--Então, ouvi dizer que você pegou uma detenção de Kins de novo.

Kate levantou a cabeça e olhou para Mary. Ela tinha os olhos levemente avermelhados, mas um sorriso travesso. Cabelos loiros, levemente ondulados, seus olhos tinha uma cor estranha de cinza e seu rosto tinha um curativo.

--Sabe, você deveria parar de fumar aqui dentro. Se te pegarem...

Mary deu se ombros, com um olhar de 'tô nem ai'.

--O Kins não vai me pegar, Trouble. Não se preocupe.

--E você devia parar de chamar o Perkins de Kins. É como chamar Lúcifer de "Lucy". -Kate estremeceu com a imagem mental.

Mary riu, no entanto.

--E ai? Qual o problema, afinal?

Kate suspirou.

--Você me faz parecer uma daqueles animais de estimação de professores. -ela fez uma careta.

--Com certesa não. Seu apelido é Trouble, de qualquer jeito.

Kate revirou os olhos.

--De qualquer jeito, sim, eu peguei uma detenção com o Perkins. Ele é um canalha e me odeia, tá lembrada?

--Sim, sim. -ela assentiu. -Ele é um babaca. Toda vez que eu saio daqui ele me leva de volta pra casa do meu pai. Idiotas, todos eles.

--Com certesa. -concordou Kate. -Quanto tempo você tem aqui, agora?

--Hm... Mais ums cinco dias, se não me engano. E você?

--Eu e Mark vamos sair em três semanas. Vou tentar quebrar meu recorde de prisões no mês que vem.

--Uau. Isso vai ser dificil.

--Não se eles me pegarem por furtos pequenos. Não é como se Jéssica Goldfish precisasse de um celular de qualquer forma.

Mary riu.

--Já vez seu alvo? Esperto.

--Talvez. Mas o que vaio fazer aqui, além de me irritar?

--Oh, sim. A Enfermeira falou pra você ir lá às três. Check up tradicional, você sabe.

Kate resmungou algo sobre ela não dever ficar xeretando com o que ela não queria ver. O olhar de Mary se suavisou.

--Ela precisa checar seus ferimentos. -sussurrou Mary. -Você sabe disso.

--Eles também sabem disso. -respondeu Kate, num murmurio amargo. -E continuam me mandando de volta pra lá. As vezes, eu queria explodir isso tudo.

Mary acenou com a cabeça. Ela também pensava assim.

--Mas é melhor você ir.

Kate suspirou e assentiu. Ia ser um longo dia...

Diferente do que ela pensava, a ida a Enfermeira não foi tão demorada. Ela apenas fez poucas perguntas e liberou Kate. Com um sorriso estranho no rosto.

Mas Kate se perguntou, internamente, por que infernos a enfermeira parecia ter dentes salientes?

Dando de ombros, decidiu ir para seu dormitório.

Tecnicamente falando, o dormitório deveria ser de 4 pessoas. Do mesmo sexo. E deveria ser montado por um professor. No entanto, nenhu, deles realmente fazia isso. Por isso, no quarto de Kate estavam Mark, Mary, Jonas e Ricardo. Apesar que Ricardo dormia no quarto ao lado, que tinha um buraco na parede para o outro quarto.

Em seus oito anos, Kate, inocente, perguntou a um deles, se havia notado isso. Mark e Mary deram de ombros. Ricardo e Jonas se entre olharam, e responderam que não. Mas Kate não acreditou nos ultimos dois. Passando a vida toda com seu problema, a Mitomania, ela conseguia facilmente distinguir uma mentira da verdade. E aquela era uma mentira. Das grandes.

Ignorando isso ela decidiu se deitar.

Acordou sendo sacudida pelo ombro por Ricardo.

--Se quiser viver, é melhor levantar. -berrou o megalomaniaco, em seu ouvido.

Ela ouviu uma explosão e se perguntou vagamente se Mark havia perdido a noção, novamente.

--O que houve? -perguntou ela, sonolenta. -Mark está irritado?

--Não. -Ricardo lhe deu um olhar estranho. -Já ouviu falar da Esfinge?