A campainha começou a tocar. Era horário do jantar. Lily levantou-se.

– EU ATENDO! - E saiu correndo, quase derrubando a empregada que ia atender a porta. - Foi mal! - Abriu a porta. - Sim?

– Boa noite, o senhor Muller está? - Um homem perguntou educadamente.

Lily nunca vira o senhor a sua frente, mesmo assim sorriu.

– Sim, entre. Vou chamá-lo! - E voltou a correr em direção a sala de jantar. - Pai, tem um cara querendo falar com você... - Falou de forma ofegante.

– Você não deveria estar correndo, você sabe disso, não? - Adam a repreendeu. - Obrigado, já volto! - E saiu.

Lily sentou-se e bebeu um pouco de água. Olhou para a empregada.

– Marie desculpe!

– Tudo bem. Mas você ouviu seu pai, Srta. Não faz bem você ficar correndo por ai. - Marie.

– Eu sei...

– Scarlett, esse é um velho amigo meu, Boyd! - Adam entrou na sala acompanhado do homem, e dando um sorriso.

– Olá. - Ela levantou-se e o cumprimentou.

– A ultima vez que eu a vi você devia ter uns 4 anos. Lógico que não lembra de mim, não? – Boyd.

– Não. - Sorriu. - Às vezes eu não me lembro do que comi no café da manhã...

– Exagerada. - Adam sorriu. - Eu já devo ter comentando do senso de humor dela.

– Sim, sim. Lembra um pouco do meu filho. - Boyd.

– Você deve estar com fome. - Olhou a empregada. - Marie, traga mais um prato para Boyd.

– Sim, senhor. - Marie saiu.

Joshua abraçava Alec, estavam sentados no sofá. E o mais velho ainda chorava. O outro o acariciava delicadamente, tentando fazer com que se acalmasse um pouco. Não sabia ao certo o que falar.

– Não fique assim... Ele já foi Alec! - Joshua.

– Eu sei, mas estou com medo...

– Medo do que?

– Que ele descubra sobre nós dois, e que volte a me bater de novo...

– Você tem tanto medo disso... Por quê?

– Não foi só daquela vez que eu te falei... Ele sempre me batia...

Alec limpou o rosto.

–Eu nunca tive coragem de te falar... - Começou.

Joshua levou um dedo aos lábios dele.

– Você não precisa me contar. Eu já sei...

– Que?

– A Lily...

Alec se calou. Joshua voltou a abraçá-lo.

– Você não tem que se preocupar com isso. Eu estou aqui agora... Você não tem mais 15 anos.

– Você não conhece meu pai, Josh...

– Ele não vai te machucar. Eu prometo...

Alec suspirou:

– Você não devia prometer o que não pode cumprir...

– Quem disse que não? Larga de ser pessimista... - O beijou. - Não houve nada de errado...

– Você tem razão...

– Um amigo do meu pai chegou ontem aqui. Ele me lembra você... - Lily olhou Joshua, enquanto caminhavam para a sala de estar. Spencer e Alec estavam do lado de fora, esperando Jon.

– Lembra? - Joshua.

– É... Fisicamente, lembra você... Poderia ser seu pai.

Joshua deu um sorriso de lado, o que menos queria era ver seu pai ali. Provavelmente estragaria tudo.

– Talvez se pareçam, porque o Boyd é pai do Joshua! - A voz de Adam soou pela sala.

Joshua e Lily se viraram, na porta estava Boyd e Adam parados. Joshua arregalou os olhos, completamente surpreso. Entretanto Boyd não aparentava o mesmo, no mínimo Adam comentará que já conhecia o filho do amigo. Lily também parecia um pouco surpresa, mas logo se recompôs.

– Joshua, precisamos conversar. - Boyd.

– Eu...- Joshua começou. - Eu não acho que seja necessário.

– Você não ter que achar!

– Sr. Urie, o Josh não quer... - Lily comentou. – Sei lá, acho que ele não esperava vê-lo... Assim...

– Scarlett...- Adam a repreendeu.

– Desculpa, mas é sério!

– Tudo bem. - Joshua deu um sorriso para ela. - Talvez seja melhor conversarmos mesmo...

– Adam, onde eu e Joshua podemos conversar? - Boyd.

Adam guiou os dois até a sala de visitas, que era ao lado da que eles se encontravam anteriormente.

– Fiquem a vontade! - Adam fechou a porta e ficou com Lily na sala de estar. - O que você pensou que estava fazendo?

– Defendendo o Joshua e o Alec!

– Lily, você não pode ser meter nisso. Eu sei que você quer manter os dois juntos, mas o Boyd é pai do Joshua.

– Ele não quer os dois juntos, é injusto. Eles gostam um do outro. É quase como se você tentasse me separar do Spencer...

– Lily... - Suspirou.

– O que aconteceu? - Jon sorrindo. - Nossa que cara! - Parou de sorrir ao ver Lily.

– O Boyd está ai! - Anunciou Lily, como se a noticia fosse pesarosa. Para ela, era.

– Que? - Alec exaltou-se. - Mas... Onde ele e o Joshua estão?

– Conversando, na sala de visitas. E ninguém vai se meter! – Adam.

– Alec, relaxa! - Spencer apertou o ombro dele. - É só uma conversa.

– Okay... - Alec sussurrou, sentando-se no sofá.

– Bem que a gente podia tentar ouvir a conversa, né? Que nem em filme! - Jon disse, com os olhos brilhando.

Spencer levou à mão a testa. Lily deu uma leva risada. Alec um sorriso forçado. E Adam apenas balançou a cabeça negativamente.

– Jon, não! - Spencer. - Senta ai e sossega!

– Credo, Spencer! Era uma idéia! - Jon sentou-se. - Olha como Alec está! Queria ajudá-lo...

– Você queria matá-lo do coração, isso sim! - Spencer.

– A cardíaca aqui sou eu, obrigada! - Lily.

Alec largou a cabeça para trás, apoiando no sofá e olhando o teto. De repente tinha ficado calmo. O que era estranho, já que ele deveria estar tendo um treco. Ele queria saber o que se passava no outro cômodo, saber como Joshua estava.

No outro cômodo Joshua sentia-se totalmente desconfortável com a situação. Seu pai parado ali, à sua frente. Ele mantinha um olhar baixo, enquanto seu pai o analisava, como se 3 meses de distancia houvesse mudado para filho radicalmente. Porém, para Boyd, se ocorrera alguma mudança no rapaz havia sido no momento em que Alec aparecera.

Primeiro as constantes distrações e inquietações. Depois a repentina tristeza. Por último o excesso de felicidade e os sumiços inexplicáveis. Tudo por Ross. O extremo de tudo foi ter o filho saindo de casa e depois fugindo para fora do estado.

Tudo fazia Boyd pensar em onde erra com o filho. Lembrou-se de sempre dar o que ele queria depois cortar tudo após descobrir sobre Julian. Lembrou-se também de sempre ter uma boa relação com ele; saiam, riam, conversavam, mas Joshua foi crescendo e ao invés de tentar lhe entender, tudo que Boyd fez foi se entregar ao trabalho e esquecer que o filho precisava dele.

Agora olhava o garoto a sua frente, nem o reconhecia mais.Perdera a maior parte da vida do garoto porque não soubera como agir.

– Desculpe, Joshua… - Boyd pediu num tom realmente sentindo.

Joshua levantou a cabeça, o olhando. Não conseguia distinguir a expressão de seu pai. E alem disso, já tinha os olhos marejados.

– Você vai me levar de volta para casa? - A voz de Joshua soou infantil, como de uma criança manhosa que não quer voltar para casa após passar o dia na casa de uma coleguinha. Parecia que a idéia de ter que ir, lhe era assustadora. E de fato assustava. Ele só pensava em Alec.

– Não, não vou…

Joshua ficou estático, o olhando perplexo.

– Não?

Boyd negou com a cabeça.

– Sabe, eu não te via realmente feliz fazia tempo. Até que o Ross apareceu e tudo mudou. Eu não posso, nem devo, mudar isso.Eu só posso aceitar. E que se dane o que os outros vão achar.

Joshua ficou surpreso.

– Pai...

– Joshua, eu tenho estado tão errado com você há tanto tempo. Você estava certo, nunca pensei na sua felicidade. No que você queria. Sinto muito por isso.

Joshua o abraçou, começando a chorar:

– O importante é que você entendeu isso...

– Será que alguém não tem que ver se eu concordo com certo namoro? – Falou num tom divertido.

Joshua riu de leve.

– O Alec é bem tímido. Além do mais... Ele é mais a garota do que eu.

– Joshua! - Boyd riu.

– Parei...- Afastou-se limpando o rosto.- Podemos sair daqui?

– Claro.

– Gente, tem certeza que está tudo bem lá? - Jon

– Sim, claro... Por que não estaria?- Spencer

– Ah, não! O Joshua morreu?!

– Morreu nada! Está louco?

– Não estou não, mas é porque eu não ouvi gritos!

– Mas eles estão conversando, não numa competição de gritos!

– Isso é! - Sorrindo.

O coração de Alec batia cada vez mais forte deixando-o cada vez mais aflito, e se acontecerá algo com Josh e que ele não pudera fazer nada?

No mesmo instante, Boyd e Josh voltam da sala de visitas.

– Joshua você está bem? - Alec pulou do sofá em direção a Josh cheio de preocupação.

– Sim, Alec. Estou - riu Josh.

– Você é o Alec, certo? - perguntou Boyd olhando para Alec

– Sim, eu mesmo. - Respondeu Alec um pouco assustado - Por que?

– Posso dar uma palavrinha com você, em particular?

Joshua olhou o pai assustado, com medo que ele fosse fazer algum mal a Alec, Alec fez o mesmo.

– Claro.

Alec e Boyd se dirigiram para a sala de visitas, onde Boyd e Josh estavam fazia poucos minutos. Alec ficou um pouco apreensivo, já que o ato de Boyd fora bastante inesperado. Sentou-se, esperando que o outro falasse.

– Acho que lhe devo desculpas... - Boyd.

– Que?-Alec o olhou.

– É, desculpas. Fiquei apenas pensando no que eu achava certo e no que as pessoas iam pensar, e esqueci que Joshua precisava ser feliz. E você tem sido o maior motivo de felicidade dele. Mesmo assim tentei afastá-los.

Alec apenas ficou olhando para Boyd, que após um tempo, continuou.

– Como vai o relacionamento de vocês?

– Bem... - Alec falou baixinho. - A gente consegue se entender com facilidade...

– Uma sorte. Joshua é bastante difícil de lidar.

Alec deu um leve sorriso.

– Eu não sou tão fácil assim... Sei disso.

– Então ele deve gostar bastante de você... - Sorriu.

Alec passou a mão pelos cabelos, sorrindo sem jeito. De repente uma idéia idiota lhe veio a mente.

– O senhor quer que eu peça a mão do Joshua em namoro? - Falou um pouco sem jeito.

Boyd sorriu:

– Acho que você não precisa mais me chamar de senhor. E, bem, eu brinquei com o Joshua sobre isso, mas ele disse que você é mais a garota da relação do que ele.

– Seu filho não tem amor a vida? - Alec franziu o cenho.

– Sinceramente, às vezes eu acho que não. Além do mais você não precisa pedir. Já estão juntos mesmo, e eu não diria não.

Alec deu um sorriso:

– Acho que os garotos estão preocupados...

– Sim. Era só isso, dizer que vocês têm meu apoio e que não precisam mais se preocupar com isso.

– Obrigado... - Falou um pouco sem jeito.

Boyd apenas sorriu em resposta. Demorara um pouco, mas agora achava que estava fazendo a coisa certa.

– O que meu pai disse a você? - Joshua passava a mão pelas costas do namorado, o beijando de leve no pescoço.

– Apenas que concordava com o nosso relacionamento... - Alec suspirou. - Aliás, ele me falou que eu sou a garota da relação.

Joshua riu.

– Mas é...

Alec apenas o olhou. Joshua deu um selinho e se levantou:

– Okay, nem sempre. Mas na maior parte do tempo!

– Você não tem mesmo amor a vida!

– Não fala assim... - Inclinou-se para lhe dar um beijo.

– Aonde você vai?

– Tomar um banho. Já volto.

Alec concordou, pegou o controle e ligou a TV. Ficou passando pelos canais, procurando algo que prestasse. Algo meio difícil às vezes. Finalmente achou um bom filme, mas a campainha tocou.Olhou inconformado para a porta. “Porra!”, pensou, levantou-se.

– Oi, Alec...

–O que você quer pai?

–Eu só queria conversar...

Alec mordeu o lábio inferior. Tinha que parar de ser tão medroso com relação à George.

–Tudo bem... Vamos passear só me deixe pegar uma blusa. -Alec suspirou. Passou pelo banheiro, certificando-se que Joshua estava no banho e foi até o quarto pegar uma blusa de frio.

– Alec, quem era? – Meg.

– Meu pai... - Disse sem olhá-la, indo para a sala.

– E aonde você vai?

– Conversar com ele. Não demoro. Se o Joshua perguntar apenas diga que já volto... Não precisa contar para ele que estou com meu pai...

– E se acontecer algo?

– Se eu demorar você conta... Mas vai ficar tudo bem... - E saiu, sem dar muita atenção para o desespero e preocupação de Meg. Agora que tinha tomado àquela decisão ia cumpri-la.