What the Room Requires escrita por MyWeepingAngel


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não sou mt boa com capas, quem se interessar em fazer uma pra esta fic, pode me mandar uma MP.



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Eu o senti entrar. Ele carrega uma espécie de frieza com ele, Draco Malfoy. Pelo menos para mim. O olhar gélido, com aspecto de neve.

Eu estava sentada no Grande Salão, suspensa em um silêncio desconfortável entre mim e Rony, enquanto esticávamos os pescoços para observar Harry correr atrás de Cátia Bell – a garota que vimos ser suspensa no ar e depois jogada no chão por uma força invisível – uma terrível maldição. Mas a entrada de Malfoy interrompeu minhas memórias, e eu levantei o olhar.

Malfoy parou bem na minha frente e de Rony. Ele não usava as vestes da escola, apenas calças, uma camisa branca, um colete-suéter e uma gravata. Ele parecia pálido, com olheiras sob os olhos. E ele congelou onde estava, olhando fixamente para frente. Para Harry. Para Cátia.

Por um momento, todo o barulho ao redor de mim pareceu desaparecer ao fundo, e uma pedra gelada se instalou em meu estômago. Eu estava certa antes, quando falara com Harry, Malfoy realmente parecia doente. Mas, exatamente naquele momento, eu nem mesmo o reconheci. Geralmente ele entrava com um ar presunçoso e um sorriso afetado, não importando o quão fraco ele se sentisse ultimamente, e isso eu tentava ignorar. Mas agora...? Agora sua confiança tinha desaparecido. Seus pálidos olhos azuis pareciam cansados, amedrontados. Minhas sobrancelhas se franziram. Como uma mudança daquelas tinha acontecido, e por quê? Eu engoli em seco. Quando eu tinha começado a me importar o suficiente para descobrir?

Seu corpo se retesou, inclinando-se para trás. Eu olhei para o final do corredor...

Para ver que o olhar dele e de Harry tinham se encontrado. Eu apertei os punhos.

E então Malfoy olhou para mim. Por apenas um segundo, ele virou o rosto, encontrou meus olhos com um olhar rígido e aprisionado, depois retirou-se do salão barulhento. Eu congelei.

Pelo canto do olho, eu pude ver Harry afastando-se de Cátia e caminhando com passos largos em nossa direção, não, na direção de Malfoy.

-Pare! – eu arfei, desfazendo-se do meu choque e pondo-me de pé rapidamente.

Harry me ignorou e continuou caminhando. Eu me joguei através da mesa, derrubando nossas bebidas, e agarrei o braço de Harry:

-Hermione! – Rony ganiu, enquanto suco de abóbora derramava sobre seu colo – O que você...?

-Harry, não. – eu sibilei, ignorando o tumulto que eu causara na mesa.

A cabeça de Harry se virou rapidamente e ele inclinou-se para mais perto do meu rosto, evitando ser ouvido:

-Eu tenho que fazer isso. – seu olhar me incinerava – Ele amaldiçoou Cátia, eu vi no rosto dele.

-Eu sei. – assenti, restringindo seu braço para que ele não pudesse se mover – É por isso que não pode fazer o que está planejando.

Harry hesitou, então seus olhos se estreitaram:

-O que acha que eu ia fazer?

-Algo que não ia ajudar em nada. – eu murmurei, soltando-o, pulando sobre o bando e me dirigindo até a porta.

-Onde está indo? – ambos Harry e Rony perguntaram em coro.

-Encontro vocês na sala comunal. – eu respondi, sem olhar para trás – Não me sigam!

Eu disparei pelo corredor, abrindo caminho por um grupo de pessoas que entrava, tentando não ser rude enquanto me esforçava para ver sobre suas cabeças.

Ali. Pude ver uma forma solitária caminhando pelo corredor após as escadas. Eu cerrei os dentes e pulei os degraus de dois em dois, obrigando-me a caminhar o mais rápido que podia. Eu não queria perdê-lo de vista em algum canto, e eu realmente esperava que ele não alcançasse a porta de sua sala comunal. Eu nunca pararia de ouvir Harry falar sobre isso se isso acontecesse.

À minha frente, Malfoy levantou uma mão e puxou a gravata, como se ela o estivesse sufocando. Eu caminhei mais rápido, mantendo meus passos silenciosos. Ele ainda não sabia que eu o estava seguindo.

Respirei fundo pelo nariz, e então mais uma vez, meu coração batendo rapidamente. Eu sabia que estava certa em impedir Harry; ele estava prestes a sair despreparado e fazer algo estúpido, e provavelmente violento, que não nos levaria a nada. Provavelmente acabaria sendo expulso.

Mas o que eu ia fazer? Eu não tinha experiência em conversar com Draco Malfoy. E mais, estava tão furiosa com ele no momento que eu sentia vontade de esmurrá-lo. E eu iria, exceto que não ia ajudar a situação. Eu não tinha outra chance a não ser fazê-lo falar.

Mas como ele reagiria ao ser encurralado, especialmente quando tinha aquele olhar selvagem e estranho? Eu mordi o lábio. Estava prestes a descobrir.

Os passos de Malfoy se desviaram, ele virou num canto e adentrou o lavatório masculino. Eu trotei atrás, diminuindo depois o ritmo até parar no batente da porta. Eu estremeci. Não importava quantas regras eu já tivesse quebrado na minha carreira em Hogwarts, ainda me sentia estranha quanto a entrar em um banheiro masculino.

Mas então, meu estômago relaxou e eu fiquei imóvel, enquanto observava Malfoy cambalear em frente, arfando, e apoiar as mãos na pia, como se ele estivesse prestes a vomitar. Sua respiração ficou pesada, e ele então tirou o colete, jogando-o no chão. Seus cabelos platinados se despentearam, e ele se inclinou na pia novamente, abrindo a torneira com água fria e jogando-a em seu rosto magro. A água corrente ecoou pelo chão de mármore. Ele levantou a cabeça e encarou seu próprio reflexo, seus ombros tremendo. Meus lábios se partiram e minha respiração ficou mais devagar. Estranho. Era como se ele também não se reconhecesse. Seus olhos se arregalaram, e ele soltou um som asfixiante, abaixou a cabeça...

E começou a soluçar. Curtos, estrangulados, deturpados lamentos – arquejos cheios de pânico, como se ele estivesse sido esfaqueado no peito.

Algo dentro de mim sucumbiu. Eu me abracei, sentindo minhas sobrancelhas se unirem. Draco estava chorando. Eu nunca tinha o visto chorar. Ele era sempre tão indiferente, tão superior e cruel – eu, na verdade, não pensei que ele fosse capaz disso.

Eu fiquei de pé ali, enraizada no chão enquanto ele chorava, e os seus soluços ficaram mais profundos. Ele cobriu a mão com a boca para contê-los, mas seu corpo estremecia:

-Eu não posso. – ele sussurrava – Não posso, não posso...

Eu dei um passo à frente. E então outro. Minhas mãos estavam cerradas em punhos e eu mantinha meus braços contra mim, forçando-me a prosseguir.

Eu parei a poucos metros de distância, era como se eu tivesse alcançado um parede. Engoli em seco. Eu sabia, instintivamente, que agora lidava com um animal selvagem encurralado. Bom, se eu tinha aprendido uma coisa ao possuir um gato, era que nessas situações, cuidado, lógica e cortesia era o melhor a se fazer. Tomei fôlego.

-Eu devo chamar a enfermeira? – minha voz saiu fraca e tremida, mas passou a mensagem.

Malfoy virou-se, bateu o quadril na pia e chocou seu anel contra a torneira. Ele olhou boquiaberto para mim, suas bochechas com traços de lágrimas. Olhou de relance a porta, suas sobrancelhas se franzindo, e então encontrou seus olhos com os meus novamente.

-O quê? – ele balbuciou.

Eu obriguei minha boca e minha voz a trabalharem, impedindo-me de recuar:

-É só que... parecia que você estava doente. – eu disse – E eu achei que você quisesse alguém para... para chamar Madame Pomphrey.

Suas sobrancelhas se levantaram e seu queixo caiu. Ele então latiu uma risada e enxugou o rosto com a manga, lutando para se recompor.

-Pomphrey? – ele cuspiu – O que aquele morcego velho sabe?

Franzi as sobrancelhas. Suas mãos tremiam. Eu abri a boca, hesitei, então arrisquei uma próxima pergunta:

-Você está bem?

Ele me mandou um olhar mortal:

-Se eu estou bem? – ele retrucou. Ele balançou a cabeça, incrédulo – Por que você se importa mesmo, Sangue Ruim?

Aquele insulto me atingiu como veneno, como sempre fazia quando ele dizia aquilo. Ele se abaixou e apanhou o colete do chão, virou-se e então se dirigiu para a porta.

-Draco, o que há de errado? – eu chamei. Ele diminuiu o passo, e parou. Eu parei de respirar.

-O que quer que acha que vai conseguir me fazer falar, não vai conseguir. – Malfoy avisou.

Mas o veneno tinha desaparecido de seu tom de voz. De fato, sua voz tremia e ele tinha dificuldade de respirar:

-Deixe-me em paz e pare de me seguir.

Ele, então, caminhou para longe, suas mãos em punhos apertados.

Eu apertei a mandíbula. Eu havia crescido rodeada por garotos, e eu sabia como eles pensam. Bons garotos, pelo menos. Eu não podia fingir que entendia tudo sobre a mente deturpada de Malfoy, mas o que ele tinha acabado de dizer era claro o suficiente para mim. Ele nunca confessaria, mas, nas conotações de sua voz, ele praticamente gritava: “Eu não estou bem. Eu queria que alguém se importasse. Eu poderia contar para você, se me pressionasse o suficiente. Especialmente se me seguir.”

-Draco! – eu gritei, e corri atrás dele.

Eu virei um canto bem a tempo de vê-lo disparar pelo corredor. Ele era mais rápido que eu – nunca poderia alcança-lo.

Oh, por favor, por favor! Eu arfei enquanto tochas e pilares passavam voando e meus pés martelavam no chão de pedra. Eu só preciso de um pouco mais de tempo! Só um pouco mais...

Uma porta se materializou na parede vazia em frente a Malfoy – uma porta dupla e alta. Eu quase tropecei. A Sala Precisa!

Malfoy olhou para trás, para mim, seus olhos se arregalaram e ele girou a maçaneta. A porta abriu-se. Ele mergulhou dentro e tentou fechá-la.

-Espera! – eu gritei, agarrei a borda da porta com as duas mãos e forcei-a a se abrir, saltando para dentro atrás dele. Eu pisei em um pé dele. Minha mão golpeou seu ombro. A porta se fechou com um baque atrás de nós.

Um grande relógio, em algum lugar acima de nossas cabeças, marcou dois tique-taques. Depois silenciou – e tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram, revisem, ok? Já estou trabalhando no segundo cap. :)



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