A semana passou como um corredor de maratona. De repente já era sexta-feira e tinha esse baile inútil... Bem, só era inútil pra mim porque muita gente ia. Ninguém havia me convidado.

Na sexta-feira de manhã, Daniel me cumprimentou na entrada de escola com um beijo na bochecha. Eu apenas sorri e fui para minhas aulas da manhã. Na hora do almoço, Daniel sentou-se comigo como havia feito todos os outros dias desde que conversamos no banco, na praça da escola.

“Como está o almoço?”, ele perguntou.

“Delicioso. O que ganhou hoje?”, disse.

“Um sanduíche de atum e suco de laranja. Você?”

“Salada de frutas”, sorri e comecei a devorar minha comida.

Permanecemos em silêncio por uns minutos até que ele se levantou e me beijou na bochecha. Eu levantei o olhar e o encarei.

“Te pego às 19h?”, ele disse.

“Quê?”, disse confusa.

“Para o baile, oras. Te pego às 19h na sua casa.”, ele sorriu torto e acenou para mim enquanto caminhava rumo à porta do refeitório.

Não entendi. Mas tá... Conversaria com ele mais tarde na aula de química que tínhamos juntos.

O dia passou maçante e eu ainda estava com um pensamento latejando em minha cabeça. Porque Daniel me convidaria para o baile? Tábita iria me matar se soubesse. Ela era a namoradinha dele... Porque ele não a convidava? A aula de química era a última do dia. Teria uma boa conversa com ele. “Achei que seriamos só amigos, mas agora ele me deixou confusa”, pensei.

Finalmente, entrei no laboratório de química e o vi sentado na bancada de sempre, bem na frente da minha. Dei bom dia para Anna, minha parceira de laboratório, quando entrei e peguei meu jaleco e óculos na estante logo antes de me sentar.

Daniel piscou para mim quando eu passei por sua bancada, eu lhe mostrei a língua, parecendo chateada e ele me olhou, intrigado. Sentei-me e tirei os cadernos da mochila. Ele se virou para me deixar um bilhete, sorrindo desanimado e se virou. Embolei o papel e joguei dentro do meu estojo, leria mais tarde.

Depois de algumas experiências com Anna, o sino tocou. Comecei a guardar minhas coisas na mochila e encontrei o bilhete. “Tinha me esquecido disso...”, pensei.

Esther, desculpa. Não quis te magoar ao te chamar para ir ao baile, sei que combinamos ser amigos e apenas isso, mas eu acho que estou me apaixonando por você. Vai no baile comigo? Mesmo que como amiga? -Dan

Me peguei sorrindo para o papel e me recompus assim que vi que Daniel me olhava da porta da sala. Ele sorria para mim, como se estivesse esperando uma resposta. Joguei o papel na mochila e fechei o zíper, seguindo para a porta.

“Eu vou com você, mas como amiga.”, disse ao passar pela porta, perto dele, “Já me magoou uma vez Dan, e ainda não tem muito tempo. Me ensine a confiar em você primeiro, depois eu abrirei meu coração para você. Mas só e somente depois.”, sorri e o beijei na bochecha, “Te vejo às 19h”. E sai da sala.

Olhei para trás e ele estava com um sorriso satisfeito, então me viu olhando e deu um sorrisinho torto. Aquele sorriso...