(LEIAM AS NOTAS INICIAIS)

Uma bruxa alta de cabelos negros e vestes vermelhas-vinho apareceu. Tinha o rosto muito severo e o primeiro pensamento de James foi que era uma pessoa a quem não se devia aborrecer.

– Alunos do primeiro ano, Profa. Minerva McGonagall – informou Hagrid.

– Obrigada Hagrid, eu cuido deles daqui em diante.

Ela escancarou a porta. As paredes de pedra do saguão estavam iluminadas com archotes flamejantes como os do banco Gringotes, que James havia visitado com os pais algumas vezes, o teto era alto demais para se ver, e uma imponente escada de mármore em frente levava aos andares superiores.

Eles acompanharam a Profa. Minerva pelo piso de lajotas de pedra. James ouviu um murmúrio de centenas de vozes que vinham de uma porta à direita – o restante da escola já devia estar reunido. Mas a Profa. Minerva levou os alunos da primeira série a uma sala vazia ao lado do saguão. Eles se agruparam lá dentro, um pouco mais apertados do que o normal, olhando, nervosos, para os lados.

– Bem-vindos a Hogwarts – disse a Profa. Minerva – o banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A Seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão as aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão do dormitório da casa e passarão o tempo livra na sala comunal.

“As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxos e bruxas extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para a sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com maior número de pontos receberá a Taça das Casas, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa à qual vier a pertencer.

“A Cerimônia de Seleção vai se realizar dentro de alguns minutos na presença de toda a escola. Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam.”

O olhar dela se demorou por um instante nos cabelos arrepiados e bagunçados de James, que tentava arrumá-los discretamente, não obtendo sucesso algum.

– Voltarei quando estivermos prontos para receber vocês – disse a Profa. Minerva – por favor, aguardem em silêncio.

E se retirou da sala.

James já sabia como a Seleção acontecia, com o Chapéu Seletor, um chapéu mágico que cantava a cada início de ano uma canção e escolhia os alunos para suas casas de acordo com suas qualidades e defeitos. Alguns minutos depois, viu Sirius indo em direção a ele, na companhia do garoto alto de cabelos castanhos que ele vira no trem, que andava um pouco tímido.

– Ei, James, onde você estava?

– Eu estava seguindo a garota ruiva de que falei a você, sabe? Lily Evans. Fui até no mesmo barco que ela, que, aliás, é muito escorregadia, ela ficava me evitando. Mas não irá resistir a mim, eu até tasquei um beijo na bochecha dela... - disse James com um sorriso malicioso, que Sirius retribuiu igualmente.

O menino alto deu uma risadinha fraca.

– Quase me esqueci de você, Remus! – disse Sirius, e se dirigiu a James – esse é Remus Lupin, o conheci enquanto você me abandonou... – o garoto fez uma falsa cara de mágoa.

– Deixa de ser idiota, Sirius – riu James – muito prazer, Remus, sou James Potter – os dois deram um aperto de mão.

Os três amigos conversavam alto, enquanto o resto dos alunos não falava muito, menos Lily, que murmurava os feitiços que aprendera, preocupada com o “teste” e sem saber o que precisaria mostrar, e uma menina de cabelos lisos e castanhos que comentava animadamente o quanto o laço rosa da menina de cabelos loiros que Sirius andava paquerando era bonito.

Então uma coisa que fez as crianças pularem bem uns trinta centímetros no ar aconteceu – várias pessoas gritaram. Os fantasmas que James e Sirius já tinham ouvido falar passaram rapidamente pela sala e o Frei Gorducho falava que esperava que eles ficassem na Lufa-Lufa, sua antiga casa.

– Vamos andando agora – disse uma voz enérgica – a Cerimônia de Seleção já vai começar.

A Profa. Miverva voltara. Um a um os fantasmas saíram voando pela parede oposta.

– Agora façam fila e me sigam.

James entrou na fila atrás de Remus e na frente de Sirius, e todos saíram da sala, tornaram a atravessar o saguão e as portas duplas de levavam ao Grande Salão.

Era iluminado por milhares de velas que flutuavam no ar sobre quatro mesas compridas, onde os demais estudantes já se encontravam sentados. As mesas estavam postas com pratos e taças dourados. No outro extremo do salão havia uma mesa comprida em que se sentavam os professores. A Profa. Minerva levou os alunos do primeiro ano até ali, de modo que eles pararam enfileirados diante dos outros, tendo os professores às suas costas. As centenas de rostos que os contemplavam pareciam lanternas fracas à luz trêmula das velas. Misturados aqui e ali aos estudantes, os fantasmas brilhavam como prata envolta em névoa. James olhou para cima e viu um teto aveludado e negro salpicado de estrelas, exatamente como seus pais haviam descrito, era esplêndido.

A Profa. Minerva colocou um banquinho de quatro pernas diante dos alunos do primeiro ano. Em cima do banquinho ela pôs um chapéu pontudo de bruxo. O chapéu era remendado, esfiapado e sujíssimo. Todos olhavam atentamente para O Chapéu Seletor, por alguns segundos fez-se um silêncio total. Então o chapéu se mexeu. Um rasgo junto à aba se abriu - a boca dele – pensou James, e o chapéu começou a cantar:

Antigamente quando eu era novo
E Hogwarts apenas alvorecia
Os criadores de nossa nobre escola
Pensavam que jamais iriam se separar:
Unidos por um objetivo comum,
Acalentavam o mesmo desejo,
Ter a melhor escola de magia do mundo
E transmitir seus conhecimentos
"Juntos construiremos e ensinaremos!"
Decidiram os quatro bons amigos
Jamais sonhando que chegasse um dia
Em que poderiam se separar,
Pois onde se encontrariam amigos iguais
A Salazar Slytherin e Godric Gryffindor?
A não ser em outro par semelhante
Como Helga Hufflepuff e Rowena Ravenclaw
Então como pôde malograr a idéia
E toda essa amizade fraquejar?
Ora estive presente e posso narrar
Uma história triste e deplorável
Disse Slytherin: "Ensinaremos só
os da mais pura ancestralidade."
Disse Ravenclaw:"Ensinaremos os
de negável inteligência."
Disse Gryffindor:"Ensinaremos os
de nomes ilustres por grandes feitos."
Disse Hufflepuff:"Ensinaremos todos,
e os tratarei com igualdade."
Diferenças que pouco pesaram
Quando no início vieram à luz,
Pois cada fundador ergueu para si
Uma casa em que pudesse admitir
Apenas os que quisesse,por isso
Slytherin, aceitou apenas os bruxos
De puro-sangue e grande astúcia,
Que a ele pudessem a vir igualar,
E somente os de mente mais aguda
Tornaram-se alunos de Ravenclaw,
Enquanto os mais corajosos e ousados
Foram para o destemido Gryffindor.
A boa Hufflepuff recebeu os restantes
E lhes ensinou tudo que conhecia,
Assim casas e idealizadores
Mantiveram a amizade firme e fiel.
Hogwarts trabalhou em paz e harmonia
Durante vários anos felizes,
Mas então a discórdia se insinuou
Nutrida por nossas falhas e medos.
As casas que, como quatro pilares,
Tinham sustentado o nosso ideal,
Voltaram-se umas contra as outras e
Divididas buscaram dominar.
Por um momento pareceu que a escola
Em breve encontraria um triste fim,
Os duelos e lutas constantes
Os embates de amigo contra amigo
E finalmente chegou uma manhã
Em que o velho Slytherin se retirou
E embora a briga tivesse cessado
Deixou-nos todos muito abatidos.
E nunca desde que reduzidos
A três seus quatro fundadores
As Casas retomaram a união
Que de início pretenderam manter.
E agora o Chapéu Seletor aqui está
E todos vocês sabem por quê:
Eu divido vocês entre as casas
Pois esta é minha razão de ser
Mas este ano farei mais que escolher
Ouçam atentamente a minha canção:
Embora condenado a separá-los
Preocupa-me o erro de sempre assim agir
Preciso cumprir a obrigação, sei
Preciso quarteá-los a cada ano
Mas questiono se selecionar
Não poderá trazer o fim que receio.
Ah, conheço os perigos, os sinais
Mostra-nos a história que tudo lembra,
Pois nossa Hogwarts corre perigo
Que vem inimigos externos, mortais
E precisamos unir em seu seio
Ou ruiremos de dentro para fora
Avisei a todos, preveni a todos...
Daremos agora início à seleção.

O salão inteiro prorrompeu em aplausos quando o chapéu acabou de cantar. Ele fez uma reverência para cada uma das quatro mesas e em seguida ficou muito quieto outra vez.

James esperava ficar na Grifinória, como seu pai, pois sua mãe fora da Sonserina, a casa que o garoto não gostaria de ficar de maneira alguma! Ele ouvira falar que todos os bruxos das trevas foram daquela casa. Já Sirius estava muito nervoso, ele não gostaria de ficar na Sonserina como os pais e o resto da família queria, a Grifinória parecia uma boa casa... Remus não se importava tanto assim, a Corvinal não seria uma má escolha, a Grifinória também não.

A Profa. Minerva então se adiantou segurando um longo rolo de pergaminho.

– Quanto eu chamar seus nomes, vocês porão o chapéu e se sentarão em um banquinho para a seleção. Amélia Bones!

Uma garota com um rabo-de-cavalo ruivo correu às pressas para o banquinho, pôs o chapéu, que lhe afundou direto até os olhos, e sentou. Uma pausa momentânea...

– Lufa-Lufa! – anunciou o chapéu.

A mesa à direita deu vivas e bateu palmas quando Amélia foi se sentar à mesa da Lufa-Lufa. James viu o fantasma do fradinho Gorducho acenas alegremente para ela.

– Dédalo Diggle!

– Corvinal! – anunciou o chapéu outra vez.

Desta vez foi a segunda mesa à esquerda que aplaudiu; vários alunos da Corvinal se levantaram para apertas a mão de Dédalo quando o menino se reuniu a eles.

Emmeline Vance foi para a Corvinal também, mas Dorcas Meadowes – a menina do laço na cabeça – foi a primeira a ser escolhida para a Grifinória e a mesa na extrema esquerda explodiu em vivas.

Nicholas Mulciber se tornou um Sonserino. Talvez fosse a imaginação de Remus, mas depois de tudo que ouvira sobre a Sonserina, achou que eles formavam um grupo de aparência desagradável.

– Mellanie Moore! – chamou McGonagall.

A menina do rabo-de-cavalo marrom escuro, pele claríssima e olhos azuis penetrantes correu até o chapéu, que foi colocado em sua cabeça e segundos depois anunciou:

– Grifinória! – Mellanie sentou-se à mesa da Grifinória com seus colegas.

Frank Longbottom foi escolhido para a Grifinória e John Avery para a Sonserina.

– Sirius Black!

Sirius andou lentamente até o chapéu, colocou-o na cabeça e sentou-se no banquinho, com uma expressão confiante, ou nem tanto. Depois de alguns murmúrios vindos do Chapéu Seletor, olhares mortais vindos de todos os Blacks que se encontravam no salão e uns cinco minutos de espera da parte dos demais presentes, o chapéu gritou:

– Grifinória!

A mesa da grifinória explodiu em urros de alegria.

– Ganhamos um Black! – gritou o Longbottom.

– Charity Burbage! – anunciou McGonagall.

– Lufa-Lufa!

– Lily Evans!

Lily se adiantou com as pernas trêmulas e sentou-se no banquinho ligeiramente bambo. A professora deixou cair o Chapéu Seletor sobre sua cabeça, e, mal se passara um segundo após tocar seus cabelos acaju, o chapéu anunciou:

– Grifinória!

A menina tirou o chapéu, devolveu-o a Profa. McGonagall e correu a caminho dos alunos da Grifinória que aplaudiam, mas a caminho se virou para olhar Snape, e havia um sorriso triste no rosto dela, o que deixou James nervoso. Sirius escorregou no banco para dar espaço a Lily. Ela deu uma olhada e pareceu reconhecê-lo do trem, cruzou os braços, e com firmeza, virou-lhe as costas.

Dirk Cresswell foi selecionado para a Corvinal e Amycus Carrow foi para a Sonserina.

– Remus Lupin!

Remus foi tímida e rapidamente para o banquinho, McGonagall colou o chapéu em sua cabeça e um minuto depois ele berrou:

– Grifinória! – e Remus sentou-se ao lado de Sirius.

Alice Forcetue foi para a Grifinória também, e ouviu-se um assobio vindo de Amos Diggory. Depois de Mafalda Horpink ser selecionada para a Lufa-Lufa, a Profa. Minerva chamou:

– James Potter!

James correu até o chapéu, depois de ele sentar-se e do objeto acomodar-se à sua cabeça, ele anunciou:

– Grifinória!

Uma onda de felicidade e alívio invadiu James, ufa! Ele correu até a mesa da Grifinória e foi sentar-se com os amigos.

Amus Diggory foi para a Lufa-Lufa e Hestia Jones para a Corvinal.

– Marlene McKinnon! – gritou McGonagall.

A menina foi selecionada para a Grifinória, que novamente explodiu em aplausos, Sirius deu uma piscadela para ela, que corou e foi se sentar ao lado de Dorcas.

Alecto Carrow, irmã de Amycus, foi para a Sonserina como o irmão e Mary McDonald foi selecionada para a casa dos leões. A Profa. Minerva anunciou:

– Severo Snape!

Snape foi até o banquinho e colocou o chapéu na cabeça.

– Sonserina! – anunciou o Chapéu Seletor.

E o garoto andou para o lado oposto do salão, longe de Lily Evans, onde os alunos da Casa o aplaudiram em Lucius Malfoy, com um crachá de monitor brilhando no peito, deu-lhe uma palmadinha nas costas quando Snape sentou-se ao seu lado.

– Peter Pettigrew! – chamou a Profa. McGonagall.

O garoto gorducho que James vira na estação foi o último a ser selecionado, para a Grifinória, e quando se levantou do banco e saiu correndo para ir aos demais colegas de casa, tropeçou e fez cara de choro, ele parecia tão sozinho...

Em meio às risadas de todo o salão, James disse a ele:

– Bem-vindo a Grifinória, parceiro!

Peter sorriu timidamente e sentou-se com James e seus novos amigos.

E a partir dali, Hogwarts nunca mais seria a mesma, pois uma grande amizade havia acabado de nascer, uma amizade que apesar de conflitos que aconteceriam em breve, nunca será esquecida.