai? - Grace

– Vou sair com um amigo, mãe!

– Certo. Leve uma blusa, parece que vai esfriar.

Joshua apenas olhou a mãe. Sempre a mesma coisa, não importa quantos anos você tenha. Ele pegou uma blusa, para não contrariá-la e saiu. Ficou esperando por Alec do lado de fora.Ainda faltavam cinco minutos para o horário combinado quando Alec apareceu.

– Já? - Joshua aproximou-se do carro.

– Costumo ser pontual. E você? O que faz fora de casa? - Alec o olhava pela janela.

Joshua abriu a porta e entrou:

– Sou ansioso.

– Você tem cara mesmo. - Sorriu.

– Aonde vamos?

– Aonde você quer ir?

– Não sei. Você que me convidou.

– Você aceitou. - Alec apenas sorria. Joshua o analisava. Usava uma camisa branca e uma calça preta. Era simples, mas ele ficava lindo de qualquer forma.

– Leve-me para sua casa. - Sussurrou.

Alec aproveitou o farol fechado e o olhou. Joshua o puxou pelo pescoço e o beijou. Longamente e com desejo. Inicialmente o mais velho ficou surpreso, mas logo começou a corresponder. Entreabriu a boca e deixou que a língua se Joshua a percorresse. Quando se afastaram Joshua sorria:

– O farol abriu.

Alec mordeu o lábio inferior e voltou a dirigir.

A casa de Alec era realmente bonita, Joshua podia reparar em cada detalhe, enquanto seguia para a sala de estar no encalço de Alec.

– Está sozinho aqui?

– Não, com a minha mãe. Mas ela não está. - Falou antes que Joshua pergunta-se. - Estamos apenas os dois, não se preocupe.

– Por que eu me preocuparia? - Joshua falou de forma maliciosa aproximando-se de Alec.

Alec sorriu, deixou que Joshua lhe puxasse para si, deixando-os ameaçadoramente próximos.

– Eu sabia que você não ia ser o tempo inteiro tão doce...

– Você não gosta de mim assim? - Joshua fingiu-se de magoado.

– Sendo você, eu não me importo de como seja.

Joshua voltou a beijá-lo, dessa vez com mais calma, mas não com menos desejo do que antes.

– Você está com fome? Quer beber algo? - Alec perguntou assim que eles pararam de se beijar.

Joshua passou a língua pelos lábios, de forma rápida.

– Não. Ao menos que você queira.

Alec negou com a cabeça, passou a mão pelos cabelos:

– Err… Então, o que a gente vai fazer? - Sorriu.

– O que você planejava para nós?

– Estava pensando em assistir algum filme.

Joshua viu que havia alguns DVDs próximos à TV, foi até lá, ver o que tinha.

– Eu não sabia do que você gostava. Então escolhei de tipos diferentes.

– Closer...- Ele sorriu. - Odeio esse filme.

– Eu gosto!

– Okay, então... - Voltou a olhar os DVDs. - Noviça Rebelde. Ai gostei!!! - Olhou Alec, todo sorridente.

Alec arqueou a sobrancelha.

– Odeio esse filme.

– Alugou por quê?

– Sei lá, eu simplesmente peguei.

Joshua riu, Alec fez o mesmo.

– Você é estranho. - Joshua.

Alec jogou uma almofada nele:

– Falou normal!

Joshua correu até ele, pulando em seu colo e o beijando.

– Eu sou! - Joshua riu. - Já decidi qual filme vamos ver.

Alec olhou para as mãos de Joshua.

– The Mudge Boy. - Sussurrou Alec.

Era um drama. Alec nunca assistira, apenas ouvia criticas sobre o filme. Ficara interessado pelo enredo e resolvera alugar. Parecia ser bom.

Joshua mexia na mão de Alec, observava seus dedos compridos. Alec virou a cabeça, apoiando-a no encosto do sofá e ficou observando Joshua. Este parou ao perceber que estava sendo observado e olhou para o mais velho, sorriu:

– Que foi?

– Você não está gostando do filme. - Alec falou com calma, sorrindo. Olhou a TV. O filme era bom, mas não era naquilo queria e devia se concentrar. Pegou o controle e desligou a TV.

– Eu estava gostando... Eu apenas não conseguia mais me concentrar, não com Alec Ross do meu lado.

– Uhum... O que esse Alec Ross tem de interessante? - Aproximou-se mais dele, segurando sua mão.

– Ah... Bem, ele é inteligente, doce, bonito... Muito bonito, aliás. E eu acho que estou apaixonado por ele...

– Acha? - Seus rostos estavam próximos, faltava pouco para se beijarem.

– Não, eu tenho certeza. Nem tem como dizer que não estou...

– Nossa... Esse cara é sortudo...

– E você?

– Eu?

– Não existe ninguém?

– Ah, sim. Claro. O Joshua... Eu nem sei como falar dele, ele simplesmente me encanta.

– É bonito?

– Sim, muito. E é brincalhão também. Ele me faz sorrir mais do que ninguém jamais fez.

– Acho que ele tem mais sorte do que esse Alec.

– Por quê?

– Porque eu não sei falar palavras tão bonitas...

– Elas nem importam... Não para mim.

Os dois se beijaram. Joshua começou a passar sua mão pelos cabelos castanhos do outro, de forma lenta e carinhosa.

– Vem... Vamos lá para cima... - Alec levantou-se e puxou Joshua pela mão.

Joshua apenas deixou ser guiado. Os dois entraram no quarto de Alec. Ele ligou a luz e se jogou na cama. Joshua apenas ficou o olhando. Alec apoiou-se nos cotovelos para poder olhá-lo.

– Que foi? Sei, eu não vou te estuprar nem nada do gênero.

– Sei lá... Você tem uma cara inocente demais... Eu tenho medo... - Joshua fez cara de apavorado.

Alec riu. Joshua se aproximou deitou-se ao lado dele. Havia um pequeno espaço entre eles. Ambos ficaram deitados de barriga para cima, olhando para o teto.

– Se sua mãe te pegasse comigo... Como ela agiria? - Joshua resolveu perguntar após um tempo em silêncio.

Alec virou a cabeça para ele, observou seus traços de perfil, antes de começar a falar:

– Ia agir normalmente...

– Hã?- olhou-o.

– Meus pais sabem que eu gosto de garotos. Meu pai não aceita, eu sou um bicha para ele, eu também não me importo. Mas minha mãe me apóia... No começo foi difícil, acho que ela ficou em choque... Mas depois... Ela simplesmente aceitou. Não diria que entendeu, mas que aceitou.

– Meus pais nem fazem idéia. Acho que nenhum dos dois ia aceitar, entende? Eles são... Conservadores... Minha mãe ia fingir que não sabe de nada... Meu pai... Acho que ele seria meu maior problema. Ele não aceitaria de forma alguma. Meu pai não se preocupa com o que eu quero... Nunca foi importante para ele... Tudo está bem se eu fizer o que ele quer, simples assim... - Falou com desgosto.

Alec o puxou num abraço. Joshua o beijou.

– Onde eu posso dormir? - Joshua sussurrou já se sentindo sonolento.

– Aqui. - Alec falou naturalmente levantando-se e indo até o closet pegar algumas roupas.

– Acho que minhas roupas dão em você. Somos quase do mesmo tamanho mesmo.

Joshua apenas o ficou olhando. Dormir? Com Alec? Aquilo o pegara de surpresa. Alec virou-se para ele e sorriu ao ver sua cara de bobo.

– Que foi?

– Nada. - Joshua desviou o olhar.

Alec foi até ele, deixando as roupas do seu lado:

– Eu sei que você não é tão tímido assim. Acho que era eu quem deveria estar com medo de ser atacado.

Joshua sorriu:

– Eu não vou te atacar. Não é justo.

– Por quê? - Alec falou do banheiro, onde ele se trocava.

– Você me parece tão frágil... Não teria coragem de te atacar.

Alec riu.

– Que bom. - Entrando no quarto novamente.

Joshua já havia se trocado e já estava com a cabeça apoiada no travesseiro. Alec sentou-se do outro lado da cama:

– Você parece estar realmente com sono.

– Estou... - Joshua confirmou. - Você não?

– Eu demoro a pegar no sono... Fico lendo até não agüentar mais. -Deu um sorriso doce e o beijou. -Não se preocupe com isso. Eu não me importo.

Joshua concordou com a cabeça, lhe deu mais um beijo e virou de lado, adormecendo logo. Alec ficou olhando-o por um curto tempo, antes de pegar um livro e começar a lê-lo.

– Ah, Josh, ai está você. - Grace falou assim que o vi entrando em casa.

– Bom dia mãe. - Sorriu. – Tudo bem?

– Sim, querido. Parece que se divertiu essa noite.

– É, foi bom.

– Eu falo para seu pai que você deveria sair mais. Você passa a maior parte do tempo trancado aqui quando não está trabalhando.

Joshua apenas sorriu:

– Quem sabe eu não passe a me divertir mais.

Grace sorriu:

– Quero conhecer a garota...

– Não há nenhuma garota. - Joshua a olhou.

– Sei. - Grace voltou-se para sair do cômodo.

– É sério! - Riu-se.

– Não disse que não.

Joshua sentou-se no sofá e pegou o jornal sobre a mesinha de centro.

– Mãe...

– Sim, querido. - Ela parou e o olhou.

– E se fosse um garoto? - Joshua a olhou, sério.

– Pelo amor de Deus, Joshua! - Grace parecia horrorizada com a idéia. - De onde você tira essas idéias?

– Não, eu apenas pensei. Desculpe.

– Não toque mais nesse assunto, imagine se Boyd te pega falando algo do gênero. Já não basta o fato de você não querer seguir nossa religião?

– Mãe, eu já pedi desculpas... - Suspirou.

– Sim, sim. Mas, por favor, não fale mais isso, Josh. Seriam problemas demais para todos nós. - Saiu da sala.

Joshua apenas olhou o jornal, sentindo uma grande indignação. Então seria assim? Ele seria apenas um problema para sua família, como sempre parecera ser até então? Então que fosse. Ele não desistiria de Alec, por nada.

– Ele é realmente bonito, não? - Debbie comentou com Joshua na tarde de segunda.

Debbie trabalhava com o pai de Joshua desde o começo da cafeteria. Joshua sentia certo orgulho dela. Era uma pessoa fantástica. Como se fosse sua segunda mãe. Tentava a todo custo arranjar uma namorada para ele, ele apenas ria de suas tentativas. Mas naquela tarde ela não olhava as garotas, ela reparava em Alec. Joshua surpreendeu-se quando ela fez aquela pergunta.

– Ah, Debbie... Sei lá. - Joshua riu.

– Oras, vamos lá, Josh. Você acha que eu não percebi o quanto você olha para ele? Claro que sim. Ele entra aqui e seus olhos até brilham.

Joshua olhou para baixo, meio sem jeito.

– Ele também olha para você. E eu percebi que ele te trata de maneira diferente de um cliente qualquer.

Joshua deu uma risadinha.

– O nome dele é Alec... -Sussurrou. - Tem minha idade.

– Ele é muito bonito.

– É...- Ele apenas sussurrava, olhando para ele. - É simpático também.

– Não precisa ficar com vergonha, Josh. Isso é normal.

Joshua a olhou:

– Normal?

– Certo... Para mim é normal! - Debbie riu, se você gosta dele e dele de você, vocês não tem que ficar se preocupando com o que as pessoas vão pensar.

– Eu sei... O problema são os meus pais.

– Ah, eles, de novo? Joshua os esqueça. Lembre-se: Se você fizer tudo que eles querem...

– … Eu não vivo minha vida! Eu sei Debbie! Mas...

–Mas nada! Fale-me dele.

Joshua apenas riu:

– Eu não devia atendê-lo primeiro?

– Ah, é verdade. - Debbie sorriu. - Vai lá. - Piscou.

– Conversando no trabalho... - Alec falou assim que Joshua estava bem próximo a sua mesa. - Que feio...

Joshua riu:

– Você já me desviou do meu trabalho várias vezes.

– Mas é diferente. - Alec fez cara de indignado para ele. - Eu sou um cliente!

Joshua apenas riu mais:

– O que vai ser hoje?

– Frappé de frutas vermelhas.

– Nossa, inovou legal hoje, hein?

– Eu posso ser imprevisível às vezes. - Sorriu.

– Imagino que sim. - Deu um sorriso malicioso.

Alec apenas deu uma risada, voltando sua atenção para o livro.

Joshua voltou para o balcão, Debbie o observava.

– Vocês se dão bem, não?

– Bastante. - Joshua, entregando o papel.

– Sabe Joshua, se você não ficar com ele. Eu te mato.

Joshua a olhou, um pouco espantado.

– Querido, não deixe nada separar vocês. Eu não tenho duvidas, você foram feitos um para o outro. Não o deixo escapar.

Joshua sorriu, feliz por saber que teria o apoio de alguém tão especial. Era exatamente isso. Ele não ia desistir.