– Você ficou maluca Alice?

– Não fiquei, e isso tudo está estranho demais. Você não lembra de ter bebido, mas bebeu supostamente, nunca beijou o tal do garoto e como essa Jéssica poderia ter certeza que você estava dirigindo? Ela presenciou o acidente?

– Eu não sei...

– O que os laudos dizem Bella?

Jasper perguntou e eu não soube.

– Não sei, meu pai cuidou disso e depois... Edward... fiquei um tempo..

– Seu pai a amava não? Você sempre me falou dele com carinho. Não houve abusos ou rejeição na sua infância.

– Claro que não Alie!

– Ele não te entregaria sabendo que Edward faria um mal futuro. Seu pai não faz esse perfil. Ele te ama demais para entregar assim por um acidente. Isso foi desculpa para qualquer outra coisa.

– Me proteger. Ele queria me proteger de Aro e de todos que pudessem se aproveitar de mim quando ele partisse.

– Casada com Edward certamente isso aconteceria – Jasper afirmou- Ele é a pessoa mais honesta que já conheci, meu pai tem negócios com ele e alguns investimentos que tenho ele cuidou pessoalmente. Ele tem o toque de ouro, o que faz vira dinheiro. É quase um dom.

– Nunca observou um comportamento estranho nele?

Jasper pareceu pensar.

– Depois que Kate morreu ele ficou mais recluso, mas nunca deixou de comparecer a compromissos da empresa ou deixou algum cliente em falta. Edward é o homem mais honesto e com caráter que já conheci e admiro ele demais, sem foi assim, desde pequeno.

– Não faz sentido nada disso. Kate era rica ou algo assim?

– Kate na verdade era a princesa dos contos de fadas que casou com o príncipe. Ela tinha e ele também, nenhuma diferença talvez.

– Eu matei Kate, Alice. – ela ignorou e continuou pensando.

– Você não matou porque não sabe nem que bebeu! É um absurdo isso tudo. Ele agiu pelo ódio, quando perdemos alguém e temos alguém para culpar... um vilão... nos tornamos outra pessoa. Você foi o alvo da raiva que ele sentia da vida por ter tirado Kate dele.

– Eu a matei, Alice.

Ela olhou para Jasper e eles trocaram um olhar estranho.

– Tudo bem, vamos dormir, foi um dia longo e um banho iria bem.

– Alice...

– Vamos Isabella, eu te ajudo e depois eu vejo o que faço comigo mesma.

Tomei um banho sob a supervisão de Alice, ela não comentou mais nada sobre meu pai ou Edward, falou da decoração e de como estava feliz de Jasper estar aqui conosco. Era reconfortante mesmo, dormi com uma blusa da faculdade e calcinha e sonhei com os olhos de Edward e as palavras de Alice, nada fazia muito sentido no sonho ou na minha vida.

A primeira coisa que fiz pela manhã foi ligar para o hospital e meu pai estava na mesma, ele estava em coma e respirando com ajuda de aparelhos. Segundo a pessoa que me atendeu eu deveria esperar em casa, o setor em que ele estava aceitava poucas visitas. Sim, eu sabia perfeitamente disso. Me arrumei depois da higiene e pedi a Deus que hoje fosse um dia melhor. Assim que saí do quarto e entrei na sala vi Edward sentado na sala de cabeça baixa. Alice entrava pela porta da cozinha com Jasper com coisas nas mãos.

– Vamos tomar café? – ela perguntou com naturalidade.

– Sim...

Edward me olhou quando ouviu minha voz e não se mexeu, fui para mesa e sentei com todos.

– Não fique esperando um convite especial Edward. – Alice falou – Venha provar minhas panquecas, Bella as adora.

Olhei para Alice e ela ignorou como se tudo estivesse bem e ali só houvesse amigos. Edward se levantou e olhou para os lugares da mesa, sentou na cadeira mais distante de mim e meu coração ao mesmo tempo que ficou aliviado, ficou triste e eu tentei ignorar a parte triste lembrando que ele nunca me contou nada do meu pai. Alice serviu Jasper e eu me servi calmamente, medindo cada passo, acho que Edward fez a mesma coisa. O clima estava estranho e não ficou diferente depois do café. Levantei e Alice me olhou.

– Sentem-se no sofá. – a encarei – Os dois.

Eu não queria aquilo, eu não precisava disso.

– Alice...

– Isso não pode continuar.

Eu estava pronta a discutir quando Edward se levantou e foi para o sofá. Ele queria conversar? Respirei fundo segurado as lágrimas que queriam cair. Alice me pegou e me levou até o sofá, a cena era essa: eu e Edward cada um numa ponta e eles em pé no meio. Jasper com a mesma expressão que Edward.

– Vocês são casados mesmo? – Ela perguntou e Edward assentiu. – Você a obrigou a isso? – Mais uma vez em silêncio ele assentiu – Você está ciente de que esses anos todos ela mentiu para todo dizendo que tinha um marido apaixonado por ela?

Eu olhei esperando a resposta. Ele me olhou e depois para Alice.

– Sim.

– Como você sabia disso? – ela continuou.

– George me contava.

Alice bufou de raiva.

– Isso é fudido. – Jasper soltou. – Você colocou um segurança atrás dela?

– Sim.

– Minha amiga na verdade tinha aquele guarda roupa vigiando os passos dela? Edward você é um homem muito perturbado!

– Eu não queria... isso... – ele se levantou e Alice o fez sentar.

– Então nunca conversaram?

– Não. – respondemos juntos.

– Deixa eu resumir. Você acha que matou a esposa dele. – ela apontou para Edward – Ele se acha Deus e te força a casar com ele. – Ela olha feio para ele. – Depois de algumas torturas vocês nunca mais se veem?

– Isso.

– Você sabe que ela não lembra de nada não?

Edward olha triste para mim.

– Sim. Ela sempre disse isso.

– Pois bem, enquanto estamos todos aqui, presos a toda essa confusão eu recomendo que você Bella fique com o seu marido.

Eu levantei e olhei assustada para ela.

– Não! – a casa. O terror tomou conta de mim. – Não.. o quarto... Não!

Edward se levanta e fica de uma maneira claramente perturbado.

– Eu me mudei. Não é aquela casa... olha... as coisa estão diferentes...

– Se o hospital ligar qual o número de contato? – Jasper perguntou para Edward.

– O meu. Sou responsável por ele.

– Eu sou a filha dele!

– Mas você não estava... ele fez uma procuração entende?

Eu precisei de alguns minutos para absorver aquela informação. Meu pai colocou Edward como bem feitor dele enquanto ele estivesse de alguma forma inválido ou incapaz de responder por ele. As palavras honesto e de bom caráter rondaram minha mente.

Alice me puxou para o quarto em que eu dormi. Trancou a porta e depois me sentou na cama.

– Você gosta dele.

Engoli seco.

– Ele me odeia.

– Te odiou.

– Eu o odeio. Ele não tinha esse direito, escolher por mim, mais uma vez.

– Bata nele de novo, grite ou até jogue algo em cima dele, mas faça alguma coisa. Você ficou quatro anos remoendo isso, vivendo isso e agora isso precisa acabar. Não faz bem nem para você e para ele. Isso acaba aqui Bella, vá com ele, converse e depois decidam o que fazer.

– Não tem o que fazer, casamos....

– E você permaneceu casada, você quis ser casada com ele. Mesmo inconsciente, tem maneiras de fugir de apenas um segurança, você permaneceu nisso.

–Porque eu a matei! Eu mereço!

– Tenho uma proposta. Mas vá se arrumar, tome um banho e Deus esqueça essa morte por alguns segundos.

Eu fiz o que ela pediu ou mandou. Enquanto tomava banho relembrei de como fui tratada por Edward e não quis concordar com nada daquilo, só que ela tinha razão, nós precisávamos resolver. Não poderia mais viver presa aquela noite. Nem Edward. Quando me arrumei as coisas estavam prontas e em cima da cama. Alice não estava e eu voltei até a sala, Edward estava sentado com Jasper e eles não me viam. A expressão deles era triste.

– Ela... ela...

– Eu sei. – Jasper falou. – É assim que me sinto também.

Edward estava falando de Kate e eu quis chorar lembrando da imagem dela.

– No começo não foi nada disso, mas depois mudou e agora... nem sei o que é agora.

– Vai ser um caminho longo. Vamos estar aqui.

Alice me puxou carregando a mala para a sala. Eles me viram e Edward se levantou.

– Bom, eu tenho uma proposta. – ela começou – Vamos abrir as feridas. Conversar como pessoas civilizadas e conviver. Não precisam de maneira nenhuma aceitar isso, é uma sugestão, mas acho que precisam considerar que quatro anos remoendo uma morte seja com ódio, culpa ou qualquer outra coisa não faz bem.

Ela pausou olhando alternadamente para Edward e para mim.

– Vamos reabrir esse caso, vamos investigar a fundo. Eu e Jasper,vamos conversar com os policiais, ver câmeras e abrir laudos.

Arregalei os olhos.

– Eu e Jasper. Vocês vão se dar esse mesmo tempo para conviver.

Oh Deus eu não sobreviveria a isso.

– E depois de tudo esclarecido eu queria pedir para vocês se separarem.

Edward pareceu não esperar por nada daquilo.

– Edward não obrigamos a casarem conosco, isso é uma escolha e não uma obrigação movida pela culpa. Isso foi errado e monstruoso.

Errado e monstruoso. Foi mesmo.

– Só que esse casamento só pode ser desfeito quando os dois superarem isso. Culpados ou não. Cada um assume suas culpas e segue a vida. Você errou e ela também, supostamente.

– Como... Alice...

– Vá para casa dele, durmam em quartos separados, convivam... visitem Charlie e sei lá... descubram que o monstro do Lago Ness não existe e caminhem. Você tem um futuro brilhante, será uma médica fabulosa e sei que Edward tem seus dons e talentos. Não merecem viver presos aquela noite.

Olhei para Edward e ele pegou a mala de Alice. Abracei ela sabendo que me arrependeria de estar fazendo isso, mas que era o mais certo. E então quando a porta atrás de nós se fechou eu olhei incerta para Edward. Ele parecia um pouco mais com aquele homem dos DVDs que eu assisti, um pouco mais velho e um pouco mais cansado. Eu só esperava sobreviver a mais essa fase.