Bofes, Tanques Guerras e Amassos escrita por meehdotta, Brenda Vitoria


Capítulo 21
Cap.21- Tipo Sanguíneo


Notas iniciais do capítulo

Por causa da Pressa e da Pressão (atooron jogo de palavras...parei.) enfim. Eu tive de postar sem passar pela beta (denovo.). Se caso tiver erros desculpa. Irei arrumar. O capítulo ficou grande, porque sou feliz, e para vocês entenderem melhor. =]
Beijos
Espero que gostem.
Dougie Dogie...=/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/43018/chapter/21

 

Relembrando: Nenhuma palavra saía de sua boca, ela apenas se abria e se fechava. Olhei para o chão e as lágrimas começaram a sair. Nesse instante, comecei a correr.

(...)Nisso, caí no chão ajoelhada, sentindo a chuva me molhar, enquanto meus olhos estavam mais molhados pelas lágrimas, braços quentes me cercaram, vi que o Taylor se ajoelhou com seus braços em volta de mim...

 

Mêeh PDV.

Corri para fora daquele inferno. Caralho, merda, queria xingá-la de todos os nomes possíveis. Só queria ver o que ela faria depois de minha mão parar nela.

Fui correndo para subir a rampa do estacionamento e, quando me aproximei dela, vi alguém ali perto. Olhei com atenção e vi o Taylor parado olhando feliz para algo em sua frente, observei o que ele olhava e vi a Ingrid de costas para ele e o Douglas brigando com ela.

Cala a boca, seu moleque idiota, até parece que não conhece mais seus amigos, podem até ter sentido pena, mas ninguém dali iria te tratar diferente, se fosse assim a Mêeh estaria no seu estado!” - EU O QUÊ? Parei quando ouvi aquilo e alguém assobiou. Era o Taylor, que me olhou assustado - pelas lágrimas, eu acho - e perguntou um “O que aconteceu?” sem nenhum som. Respondi “Depois irá descobrir” e corri em direção ao estacionamento. Parei ao ver que todos os carros ainda estavam ali, será que a diretora já tinha chegado? Quem se importa com isso?

Fui andando, ainda nervosa, em direção ao murinho no canto do estacionamento, sentei no chão e encostei as costas no muro, começando a pensar em tudo o que acontecera.

Meu pai. Minha mãe. Minha família. A Say. Minhas amigas. Meus amigos. A escola. Minha vida.

Minha vida... Uma vida que poucos azarados têm e muitos sortudos invejam. Por quê? Só porque eu não reclamo dela? Só porque eu tento ser feliz o máximo possível? Só porque uso essa máscara de felicidade, sendo que nunca fui feliz de verdade? E agora em que minha vida está melhorando, se tornando feliz de verdade alguém se intromete para destruí-la!

Caroline.

Ser a melhor amiga dela nunca foi a melhor coisa do mundo e nunca será. Foi o pior erro da minha vida. Porque sou tão idiota?

Olhei para minhas mãos e lá estava meu colar. Porque ele estava ali? Observei melhor e vi que a cordinha tinha quebrado, estranho. Continuei olhando para aquele colar que mudara minha vida por completo.

“Mêeh, você está bem?” - Pulei por causa do susto e me vi de pé, vendo dois olhos verdes na escuridão.

“Estou sim, Joseph, mas o que faz aqui?” - perguntei.

“Ah, nada de mais, só estava procurando a menina que deixou a Caroline sem fala e depois saiu correndo. Você a viu por aí?” - Ele estava tentando me fazer rir?

“Talvez sim, talvez não. Acho que é essa menina aqui na sua frente, é?”

“Acho que não. A menina na minha frente não é a mesma que estava ali.” - ele disse sério.

“Porque não?” - perguntei brava.

“Porque a menina que estava lá na escola era a que tinha esperança no rosto e a que está na minha frente tem uma máscara de angústia e sofrimento.” - ele descobriu isso tudo hoje?

“É que a menina que estava na escola tinha esperanças e a que está na sua frente sofre por elas.” - falei olhando para o céu escuro e sem estrelas.

“Pois é, mas ela acha que sofre. Na verdade, a máscara já caiu e o mundo já te viu por dentro.” - o encarei idiotamente.

“Ô, poeta, eu entendo, mas isso é mentira.” - ele riu e olhou para o céu.

“Não é não. Muitos sabem que a verdadeira Melissa sempre esteve com você e que a máscara já tinha caído quando você descobriu isso.” - ele levantou o colar que estava na minha mão.

“Merda.” - sussurrei. Pior que era verdade e eu só fingia que era mentira.

“Merda mesmo.” - ele sussurrou sentando no murinho. Eu ri de novo. Ele me entendia tão bem...

“Porque me seguiu?” - perguntei sentando ao seu lado.

“Fiquei com medo de você acabar se jogando daqui.”- ele me olhou e sorriu.

“Claro, vou me matar por causa daquilo.” - ignorância é boa em momentos desses. Ele suspirou:

“Ninguém sabe, mas não queria que se machucasse.”- ele sussurrou pesadamente.

“Que bom que alguém se importa comigo assim.” - disse virando o rosto.

“Muita gente se importa com você! Não sou só eu, sou um em quarenta...” - ele parou e começou a contar nos dedos, eu bati em seu ombro.

“O um que mais me ajudou nesses dias.” - murmurei.

Ele olhou para mim e sorriu, não era um simples sorriso, era algo a mais, que não entendi o que era. Olhei para frente e vi a Bebeh entrar correndo em um carro desconhecido. Espera aí, eu conheço esse carro, não é do irmão do Gabriel?

Brenda, Brenda, o que está aprontando?

Fui interrompida com alguém segurando minha mão. Olhei para o indivíduo e vi que era o Joseph.

“Er, desculpa, mas não sei por que estou nervoso.”

Sorri, não estava nervosa, mas estava sentindo algo.

Então. Não enxerguei mais nada. Só vi algo que seria a última coisa que eu queria ver: Douglas, em perigo. Ele estava em perigo, eu sabia. Mas aonde? Douglas em perigo igual à Ingrid e Taylor também. Mas como se não os vi? O turvo sumiu, a visão voltou ao normal e vi dois olhos verdes me encarando.

“Mêeh, você está bem?” - ele perguntou assustado.

“Douglas...” - sussurrei.

“Er. Não, eu sou o Joseph.” - bati em seu peito e levantei rápido. Percebi que estava longe do murinho.

“Porque não estou mais ali?” - apontei para o murinho.

“Porque você quase caiu dali, então te trouxe para cá. Você murmurava coisa sem nexo, algo como Perigo não sei de quem e depois seus olhos ficaram vagos, quase caiu lá no chão.” - ele apontou para baixo do estacionamento. Fui andando até o murinho e olhei para baixo. Seria uma queda e tanto, mais um em perigo não.

Douglas, esqueci dele.

“Eu vi o Douglas.” - falei.

“Você o viu?” - ele perguntou assustado. - “Também vi.”- idiota

“Não do jeito que você viu. Lembra das visões?”- perguntei. Ele me olhou e a razão se transformava em seu rosto.

“Sim.” - ele hesitou - “Mas ele está em perigo?”

“Sim, ele está.”

“Aonde ele deve estar agora?” - perguntou aflito.

“Não sei. O pior é que não sei.” - falei.

 

Uma Explosão. Merda.

 

Só podia ouvir o barulho de uma grande explosão e ao olhar para a direção do barulho, uma grande fumaça invadia o local. Merda de novo.

“Douglas!” - sai correndo pensando em nada. Desci o estacionamento correndo e fui direto para onde a fumaça se encontrava, mas algo me parou e me puxou.

“Você acha que vai chegar lá a tempo de vê-lo?” - Seu rosto estava a centímetros do meu. Recuperei o fôlego e olhei indignada para ele.

“Acha que não sei correr?” - indaguei.

“Não.” - ele hesitou - “É que são 7 quarteirões, não é melhor ir de carro?” - é, era uma idéia melhor do que a minha.

“É bem melhor.” - ele riu e correu para o estacionamento. Esperei uns três minutos e o carro dele já estava ao meu lado.

“Vamos.” - ele disse.

“Rápido.” - refleti.

“Nada como um Volvo.” - ele falou rindo. Verdade.

Entrei naquele carro e ele voou até a avenida, foi mais rápido que o da Brenda quando ela está nervosa.

Chegamos perto da fumaça, saímos do carro e fomos andando. Tinha uma ambulância e dois carros de polícia estacionados perto do carro que agora não estava em chamas. Olhei para a ambulância e vi sentada na ponta dela a Belinha abraçada com o Jake, um policial veio perguntar algo para a Belinha que não entendi. Ela se levantou e foi andando em direção ao carro dela, percebi que ela olhava para a ambulância, e depois seus olhos passaram por mim, mas ela virou rapidamente. Não tive coragem de sair correndo e ir em direção a ela, de chorar, de cair no chão, de abraçar alguém.

Só tinha certeza de uma coisa: o Douglas sofreu um acidente, eu vi, mas não pude fazer nada.

 

Ingrid PDV.

Enquanto a parte traseira do carro queimava, Jake ligou para a ambulância, que veio muito rápido quando soube do que se tratava. A polícia também veio, apesar de não ter sido chamada, fiquei só olhando para o corpo que fora retirado pelos enfermeiros, o corpo que eu queria bem e agora estava mal, muito mal. Ele estava todo sangrando, com cortes, não pude evitar abraçar o Jake para não ver essa cena. Ele envolveu seus braços pela minha cintura e me abraçou mais forte.

“Obrigada.” - sussurrei em um fio de voz.

“Por quê?” - ele perguntou.

“Por estar aqui comigo.” - falei soluçando.

Ele se afastou de mim, colocou sua mão em meu rosto e me olhou por um tempo.

“Bela, eu te amo e não tem como eu não ficar aqui com você!” - ele virou o rosto para a ambulância - “E além do mais” - ele se virou para mim - “eu não gosto dele, mas eu não quero que ele morra.”

A última palavra foi a faca que precisava para acabar com meu coração. Morrer, não, Douglas não pode morrer. Não mesmo, ele não pode me machucar mais ainda com sua partida! As lágrimas começaram a sair desesperadamente e o Jake me abraçou. Era ótimo ele estar comigo, em um momento difícil sabia que sempre poderia contar com ele. Lembrei de alguma coisa:

“Eu tenho que avisar a mãe do Douglas!”- gritei em um susto. Jake me olhou assustado.

“E agora?” - ele sussurrou.

“Não sei, mas ela é muito ligada a ele. Ai, meu Deus! Agora é que ela me mata!” - fiquei histérica.

“Calma, amor, calma!” - ele parou - “Te matar? Pelo que eu saiba é o Douglas que se acidentou.” - ele acusou.

“Taylor, foi por minha culpa. Eu nunca deveria ter machucado ele falando que não o amava!” - gritei e virei o rosto.

“Ingrid Isabela, olhe pra mim agora mesmo!” - ele estava nervoso, o tom de voz estava alto e claro. Então olhei - “Você não tem culpa de nada. Ele terminou com você e te fez sofrer. Você não tem culpa dele ainda estar apaixonado por você, que nunca mereceu sofrer e agora tem que ser feliz do lado de quem ama!” - ele dizia isso claramente. Acho que foi até uma indireta, mas não liguei.

Eu balancei a cabeça e tirei o telefone do bolso, minha mão tremia. E se ela não falar mais comigo, dona Helena era a melhor pessoa do mundo.

“Liga, eu estarei com você.”

“Não consigo. Porque o mundo sempre desaba em cima da minha cabeça?” - eu estava gritando.

“Mas eu estou aqui para te ajudar. Não entende?” - ele falou isso no meu ouvido enquanto afagava a minha cabeça.

Respirei fundo e me separei do Taylor.

“Porque isso tem que acontecer comigo? POR QUÊ?”

“Calma, liga para ela e avisa, ela é a mãe, tem que saber.” - ele falou, só aumentando o meu desespero.

“Ela nunca mais vai me perdoar...” - eu murmurei.

“Não é verdade. Você que sofreu esse tempo que ele te deixou. Ela vai entender.”

Só balancei a cabeça, eu não queria sofrer ainda mais, mas eu tinha certeza que ele estava ali por minha causa. O que eu podia fazer se foi ele quem terminou comigo? Eu também não poderia mentir, ele iria sofrer ainda mais quando descobrisse a verdade. Não só ele, o Taylor também iria sofrer. Meu Jake, aquele que estava comigo para tudo. Então fiz algo certo? Quer dizer, algo parcialmente certo, pois poderia ser pior que isso não poderia? Abracei o Taylor com a maior força que tinha naquele momento, tendo certeza que ele não percebeu a força. Mas o amor ele sentiu, pois ele me olhou e deu o meu sorriso.

“Liga!”

Peguei o telefone e disquei o número da dona Helena. Não lembrava direito, então procurei seu número na agenda. Quando tive coragem liguei para lá, o telefone tocou duas vezes e uma voz familiar atendeu.

Alô.”

Oi, é a Ingrid.”- disse nervosa.

Oi Ingrid, é a Helena! Que saudades de você menina! Que boas notícias trazem você a me ligar?”

Respirei fundo.

Dona Helena, não é tão boa essa notícia assim” - parei e engoli em seco, esperei a resposta, mas ela não respondeu, então decidi continuar - “Dona Helena, não fique muito preocupada, mas o Douglas...” - parei. Não conseguia continuar, olhei para o Taylor e ele me deu um olhar de apoio e o meu sorriso - “sofreu um acidente” - terminei. Tudo ficou em silêncio da outra linha. - “Dona Helena a senhora está aí?”

“O que foi?” - Taylor perguntou. Tampei o celular.

“Ela não responde.” - Ele me olhou, e coloquei de volta o celular no ouvido.

Dona Helena, está aí?” - Meu Deus, agora sou culpada duplamente. Um acidente e um infarto no mesmo dia. Vou ser presa assim. “Dona Helena, por favor, responda!” - estava ficando histérica. Se já não estava.

Um barulho de telefone sendo passado para outra pessoa aconteceu na outra linha.

An... Oi Ingrid, aqui é o Fabio, o que aconteceu com o Douglas?” - Fabio é o irmão do Douglas.

Oi Fabio, o Douglas sofreu um acidente, eu não sei se foi muito sério, mas ele vai para o hospital Geral 24 Horas, estão levando-o para lá, não comenta com sua mãe agora, ela está bem?”

É, chorando. Mas bem está, você está indo para lá?”

Vou tentar ir na ambulância, mas se não der, vou de carro mesmo.”

Você estava com ele?”

Não.”

Okay, pelo menos não sofreu nada também. Estou indo para lá agora. Tchau.”

Nem deu tempo de dizer “Tchau”, ele já tinha desligado o telefone. Coloquei o celular no bolso e fui em direção à ambulância. Taylor me seguiu.

“Por favor, médico?” - perguntei envergonhada.

“Sim.” - um homem bonito, de cara simpática, mas que estava séria se virou. Parecia ter uns vinte e quatro anos.

“Como ele está?”

“O que você é dele?” - ele perguntou um pouco irritado. Achei melhor mentir, porque se não ele nem ia me falar nada.

“Irmã.”

Ele suspirou - “Desculpe, pelos exames de sangue e queimaduras. O estado dele não está bom.” - ele me olhou mais profundamente - “Ele perdeu muito sangue e a queimadura do braço dele é de terceiro grau. Ele bateu com a cabeça e quebrou a perna.” - está bom de informação não é médico charmoso? Já estava morrendo agora. O estado dele era MUITO grave.

“Bateu a cabeça, quebrou a perna! Queimadura de terceiro grau!” - gritei.

“Quando ele estiver no hospital teremos a certeza, pois isso aqui é só uma análise.” - ele disse fechando a porta da ambulância.

“Deixe-me eu ir com ele!” - implorei.

“Desculpa, mas só pode pai ou mãe.” - ele disse entrando no carro. Quase voei em cima daquele médico. A sorte dele foi que eu estava em choque, minha cabeça queria uma coisa, enquanto meu corpo não respondia.

“Vamos de carro.” - Taylor me puxou apressado.

Entramos no veículo. Ele dirigiu, já que eu não tinha condições, e chegamos ao hospital um pouco depois da ambulância.

Entrei no hospital correndo, precisava saber o que iria acontecer com o Douglas e o vi numa maca, enquanto o médico e vários enfermeiros o levavam para uma sala, segui-o até que entraram em uma sala que continha a placa.

Proibida a entrada de gente não autorizada.

Parei lá mesmo, que merda, agora o que vai acontecer com ele?

“Oi, você é parente dele?” - uma enfermeira perguntou.

“Não, sou amiga, mas posso ajudar.”

“Você sabe o nome inteiro dele?”

“Douglas Pierre La Porgãn.”

“Idade?”

“Dezessete.”

“Tipo Sanguíneo?”

Putz, essa foi de surpresa, não sabia seu tipo sanguíneo. Espera, deixa eu lembrar. Comecei a revirar as memórias, quando me lembrei de um dia que ele doou sangue.

“O negativo”

“Ele tem convênio médico?”

“Sim.”

“Muito obrigada.”

Eu me sentia como se tivesse acabado de dar uma entrevista. Claro, entrevista de informações. Sentei em uma das cadeiras que tinha no corredor, percebi que o Taylor sentou do meu lado e me abraçou. Sabe, aquilo era reconfortante, mas, mesmo assim, a dor da culpa ainda me atingia, aquele ódio de mim mesma estava me queimando.

Depois de alguns minutos o Fabio e a Helena chegaram, a expressão no rosto dela era de dor, o que fez meu simples ódio virar um vulcão de culpa. Ela me olhou com aquela tristeza no rosto e estendeu os braços para me abraçar, levantei e não hesitei, abracei-a forte, as lágrimas não aguentaram e caíram mais fortes, ela afagou meu rosto.

“Deus está com ele” - ela sussurrou em meu ouvido. Apenas balancei a cabeça. Era claro que estava. Deus estava com ele, mas não sabia se para levá-lo ou para deixá-lo ficar. A dúvida ecoou na minha cabeça e a culpa aumento ainda mais, por incrível que pareça. Precisava contar para a Dona Helena a verdade.

“Dona Helena, o Douglas está lá por minha causa!” - Ela me olhou assustada e então saí de seus braços. Olhei para o Taylor que me olhava bravo.

“Como assim, sua causa?” - Helena perguntou.

“Não foi bem assim.” - Taylor se intrometeu - “Ela só falou para ele que não o amava mais.”

“E não é por isso que ele está aqui? Por minha culpa, ninguém me mandou falar isso!” - gritei.

“Ingrid.” - Helena falou - “Ele me contou o que fez com você e, pelo jeito, foi te cobrar porque não gosta mais dele não é?”

“Sim, foi quase isso. Mas...”

“É bem típico do Douglas.” - ela me interrompeu - “Eu falei para ele que o que ele tinha feito era horrível, ele não tem o direito de te cobrar nada, a vida é sua e você, ao que parece, estava sofrendo muito por causa disso. Fico feliz que tenha se apaixonado novamente” - ela deu um sorriso para o Taylor.

“Olá. Meu nome é Taylor” - ele disse apertando a mão dela.

“Olá Taylor. Já deve saber que sou a Helena” - ele sorriu para ela e confirmou com a cabeça - “Concordo com você, essa menina não deveria sofrer. Você, Ingrid, não tem culpa de nada e eu sei que ele é meu filho, mas não irei passar a mão na cabeça dele quando ele estiver errado.”

O mundo saiu das minhas costas depois disso, eu acho que precisava disso para achar que não tinha culpa, mas sabia que tinha. Um pedaço de mim se aliviou enquanto outro ainda estava ativo. Olhei em volta e tudo tinha mudado. Helena estava sentada segurando as mãos do Fabio. Taylor estava com as mãos nos joelhos e olhava para o corredor vazio. Queria saber o que tanto pensava, ele estava frio, inexpressível, nesse mesmo momento que pensei, ele me olhou e deu um sorriso meigo, percebi que era a única em pé, então sentei ao seu lado.

“Quer se deitar?” - ele perguntou.

“Aonde?”

“No meu colo se preferir.” - Nós rimos.

“Depois.” - sussurrei. Ele colocou seu braço em volta de mim, ajeitei-me perto dele, recebi um beijo na testa e encostei o rosto em seu ombro. Era tão bom estar com ele...

Ficamos ali por um tempo, quando meu celular começou a vibrar no meu bolso. Tentei me mexer para conseguir tirá-lo e, quando consegui, vi que era a Tatinha.

“Alô” - minha voz falhou um pouco.

“Oi, Ingrid! Onde está? Fiquei preocupada. Na verdade, todos ficaram também. O Douglas saiu correndo, depois você, depois o Taylor. Aconteceu algo?”

“Você não soube?” - falhou de novo.

“O que aconteceu?” - Ela perguntou assustada.

“O Douglas sofreu um acidente de carro” - minha voz sumiu no final.

“O quê? Como? Onde? Ele está bem?” - quantas perguntas! Momento entrevista de novo.

“Não sei direito. O médico e os enfermeiros entraram na sala e não deram nenhuma notícia, estou ficando maluca!”

“Mas você já é maluca. Parei. Em que hospital ele está? Você está com ele?” - Ignorei a piada.

“Sim, eu estou no Hospital Geral 24 Horas.”

“Quem está aí?” - ela perguntou preocupada.

“O Taylor, a dona Helena e o Fabio.”

“Vixi, a Helena como está?”

“Chorando muito”

“E você?”

“Desesperada, preocupada e culpada.”

“Culpada por que, doida?”

“Foi por minha culpa que ele sofreu o acidente! Eu disse a ele que não o amava!”

“Ingrid, escuta. Você não tem culpa de nada, você não pode mentir para ele. Iria ser pior”

Poxa, estava todo mundo combinando frase? Comecei a chorar desesperadamente, a culpa e o ódio estavam me matando aos poucos.

“Você não tem culpa de nada, ouviu. NADA! N-A-D-A! Você está me entendendo?” - Ignorei a soletração.

“Está bem, está bem.” - Falei fria. O Taylor me fuzilou com o olhar, sabia que ele estava com raiva e olhou para o outro lado, ele também sabia que seus olhos o entregariam. A culpa e o remorso aumentaram, ele me odeia.

“Okay. Já estou indo! Tchau.”

“Tchau.”

Desliguei o celular e olhei para o Taylor, que ainda estava olhando para o outro lado. Tinha que tirar o peso de minhas costas.

“Jake, precisamos conversar.” - Mas ele não respondeu. Levantei e fui andando pelo corredor para ir até a lanchonete, estava morrendo de fome.

Eu sabia que ele ia atrás de mim, então não me importei muito se eu conseguiria ou não falar com ele. Cheguei à lanchonete, onde estavam poucas pessoas e fui à cafeteria comprar algo para comer, ele não tinha ido atrás de mim, pois não estava ao meu lado, merda. Peguei um pedaço de bolo e uma coca. Quando me virei para encontrar uma mesa, vi que ele já estava sentado em uma com a cara fechada e com raiva. Fui em direção à mesa e sentei na cadeira de frente a ele. Comecei a comer o bolo, tentando criar coragem para falar com ele, estava olhando para baixo, e quando levantei meu rosto para encará-lo, ele não estava mais lá.

“O que?” - sussurrei.

Vi que ele tinha ido à cafeteria também. Legal, quando crio coragem ele some. Ele voltou e se sentou, tinha comprado um lanche e uma Fanta Uva.

“Você está com raiva de mim?” - perguntei com a coragem que me restava.

“Não.” - ele respondeu grosso, acho que ele viu que eu estava sofrendo e tentou negar.

“Para com isso. Sei que está, já dá para perceber pelo tom de voz.”

“Quer saber a verdade?” - ele falou irritado - “Sim, estou com raiva de você!”

“Por quê?” - eu já sabia o porquê, mas queria ter certeza.

“Porque você fica se martirizando por ele, você acha que é sua culpa, MAS NÃO É!” - ele gritou - “Foi ele que saiu correndo!” - o tom de voz diminuiu.

“Taylor, eu tenho minha parcela de culpa.”

“Ah, claro, foi você que o mandou entrar no carro e sair que nem doido dirigindo? Você falou que não o amava, mas isso não o fez ter essa iniciativa.”

“Mas Jake, eu tenho culpa...” - ele colocou a mão em cima da minha boca, tampando-a.

“Você não tem culpa!” - ele aumentou o tom na voz. Achei melhor falar que ele estava certo, não queria fazê-lo sofrer também.

“Okay. Está certo.”

“Promete que vai parar com isso?” - ele pediu tão docemente que não pude negar.

“Prometo.”

Ele colocou as mãos no meu rosto, puxou-me para encará-lo e então me beijou. Coloquei as mãos em volta de seu pescoço, num beijo terno e lento. Era bom saber que eu podia contar com ele de novo, quando ele ficou com raiva de mim parecia que eu estava morrendo, mesmo sendo por pouco tempo. Ele parou de me beijar e colocou a testa na minha.

“Perdoa-me?” - perguntei.

“Sim, eu não consigo ficar com raiva de você.” - Dei um abraço nele.

“Eu te amo.” - ele me abraçou mais forte.

“Como sempre te amei.”- ele sussurrou e voltou a me beijar, um beijo doce e quente, quente como o amor que sinto por ele. Quando o beijo acabou eu olhei para seu lanche, ainda nem tinha chegado à metade.

“Taylor...”

“Chama de Jake, eu prefiro.”

“Mas todo mundo te chama de Taylor.”

“Mas você não é todo mundo, é minha namorada.”

“Espera aí.” - parei - “Estamos namorando?”

“Por mim, claro, mas não sei por você.”

“É claro. Por mim sim!”

“Espera, tenho que fazer o pedido oficial.”- ele parou e segurou minhas mãos - “Ingrid Isabela, aceita namorar comigo?”

“Espera, deixa eu pensar...” - falei e ele se assustou - “Brincadeirinha! É claro que sim!”

“Pronto. Sem dúvidas!”

“Sem dúvidas.” - repeti. - “Jake, termina seu lanche, que vou ver se eles já têm algo para informar.” - peguei o prato do meu bolo e joguei no lixo.

“Okay, já termino.”

“Okay.” - Dei um selinho nele e fui andando para a sala de espera.

Assim que cheguei, vi Tatinha e Federico sentados um do lado do outro falando algo que não entendi. Ele se virou, viu-me e se levantou. A Tatinha se levantou também, os dois vieram em minha direção e ela me deu um abraço.

“Você está bem?” - Tatinha perguntou.

“Bem melhor agora!”- respondi. Algo como dúvida passou pelo rosto dela.

“Que bom, parou de se sentir culpada?” -

“Não totalmente, mas estou bem melhor.”

Quando terminei de falar, o Joseph e a Mêeh entraram no hospital. Espera aí, Joseph? O que ele faz aqui? O que aconteceu enquanto estive fora? A Mêeh ia me explicar tudinho depois. Ela vinha apressada na frente enquanto o Joseph vinha atrás.

“O que aconteceu com o Douglas?” - ela perguntou cansada.

“Como você soube?” - perguntei surpresa.

“Eu estava lá. Cheguei logo depois dele ter batido.” - ela disse calma.

“Nossa eu não te vi!”

“Caramba, como não? Você até olhou para mim.”

“Não, eu não te vi! Nossa!”

“Você deveria estar em choque...”

“Eu estou em choque!” - Ela riu.

“Como ele está?” - o riso foi trocado por raiva.

“Ninguém sabe ainda, eles não deram nenhuma notícia.”

Assim que terminei de falar, uma enfermeira entrou no corredor com uma pasta na mão.

“Mãe de Douglas Pierre La Porgã está presente?”

Todos pararam.

“Sou eu.” - Helena se levantou - “Como ele está?”

“Ele vai precisar de uma transfusão de sangue.”

“O que?” - Todos perguntaram.

“Eu queria saber se a senhora poderia fazer o exame para doar.” - A enfermeira falou isso se dirigindo à dona Helena.

“Ele é meu filho adotivo, eu não tenho o mesmo tipo sanguíneo!”

“Então quem é O negativo?” A enfermeira perguntou. Eu queria ser, mas sou positivo.

“Eu sou.” - o Taylor falou entrando no corredor - “Por quê?” - ele estava assustado.

“Porque o Douglas precisa de uma transfusão.” - Dona Helena disse aflita - “Por favor, sei que não gosta dele, mas ajude-o!”- ela implorou.

“Ele precisa dessa transfusão o mais rápido possível ou pode perder mais sangue.” - O que quer dizer acabar morrendo. Ela não continuou, mas todos nós sabíamos.

Ele olhou para mim e depois para a dona Helena. Todos estavam aflitos, devia ser difícil para ele saber que a vida da pessoa que ele não gosta está nas mãos dele. Fui a sua direção.

“Eu não quero que uma parte de mim esteja nele.” - ele sussurrou.

“Jake, seu pensamento é infantil, você está negando salvar a vida de alguém por uma idiotice!” - sussurrei também.

“Não, eu não quero!” - ele parecia uma criancinha mimada.

“Taylor Jacob, você está parecendo uma criança mimada, sei que você não é assim! Ajude-o, por favor, por mim!” - eu implorei.

“Okay, eu faço a transfusão” - ele disse em voz alta - “Mas é por você” - Fiquei feliz e dei um abraço nele.

“Eu sabia que você não ia me decepcionar.” - sussurrei em seu ouvido.

“Estou fazendo isso por você” - ele falou - “Não por ele.”

“Mas espera, você é menor, não?”- perguntei me soltando dele.

“Não, eu já tenho dezoito!” - Caramba, ele é meu namorado e eu não sabia que ele já tinha dezoito anos!

“Você repetiu o ano?” - perguntei.

“Não, entrei atrasado na escola.” - ele disse rindo.

“Ah, claro.” - respondi.

“Vamos, então? Você tem de assinar a papelada” - a enfermeira interrompeu.

“’tá, estou indo.” - ele respondeu. A enfermeira começou a andar, o Jake se virou e me deu um selinho. Retribui e murmurei:

“Obrigada.”

“Eu te amo” - ele disse.

“Também te amo” - respondi.

Ele se virou e foi indo atrás da enfermeira. Quando ele estava mais a frente, dona Helena gritou:

“Taylor!”

“Sim?” - ele se virou.

“Obrigada, é muito gentil da sua parte. Sei que é difícil para você.” - ela pronunciou.

“Ah, de nada.” - ele ficou surpreso, ela andou um pouco até sua direção e o abraçou. Ele se assustou, mas retribuiu o abraço. Ele é perfeito mesmo! Depois a enfermeira deu um pigarro e eles se soltaram, foi bonita a cena, o Taylor foi atrás da enfermeira e eu fui me sentar.

 

_________________


Minutos depois.

 

_________________

 

Estávamos nervosos sentados nas cadeiras, quando o Taylor voltou com um algodão no braço, todos acalmaram. Ele estava abrindo e fechando o braço, eu o segui com o olhar e ele se sentou ao meu lado. Comecei a mexer em seu cabelo.

“Então, doeu?” - brinquei.

“Nossa, muito! Preciso de um beijo para me recuperar” - ele se fingiu de coitado.

“Vou dar privacidade ao casal...”- Mêeh disse e virou o rosto, o Joseph ficou olhando, então ela o virou também. Começamos a rir da cena.

“Você está se aproveitando da situação!” - acusei.

“Ah, eu não mereço, é?” - ele me acusou com uma cara de gato do Shrek, que ele fazia perfeitamente.

“Mas só um, okay!”

“Ganhei!” - ele falou todo feliz. Segurei seu rosto e o beijei, um beijo que começou lento e romântico, mas que ficava mais forte e mais quente, quando percebi que ia passar do limite interrompi.

“Jake, chega.” - falei com a boca grudada na dele.

“Ah, não, está muito bom. Não quero parar!”

“Mas você não está doente?” - perguntei.

“Ah é! Nossa, como estou mal, estou doente, muito doente!” - ele se jogou no meu colo, bem dramático.

“Taylor, você pesa!”

“Opa, desculpa.” - ele saiu do meu colo. Todos riram inclusive dona Helena e Fabio, era bom dar uma descontraída no ambiente.

“O que o Joseph está fazendo aqui?” - Jake sussurrou para mim.

“Estou me fazendo a mesma pergunta.” - respondi - “Ele veio com a Mêeh.”

“Huum. Será que eles estão ficando?” - O Jake me perguntou.

“Não sei, mas eles formam um casal bonito.”

“Como a gente!” - ele falou.

“Como meu namorado é fofo!”

“Fala de novo!” - ele pediu.

“O que?” - perguntei confusa,

“Namorado, é bom escutar vindo de você!”

“Namorado, namorado, namorado!” - A cada ‘namorado’ dava um selinho nele.

Ele sorriu e me beijou rapidamente, mas foi intenso. Ele deitou a cabeça em meu ombro, nisso a enfermeira entrou correndo no corredor.

“Dona Helena, por favor.” - ela chamou.

“Eu aqui!” - Helena falou.

“Vim lhe informar uma má notícia, seu filho entrou em coma!” - a enfermeira disse triste.

“O que?” - perguntei.

“Mas ele não acabou de receber sangue?” - Taylor perguntou.

“Sim, mas o sangue não fluiu como o esperado, o corpo do Douglas rejeitou o sangue por causa das queimaduras e cortes.” - a enfermeira explicou.

“Isso não pode ser verdade!”

“Sim, seu filho entrou em coma.” - a enfermeira FDP dificultou a vida da pobre Helena.

“Não, meu filho não!” - Helena gritou colocando a mão no rosto. Fabio a abraçou chorando.

Federico que estava sentado ao lado da Tatinha a abraçou. Ela estava histérica. Mêeh, que tinha se encostado à parede por ter ficado muito tempo sentada, escorregou por ela, caindo no chão e Joseph tentava consolá-la. O Taylor estava pasmo e eu caí da cadeira, em choque.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Comentem.
A cada comentário você deix aum autor feliz.
Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bofes, Tanques Guerras e Amassos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.