Resident Evil: Experimento X escrita por Goldfield


Capítulo 1
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Resident Evil: Experimento X


“Às vezes as peças de um quebra-cabeça devem ser misturadas para que possamos desvendar o enigma”.

Capítulo 1

Raccoon City, EUA, abril de 1986.

–         Vai, vai!

A voz do médico na sala de cirurgia se confundia com os gemidos da mulher na mesa de operação. Ele e mais três enfermeiros do Raccoon Hospital estavam tentando salvar duas vidas: a da mãe e a do bebê que estava nascendo.

–         Faça força, senhora! – exclamou um dos enfermeiros, nervoso, testa suada.

Os gemidos da mulher na mesa viraram gritos, gritos frenéticos:

–         Ah, ah... Ah!

–         Por favor, agüente...

Mas eles não poderiam fazer muito por ela. Subitamente a mulher calou-se, e seu olhar saiu de órbita. Primeiro fitou a forte luz branca sobre a mesa, e depois se virou para a direita, moribundo.

–         Oh, não! – desesperou-se o médico.

O marcador ao lado da mesa começou a ficar estável. As oscilações da linha verde na tela viraram uma reta desanimadora. A mulher não dava mais sinal de vida.

No bem iluminado corredor do hospital, um homem de jaleco está sentado sozinho num banco, de frente para uma senhora idosa que parece ignorá-lo. O indivíduo tem um cigarro na boca e está com a face toda molhada de suor. Em seu peito é possível ver um crachá com sua foto e o símbolo de um guarda-chuva vermelho e branco.

De repente um enfermeiro vestido de azul ganha o corredor, vindo da sala de cirurgia. Arrancando a máscara do rosto, ele revela um rosto triste e desconsolado, se aproximando do homem que fuma. Parando em sua frente ele diz, trêmulo:

–         Senhor Birkin...

A face sem expressão do homem imediatamente vira-se na direção do enfermeiro, com olhar penetrante e indagador.

–         Sua mulher... – suspirou o enfermeiro, tentando tomar coragem.

–         O que tem ela? – perguntou Birkin, aparentando calma.

–         Ela não resistiu...

Birkin continuou fitando o rapaz, que tinha lágrimas nos olhos.

–         E o bebê? – indagou o marido, sem demonstrar qualquer mudança de estado emocional.

Antes que o enfermeiro pudesse responder, um outro veio correndo da sala de cirurgia, gritando:

–         Venha aqui, Mike! A mulher voltou a dar sinais de vida!

–         O quê? – espantou-se o primeiro enfermeiro.

–         É isso mesmo! Venha!

Os dois homens vestidos de azul voltaram correndo para a sala de cirurgia, enquanto Birkin voltava a olhar para a senhora idosa, que mais parecia uma estátua. E, sem tirar o cigarro da boca, deixou escapar um sorriso.

–         Só pode ser um milagre! – disse o médico, enquanto os dois enfermeiros entravam novamente na sala.

A mulher estava viva, e agora mais agitada do que antes, virando a cabeça para os lados sem parar, parecia querer levantar da mesa. A linha verde na tela do aparelho voltava a ter grandes flutuações.

–         Ah, ah! – ela voltou a gritar, e seus olhos pareciam querer saltar para fora do rosto.

–         Faça força, senhora!

E a mãe obedeceu, cerrando os dentes, enquanto seu rosto voltava a ficar vermelho. Logo um choro de criança ganhou o ambiente.

–         Eu não acredito! – berrou um enfermeiro.

O médico pegou o bebê no colo, enquanto um enfermeiro cortava o cordão umbilical. Era uma menina, que chorava enormemente. Sorrindo, o doutor colocou a criança nos braços da mãe, que tomava fôlego.

A mulher abriu grande sorriso ao pegar a filha. Ela olhou para seu rostinho e depois para todos que a cercavam, admirando-a grandemente.

–         Foi mesmo um milagre! – exclamou um enfermeiro.

Nesse instante o marido da mulher entrou na sala, caminhando até ela. Esta lhe entregou o bebê, dizendo:

–         É a Sherry, William!

E Birkin abraçou a criança, como se fosse a coisa mais importante do mundo. E para ele era, mas não por ser sua filha...

–         E então, senhores?

Ao redor da mesa estavam reunidos vários homens de branco, a não ser por um de cabelo grisalho numa das extremidades, que usava terno preto. Aposto a ela havia um rapaz de óculos escuros, que ajeitava o cabelo.

–         Eu acho que Albert é o mais recomendado para essa tarefa, senhor! – disse um dos homens ao redor da mesa.

–         Você acha mesmo, Steve? – indagou o indivíduo de terno.

–         Sim. Agora que a filha de William nasceu, Wesker será o único que poderá se comprometer inteiramente com a tarefa.

Todos na mesa olharam para o rapaz de óculos escuros, que logo perguntou:

–         Spencer, quem está interessado nessa experiência?

–         Não sabemos ao certo – respondeu o homem de terno. – Apenas fui informado que se trata de um tailandês que vem investindo muito na empresa.

–         Um tailandês? Tem certeza?

–         Creio que sim.

Houve um instante de silêncio. Logo Spencer disse:

–         Wesker, prepare suas coisas. Daqui a uma hora o helicóptero que o levará até Chicago estará aqui. De lá você partirá nom vôo até o Brasil. Estão dispensados, senhores, exceto você, Wesker!

Todos se levantaram e deixaram a sala, exceto Wesker e Spencer, que continuaram sentados nas extremidades da mesa, se olhando.

–         Você vai até Raccoon conhecer a filhinha do Birkin? – perguntou Wesker, sorrindo.

–         De modo algum... – murmurou Spencer. – Não sei por que Birkin foi fazer uma besteira dessas! Casar e ter filhos!

–         Bem, a vida é dele! Ele faz o que bem entender!

Houve novo silêncio. Spencer disse, olhando para o teto:

–         Vá arrumar suas coisas, Wesker! Do Birkin e desta mansão eu cuido!

Albert levantou-se e saiu.

Chernobyl, Ucrânia, URSS.

Ao lado da usina nuclear na qual há poucos dias ocorrera uma catástrofe, vários soldados soviéticos se encontravam vestindo roupas de proteção contra radiação, enquanto isolavam a área e faziam análises de contaminação. Nesse instante surge um helicóptero fazendo grande barulho, pousando ao lado da usina nuclear. Rapidamente um soldado se aproxima da aeronave, enquanto dois russos saem de dentro dela, também vestindo roupas especiais.

–         Desculpe, mas vocês não podem ficar aqui! – exclama o militar que viera correndo até o helicóptero.

–         Eu sou o capitão Nicholai Zinoviev – responde um dos russos que haviam chegado. – Tenho ordens do Kremlin para coletar amostras de formas de vida para análise!

–         Perdoe-me, capitão! Quem está com o senhor?

–         Este é o cabo Zangief! Ele vai me auxiliar no trabalho!

–         OK!

Os recém-chegados se afastaram do helicóptero, caminhando entre os atarefados militares. Chernobyl era a catástrofe da década, mas o Politburo tinha que tirar vantagem dela. Qualquer vantagem que fosse.

Nicholai caminhou até a beirada de um barranco, com o musculoso Zangief ao seu lado, ambos desconfortáveis nas roupas de proteção. Ambos ficaram olhando para baixo, fitando a vegetação contaminada.

–         O que nós estamos procurando exatamente, capitão? – perguntou Zangief.

–         Algo que possamos cultivar com sucesso em laboratório, Zangief! Armas biológicas! A radiação alterou a estrutura genética de qualquer coisa viva a quilômetros de distância!

Súbito, a terra sob os pés dos russos começou a se mover. O barranco estava desabando, e logo a porção de terra cedeu, fazendo com que Zinoviev e Zangief rolassem pela encosta e caíssem sobre um pequeno curso d’água, ocultado por arbustos espessos.

–         Você está bem, senhor? – perguntou Zangief, levantando-se.

–         Sim, cabo!

–         Hei, o que são essas coisas?

O russo apontou para pegajosas criaturinhas pretas sobre a veste de proteção usada por Nicholai. O capitão apanhou uma delas com as mãos e disse, fitando o ser:

–         Sanguessugas!

–         Que coisa nojenta!

Nicholai olhou mais atentamente para aquele animal na palma de sua mão. Não era normal, ele liberava um estranho líquido roxo...

–         Zangief, colete algumas dessas sanguessugas!

–         Sim, senhor!

E Zinoviev fechou a mão onde estava a sanguessuga, esmagando-a.

Algum lugar no Arizona, EUA.

Quando Nash entrou na sala de instruções, todos já estavam devidamente acomodados. Até Guile, com seu jeito despreocupado de ser, estava fitando atentamente o amigo e superior, enquanto os demais integrantes da “Operação Cobra” paravam de conversar para rever mais uma vez o plano da missão. Nash disse, após desenrolar um mapa da Colômbia na frente dos ouvintes:

–         Vocês estão prontos para que possamos partir para a América do Sul daqui a uma hora?

–         Ora, Nash! – exclamou Guile. – Se depender de nós aqueles malditos traficantes vão comer o pão que o diabo amassou!

–         Bem, nós estamos lidando com uma rede internacional de tráfico de drogas. Essa organização esteve agindo no Sudeste Asiático por dez anos e agora está operando em todo o planeta. Nosso alvo é um vilarejo na Colômbia, “Los Arcanjos”, ponto de distribuição de cocaína.

Nash desenrolou outro mapa e começou a apontar para ele conforme falava:

–         Segundo fotos de satélite, o lugar é vigiado por dez patrulhas de cinco traficantes. São cinqüenta, sem contar os que encontraremos dentro das casas. A cocaína está sendo guardada dentro desta igreja. Limpamos o lugar, nos livramos da droga e então poderemos voltar e dar uma festa!

–         É isso aí! – exclamou um militar.

–         OK. Somos duas equipes. A primeira é formada por mim, Guile, Kreman, Jones e Feldman. Nós invadiremos pelo sul. O outro time é um destacamento especial do S.T.A.R.S., divisão internacional, e será comandado pelo senhor Barry Burton!

–         Pode contar comigo! – sorriu Barry, sentado no fundo da sala, desmontando uma Colt.

–         Os outros S.T.A.R.S. são Rent, Willians, Charter e Newman. Eles invadirão pelo norte. Após o objetivo ser pacificado, nosso ponto de extração será atrás da igreja. Mais alguma pergunta?

–         Não, cow-boy! – riu Guile.

–         OK. Estão dispensados!

Capítulo 2

No coração da Amazônia.

O helicóptero da Umbrella sobrevoava velozmente a densa vegetação equatorial, que Wesker observava atentamente através de uma das janelas da aeronave. A Amazônia era realmente fascinante, a Umbrella fizera bem de construir um laboratório ali. A diversidade de espécies poderia favorecer a empresa enormemente em suas pesquisas.

–         Já vamos pousar! – informou o piloto, tirando Wesker de seus pensamentos.

O pesquisador pegou suas coisas, enquanto o helicóptero pousava no heliporto do laboratório de pesquisas da Umbrella, escondido no meio da selva. Lá esperavam dois homens, um vestindo terno preto e o outro jaleco.

Logo que as hélices da aeronave pararam de girar, Wesker saltou para fora do helicóptero, o sol da tarde batendo em seus óculos escuros.

–         Seja bem-vindo, senhor Wesker! – sorriu o homem de terno preto. – Sou Emanuel Deller, chefe deste complexo. Você deve ser de grande valor para que o bom e velho Spencer o tenha enviado!

–         Eu faço o que posso, senhor Deller... – murmurou Albert. – Quem é esse rapaz?

–         Ah, esse é Vincent Goldman. Ele está fazendo um estágio aqui conosco, e revelando ter grande capacidade!

–         Muito prazer! – saudou Vincent, apertando a mão de Wesker.

–         Prazer! – respondeu Wesker, friamente.

–         Bem, vamos entrar! – sorriu Deller, caminhando até o elevador.

Wesker e Vincent seguiram o superior até o transporte, e logo que as portas se fecharam e ele começou a descer, Albert perguntou:

–         De onde conhece Spencer, senhor Deller?

–         Oh, é uma longa história... Nós estudamos juntos em Harvard. Aquele sujeito não vale nada! Queria voltar a vê-lo...

–         Nós estamos meio atarefados lá em Raccoon. Agora Birkin teve uma filha e talvez não vá se dedicar tanto às pesquisas.

–         Birkin teve uma filha? Estranho!

–         Eu também acho...

Nisso o elevador parou, e quando as portas se abriram, revelaram um longo corredor metálico, onde alguns pesquisadores transitavam. Deller disse, saindo do transporte:

–         Primeiramente nós iremos conversar com o senhor que está financiando nosso projeto! O senhor já sabe sobre ele, Wesker?

–         Sei apenas que é tailandês... – murmurou Albert. – Spencer fez muito mistério sobre isso!

–         Bem, agora o mistério vai acabar!

E os três entraram por uma porta de ferro, ganhando uma salinha com uma mesa de madeira, duas cadeiras e uma estante de livros. Sentando numa das cadeiras havia um estranho indivíduo, vestindo uniforme vermelho e azul, capa roxa e um quepe na cabeça, que tinha o emblema de uma caveira e lhe ocultava o rosto. Deller disse num sorriso:

–         Esse é o senhor Bison, Wesker!

Nesse momento o misterioso personagem olhou para os presentes, revelando um rosto frio e soturno. Ele disse, num pequeno sorriso:

–         Então é esse quem o tal Spencer mandou?

–         Sim, senhor Bison – respondeu Deller. – Este rapaz chama-se Albert Wesker, e é um pesquisador bem motivado!

Bison levantou-se e começou a andar pela sala, dizendo:

–         Eu estou investindo na Umbrella porque soube do maior trunfo de vocês. Um vírus que revive células mortas, não? É formidável, principalmente para meus propósitos...

E Deller tomou a palavra:

–         O senhor Bison treina lutadores para vários torneios ao redor do mundo, e está interessado...

–         Em obter um lutador perfeito! – completou Bison. – Um lutador que possa vencer todo e qualquer torneio neste planeta, nem que eu tenha que apelar para a engenharia genética!

–         E a Umbrella vai auxiliar o senhor... – murmurou Vincent. – Nós somos os melhores nisso!

–         Bem, venham todos! – exclamou Deller. – Vou mostrar todo o laboratório!

Bison mais os dois pesquisadores seguiram Deller até o corredor.

Carlos estava realmente empolgado. Ele guardara carinhosamente o panfleto da Umbrella embaixo do colchão, e agora penteava animadamente o cabelo. Não se cansava de ler o anúncio da empresa: “Precisa-se de guarda-costas”. Logo que tivesse uma folga no quartel ele seguiria até o endereço em Manaus que havia no panfleto para fazer o teste. Quem sabe não dava uma virada na vida?

–         As coisas vão começar a melhorar para você, Carlos Blanka... – disse o soldado, olhando-se no espelho.

–         Cuidado aí!

O grito foi dado por Feldman, alertando Burton e Newman sobre dois colombianos que contornavam a casa caindo aos pedaços do vilarejo. Mas graças ao aviso eles tiveram uma ótima recepção: o primeiro levou dois tiros da Colt de Barry, e o segundo tombou com uma rajada de Newman.

Os dois S.T.A.R.S., então, começaram a contornar cautelosamente a construção, enquanto Feldman voltava para junto de Guile. Este estava esperando o momento certo para surpreender três traficantes que buscavam refúgio atrás de uma pilha de caixas.

Ao sul do vilarejo o tiroteio continuava encarniçado. Um grupo de cinco colombianos correra para lá e fora dizimado pela M60 de Kreman, montada sobre uma caixa de munição. Ao lado dele estavam Nash e Jones, que auxiliavam o colega a aniquilar os traficantes.

A igreja não estava longe, mas primeiro era necessário limpar todo o vilarejo. Guile resolveu agir e pegou os três colombianos perto das caixas por trás, atirando sem piedade com a Desert Eagle. Agora o caminho estava livre até o caminhão, onde havia mais colombianos.

Barry e Newman se aproximaram de Guile e o primeiro disse, colocando mais munição na Colt:

–         Cubra-nos! Vamos limpar o caminhão!

Guile assentiu com um gesto da cabeça, e os dois S.T.A.R.S. buscaram refúgio atrás das caixas que eram usadas pelos traficantes como abrigo, preparados para atirar nos sete colombianos ao redor do caminhão.

Newman foi o primeiro, acertando um deles na altura do coração com seu rifle M16. Barry em seguida aniquilou mais dois com a Colt, enquanto os demais trocavam rapidamente de posição, gritando e atirando. Um deles começou a correr na direção dos S.T.A.R.S., mas Guile o deteve com um disparo certeiro. Nesse momento surgiram Rent, Willians e Charter, saindo de trás de uma outra casa. Eles eliminaram de imediato os três colombianos restantes próximos ao caminhão, correndo em seguida para trás de um muro todo cheio de marcas de balas.

No sul a M60 continuava trabalhando, já que os traficantes não conseguiam usar uma tática mais eficiente contra os invasores. Uns trinta deles já deviam estar mortos.

Nisso Nash viu que vários colombianos corriam para dentro de uma casa maior que as demais, onde devia ser o centro de comando. Logo surgiram fuzis AK-47 nas janelas, que começaram a disparar para todos os lados.

Ouviu-se então um breve grito e alguém exclamar:

–         Homem ferido!

O pedido de socorro viera de trás do muro onde haviam se refugiado três S.T.A.R.S., e Barry tratou de correr até lá, rolando para escapar dos tiros. Do outro lado ele viu Willians tombado no chão, com o pescoço sangrando. Já não respirava mais.

–         Droga! – gritou Burton.

–         Malditos colombianos... – murmurou Charter, mordendo os lábios.

Agora os traficantes estavam com vantagem, amparados pela estrutura da casa. Não seria fácil aniquilar todos lá dentro matando um por um nas janelas.

–         Tenho uma idéia... – murmurou Nash.

O grupo de Nash estava mais próximo do refúgio dos traficantes, com apenas uma casa no caminho.

–         Jones, venha comigo! Kreman, fique aqui pronto para atirar!

–         Certo!

Nash e Jones correram para trás da casa que os separava dos colombianos, e a contornaram cautelosamente. Logo estavam quase no alcance dos fuzis inimigos, protegidos pela parede da construção na virada de frente para a outra casa, onde estavam os traficantes. Qualquer movimento em falso e teriam uma bala no corpo.

–         O que vai fazer? – perguntou Jones, curioso.

O sábio Nash apenas tirou uma granada da cintura, arrancou o pino e a arremessou contra a casa, fazendo com que entrasse perfeitamente por uma das janelas. Poucos segundos depois veio a explosão, lançando para fora os colombianos mortos. Jogada de mestre.

Alguns conseguiram saltar pelas janelas antes da explosão, mas então foram ceifados pela M60 de Kreman, que já estava esperando por aquilo. Todo o vilarejo então ficou em silêncio, um silêncio sepulcral e macabro.

–         Conseguimos! – exclamou Guile, colocando um cigarro na boca.

–         E esta aqui é a sala de experimentos!

Com as palavras de Deller, o grupo entrou no lugar, enquanto a pesada porta de entrada se fechava atrás dele. Wesker começou a observar as imensas câmaras vazias onde em breve estariam as armas bio-orgânicas, as maiores criações da Umbrella.

Bison era o único que parecia não se surpreender com a grandiosidade do laboratório. Ele fitava tudo calado, frio, como se já houvesse visto coisa muito melhor. Isso deixava Deller extremamente desconfortável.

–         O senhor está gostando das instalações? – arriscou o chefe do complexo.

–         São razoáveis – respondeu o tailandês. – Quando iniciaremos o experimento?

–         Oh, muito em breve... Assim que encontrarmos uma cobaia satisfatória!

–         Deverá ser uma cobaia forte... – acrescentou Vincent.

Deixaram então a sala, seus passos ecoando pelo lugar.

O grupo invasor estava tirando toda a cocaína de dentro da igreja, colocando as caixas e sacos empilhados no centro do vilarejo. Guile era o mais empenhado, pois saía da construção carregando grande quantidade de peso. Barry, que já havia levado alguns sacos, estava agora sentado sobre um caixote brincando com sua Colt, ao lado de Kreman e Nash, que planejavam algo examinando um mapa.

Nisso, o som de hélices girando invadiu o ar. Todos ficaram apreensivos, temendo que fosse uma represália dos traficantes, mas logo viram que se tratava de um helicóptero do Exército norte-americano. Ele se aproximou e pousou no centro do vilarejo, ao lado da pilha de cocaína. Saltou da aeronave então um homem beirando os quarenta anos, vestindo roupa camuflada e um boné das Forças Especiais. Nash correu até o helicóptero e imediatamente reconheceu aquele homem:

–         Roy Campbell! – exclamou, com grande satisfação. – Você está sumido desde que foi promovido a major!

E se abraçaram. Nash havia servido junto com Roy no Vietnã, e há três anos não se falavam. O major disse:

–         Não estou aqui para uma visita, Nash... Enviaram-me para dar-lhe uma importante missão!

–         Outra missão? Mas nem terminamos de empilhar a droga!

Os outros homens foram se aproximando, curiosos. Nash e Campbell caminharam para dentro de uma das casas, este último fechando a porta.

–         O que há, afinal? – perguntou Nash, sentando-se numa cadeira.

–         O bom e velho senhor Bison está bem debaixo de nosso nariz, Nash! – respondeu Roy, braços cruzados.

–         Quê? – espantou-se o militar. – Onde? Como?

–         Nosso homem em Manaus viu-o com seus capangas desembarcar no aeroporto há exatas dezoito horas. Parece que ele seguiu de helicóptero para algum lugar a sudeste da cidade, suspeitamos que seja alguma base de operações de sua organização na Amazônia.

–         Filho da mãe!

–         Quero você, o Guile e mais algum homem nessa operação. Vocês seguirão até Manaus, interrogarão no aeroporto um homem chamado Diego Menezes, piloto que transportou Bison em seu helicóptero, descobrirão onde Bison está e tentarão pegá-lo. É chance de desmantelarmos de uma vez por todas essa maldita organização, Nash!

–         Se for para ferrar o Bison, eu aceito qualquer tipo de missão!

–         OK. Não temos tempo a perder. Escolha um homem da sua equipe ou dos S.T.A.R.S. agora mesmo, pois temos que partir!

Os dois militares saíram da casa e Nash começou a olhar para cada um dos membros do time. Acabou fitando Barry Burton, líder do grupo dos S.T.A.R.S., que ainda brincava com a Colt sobre o caixote, e exclamou, sabendo que ele demonstrara grande destreza nas missões anteriores:

–         Guile e Barry, venham até aqui!

Guile largou dois sacos de cocaína e correu até Nash, junto com Burton.

–         Vocês nos auxiliarão numa importante missão! – explicou Roy. – Temos que partir imediatamente!

–         Mas e a droga? – indagou Guile.

–         Os outros rapazes cuidarão dela. Agora venham conosco!

Campbell e Nash entraram no helicóptero, seguidos por Guile e Barry. A aeronave decolou e deixou rapidamente o vilarejo, enquanto os demais homens continuavam empilhando a droga.

Nicholai e Zangief percorriam os temidos corredores da prisão de Lubyanka, em Moscou, sede da KGB. Logo cruzaram uma porta de madeira, ganhando uma bela sala de carpete roxo e várias estantes de livros, com uma mesa no centro. Sobre ela havia uma pilha de papéis e o busto de Lênin, e atrás dela estava sentado um homem de expressão fria, de uns cinqüenta anos de idade, usando óculos para ler um documento importante.

Logo que os dois agentes entraram, o indivíduo tirou os olhos do papel e perguntou, num sorriso:

–         Como estava o tempo em Chernobyl?

–         Digamos que havia muita radiação no ar! – brincou Nicholai, rindo brevemente. – Mas por que o senhor nos chamou? Estávamos prontos para seguir ao Afeganistão!

–         É que tenho uma missão mais importante para vocês, e que tem muito a ver com sua pesquisa, Nicholai...

Zinoviev estremeceu. Ele queria muito obter sucesso na missão no Afeganistão, mas sua pesquisa era muito mais importante, era sua vida. Zangief perguntou:

–         Do que se trata, senhor?

–         Os senhores já ouviram falar de uma empresa farmacêutica chamada Umbrella?

–         Claro que sim! – respondeu Nicholai. – Ela vem crescendo muito no ramo! Por quê?

–         Ela não produz apenas medicamentos, Nicholai. A Umbrella está há mais de uma década engajada na produção de armas biológicas, tanto que criaram um poderoso vírus chamado “T”, que é capaz de reviver células mortas. Se por um lado isso pode representar a cura para várias doenças, por outro pode possibilitar a criação de soldados indestrutíveis. E essa segunda utilidade é bem mais lucrativa!

–         Mas o que temos a ver com isso? – indaga Zangief.

–         Nicholai, está disposto a roubar parte da pesquisa da Umbrella para dar impulso à sua na Sibéria, criando assim armas bio-orgânicas para a União?

Nicholai novamente estremeceu. Seu maior sonho era entrar para os livros de História devido ao resultado de sua pesquisa, fosse bom ou mal. E como ele era um soviético fervoroso, desejava que as armas da União fossem superiores às do Ocidente em todos os aspectos.

–         Há uma base da Umbrella na Amazônia brasileira, perto da cidade de Manaus, que está engajada em experimentos com armas bio-orgânicas. Vocês se infiltrarão no complexo como pesquisadores, roubarão a pesquisa e então fugirão!

Aquilo era música para os ouvidos de Nicholai. Era um cientista inescrupuloso, faria o que bem entendesse para prosseguir com sua loucura. Uma loucura chamada engenharia genética.

Capítulo 3

A cobaia perfeita.

Carlos Blanka parou o carro a poucos metros do endereço marcado no panfleto da Umbrella, e saiu ansioso de dentro do veículo. Aquela era uma rua de Manaus pouco movimentada, e o militar achou estranho a Umbrella ter um escritório num lugar insalubre como aquele. De qualquer maneira ele entrou dentro do que parecia ser um galpão abandonado, seus passos ecoando pelo lugar.

Cruzando um pequeno corredor, Blanka entrou numa salinha onde havia um balcão vazio, sem nenhum sinal de qualquer recepcionista. Uma pequena porta levava a um amplo depósito cheio de engradados com o símbolo da Umbrella: um guarda-chuva vermelho e branco. Quando o militar ia perguntar se havia alguém no lugar, alguém lhe agarrou pelas costas.

–         Hei, o que é isso?

Mas antes que pudesse reagir, um pedaço de trapo velho ensopado com um estranho líquido cobriu o rosto de Blanka. Ele foi perdendo as forças, seus olhos foram se fechando, e ele reconheceu a substância: clorofórmio.

–         Vamos tirar esse cara daqui, Hunk! Acho que encontramos quem o senhor Deller queria!

Essas foram as últimas palavras que Blanka ouviu antes de perder a consciência.

Após o passeio pelo laboratório, Deller foi tratar de alguns assuntos particulares com o misterioso Bison, enquanto Wesker e Vincent seguiram para um dos laboratórios. Enquanto Goldman observava alguns relatórios de pesquisa, Albert perguntou, matando a sede num bebedouro:

–         De onde você é, Vincent?

–         Minha mãe é canadense e meu pai, britânico – respondeu o rapaz. – Nasci em Vancouver, e depois me mudei para Londres, onde comecei a trabalhar para a Umbrella. E você, Wesker?

–         Eu sou de Maryland, mas depois que comecei a trabalhar para a Umbrella fiz algumas viagens pela África e fui parar em Raccoon. Meu pai também era biólogo, trabalhava para as Forças Armadas.

–         É, parece que agora você e eu estamos perdidos no meio da selva...

Nisso entram dois pesquisadores dentro do laboratório, carregando dois ratos dentro de uma gaiola.

–         Vamos iniciar algumas experiências – disse um deles. – O senhor Wesker já teve a oportunidade de conhecer nossas técnicas de mutação?

–         Se forem melhores que as de Raccoon, Spencer me matará!

Todos riram e seguiram para uma sala anexa.

O helicóptero militar pousou às sete horas da noite no aeroporto de Manaus, trazendo Campbell e os demais combatentes vindos da Colômbia. Guile foi o primeiro a pisar em terra, seguido por Nash, Barry e Roy. Os quatro caminharam até uma pequena construção onde havia uma placa com a inscrição “Vôos baratos de helicóptero pela floresta”. Guile perguntou:

–         É aqui?

–         Sim, é aqui – respondeu Campbell. – Bem, façam seu...

Antes que o major pudesse completar a frase, Guile chutou a porta e entrou violentamente dentro do recinto, encontrando um surpreso sujeito de boné sentado atrás de uma mesa. Ele perguntou:

–         Quem é você?

–         Não importa! – berrou Guile. – Você é Diego Menezes, não?

–         Sim, por...

Guile agarrou o brasileiro pelo colarinho e jogou-o sobre a mesa, apontando-lhe em seguida sua pistola calibre 45.

–         Para onde você levou o Bison?

–         Eu, eu... – balbuciou o piloto em inglês. – Não sei do que está falando!

–         Não se faça de imbecil!

Nesse instante Nash e Barry também entraram no lugar, e o primeiro disse:

–         Acalme-se, Guile! Não é matando o sujeito que terá suas respostas!

–         Ele apenas me pagou para que o levasse até uma base no meio da selva!

–         Uma base? – riu Barry. – Como suspeitávamos!

–         O lugar é grande, parece ser um laboratório ou coisa assim...

–         Um laboratório de drogas? – arriscou Guile.

–         Não sei... Posso levar vocês até lá se quiserem!

Guile olhou para Nash com uma expressão de triunfo no rosto.

Quase simultaneamente, do outro lado do aeroporto, chegava um jato vindo da União Soviética, trazendo Nicholai, Zangief e mais dois agentes da KGB. A presença dos quatro russos em território brasileiro deveria ser um segredo máximo, já que o país, apesar de estar sendo redemocratizado, ainda tinha inúmeros agentes da CIA em seu território.

Eles caminharam para fora do aeroporto, sendo as malas de Nicholai e Zangief carregadas pelos outros dois agentes, e pararam na frente de um carro preto. De dentro dele saiu um homem magro e alto, parecia ser um tanto russo e um tanto alemão. Ele saudou os companheiros:

–         Sejam bem-vindos ao Brasil, meus caros!

–         Já arranjou nossas identidades falsas? – perguntou Nicholai.

–         Tudo está pronto, doutores “Kerchevich” e “Askonov”.

Nicholai sorriu, entrando junto com Zangief dentro do carro. Não conseguia pensar em outra coisa a não ser em como sua pesquisa evoluiria com o que roubaria da Umbrella. Os outros dois homens da KGB voltaram para dentro do aeroporto, enquanto o veículo partia velozmente.

Carlos Blanka abriu os olhos e suas pupilas encontraram uma intensa luz branca, que fez com que se retraíssem. Ele estava deitado sobre uma espécie de maca ou coisa do tipo, que era empurrada por dois homens vestindo jaleco e com máscaras cirúrgicas no rosto. Tentou levantar e correr, mas estava fraco, grogue e com os membros presos. Nem conseguia falar. Pôde ouvir um dos estranhos homens dizer:

–         Chegou a hora de comprovar os resultados de anos de pesquisa!

–         Espero que Deller não nos demita se isso não der certo...

A maca cruzou uma porta e logo parou, ao mesmo tempo em que os dois homens que a empurravam se afastaram. Blanka começou a respirar com maior facilidade, mas o medo tomara seu corpo. O que estariam fazendo com ele? Quem era Deller?

–         Ele está acordado! – disse alguém perto da maca.

Subitamente, Blanka sentiu uma forte dor no braço direito, parecida com a picada de uma agulha, e foi novamente perdendo a consciência, até que a forte luz branca tornou-se trevas.

–         E então? – perguntou Wesker. – O que esse vírus que vocês criaram faz? Conte-me tudo!

–         O “Vírus Ômega” é um retrovírus que vem sendo desenvolvido neste laboratório há quatro anos – explicou Vincent. – Nós o desenvolvemos a partir do DNA de uma espécie de enguia que habita alguns rios aqui da Amazônia.

–         Enguia?

–         Exato. Nós criamos o vírus a partir de uma amostra do T-Virus que vocês desenvolveram em Raccoon. O que fizemos foi uma reestruturação dos cromossomos, e criamos o Ômega.

–         OK, mas o que ele faz?

–         Você nunca viu uma enguia, Wesker? São peixes serpentiformes carregados de eletricidade!

–         Sim, isso eu sei. Mas você está querendo me dizer...

–         Que nossa cobaia pode se transformar numa “enguia-humana”, Wesker! Um “soldado-elétrico”!

Nesse instante Deller e o sinistro Bison entraram na sala, e o primeiro disse:

–         Venham, o experimento vai começar!

E os quatro deixaram a sala.

O helicóptero de Diego Menezes sobrevoava quase que cegamente a floresta, mergulhado na penumbra da noite. Nem ele conseguia se lembrar ao certo de onde exatamente ficava o laboratório para onde havia transportado Bison, mas os tais Guile, Nash e Burton acabariam com sua raça se não conseguisse levá-los até lá.

–         Falta muito? – perguntou Guile, impaciente, enquanto engatilhava sua pistola.

–         Bem, um pouco – respondeu o inseguro piloto, examinando um mapa da região.

Com tal resposta, Guile suspirou e olhou para os dois companheiros, que também estavam impacientes. Há um bom tempo tentavam pegar Bison e se demorassem mais, talvez tivessem que esperar ainda mais para deter o criminoso. Barry parecia o mais preocupado. Deixara a esposa grávida em Raccoon City para participar daquela operação, e sempre temia que não voltasse vivo.

Nicholai e Zangief, guiados pelo sujeito meio russo e meio alemão, entraram num amplo galpão abandonado nos arredores de Manaus, que estava servindo como base de operações da KGB. Vários agentes andavam pelo lugar, verificando relatórios e coletando dados. Súbito, um sujeito de bigode veio recepcionar os recém-chegados agentes, com uma das mãos ocultando algo sob o casaco.

–         Mas quem os ventos trouxeram para cá! – exclamou o anfitrião.

–         E então, Ocelot? – riu Nicholai. – Ainda com aquela velha habilidade?

Como resposta, o sujeito tirou a mão de baixo do casaco, revelando um revólver Colt que ele girava com grande habilidade usando um dos dedos. Depois da pequena exibição, Ocelot guardou a arma num coldre preso à cintura, dizendo:

–         Temos um problema!

Nicholai estremeceu. O que mais temia naquele momento era que algo colocasse a operação em risco.

–         Do que se trata? – perguntou Zangief.

–         Parece que alguns militares norte-americanos estão na região à procura do conhecido criminoso tailandês general Bison, ou coisa parecida. E o pior é que suspeitamos que esse tal Bison esteja no laboratório da Umbrella, ou seja, é possível que os ianques também tentem se infiltrar nas instalações.

–         Isso não é um contratempo! – exclamou Nicholai. – Podemos roubar o que precisamos sem problemas, estaremos disfarçados como pesquisadores!

–         Creio que não seja tão simples, Nicholai. Nossos superiores não querem que os americanos descubram que estamos aqui. Teremos que esperar até que esses militares não representem mais uma ameaça para agir.

–         Não estou te reconhecendo, Ocelot! – exclamou Nicholai.

–         Ordens são ordens, amigo!

Ocelot deu um tapinha no ombro dos dois agentes e foi cuidar de seus afazeres.

–         Experimento iniciado às vinte horas e quarenta e nove minutos – disse um dos cientistas que cercavam Blanka, novamente inconsciente, sobre a maca.

Todos os cinco cientistas vestiam jaleco e usavam máscaras cirúrgicas, sendo observados por Deller, Bison, Wesker e Vincent, que presenciavam o experimento através do vidro de uma sala no andar superior.

–         OK, injetando o Ômega!

Dizendo isso, um outro cientista injetou um líquido esverdeado numa das veias do braço direito de Blanka através de uma seringa. Enquanto limpava o local com um pedaço de algodão, disse:

–         Ômega injetado às vinte horas e cinqüenta minutos.

Na sala superior, Wesker perguntou a Vincent:

–         Quanto tempo esse vírus leva para agir?

–         Sinto dizer, mas ele é bem mais rápido que o T-Virus, pois utiliza os impulsos do sistema nervoso!

–         Bem, é preciso saber perder!

Nisso, a pele de Blanka começou a tomar uma leve coloração verde, que aos poucos foi se acentuando.

–         Ele vai virar o “Hulk”? – riu Wesker.

–         Calados! – exclamou Deller, enquanto o sinistro Bison observava o experimento com grande interesse.

Um dos cientistas ao redor de Blanka, injetando mais uma dose do Ômega na corrente sangüínea do soldado, disse:

–         Fase um concluída às vinte horas e cinqüenta e quatro minutos. Nova dose administrada às vinte e cinqüenta e cinco.

Porém, um outro biólogo exclamou, olhando para um dos aparelhos ao redor da maca:

–         Há algo errado! A atividade do sistema nervoso está aumentando muito rapidamente!

–         Você tem certeza? – perguntou o cientista que injetara a segunda dose do Ômega.

–         Veja você mesmo!

Mas já era tarde. Blanka abriu os olhos.

–         Ele acordou! – exclamou outro especialista.

–         Dose de alucinógeno, rápido!

Na sala superior, todos observavam a cena com apreensão, exceto Bison, que parecia insanamente se divertir, com um leve sorriso no rosto sem expressão. Blanka já estava sentado sobre a maca, olhando estranhamente ao redor. Sua pele estava totalmente verde, e agora seus músculos pareciam mais definidos.

Um dos cientistas se aproximou com uma seringa contendo alucinógeno para tentar dopar a criatura, mas quando ia injetar a substância no braço de Blanka, este agarrou fortemente seu pulso com uma das mãos, apertando-o sem piedade. A seringa veio ao chão, enquanto o desesperado biólogo gritava:

–         Segurança! Segurança!

Vários combatentes usando roupa de proteção contra agentes biológicos já corriam pelos corredores na direção da sala da experiência, pois Deller os havia chamado antes do pobre pesquisador. Hunk os liderava. Ao mesmo tempo, sirenes de alerta começavam a tocar por todo o laboratório.

Logo o grupo de elite parou na frente da porta de entrada da sala, enquanto gritos desesperados vinham lá de dentro.

–         Mas o que é isso? – espantou-se Hunk.

Blanka havia torcido o pulso do cientista e o arremessado sobre uma das máquinas ao redor da maca, matando-o instantaneamente. Depois agarrara um outro pelo braço e o jogara contra o vidro que separava a sala daquela onde estavam Deller, Bison, Wesker e Vincent. A janela não se partiu, pois era reforçada, por isso o pesquisador bateu a cabeça com violência e voltou para dentro da sala, caindo já sem vida no chão, após ter deixado um rastro de sangue sobre o vidro.

–         Vamos sair daqui! – gritou Deller, correndo junto com Wesker e Vincent para fora da sala.

Bison, porém, permaneceu imóvel, observando sorrindo o massacre. Seu guerreiro estava enfurecido. Seu guerreiro estava se vingando.

A equipe de Hunk entrou na sala quando restava apenas um pesquisador vivo, encurralado por Blanka num dos cantos. As submetralhadoras dos combatentes começaram a agir contra o experimento da Umbrella, mas o monstro parecia não sofrer nada com os disparos. Carlos Blanka não era mais humano.

E algo bizarro começou a acontecer. Aos gritos, Blanka abaixou-se com os braços cobrindo o rosto, enquanto seus cabelos transformavam-se numa grande onda laranja arrepiada, e pêlos da mesma cor surgiam em várias partes de seu corpo. Havia se tornado corcunda, suas unhas transformaram-se em garras cortantes, e seus dentes ficaram tão afiados quanto os de uma fera selvagem.

Depois de encerrada a metamorfose, a criatura fez o pesquisador desmaiar com uma pancada em seu rosto, as garras deixando um rastro rubro sobre a pele. Os tiros continuavam, mas Blanka, numa demonstração de força, correu na direção do grupo agressor. Quando estava próximo o suficiente, rolou pelo chão e os atingiu como uma bola de boliche, envolvido numa esfera elétrica. Quase todos os combatentes começaram a se contorcer no chão, eletrocutados, enquanto Hunk e os demais que permaneceram de pé perseguiam a criatura, que fugia pelos corredores.

–         Fechem todas as saídas, rápido! – ordenou Hunk.

Enquanto isso, na sala superior, Bison começava a gargalhar, batendo palmas.

–         Encontrei! – gritou Diego, apontando para um lugar iluminado no meio da floresta. – É ali!

Guile, Nash e Burton se aproximaram para ver. Aquilo era de fato um heliporto, escondido no meio da selva, mas as luzes brancas o haviam denunciado. De repente, outras luzes misturaram-se a aquelas, numa convulsão de tons amarelos. Logo o som de disparos fez as suspeitas de Guile se confirmarem:

–         Parece que está havendo um tiroteio lá embaixo! – exclamou.

–         Querem pousar mesmo assim? – perguntou Diego, temeroso.

–         Mas é claro que queremos! – sorriu Barry, apontando sua Colt.

O helicóptero foi se aproximando do heliporto, o som dos disparos tornando-se cada vez mais próximo, figuras humanas tomando forma sobre o concreto. Guile franziu a testa ao ver um estranho sujeito sendo alvejado por estranhos soldados usando vestes de proteção. Era corcunda, verde e tinha cabelo laranja arrepiado. O norte-americano espantou-se ainda mais quando o pitoresco ser humano lançou uma espécie de descarga elétrica contra os agressores e desapareceu no meio da selva, enquanto aparecia mais um sujeito usando roupa de proteção seguido por um jovem de jaleco e óculos escuros, ambos armados.

–         Mas o que está acontecendo aqui? – indagou Nash, confuso, que também presenciara a cena.

Wesker desesperou-se ao ver Blanka desaparecer no meio da floresta, enquanto os combatentes atingidos pelo ataque elétrico do experimento se levantavam zonzos. Era um dos maiores investimentos da Umbrella que estava indo embora, algo bem mais poderoso que o T-Virus, Wesker tinha que admitir. Bem, talvez não tão poderoso...

Continua... 


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