Clannad - Kyou After: Facing the fear escrita por ghost of Sparta


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo para situar os leitores no momento em que a história se inicia.



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Eu não pude prestar atenção nas aulas de hoje. Não que eu fizesse isso regularmente, para começar. Afinal, eu ainda sou um delinquente. Mas hoje em particular, foi dificil prestar atenção em qualquer coisa dita. Fiquei o dia todo olhando para a janela. Observei o céu sombrio e a chuva fraca que banhava a cidade. Me vi perdido em pensamentos. Não conseguia parar de pensar nas gêmeas Fujibayashi. Não conseguia parar de pensar no que havia feito a elas.

Sunohara: Ei, Okazaki! Eu já vou indo para casa. Você vai ficar por aí?

É verdade. As aulas já haviam terminado antes mesmo de eu perceber. Entretanto, eu não tinha a menor vontade de partir. Não havia nada para mim em casa além de mais motivos para me deixar para baixo. Fiquei grato por Sunohara entender que eu queria ficar sozinho. Ele é um tremendo idiota, mas é capaz de se mostrar um bom amigo às vezes. Sunohara se despede com um aceno e deixa a sala de aula. Quanto a mim, eu fico sentado ali por minutos, talvez horas. Fico encarando o vazio, tentando não me perder nos meus pensamentos.

Tomoya: Os dias que passei com você foram muito divertidos.

Eu havia percebido que alguém havia entrado na sala de aula. Não precisava olhar diretamente para ela para dizer de quem se tratava.

Tomoya: Eu percebi que estava feliz por ser importante para alguém. Pensei que tudo estava indo bem. Que esse sentimento era o bastante. Que podia continuar com você desse jeito.

Ainda sentado, viro meu rosto para olhar para a menina que estava parada a poucos metros de mim. Uma menina de cabelos curtos na cor violeta. Aquela que eu passei as últimas semanas chamando de namorada. Uma bela menina chamada Ryou Fujibayashi.

Ela segurava timidamente seu próprio braço e tremia levemente. Sua cabeça estava baixa, seus cabelos ocultando parcialmente seu rosto, me impedindo de ver seu semblante. Tenho certeza que ela está se esforçando para não chorar. Tenho certeza que ela já imagina as palavras que serão ditas aqui hoje.

Tomoya: Mas eu não posso.

Eu me levanto e fico de frente para Ryou. Precisava encará-la de frente e dizer o que estava em minha mente. Eu não podia mais ter medo de dizer a verdade.

Tomoya: Eu fui um idiota. Enquanto eu estava com você, estava pensando em outra pessoa. Sempre imaginava ela quando olhava para você. Eu continuei com isso mesmo depois de perceber.

Ryou estava diante de mim, ainda sem dizer uma palavra e sem me olhar nos olhos.

Tomoya: Me aproveitei de sua bondade... eu... eu...

Hesitação. As palavras pareciam presas na minha garganta. Mas eu não podia desistir agora. Já havia chegado tão longe. A verdade precisava ser dita. Eu respiro fundo, não pelo ar, mas para reunir a coragem necessária.

Tomoya: A pessoa que eu amo... é sua irmã...

Sentindo o peso da vergonha e da culpa, eu baixo minha cabeça antes de continuar.

Tomoya: Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito.
Ryou: Tomoya.
Tomoya: Hã?

Minha mente entra em parafuso.

“Ela chamou meu nome. O que ela acabou de dizer? Do que ela me chamou? Que voz era aquela?”

Algo atinge meu peito. Sou pego de surpresa quando Ryou se joga contra mim e abraça meu corpo com força. Ela lentamente ergue a cabeça, me permitindo ver as lágrimas que escorriam de seus olhos violeta.

“Espera aí. Olhos violeta?”

Tomoya: Kyou?!?

A menina em meus braços tremia e soluçava, não conseguindo conter seu choro. Estou sem palavras. Kyou se afasta um pouco, ainda se apoiando em meus braços. Eu seguro os braços dela o mais gentilmente que posso.

Tomoya: Por que você... ? Seu cabelo!

Kyou soluça algumas vezes antes de conseguir falar.

Kyou: Ela gritou comigo.

Kyou baixa a cabeça, as palavras saindo com dificuldade. Fico apenas observando, atônito.

Kyou: Ela me disse para não fugir.
Tomoya: Ryou... ela disse isso?
Kyou: Ela disse. Eu não ligaria se tudo ficasse desse jeito. Eu não queria escolher você se isso significasse machucar Ryou... mas ela... ela disse...

Kyou fecha seus olhos. Parecia estar se lembrando da conversa com sua irmã.

Kyou: “Isso é impossivel”. “É tarde demais”. “Se você realmente ama o Tomoya, você não pode mais fugir”. “Não há escolha para nós duas além de sairmos dessa machucadas”. “Nós terminamos amando a mesma pessoa”. “Você tem que ser forte, mais forte do que eu fui.” “Você não pode mais fugir dele”. Ryou me disse tudo isso com lágrimas nos olhos, mas ainda assim com um sorriso no rosto.
Tomoya: Ryou...
Kyou: Aposto que ela deve estar chorando agora.

Kyou se afasta de mim e enxuga as lágrimas em seu rosto o melhor que pode.

Kyou (olhando para o chão): Realmente é tarde demais. Nós demoraramos muito. Percebemos o que estava acontecendo, agimos como se não tivessemos percebido e mentimos para nós mesmos.

Kyou lentamente ergue seu rosto, agora me olhando diretamente nos olhos.

Kyou: Mas eu vou fazer desta a última vez que nós nos machucamos. Ela, eu e você também.

Compreendendo os sentimentos de Kyou, eu aceno positivamente com a cabeça. Nós dois ficamos ali nos encarando em silêncio por um tempo que parecia durar uma eternidade. Nada mais a nossa a volta parecia importar. Definitivamente eu sou um idiota. Sinto que eu devia dizer alguma coisa, mas as palavras não surgem em minha mente de maneira coesa. Como posso expressar o que sinto em palavras?

Kyou: Eu te amo, Tomoya.

Era isso. Essas eram as palavras que estava procurando. Kyou está se confessando para mim. A pessoa de quem eu realmente gosto está se confessando para mim. Não consigo expressar o que estou sentindo. Alivio? Alegria? Talvez ambos? Eu posso sentir meu coração batendo acelerado, quase explodindo no meu peito, quando ouço ela continuar.

Kyou: Eu... eu... eu sempre te amei...

E antes que eu me desse conta, eu a tinha em meus braços. Eu tinha Kyou Fujibayashi em meus braços.

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

Está quente. O sol desse inicio de verão veio com força total. Aquele dia de aulas, entediantes como sempre, havia finalmente terminado e eu estou na saída da escola. Recolho e calço meus sapatos e fecho meu armário.

“Os dias seriam mónotonos. Sair da casa que odeio, ir para a mesma escola, ver as mesmas pessoas, passar pela mesma rotina frustrante. Eu não teria muito o que fazer além de vadiar por aí. Mas agora é diferente. Eu tenho alguém que se importa comigo, alguém de quem gosto muito. Agora os dias serão melhores. Tudo é mais divertido quando estou ao lado dela...”

Há uma garota me esperando na porta. É uma garota muito bonita de cabelos violeta que vão até a altura do ombro, um enfeite branco preso em uma das mechas do lado esquerdo. Era Kyou Fujibayashi, minha namorada. Me volto para ela assim que termino de me aprontar para partir.

Tomoya: Onde nós vamos amanhã? Nós tinhamos combinado de ir algum lugar, certo?
Kyou: Ah. Sinto muito. Vamos ter que cancelar.
Tomoya: Hã?
Kyou: Ryou me convidou para ir ao shopping. Já fazia um tempo que nós duas não fazíamos nada juntas então não vou poder ir com você.

Vendo a alegria no rosto de Kyou ao falar sobre a irmã, não há nada que eu possa fazer além de sorrir para ela.

“É um bom sinal. Elas estão começando a voltar a se dar bem.”

Tomoya: Então eu não tenho escolha, não é?
Kyou (um largo sorriso): Isso. Não há nada a fazer quanto a isso.

Kyou dá as costas e vai se afastando, saltitando de alegria. Eu posso ouvir a agradável risada dela enquanto a sigo. Nós caminhamos lado a lado enquanto eu a acompanho até a casa dos Fujibayashi. Passaríamos num mercado no caminho para comprar algumas verduras. Conversamos sobre coisas triviais enquanto eu admiro o sorriso dela. É tão bom vê-la feliz.

Kyou: Têm sido bem quente esses dias, não é?
Tomoya: Têm sim.

Kyou fica quieta e pensativa. Ela fica observando as belas árvores e flores que embelezam a rua que estamos descendo.

Kyou: Ei, Tomoya...
Tomoya: Sim?
Kyou: Será que eu fui a escolha certa?

Kyou pára de andar repentinamente. Parecendo um pouco embaraçada com o rumo da conversa, ela não consegue me olhar diretamente nos olhos.

Tomoya: Que?
Kyou: Você tem certeza que não está pensando que era mais confortável estar com a Ryou?
Tomoya (lançando um olhar de repreensão para Kyou): Ei! Eu vou ficar com raiva.
Kyou: Isso. Fique com raiva.

Kyou me encara com aqueles olhos violeta.

Kyou: Assim eu poderei me sentir mais tranquila.
Tomoya: Tem algo errado?

Kyou nada fala. Ela fica apenas me observando, como se estivesse me estudando. Entendendo o que está se passando, eu deixo escapar um suspiro.

Tomoya: Você quer testar meu amor por você? Essa não é uma forma muito convencional de fazer isso.
Kyou: Tem razão. Deixa eu fazer isso de uma maneira mais simples.

Kyou se aproxima de mim e enlaça meu pescoço com seus braços. Logo eu sinto os suaves lábios de Kyou tocando os meus, num carinhoso beijo. Quando Kyou se afasta, ela me presenteia com um lindo sorriso. Fui pego de surpresa. Tenho certeza que meu rosto deve estar todo vermelho agora. Olho para os lados, inquieto, me certificando que não ninguém por perto.

Tomoya: Ei! O que você está...
Kyou: Hehehe.

Kyou parecia um pouco envergonhada, mas ainda assim parecia estar se divertindo com a situação.

Tomoya: Num lugar como esse... de novo?
Kyou: Você gostou, não foi?
Tomoya: E se alguém nos visse? O que você faria?
Kyou: Apenas ficaria um pouquinho sem graça.
Tomoya: Não seria só um pouquinho...
Kyou: Então... se tivermos certeza que não têm ninguém por perto, você gostaria de um pouco mais?
Tomoya: Se for desse jeito, então eu não vou conseguir parar de te beijar.
Kyou: Isso é... bem... como eu posso dizer isso...

Kyou cora um pouco, parecendo sem graça com o que estava dizendo.

Kyou: ... se não houver realmente ninguém por perto...
Tomoya: OK!

Energicamente faço um sinal de positivo para minha namorada.

Kyou (um pouco de incerteza na voz): Peraí... por que esse sorriso tão grande?
Tomoya: O sorriso é do tamanho da minha felicidade. Já consigo até imaginar nós dois sozinhos...
Kyou: Espera um segundo... você está pensando em algo sujo, não é?
Tomoya: É a sua imaginação.

Tento disfarçar, mas tenho certeza que Kyou notou um pouco de malicia por trás de meu sorriso.

Kyou (indignada): Definitivamente é algo sujo!

Kyou cobre o próprio corpo, como se estivesse se protegendo do meu olhar.

Kyou: Você é mesmo incorrigível. Um grande pervertido.
Tomoya: Ei! É do seu namorado que você está falando!
Kyou: Eu sei. Eu já sabia como você era quando me apaixonei por você. Um delinquente idiota, impulsivo, preguiçoso, um pouco desagrável às vezes, e com uma mente poluída.
Tomoya: Você precisa urgentemente aprender a elogiar seu namorado. Venha aqui que eu vou te dar algumas lições.

Começo a correr atrás de Kyou, tentando abraçá-la. Ela é muito ágil e facilmente se esquiva de mim. Quando penso que ela já estaria a metros de distância, correndo de mim, percebo que ela estava segurando minha gravata.

Tomoya: K-kyou?

Kyou me puxa para perto dela, os nossos rostos ficando bem próximos.

Kyou: Você pode ter alguns defeitos, mas eu não me importo nem um pouco com eles. Sabe por que?
Tomoya: Não.
Kyou: Não é óbvio, seu bobo? É porque eu te amo!


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